sábado, 23 de março de 2013

É contra ou a favor da extinção do vestibular? o que pensa sobre a criação de Universidades/Faculdades que somente ofereçam cursos a distância?

Sou a favor da extinção do vestibular e o estabelecimento de um exame nacional, como o ENEM, para aferir a proficiência de conhecimentos, habilidades e competências em nível de Ensino Médio, para se candidatar a vagas em qualquer curso superior do Brasil. Mas acho que o antigo ENEM era melhor. Não concordo com pontuação diferenciada por área e acho que as questões devem ser, todas, interdisciplinares, isto é, não pertencentes a nenhuma matéria em particular mas misturando várias na mesma questão. O importante não é a pessoa ter conhecimentos e habilidades para um curso de exatas, humanas ou biológicas, mas ter conhecimentos gerais sobre todos os assuntos em nível médio. Sou a favor de cursos à distância, exceto os que exijam treinamento prático extenso, como medicina, engenharia, agronomia, odontologia e outros. Os que forem mais teóricos podem muito bem serem dados à distância, se isso for feito com seriedade.

Comente: "Se o homem pudesse ser sempre puro e quieto, tanto o céu quanto a terra reverteriam (à não-existência)." — Lao Tzu (atribuição)

Não vejo porque. A existência da Terra e do resto do Universo não tem nada a ver com o homem. Ele é um acidente nisso tudo. Não importa como ele seja e nem se exista ou não, o resto continua do mesmo modo.

Você é um sucesso procurando por uma oportunidade, ou um acidente procurando um lugar para acontecer? Livre interpretação.

Não sou um sucesso, pelo contrário, sou um fracasso. Tudo o que imagino fazer é impraticável, pois as oportunidades só se abrem para quem atenda ao desejo das pessoas. E o que eu proponho é sempre trabalhoso, difícil, complicado, desgastante, inglório, sem perspectiva de sucesso em vida. Assim, sou um acidente, uma excrecência, uma anormalidade, um escândalo. Mas continuo firme na luta, nadando contra a correnteza, dando murro em ponta de faca, caçando sarna para me coçar e inventando moda. Não me importa ter sucesso.

Sua definição de humildade é errada, Prof.É sim uma virtude mas que é mal interpretada, confundida com humilhação.Ela seria a assertividade que você fala.Mas com ênfase no sentimentos e na ação, e não no intelecto.É preciso ter assertividade E humildade Não seria melhor esclarecer o verdadeiro significado da palavra humildade e sermos assertivos tb do que coloca-la através de seu significado deturbado? Com Deus ou com o Cosmo o homem humilde não é o realista q tem os pés no chão?

De fato, a maior parte das discussões é semântica. A humildade que eu acho que não seja uma virtude é a atitude servil de humilhação. Se se considerar que humildade seja outra coisa, eu posso considerar que seja uma virtude. Se humildade tiver o conceito de aceitação da condição própria, sem se diminuir e sem se elevar, é boa. Quanto á questão de intelecto e sentimento, em verdade ambos sempre estão juntos. O cérebro não funciona apenas racionalmente nem apenas emocionalmente. Sempre existem os dois aspectos em tudo o que se considera que a mente se ocupe. E a respeito de ações, de fato, todas as concepções têm que ser expressas pelas ações. Quem pensa e sente de um modo e faz de outro é incoerente. Pensar, sentir e agir têm que estar perfeitamente orquestrados para que a vida possa ser significativa. Tanto para o bem quanto para o mal. Mas uma vida significativamente voltada para o mal não é uma vida proveitosa para o conjunto de tudo no mundo, mesmo que possa ser para a pessoa em particular.

Qual a diferença entre inteligência e raciocinio lógico?

Raciocínio Lógico é apenas um aspecto da inteligência. Existem vários outros, como percepção espacial, habilidade cinestésica, fluência verbal, controle manual, capacidade inter-relacional, gestão intrapessoal e outras. Uma pessoa pode ser mais inteligente em algum desses aspectos e menos em outros. Os testes de QI medem apenas as inteligências lógica, verbal e espacial, mas não as outras. Além disso, eles dependem do nível de instrução. O curioso é que, em geral, há um fator global, que faz com que as pessoas altamente inteligentes em um dos aspectos o sejam, também, em vários outros. A inteligência é a capacidade mental de solucionar problemas de qualquer ordem, de modo eficiente e eficaz. O raciocínio lógico é essa capacidade aplicada aos problemas lógicos, isto é, de se tirar conclusões a partir de informações disponíveis. Isso inclui a solução de problemas matemáticos, se a pessoa tiver conhecimento matemático para tal.

O que entendes por colectividade? E o que isso significa para ti, nos dias de hoje?

Coletividade é um conjunto de pessoas ligadas por laços de algum tipo de relação e por interesses comuns. São subconjuntos da humanidade passiveis de serem definidos de forma a se poder, inequivocamente, decidir se alguém pertença ou não a eles. A importância das coletividades está em sua capacidade de promover ações que, isoladamente, as pessoas não seriam capazes. A união faz a força. Infelizmente, na atualidade, a humanidade está muito individualista, tendo perdido muito o senso comunitário e de pertencimento a comunidades. Uma pessoa pode pertencer a várias comunidades simultaneamente. Geralmente as comunidades minoritárias são mais coesas. Todavia, um perigo é as comunidades se tornarem dogmáticas, estabelecendo padrões de convicções e comportamentos que não admitam desvios.

Existe um limite de expressão sem que o limite expresso se torne uma censura desnecessária? Ou seja, até que ponto a opinião própria passa (ou poder passar) a ser falta de respeito para com os demais?

A opinião própria só será desrespeitosa se não admitir outras opiniões como possivelmente válidas. Tem que ser possível emitir qualquer opinião. O que não se pode é impedir que outros emitam a sua e nem agir em consonância com a própria opinião, se ela for maléfica à sociedade. Mesmo assim, pode-se externá-la. É o caso dos preconceitos. Qualquer um tem o direito de ter o preconceito que quiser. O que não pode é agir em consonância com ele.

Qual a diferença entre igualdade e justiça?

A questão é de que igualdade se fala. Justiça, é claro que tem que ser adotada. Igualdade também, mas igualdade de oportunidades, de direitos, de deveres, não de situações. Assim, a figura da esquerda não é justa e nem igualitária, enquanto a da direita é justa e igualitária em termos de oportunidades e direitos. Somos diferentes em muitos aspectos mas a sociedade tem que nos propiciar igualdade desses itens, para que, em função de nossa competência e nossa dedicação, consigamos obter os melhores resultados.

Julgar a si mesmo com honestidade pode ser o ponto de partida para julgar alguém?

Certamente que sim. Só é capaz de julgar os outros quem é capaz de julgar a si mesmo de modo isento e imparcial.

[Vaidade] Dentro dos limites do bom senso e sem exageros, não tem problema." Por que na sua opinião Prof. o exagero é a REGRA e não a exceção?

Tenho o sentimento, não verificado experimentalmente, pelo que eu saiba, que, na população, 10% são super vaidosos, 30% são muito vaidosos, 30% são vaidosos, 20% são pouco vaidosos e 10% são nada vaidosos. Se colocarmos as duas primeiras categorias dentro do "exagero", temos 40%, que não se configura em maioria. Penso, pois, que a regra seja ser vaidoso e não exageradamente vaidoso. A vaidade consiste na exibição de características tidas como boas e em se comprazer em ser admirado por tê-las. O problema maior é quando não se as possui, na verdade. A melhor conduta é a assertividade, que consiste na afirmação serena do que se é, sem jactância e nem falsa modéstia. É lícito sentir orgulho pelo que se tem de bom e ficar satisfeito com esse reconhecimento. Mas a virtude está em não se gabar, especialmente se tal qualidade não provir de nenhum esforço pessoal, como a beleza, a inteligência e a riqueza herdada. A humildade, por outro lado, para mim, não é uma virtude, no sentido de se considerar inferior ou pior do que os outros. A virtude está na modéstia assertiva, mesmo que mesclada com uma pequena vaidade, se isso for fundamentado.

