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segunda-feira, 14 de julho de 2014
Professor, por que na sua concepção a arte é supérflua? A obra que serve como ornamento, entretenimento ou mesmo aquela que desperta o intelecto ou senso crítico não desempenham nenhuma função?
Supérflua não significa indesejável. Significa não necessária. Isto é, sem ela não se morre. Mas é sumamente desejável. Sem arte a vida é insossa. A arte tem um grande valor, mesmo não tendo utilidade prática. Há uma noção errada de que se deva medir o valor de tudo por sua utilidade. Nada disso. Há valores nas inutilidades também. Além de propiciar a fruição do prazer estético, a arte também se presta a desenvolver a inteligência. Mas não é por isso que ela deva ser cultivada. Isso é um corolário. A razão da arte é dar prazer. Mesmo que ela possa ser utilizada para outros fins, como propaganda ideológica, como se faz com a arte sacra. Mas se pode apreciar o valor artístico sem acatar a mensagem ideológica. Isso vale para a arte nazista e soviética, por exemplo. Eu, que sou ateu, gosto muito de música sacra, de arquitetura sacra, por exemplo. A religião, especialmente cristã, mas não apenas, tem sido uma grande estimuladora de produção artística. O ateísmo deveria aprender esta lição, como propões Alain de Botton.
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