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segunda-feira, 15 de julho de 2013
http://ask.fm/wolfedler/answer/43251163421 Ernesto, você já pensou alguma vez nas hipóteses contrárias ao materialismo filosófico (ou em outros casos, fisicalismo)? Em sua opinião, como pode o cérebro gerar consciência? Como pode a matéria gerar, com simples processos físicos, algo não físico?
Tranquilamente. Primeiro porque a mente é física, mas não apenas material. Entidades físicas, além da matéria, incluem os campos, a radiação, as estruturas, as ocorrências, as interações e seus modos. A mente é um tipo de ocorrência, ou seja, mesmo que dependa de seu substrato material, não é só ele. É ele "em funcionamento", de acordo com o modo como é estruturado e como se dão as interações entre as partes. Esse complexo gera várias ocorrências que são, justamente, as sensações, as percepções, as idéias, os pensamentos, as emoções, as sensações, a memorização, a evocação, os raciocínios, os desejos, as volições, os comandos, os sentimentos e toda a vida psíquica. Isso pode, perfeitamente, ser gerado por uma entidade inteiramente natural, sem a menor necessidade de se recorrer a qualquer entidade sobrenatural, como uma alma. Aliás, se se introduzir a noção sobrenatural de alma no esquema da mente, aí é que as explicações se tornam impossíveis. Porque não se observa nenhuma interação da mente com alguma entidade do tipo. Qual seria o modo de contato da alma com o organismo, para que se pudessem proceder a captação das sensações e o envio das ordens motoras, por exemplo? Supor uma mente dualista é muito mais implausível do que supor que a mente puramente física seja responsável por tudo no psiquismo. Em suma, todas essas ocorrências psíquicas são físicas sim, reducionalisticamente falando. Desde que o reducionismo seja encardo de forma não linear, isto é, que o todo advenha de suas partes mas não como a simples soma, envolvendo, também, termos de ordem superior, retroalimentações e termos cruzados, matematicamente falando. Então o reducionismo abarca o holismo e a emergência. Consciência é uma espécie de percepção que se tem do que acontece no cérebro. A maior parte, contudo, do funcionamento mental é inconsciente. Auto-consciência é a percepção de si mesmo, como distinto do resto do mundo. Há pessoas que não a têm e vivem como zumbis. O autismo é um caso moderado de zumbismo. Em verdade, não apenas os fatos psíquicos, mas também os fatos sociais, políticos, culturais e econômicos, em última análise, são resultantes de processos físicos. Não há escapatória.
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