Costuma fazer amigos com facilidade? Seria amigo de uma pessoa que tem ideias, gostos diferentes dos seus?

Sim, para ambas as perguntas. Não tão facilmente, mas facilmente. Quanto a idéias, tenho muitos amigos e amigas que não concordam comigo em vários aspectos e nem por isso deixamos a amizade. Basta que nos respeitemos mutuamente e não consideremos que ter ideia diferente signifique ser burro, ignorante ou estar errado. Claro que eu acho que estou certo em minhas convicções, mas admito que possa estar errado e estou aberto a mudar de ideia, caso convencido. O maior erro é, justamente, a teimosia em não se abrir à possibilidade de mudar de ideia. Todavia, minha ideias são fruto de bastante estudo e reflexão, de modo que me convencer de mudar não é tarefa fácil. Por outro lado é bom ter pessoas que pensem diferentes para dialogar e discutir, num clima de amizade e respeito. A respeito de gostos diferentes, isso também não impede a amizade, a não ser que sejam muito divergentes e a pessoa não aceite os meus. Amigos não precisam compartilhar tudo, nem mesmo quando são marido e mulher.

Se seu avó barão era anarquista por que ele seria então a favor da divisão d'Áustria-Hungria? Vocês anarquistas não são a favor da unificação do mundo?

O anarquismo, justamente, para chegar na ausência de governo, é favorável à fragmentação dos estados, até que deixem de existir. Quanto maior for um estado, mais longe de anarquista ele está. Por exemplo, no caso do Brasil ou dos Estados Unidos, cada estado deveria se tornar independente, depois cada cidade. Governos centrais são empecilhos para o anarquismo. O anarquismo não é a favor da unificação do mundo como uma única unidade política e sim a favor da eliminação das unidades políticas. A abolição das fronteiras não significa a união de todos em um único estado mundial, mas a desunião.

Comente livremente a seguinte frase: "Nihil est intellectus quod prius non fuerit in sensu, nise intellectus ipse." — Leibniz

Concordo plenamente. Tudo que está no intelecto passou pelos sentidos, exceto o próprio intelecto, entendido como a capacidade de armazenar e usar as informações para tirar conclusões. Esse é o ponto de vista de Locke e Hume, denominado "empirismo". Não existem, como Descartes propusera, ideias inatas, nem "juizos sintéticos a priori" como o queria Kant.

Sobre quais coisas você se sente seguro para dizer "nunca"?‎

Nunca, sempre, nada, tudo e expressões assim são do tipo que eu, normalmente, não tenho segurança para afirmar e, penso, ninguém.

Você acha o ensino de história e geografia no Brasil ainda eurocêntrico? Se sim, o quão isso pode ser ruim?

Sim, extremamente. Isso é um grande defeito. Não se estuda a China, a Índia, o resto do Extremo Oriente, o Oriente Médio, a África. Só Europa e Américas. Assim a pessoa fica com uma visão distorcida do mundo. Mesmo a América Pré-Colombiana não é estudada. É preciso, também, ver, talvez em História, Antropologia e Pré-História. E se fazer um cotejo temporal-espacial, isto é, comparar o que está acontecendo em uma dada época nos vários lugares do mundo, estudando as influências recíprocas. Mesmo dentro da Europa, por exemplo, se estuda o feudalismo francês e o Ancient Règime como se fosse a regra geral na Idade Média e Moderna, esquecendo que, nos outros países, foi diferente. A Rússia, por exemplo, quase não é estudada. E ainda se tem a visão equivocada que História é só História Política. Deixam-se de lado os aspectos cotidianos da vida, a cultura, a ciência, às vezes até a economia. Só se quer saber de guerras, de imperadores, e esse tipo de assunto. Em Geografia é o mesmo. Principalmente a Geografia Física (Geociências) é deixada totalmente de lado, bem como a Astronomia. Quando eu fiz o meu ginásio e científico, nos anos 60, em Geografia eu estudei Astronomia, Geologia, Oceanografia, Hidrografia, Cartografia e, até, Meteorologia, de modo introdutório. Naquele tempo nós tínhamos menos aulas por semana e estudávamos mais coisas. Não entendo como hoje se leva tanto tempo para se aprender tão pouco. Afinal a Pedagogia e a Didática estão aí, justamente, para tornar o aprendizado mais eficiente e eficaz. Mas parece que está acontecendo o oposto. O problema, para mim, é a frouxidão das exigências. Aperta que a meninada acompanha.

Por que o senhor acha que, por exemplo, um advogado tem de saber física e biologia e um matemático história e geografia?

Porque, se não souber, pelo menos no nível do Ensino Médio, que é elementar, é uma pessoa que não é capaz de compreender o mundo onde está inserido com uma visão que se exige de quem tenha nível superior em qualquer área. Por isso é que o Ensino Médio é geral. Tem que ver de tudo, sem se especializar. Isso é bom, e ainda fica faltando muita coisa. Por outro lado tem muita coisa que pode ser dispensada nas várias matérias, porque são específicas para quem vá ser um profissional da área. Em física, onde trabalho, não vejo a menor necessidade de se estudar equilíbrio de barras, associação de resistores e capacitores, instrumentos óticos, calorimetria e outros assuntos, mais voltados para engenharia. Física é para entender o comportamento básico da natureza. Faz falta estudar a conservação do momento angular, as ondas eletromagnéticas, as leis de Gauss e Ampere do Eletromagnetismo, e, principalmente, a Relatividade, a Física Quântica, Física Atômica, Física Nuclear, Física de Partículas, Cosmologia, Astrofísica, Geologia e muitos outros assuntos. Religião, por exemplo. Todas tinham que ser estudadas, bem como a sua rejeição, para se poder escolher. Não se estuda literatura de outros países. Não se estuda música, nem artes plásticas. Uma pessoa que só entenda de exatas ou só de humanas, biológicas, negócios ou um aspecto particular da realidade e da cultura é uma pessoa bitolada, com horizontes estreitos. Não se pode admitir isso para alguém que tenha nível superior. O que atrapalha são os tais de vestibulares. Espero que o ENEM venha a acabar com todos e possa fazer uma grande mudança de concepções no Ensino Básico, pressionando as escolas para que priorizem, além dos conhecimentos, habilidades e competências em várias outras áreas da vida. E que faça as escolas deixarem de lado essa mania de ensinar "macetes". Nossa educação ainda é medieval. Sala de aula, quadro negro (mesmo que seja digital), turmas, séries, aulas, tudo isso é arcaico, ineficaz e ineficiente. Mas não é só colocar computador e usar a internet que vai mudar a cosmovisão educacional. É muito mais do que isso. É uma mudança de concepção e atitude de que a educação é uma preparação para a vida como um todo.

Qual o produto cultural que deveria ter maior carga de imposto, e qual produto cultural que deveria ter a menor carga de imposto? Obs: Favor não mencionar videogame por este não se tratar de cultura.

Para mim, há vídeo-games que contém mais cultura que uma revista Caras, por exemplo. Do mesmo modo que livros, revistas, filmes, músicas, há de todo tipo. Muitos representam cultura e outros não. Os vídeo-games são produtos culturais sim, como um tabuleiro de Xadrez o é. Jogo e esporte são cultura sim, isto é, em tese. Pode haver algum que não seja. A ministra talvez ache que entretenimento não é cultura, mas cultura é, em essência, entretenimento. Para que serve uma obra de arte senão para provocar prazer em sua contemplação? Qual a utilidade de uma sinfonia? Não estou falando do dinheiro que os pintores e músicos ganham com sua arte, mas da utilidade da própria arte, em si. Não tem. É só para deleite. Então porque os vídeo-games não são arte e cultura, como o cinema e a televisão o são, mesmo existindo o BBB?

Amanhã será o meu primeiro dia na Universidade qual dica você me dá?

Para começar você tem que estabelecer um ótimo relacionamento com seus e suas colegas e com os professores e funcionários. Isso é essencial. Mas não fique preocupada. Seja você mesma que, como eu imagino que você seja, isso não será problema. Desde o início comece a se interessar pelas atividades que a Universidade desenvolve na área de Nutrição. Visite os laboratórios e vá vendo o que acha mais interessante para, depois, você participar da equipe dele. E, nas aulas, não deixe passar nenhuma sem ter entendido tudo. Pergunte à vontade. E faça uma revisão em casa, no mesmo dia, antes que durma. Acho que você vai se dar bem. Logo que possível vá formando sua biblioteca, pois uma pessoa de um livro só, a respeito de qualquer assunto, é muito limitada.

Uma pessoa que fez vários cursos e faculdades pode ser considerada inteligente?

Claro que não. A inteligência não tem nada a ver com escolaridade, conhecimento e cultura. Uma pessoa analfabeta pode ser muito mais inteligente do que um pós-doutor. Certamente que a inteligência facilita a pessoa a adquirir conhecimentos, mas uma pessoa menos inteligente também pode os ter. Os conhecimentos podem estimular a inteligência se forem desafiantes, isto é, se não forem apenas cumulativos mas de sorte a incentivar a vencer desafios, à criatividade. Inteligência é a faculdade mental de resolver problemas de qualquer ordem de forma satisfatória, eficaz e eficiente, isto é, com menos dispêndio de tempo e energia.

Por que, parece, que as pessoas se veem necessitadas de se exporem nas redes socias, postando fotos de todos os lugares por onde passam?

Por vaidade. Para mostrar como são chiques ou como são ricas. Isso é normal nas pessoas e não chega a ser um grave defeito de caráter. Mostrar como se é rico, bonito, culto, educado, forte, sensual ou outra qualidade qualquer é uma forma de provocar admiração (e, também, inveja ou desdém). Ser admirado é um fator de satisfação do núcleo de recompensa do cérebro, que ativa a liberação de neurotransmissores responsáveis pela sensação de prazer e felicidade. Logo, é instintivo que se busque a admiração. Dentro dos limites do bom senso e sem exageros, não tem problema.

Olá. Estou cursando Licenciatura em Ciências exatas (com habilitação em física). Além, das aulas de física, tenho aulas de matemática, química, biologia e filosofia e história da educação. Gosto da Licenciatura, mas gostaria de [continua] [continuação].... mas adoraria trabalhar com pesquisa em Física Teórica. Como posso fazer isso sendo um licenciado? Pelo que sei, o curso de Bacharelado oferece uma base para pesquisa.

Para você fazer o mestrado e, depois ou diretamente, o doutorado em Física Teórica você tem que ter feito o bacharelado ou então cursar as disciplinas faltantes do bacharelado como nivelamento, na qualidade de aluno especial ou portador de diploma, na própria instituição em que for fazer a pós-graduação, se tiver. Todavia, pode ser que a coordenação do curso lhe dispense, e isso vai depender do seu currículo (histórico da licenciatura) e de uma entrevista com o orientador. Ele avaliará se você precisa fazer o nivelamento ou não. Conforme o caso pode ser dispensado. Mas, sem dúvida, o bacharelado é que dá as melhores condições para levar a frente um mestrado, especialmente teórico.

Qual a música nacional mais triste que você conhece?

"Meu Primeiro Amor", música paraguaia de Hermínio Gimenez com versão da letra de José Fortuna e Pinheirinho Jr.

Você acredita em hipnose, Ernesto?

Pelo que dizem, funciona, mas eu tenho minhas dúvidas. Como sempre, sou pior do que São Tomé. Mesmo vendo, duvido. Queria presenciar um experimento controlado com todos os critérios e cuidados para acreditar. Inclusive em mim mesmo, com o hipnotizador me mandando, por exemplo, escrever algo em um papel, para depois eu ver, que só eu saiba, como a senha do meu formspring.

O feminismo prega a igualdade completa? As mulheres sendo tratadas como os homens são, ignorando os fatores biológicos? Se não, qual o limite da igualdade no feminismo?

Feminismo é a consideração de que as mulheres devam ter exatamente os MESMOS direitos dos homens e os homens exatamente os MESMOS deveres das mulheres. Masculinismo é a consideração de que os homens devam ter exatamente os MESMOS direitos das mulheres e as mulheres exatamente os MESMOS deveres dos homens. As duas posturas em conjunto consistem no humanismo integral, isto é, a igualdade total de direitos e deveres entre homens e mulheres. Só existe diferença na parte ESTRITAMENTE ginecológica, isto é, mulheres conseguem gestar, parir e aleitar e homens não. De resto, não há diferença. Mulheres não tem que ser tratadas como homens e nem homens como mulheres. Ambos têm que ser tratados como PESSOAS. Não existe nada que seja "próprio de homem" nem que seja "próprio de mulher". Assim é que tudo deve ser. Já o machismo é a concepção de que homens têm privilégios em relação às mulheres e o femismo a de que mulheres têm privilégios em relação aos homens. Estas concepções são completamente malsãs e, dito eu, abomináveis. Sou um feminista e um masculinista radical, bem como anti-machista e anti-femista radical.

Você acha que as coisas na internet devem ser levadas a sério? Os debates, as opiniões das pessoas, as discussões etc? Ou sua opinião só vale se você a expressar fora da internet porque nela tudo é muito fácil? (vulgo ativismo de sofá)

Não que devam, mas podem. Depende do modo como a discussão é conduzida e, em relação a cada pessoa, de como é o comportamento histórico dela ao longo das discussões. Se os debates forem serenos e embasados em argumentos válidos e bem defendidos, a internet é, realmente, um canal excelente para a difusão de ideias e sua discussão, de modo a permitir a tomada de decisões conscientes.

Porque assuntos como religião, música, política, a questão do aborto, legalização das drogas no seu modo de ver são tão polêmicos?

Porque são assuntos que as pessoas desenvolvem uma adesão muito emocional a cada opinião a respeito. Eles mexem com a visão de mundo das pessoas, suas convicções profundas, sua forma de encarar a existência. Só quem for muito filosófico é capaz de aborda-los com serenidade e estudar desapaixonadamente todos os lados da questão, fazendo uma escolha não afetiva, mas guiada, o mais possível, por argumentos. Ao discutirem tais temas, as pessoas costumam se exaltar, porque a tese oposta à que ela defende contraria suas convicções mais profundas. Não é fácil ter uma atitude filosófica sobre todos os assuntos. Requer conhecimento e treinamento. Isso deveria ser desenvolvido na Educação Básica. Em outras palavras, ver tudo pelo olhos dos outros também e procurar entender as suas razões.

O senhor disse em uma das respostas aqui no Formspring, que não se interessa por Medicina por quê? Acho uma das profissões mais bonitas que existe vou cursar Nutrição, mas também me interesso por ela.

Medicina é algo muito importante e maravilhoso. Mas eu, particularmente, não gosto. Da mesma forma que eu adoro Física e Matemática, que acho uma maravilha, e tem gente que não gosta. É só uma preferência pessoal. Como não gosto de esportes, de finanças, de negócios, de direito e outros assuntos. Em compensação adoro, além da física e da matemática, filosofia, religião (para estudar), astronomia, cosmologia, geologia, geografia, história, biologia, informática, pedagogia, psicologia (não clínica), música, literatura, poesia, cinema, pintura, arquitetura, engenharia e vários outros assuntos. Em geral não gosto de coisas práticas. Sou muito teórico. Muito mesmo. Gosto de conhecimentos puros, sem me preocupar com a sua utilidade.

Professor o que são as orbitais, cada camada tem maior numero de elétrons nas orbitais?

Ao se considerar a distribuição dos elétrons em torno do núcleo de um átomo, observa-se que eles o fazem de modo a que dois elétrons nunca coincidam os seus estados (princípio da exclusão de Pauli). Tais partículas são ditas "férmions", do mesmo modo que os prótons e os nêutrons dentro do núcleo. O estado de um elétron é caracterizado por quatro grandezas: energia, momento angular orbital, uma componente do momento angular orbital em alguma direção e o momento angular intrínseco, chamado se spin. Cada uma dessas grandezas, quando o elétron se encontra ligado ao átomo, é calculada em função de um número inteiro, denominado "número quântico". "n", para a energia; "l" para o momento angular; "m" para uma componente do momento angular e "s" para o spin. Cada elétron de um átomo tem um conjunto (n,l,m,s) distinto. Os três primeiros referem-se às grandezas do elétron em relação ao átomo e o spin, em relação a si mesmo. Cada valor de "n" representa um nível de energia. Quanto maior, maior o afastamento da distribuição espacial do elétron em relação ao núcleo. Os valores de "l" representam o modo como essa distribuição se faz no espaço. l=0 coloca o elétron esfericamente simétrico em sua distribuição em volta do núcleo, já que não tem momento angular. Os demais valores criam regiões de posicionamento do elétron de formas variáveis. Essas regiões é que são chamadas de "orbitais" e significam a distribuição da densidade de probabilidade do elétron ser encontrado em um pequeno volume infinitesimal em certa localização. À medida que n aumenta, ele pode comportar mais possibilidades para l, que pode variar de zero até n-1, n começando de 1. Assim mais elétrons podem ficar nos níveis de energia mais altos. Veja estes artigos: http://pt.wikipedia.org/wiki/Orbital_at%C3%B4mico http://en.wikipedia.org/wiki/Atomic_orbital

Vegetarianos militantes acham que tem o direito de impor que não devemos impor aos animais.Não acha um absurdo?Quem quer respeito respeita o proximo, concorda? Quem eles pensam que são para nos tratar como animais?Porque não impõe a mãe deles?

Nada pode ser imposto. Ninguém pode impor a ninguém que seja isto ou aquilo. Toda pessoa é livre para fazer tudo o que não prejudique aos outros.Resta saber se esses outros são apenas humanos ou isso inclui outros seres sencientes. O marianismo e o comunismo não prejudicam ninguém (entendido que esse comunismo não seja ditatorial). O libertarianismo, depende. A princípio não prejudica, pelo contrário, beneficia. Mas pode prejudicar, como no caso do anarco-capitalismo, que advoga que o mais forte, economicamente, pode prejudicar o mais fraco. A misoginia e a misandria prejudicam sim, inclusive a própria pessoa. Claro que o machismo prejudica outros seres humanos, da mesma forma que o femismo. Mas não o masculinismo nem o feminismo. O vegetarianismo e o veganismo não prejudicam outras pessoas. Todavia, todas essas concepções, no momento em que sejam impostas, prejudicam, mesmo que sejam, em si mesmas, benéficas. É como impingir a alguém alguma religião, ou o ateísmo. Mas o carnismo prejudica outros animais. Seria válido? Na natureza há predadores e o homem é onívoro. Esta é uma questão que ainda não cheguei a uma conclusão. Quanto a "matar" é claro que o cartaz está fazendo uso de uma força de expressão.

Comente livremente a seguinte frase: “Para ganhar conhecimento, adicione coisas todos os dias. Para ganhar sabedoria, elimine coisas todos os dias.” ― Lao Tzu

Lao Tzu (ou Tsé) foi um poeta e seus ditos têm que ser entendidos metaforicamente. Essas coisas que se tem que adicionar todos os dias para obter conhecimento nada mais são que os próprios conhecimentos e não objetos. Se se continuar a ter esse entendimento na segunda parte, ele estaria dizendo que, para se obter sabedoria deve-se abdicar dos conhecimentos. Mais ou menos como Jesus disse que os pobres de espíritos seriam bem-aventurados. Isso eu discordo. Não acho que menos conhecimento implique em maior sabedoria de forma alguma. Pode-se ter muita sabedoria com pouco conhecimento, mas muito conhecimento pode ser acompanhado de muita sabedoria, sem dúvida nenhuma. A interpretação que pode ser válida é que se deva eliminar o apego aos objetos. Isso sim, representa sabedoria. Mas se se tiver esse entendimento para "coisa", no texto, então apegar-se aos objetos não trará conhecimento nenhum. Assim, penso que o dito acima possui uma incoerência intrínseca. Afora isso, gosto muito do que Lao Tzu diz, como consignado no Tao Te Ching.

Você contrataria uma pessoa completamente autodidata?

Claro que sim. Em nosso colégio temos casos assim, professores de outra formação que lecionam coisas diferente. Como advogados dando aula de português, filosofia e sociologia. Engenheiros dando aulas de física e matemática, agrônomos dando aula de biologia. Essas pessoas tiveram um contato com essas matérias em seus cursos, mas não na abrangência e profundidade que a pessoa formada propriamente no assunto viu. Todavia eles, de forma autodidata, adquiriram um conhecimento, uma formação e uma habilidade em trabalhar esses assuntos que, muitas vezes, supera a dos formados especificamente na área. E num colégio particular, principalmente, o que vale é a competência e não a habilitação legal. Quem for bom, ganha a vaga. Fora do magistério, então, na área administrativa, é que a formação específica não significa competência mesmo. É muito comum se achar administradores que são engenheiros ou advogados. Nosso diretor, por exemplo, é engenheiro meteorologista, inclusive com doutorado e autor de livro didático da área. Eu sou o vice-diretor e não sou pedagogo e sim matemático e físico. No mercado de trabalho particular, o que vale é a competência e não o diploma. O número de empresários de sucesso que não têm curso superior é enorme. Comerciantes, industriais, fazendeiros. Mas é preciso entender do assunto bem mesmo, apesar de não ter o diploma. Até mais do que quem o tenha. Para mim uma faculdade tem que dar conhecimento e não reservar o mercado de atuação para quem seja diplomado nisso ou naquilo. Se um advogado descobrir uma nova lei da Física, está descoberta. Não precisa ser físico. Só faço exceção para atividades como medicina e engenharia, que envolvem uma responsabilidade civil.

Professor,Espirito existe?

Por tudo o que sei, afirmo, convictamente, que não. Não há nenhuma evidência e nenhuma comprovação inquestionáveis de que tal tipo de coisa, de fato, exista. Todos os fenômenos atribuídos aos espíritos podem ser explicados de forma natural, ou então são fraudes mesmo.

"Antes de criticar, faça melhor."Você concorda ou discorda? Por quê?

Não concordo. Posso criticar e não ser capaz de fazer melhor. Nem por isso sou incapaz de perceber que não está bom.

Não vemos as coisas como elas são, e sim como nos parecem?

Certamente que sim. Mesmo que busquemos o máximo de isenção e o máximo de informação para corrigir qualquer erro de nossas percepções, no fim das contas, o que consideraremos como a verdade a respeito de algo advém de tudo o que o nosso cérebro já armazenou de informação a respeito e, portanto, é a nossa noção pessoal da coisa. Para se tentar obter alguma objetividade é preciso que se faça o cotejo de muitas subjetividades, com todos os cuidados, e tentar se extrair o que seja comum a todas.

"O bem comum consiste no conjunto de todas as condições de vida social que favoreçam o desenvolvimento integral da personalidade humana e sua sociedade." Quais são essas condições de vida que irão favorecer tal desenvolvimento de personalidade humana?

Não concordo com essa definição de bem comum. Para mim são as condições de vida social que permitam o bem de todos. Mas o bem não consiste no desenvolvimento integral da personalidade e sim naquilo que dê satisfação, conforto, paz, lucro, alegria, prazer, desenvolva ou não a personalidade. Claro que o desenvolvimento da personalidade pode, e normalmente é, fator de alegria e satisfação. Mas alguém pode ser beneficiado por um bem sem que sua personalidade se desenvolva por isso.

Ameríndios são autóctones (ou os inuítes da Gronelândia ou os maoris da Nova Zelândia)? Todos eles emigraram p/ estas respectivas terras como todos os povos que não permaneceram na África! Sei que este processo demorou milhares de anos (cont.) e os que partiram são até etnicamente diferentes dos que chegaram. Meu ponto é: faz algum sentido dizer que só o índio é brasileiro?

De modo nenhum. A humanidade está migrando para lá e para cá desde que surgiu. Os descendentes dos índios, dos portugueses, dos negros, dos imigrantes, são todos igualmente brasileiros e têm que ter os mesmo direitos e deveres. Sou contra considerar que índios que falem português, trabalham, ganham dinheiro, têm casa com móveis e televisão, usam roupas e tudo o mais como o resto dos brasileiros sejam considerados de forma distinta de todos. Isso também vale para os judeus e palestinos em Israel. Ambos têm direito a viver lá. Isso vale para o mundo todo.

O que o senhor acha de pessoas que não se "relacionam" com qualquer posicionamento? Ex. Pessoas que não se dizem ateias ou agnósticas nem crentes em deus ou qualquer outro tipo de posição. Mais discutem estes assuntos pegando o que acha mais conveniente?

Para mim são verdadeiramente abjetas. A respeito de tudo há que se tomar uma posição, mesmo sabendo que se pode mudar, em razão de ser convencido de estar errado. Quando ainda não se tem, que se diga explicitamente que está em dúvida e está estudando para decidir. Mas não tome partido por conveniência. Isso revela mal caráter. Decida-se pelas razões que sejam convincentes, mesmo que isso leve a algum prejuízo pessoal, como a perda do emprego, ou a separação do cônjuge. Mas não finja que acredita em Deus se não acredita ou vice-versa por conveniência. Ou que seja de direita se se é de esquerda e coisas assim. No meu caso, tem um assunto que eu ainda não me defini e estou estudando para decidir: o vegetarianismo. No resto, afirmo abertamente que sou ateu, comunista, anarquista e outros posicionamentos. Digo para qualquer um em qualquer circunstância. Mas explico o que significa, pois tem gente que pensa, por exemplo, que ser comunista é ser marxista ou socialista. E eu não sou nem marxista e nem socialista.

Supondo que Deus seja não-ser (Ain Soph), todos os paradoxos que envolvem a existência do antigo conceito de Deus judaico-cristão são substituídos por esse novo paradigma?

Ain Soph é uma invenção inteiramente descabida. Não há como haver tal tipo de coisa. Tudo que se imaginar que exista, seria um ser. Deus, se existisse, seria um ser. Claro que se pode considerar Deus como apenas uma ideia, um conceito referente a algo que não existe. Então não seria um ser, mas apenas um ente. Mas, se existir, seria um ser. Ain Soph é esse caso. Um conceito, uma ideia. Se existir, seria um ser também. Mas não pode existir, pois seu próprio conceito é de que exista sem ser um ser. E ser é o ente que, de fato, existe. Deus, como ser, poderia existir. A questão é verificar se existe mesmo. Pelo que me consta, não. A Kabbalah não tem fundamento.

Professor, se "eu" posso existir em alguns destes supostos universos paralelos, unicórnios, fadas e duendes também podem, certo?

Unicórnios são animais que poderiam existir até aqui na Terra mesmo. Fadas e duendes são elementais, isto é, seres de um outro tipo de realidade que teriam uma intercessão com a realidade física. Ao que me consta, mesmo havendo Universos Paralelos, estes seriam naturais, ou seja, pertencentes à realidade física. Mesmo que neles houvesse planetas com seres vivos bem diferentes dos terráqueos, eles seriam naturais. A realidade dos espíritos, anjos, demônios, fadas, gênios, duendes, gnomos e essa fauna toda não pertence ao mundo natural, nem em outros universos. Se bem que, me parece, que Duendes e Gnomos seriam naturais, não sei ao certo. Mas fadas não. Fadas fazem mágicas. Mágicas não existem.

[3] Razão não conhecida plenamente. Ou conhecida através de Cristo. O Amor de Deus permite o mal, assim como um pai permite que um filho brincar na terra e na chuva. PERGUNTA: Como responderia a essa reflexão?

Dizer que o amor de Deus permite o mal é uma piada. Isso não é amor coisa nenhuma. Isso é incompetência ou malvadeza. Esse Deus, tal qual é conceituado pelas religiões abrahãmicas é totalmente incoerente com a realidade. Não é possível haver um ser desse modo, sendo o mundo tal qual ele é. Epicuro está coberto de razão. Muitas pessoas não vêem isso e buscam artifícios de todo tipo para conciliar a existência do mal com a de Deus (muitas vezes chamado de teodicéia). O principal, atualmente, é o Plantinga. Mas ele não convence.

[paráfrase] Deus, se existir, não tem ética, pois a ética é racional, mas e a razão dele? Os cristãos poderiam afirmar que a razão de Deus é diferente e superior a nossa, por isso a existência do mal." As táboas da lei são um traduções dessa razão.

Eu não dissera que Deus não tem ética e sim que não tem moral. Ética cuida do bem e do mal e não de permissões e proibições. Bem e mal são conceitos racionais humanos. Para Deus não há bem e mal, pois ele seria incapaz de sofrer. Mas ele poderia provocar sofrimento, como, certamente, o fez, na suposição de que exista. E a maior malvadeza dele foi ter feito sofrer o seu filho (como os cristãos supõem que Jesus o fosse) para redimir os pecados da humanidade. Um Deus bondoso simplesmente perdoaria. Dizer que não podemos saber quais as razões de Deus, mas que elas devem ser corretas, pois ele é Deus, é uma suposição totalmente gratuita. Nada há que a suporte a não ser a crença de que de fato existe um Deus e que ele seja justo e bom. Não há evidências de nada disso. Mesmo supondo que ele exista, ser justo e bom é que não é mesmo.

[2] essa Razão superior é apenas intuída e traduzida. Por definição toda tradução é precária pois se fosse perfeita não precisaria ser traduzida. E outra, o mal que acontece no mundo é feito pelos homens. Deus poderia mto bem permitir o mal por essa...

Não é verdade que o mal que existe seja produzido só pelos homens. A natureza também provoca males, e muitos, como as catástrofes. Você pode ser morto por um animal. Isso é um mal. E se tudo o que acontece na mundo é obra de Deus, também o são as catástrofes naturais e os males executados por animais não humanos. Logo, Deus é malvado. Mesmo os males feitos pelos homens, sendo Deus onisciente e onipotente, o foram com seu consentimento. Se ele não quisesse não aconteceriam. Se ele quis um mal, ele é malvado. Não há escapatória.

Causalidade pode ser aplicada a objetos atemporais? Qual é a definição de causalidade mais utilizada na ciência atual? É a do Hume?

Causalidade não se aplica a objetos e sim a eventos. Objetos não têm causa. O que pode ter causa é o evento da passagem do objeto da inexistência para a existência, que, geralmente, é chamada de "causa do objeto". O que significaria ser "atemporal"? Tudo o que existe está mergulhado no tempo, mesmo que permaneça imutável. A única exceção são os fótons no referencial de si mesmos. Mas não em um referencial externo. A causalidade da ciência moderna não é a de Hume, que considera-a meramente como uma sequência temporal. Pelo contrário, para a ciência moderna, o tempo é que é dado pelo encadeamento causal. A causalidade é o fato da ocorrência de um evento ser determinada pela ocorrência de outro. O que a ciência moderna considera é que não há obrigatoriedade de todo evento ser o efeito de outro que seja a sua casa. Podem haver tantos eventos que sejam efeitos quanto eventos fortuitos, isto é, incausados.

O senhor disse que Deus, se existir, não tem moral, pois a moral é uma convenção, mas e a moral subjetiva dele? Os cristãos poderiam afirmar que a moral de Deus é diferente e superior a nossa, por isso a existência do mal.

Não existe moral subjetiva de ninguém. Nem de Deus. Moral, por definição, não é o que cada um acha que pode ou não fazer. É o que o grupo social, em certo lugar, época e estrato, considera que se possa ou não fazer. Moral, apesar de relativa, é coletiva, não individual. Deus, se existisse, como onipotente que seria, não teria que prestar satisfação a ninguém pelo que fizesse. Faria sempre o que quisesse. O que poderia é ele dizer para os outros o que seria permitido ou proibido fazer, como os judeus e cristãos acham que ele fez por meio da "Táboas da Lei". Mas, se essas prescrições não fossem o que ele mesmo achasse que deveria ou não fazer, ele seria incoerente, contrariando o conceito que se tem de Deus como um ser santo e perfeito. Claro que, se existisse Deus, ele não seria santo e perfeito coisa nenhuma, tal é a quantidade de imperfeições e barbaridades que existem no mundo.

Qual é a definição mais correta de livre pensador? As leis e convenções sociais de uma sociedade são dogmas?Pois se forem, não existem de fato livres pensadores. E o senhor é um livre prensador?

Como dizia o Millôr: "Livre Pensar é só Pensar", portanto todo mundo é livre pensador. A questão é externar o que se pensa, e, mesmo, consentir no que se pensa. Nesse sentido, um livre pensador é a pessoa que tem a mente aberta para aceitar qualquer pensamento, especialmente aqueles que contrariem as convenções sociais, e os externa, mencionando a sua concordância ou não, independentemente da opinião geral. As leis e convenções sociais não são dogmas, mas possuem uma grande força coerciva, já que a discordância delas leva a pessoa a ser rejeitada como, até, imoral ou, pelo menos, excêntrica. Dogmas são proposições apresentadas para que sejam aceitas sem contestação, de modo que sua contestação seja punida, de alguma forma, como, por exemplo, a excomunhão de quem conteste dogmas religiosos. Ou a expulsão do Partido Comunista, para quem conteste Marx. Um verdadeiro filósofo jamais pode se dobrar a dogmas de espécie alguma. Senão não é filósofo. Ele tem que ser um livre pensador, no sentido de admitir a possibilidade de qualquer consideração, se debruçar sobre ela, analisá-la e concluir por seu aceite ou rejeição, em função de sua propriedade ou, pelo menos, plausibilidade. E, sendo coerente, passar a assumi-la, caso venha a concordar. Nesses termos, certamente que sou um livre pensador. Mas não acho que, se as convenções sociais fossem dogmáticas, não poderiam haver livres pensadores, como, de fato, já os houve, como Buddah, Jesus Cristo, Maomé, Lutero, Allan Kardec, só para mencionar os que contestaram dogmas religiosos.

Por que Wolfedler?

Em homenagem a meu avô Wolfgang Anton Ferdinand Ernst Ginzel Edler von Rückert, que veio da Áustria para o Brasil em 1906 para não ser preso e, possivelmente até condenado à morte, por ser a favor da libertação da Hungria e da Tchecoslováquia do Império Austríaco. Como o pai dele era da nobreza, conseguiu colocá-lo na emigração para o Brasil, onde ele chegou e se estabeleceu em uma colônia em Sete Lagoas, Minas. Ele era professor universitário de Russo e Tcheco e, além dessas, falava o alemão, sua língua natal, inglês, francês, italiano, espanhol e português (de Portugal). Vindo para o Brasil, acabou casando com a filha do adido comercial do consulado de Portugal em Belo Horizonte, Alice Vieira de Carvalho Lopes dos Santos. Depois se transferiu para o Rio de Janeiro, onde foi professor de Inglês e Guarda-Livros do Mosteiro de São Bento, onde tinha monges que eram seus amigos. Apesar de um perfeito gentleman, era partidário de idéias anarquistas. Uma pessoa admirável e extremamente benquista pelos demais colonos e por todos com que conviveu, por sua cultura e generosidade. Em uma tradução livre, Wolfedler pode signficar "Cavaleiro Lobo". Cavaleiro da cavalaria medieval. Edle, em alemão é "nobre". Não cheguei a conhecê-lo, pois morreu quando meu pai tinha só oito anos de idade.

Você concorda com a frase dessa foto? "Feliz dia da Mlher para quem sabe agir como uma".

Duas coisas. Primeiro que eu quero desejar felicidade para todas, ajam com agirem. Segundo que eu não sei o que ele pensa que seja agir como uma mulher. Para uns pode ser ser uma femista, para outros uma feminista, outros ainda, uma ovelhinha obediente a todos os desígnios masculinos. Ele não diz.

Prof, qdo uma pessoa é generosa pq aprendeu que agindo assim se beneficia individualmente,pode ser considerada autêntica?E uma pessoa egoísta tem noção sobre si mesma? pois a maioria dos egoístas negam serem assim,sentindo-se até ofendidos.

Não. Essa pessoa não é generosa, Ela é interesseira e deixará de agir generosamente se não tiver nenhuma recompensa por isso. A generosidade é gratuita. Não busca recompensa. Os egoístas sabem que são egoístas sim. Negam como estratégia de ação, pois há rejeição ao egoísmo. Para conseguir seus desígnios têm que fingir não serem egoístas. Pessoas de mau caráter não se sentem ofendidas por nada. Apenas apresentam uma encenação teatral de ofensa.

Ernesto, se o clima frio auxilia tanto no desenvolvimento cultural por que, então, os esquimós não estão no mesmo nível dos escandinavos?

Trata-se de uma questão de intensidade do frio. Não é o clima frio, mas a adversidade da natureza, da qual o frio faz parte. Mas é preciso que haja algo ainda capaz de possibilitar o estabelecimento de uma cultura que se desenvolva em civilização. Certos locais completamente inóspitos, como as regiões permanentemente geladas ou permanentemente desérticas não oferecem condição nenhuma para maiores desenvolvimentos. No Egito e na Mesopotâmia, não havia só deserto. Em torno dos rios Nilo, Tigre e Eufrates havia terra fértil. A adversidade é estimulante, mas a adversidade extrema é paralisante. Tanto quanto a ausência de adversidade.

Qual foi o maior erro de Descartes? E o maior acerto?

Descartes cometeu alguns erros. Um foi considerar a dualidade da mente (corpo e espírito) e admitir a existência de conhecimentos apriorísticos racionais na mente. Também considerava que tudo deveria ter uma causa, o que é um grande equívoco. O racionalismo, de que é considerado pai, sustenta que só seja válido o conhecimento obtido pela razão, o que também não é verdade. Seus grandes acertos foram o estabelecimento da dúvida metódica como ferramenta de busca do conhecimento e a união da álgebra com a geometria em sua geometria analítica, fundamental para o desenvolvimento do Cálculo Infinitesimal. Além disso muito colaborou para o estabelecimento da Filosofia como independente da Teologia e contribuiu para a libertação da Filosofia da autoridade de Aristóteles e dos escolásticos.

"o egoísmo parece ser uma característica inata" Base genética?

Tanto o egoísmo quanto o altruísmo são naturais no homem. Ele tem essas duas capacidades. Geneticamente uns podem ter uma tendência mais egoísta ou mais altruísta. Mas isso pode ser fortalecido ou enfraquecido (ambas) pela educação e pelas vivências. Inclusive uma reversão, que pode ser resultado de algum fato marcante da vida. Todos somos egoístas e altruístas. A questão é qual dessas inclinações nos permitimos desenvolver. Se a tendência para uma delas for muito forte, será difícil impedir que se forme uma personalidade assim, inclusive respaldada por uma cosmovisão que se constrói a partir das tendências consentidas. Mas ser egoísta não é justificativa para práticas predatórias e intimidatórias em relação aos outros. A vida em sociedade requer que se refreiem os impulsos egoístas, para o bem da coletividade. Se cada um só pensar no seu bem em detrimento do bem dos outros, ninguém será beneficiado. O bem de cada um advém de que uns queiram o bem dos outros.

O que acha da filosofia iluminista? David Hume, La Mettrie e etc.

La Mettrie e d'Holbach foram além de Voltaire em suas concepções anti-religiosas, pois Voltaire não chegara a ser ateu. Hume, com seu empirismo, também foi outro grande contribuidor para o desenvolvimento do espírito científico, começado por Galileu e Newton. Esse pessoal, que contrariou o pensamento cartesiano, então dominante nos meios filosóficos, para mim, foram mais valiosos do que Kant, por exemplo. Porque procederam a uma verdadeira mudança de paradigma filosófico, desbancando o espírito, depois ressuscitado por Hegel. Posso dizer que La Mettrie foi um precursor do existencialismo. Mas, ainda, assim como Sartre, centravam a filosofia no homem e não perceberam que o próprio homem é só um acidente no Universo. O foco, tanto da ciência quanto da filosofia, tem que ser o mundo em sua totalidade. De qualquer modo, devemos muito a eles, inclusive em relação à concepção política de estado laico, de democracia, de liberdade de expressão e outros temas do tipo.

Despertei interesse pela leitura, entre varios livros marxistas(eufemismo: cansativos) dos meus pais achei livros do zygmunt bauman e um do ghandi que me prenderam. Me interesso no comprtmnto humano e politica. Tem algum livro para me indicar? Obrigado!

Leia livros de Filosofia e de Psicologia, em nível introdutório e generalista. Já listei vários de Filosofia neste formspring, é só procurar mais para baixo. Os livros de Filosofia têm sempre capítulos sobre política. Quanto a Psicologia, leia, por exemplo: Eu, primata - Frans de Waal, O macaco nu - Desmond Morris, O Livro da Psicologia, vários autores, Globo LIvros, Elementos de Psicologia, Kreech e Crutchfield Introdução á Psicologia, Linda Davidoff.

“Se a moral divina é diferente da moral humana, então a argumentação do paradoxo de Epicuro não vale”. Como rebater esse argumento cristão?

Deus, se existir, não tem moral, pois moral é uma convenção social. Deus não pertenceria a nenhuma sociedade. Seus atos seriam pautados apenas por sua vontade, sem ter nada a que se referenciar. Pelo contrário, no caso de haver Deus, a moral é que deveria se basear no que ele achasse que fosse permitido ou proibido. Aliás, as pessoas que consideram que Deus existe dizem que as normas morais são exaradas pela vontade divina, como os dez mandamentos. Portanto não se pode conceber que Deus tivesse proposto ao homem um critério de ação diferente do que ele mesmo executa, pois seria uma incoerência. Supor um Deus que achasse que o que vemos como maldade fosse bondade é um absurdo. Se fosse assim, teríamos que imitar a Deus e fazer maldades como uma prescrição divina para a nossa santificação. Esse argumento é totalmente incoerente. Outro corolário do paradoxo de Epicuro é sobre a existência do demônio. Como pode um Deus santo e todo poderoso ter permitido o surgimento de tal ser? Não tem escapatória, se Deus existir, ele é malvado mesmo.

Prof.,conheço uma pessoa excepcionalmente culta por quem tenho muito carinho,porém é muito egocêntrica,manipuladora e oportunista.Você considera essas qualidades negativas como índice de má índole,ainda mais partindo de uma pessoa com notável intelecto?

Ser egocêntrico, manipulador e oportunista é mais do que suficiente para caracterizar uma índole má, sem dúvida. A fonte de todos os defeitos de caráter é o egoísmo. Isso pode ocorrer tanto em pessoas inteligentes e cultas e, até, educadas, quanto em pessoas burras, e ignorantes ou sem educação. O pior é que essa índole má dificilmente se altera e muda para uma boa índole. Infelizmente, a não ser que a pessoa sofra um grande revés, o egoísmo parece ser uma característica inata, mesmo que fortalecido ou atenuado pela educação e pelo contato social. Ele se torna uma forma de ver o mundo difícil de mudar. Não é fácil ser amigo de uma pessoa egoísta, mas o importante é não se dobrar às suas exigências e resistir com altivez. Se isso provocar a perda da amizade, no meu entendimento, é preferível. É bom para um egoísta ver que é malquisto por todo mundo.

Professor, o senhor já deve ter recebido essa pergunta antes, mas a farei novamente pois preciso de conselhos. O que fazer quando se passa 90% do tempo livre estudando e não se vê nenhuma melhora no desempenho escolar? Oq pode estar sendo feito de errado?

Com relação ao assunto que se está estudando, o aprendizado acontece em três fases: uma leitura prévia, antes da aula acontecer, para saber o que vai ser visto e anotar o que perguntar; uma assistência bem participativa da aula, prestando a máxima atenção e perguntando tudo o que não entender e uma revisão depois da aula, no mesmo dia, antes que se durma, em que se relê o conteúdo e se responde questões, faz-se exercícios e se resolve problemas, se for o caso, anotando as dúvidas para perguntar na próxima aula. Isso gasta uma meia hora para cada aula do dia. Finalmente, alguns dias depois (mais não muitos), é bom se escrever um resumo, como se fosse dar uma aula do assunto. Pode também estar acontecendo um problema de falta de base. Isso é muito comum em Física e Matemática, em que o aprendizado de um novo assunto sempre depende do conhecimento de tudo o que se aprendeu antes. Nesses casos é preciso identificar que conteúdo anterior desconhecido está atrapalhando e voltar a ele para aprendê-lo. Senão não se vai para frente. O professor pode diagnosticar o problema pelo que o aluno erra ao resolver as questões. Isso também pode acontecer em outras matérias.

Consegue citar 5 realidades ou mundos possíveis em que a existência de Deus (onisciente, onipotente e onibenevolente) seria impossível?

Basta uma: este mundo em que vivemos, tal qual ele é. A existência do mal e das imperfeições atestam que Deus, se existir, não pode ter essas três qualidades ao mesmo tempo. Se ele for onibenevolente, como o mal e as imperfeições existem, ou ele não sabe que existe ou não pode impedir. Se ele for onipotente e deixa o mal e as imperfeições existirem é porque não é onibenevolente. Mas a questão é: poderia haver um mundo sem mal e sem imperfeições? Acho que sim. Mas, mesmo que existisse, isso não garantiria que assim o ser fosse devido à vontade de algum Deus, como esse nosso mundo imperfeito não prova que Deus não exista, apenas que não pode ter essas três características ao mesmo tempo. Certamente que, se houver, o que não seria é onibenevolente, porque se não fosse onipotente e nem onisciente, não seria Deus. Mas poderia ser um Deus malvado. Todavia, imaginar a existência de um mundo com um Deus assim caracterizado é considerar que o tal Deus faça parte desse mundo. Se faz parte, não poderia ser o criador dele e, se fosse mesmo Deus, seria incriado, pois se tivesse sido criado, seu criador é que seria Deus. Então tal mundo seria, também, incriado. Isso é o panteísmo ou o panenteísmo e não o teísmo ou o deísmo. Nestas últimas concepções, Deus é extrínseco ao mundo, então a pergunta teria que ser formulada de outra forma, ou seja: É possível haver um Deus onisciente, onipotente e onibenevolente, certamente não pertencente a mundo nenhum? Acho que sim, mas não é o caso, pois se o Deus fosse desse modo, não teria feito um mundo como este aqui e sim um mundo perfeito.

De acordo com seus conhecimentos sobre o cristianismo. Deus saiu no lucro ou no prejuizo por ter criado a humanidade?

Esse pessoal que escreveu a Bíblia tem passagens que não diz coisa com coisa. A Bíblia tem que ser lida com muita cautela e, principalmente, ciente de que se trata de uma obra de ficção. Tem coisas recomendáveis nela, mas tem um monte de baboseiras e, mesmo, de prescrições completamente inadmissíveis. É bom ler para se inteirar do conteúdo de um livro que teve e ainda tem uma influência muito grande na humanidade. Mas não se basear nela para balizar a conduta pessoal, social, judicial e política. O que ela tem de certo pode ser haurido de outras fontes também. Deus não saiu nem no lucro nem no prejuízo, pois Deus não existe. Quanto a se foi uma boa coisa a humanidade ter surgido, eu acho que sim, pois se não tivesse surgido, eu não existiria.

Você acredita na força do pensamento?

Não, no sentido que normalmente se diz, isto é, que o pensamento teria o poder de influenciar as ocorrências do mundo. Não tem. O que o pensamento pode fazer é, apenas, criar disposições mentais favoráveis a que a pessoa se esforce ao máximo para obter o que deseja, por se entusiasmar com o trabalho necessário para tal, à vista do resultado pretendido. O que pode haver é uma influência das palavras, dos gestos, das atitudes e das ações, que contaminem os outros com o mesmo entusiasmo e os faça ajudar e colaborar para a obtenção do que se quer. Mas a obtenção de qualquer coisa que se deseje só se dará pelas ações diretas, isto é, pelo trabalho de consecução dos objetivos.

Meteorologia é uma ciência séria?

Sim, muito séria. O fato de não fornecer previsões precisas é inerente ao próprio comportamento caótico da atmosfera e não da falta de cientificidade da meteorologia. Todavia, a cada dia, mais se vai compreendendo toda a dinâmica da atmosfera, em que os fatores são muitos, e se tendo uma previsão de tempo cada vez melhor acurada. Isso também se deve ao aumento do poder computacional capaz de lidar com o imenso número de variáveis envolvidas. Recomendo o livro: http://www.editoraufv.com.br/detalhes.asp?idproduto=1607080

Por que um governante que busca, em resumo, a diminuição da desigualdade social é tachado de populista? Deve ser porque não podem ver o pobre frequentando os mesmos lugares que os mais “ricos” como aeroportos, restaurantes e etc?

Realmente, a elite conservadora, de direita, considera que as desigualdades sociais são justas e que devem haver ricos e pobres, cultos e ignorantes. Uma sociedade igualitária, para eles, é antinatural e contrária aos desígnios divinos. Assim, quem pugnar pela extinção dessas desigualdades, pelo oferecimento de oportunidades amplas para que todos tenham as mesmas condições de vida, dependendo apenas de sua dedicação e competência, e não de sua ancestralidade, cor da pele, religião ou outro fator discriminatório, esse é tido como pernicioso, por ser inimigo da ordem estabelecida que lhes confere privilégios e, zombeteiramente chamado de "populista" como se ser a favor do povo fosse algo deplorável. Todavia há os que, de fato, apenas bajulam o povo para conseguir posições de liderança e, nelas estando estabelecido, se locupletam das benesses do cargo e não fazem nada a favor do povo. Esses são, de fato, populistas, no sentido pejorativo da palavra, e há muitos. É preciso muito cuidado, ao votar, para separar o joio do trigo, isto é, votar nos candidatos, de fato, populares, e não populistas, nesse último sentido. Tem que examinar a vida pregressa do candidato e ver o que ele fez. E, principalmente, se não se enriqueceu às custas dos cargos ocupados. Para mim, o político genuíno, não pode enriquecer como o cargo, pelo contrário, tem é que empobrecer, por doar do seu patrimônio para o povo.

Autodidata tem alguma chance no mercado de trabalho?

Sim, mas em atividades que não requeiram diplomação formal. Por exemplo, um escritor, um pintor (de telas), um poeta, um músico, um artista de teatro, um artesão e várias outras atividades livres, não requerem estudo formal de nada. Mesmo para ser empregado, há várias atividades que não requerem estudo formal. A maioria destas, contudo, não é bem remunerada. Mas as primeiras que eu citei podem ser muito bem remuneradas. Além disso a pessoa pode ser comerciante, industrial, fazendeiro ou qualquer outro tipo de atividade empresarial sem ter nenhum estudo. É bom sempre encarar o mercado de trabalho como de trabalho e não de emprego. Há muito tipo de trabalho que pode ser feito sem estudo formal. Mas, certamente, com conhecimento e habilidade, que podem ser adquiridos de modo autodidata.

O senhor é ateu, também é niilista?

Não sou niilista, absolutamente. Acho que o ateísmo não implica no niilismo. Para mim existem valores éticos e eles não têm nada a ver com nenhuma prescrição divina. São puramente humanos, mas essenciais para a coexistência harmônica das pessoas em sociedade.

O que é o ser humano/ente humano?

Um animal provido de uma estrutura neurológica extremamente desenvolvida e complexa que lhe fornece um grau excepcional de percepção, inteligência, sensibilidade e consciência, especialmente no que diz respeito à capacidade de raciocínio, de expressão linguística, de habilidade manual e outras. Tais características lhe fizeram desenvolver um modo social de convivência, em que cada indivíduo não precisa dar conta de todos os procedimentos para a manutenção da sua vida, mas isso é feito coletivamente, uns pelos outros, com um aproveitamento imensamente maior de todos os recursos, tanto das pessoas quanto da natureza.

O que o senhor pensa sobre o autodidatismo? E sobre a ideia de uma educacao libertaria, como uma sociedade sem escolas e sem instituicoes universitarias?

Autodidatismo é excelente. Eu mesmo sou autodidata em muitos assuntos, por exemplo: Filosofia, Música, Pintura, Neurociências e alguns outros que venho estudado bastante ao longo da vida. Todavia, para efeitos profissionais, especialmente envolvendo responsabilidade civil, acho necessário um curso formal que faça aferição da aprendizagem de conteúdos e habilidades, como é o caso de medicina e engenharia, por exemplo. Uma educação libertária não prescinde de escolas. Apenas elas têm uma estrutura e funcionamento bem diferente, sem turmas, sem horário rígido. Mas com professores (em dedicação exclusiva), bibliotecas, laboratórios, salas de estudo, auditórios, salas de som e de vídeo, refeitórios, quadras esportivas, pátios, jardins, hortas, oficinas e tudo o mais que seja preciso para dar uma educação integral à infância e à juventude. Deixar só por conta do estudo voluntário é insuficiente. É preciso um estímulo, e, mesmo, uma cobrança, para que sejam formados adultos integralmente educados, instruídos, habilidosos, competentes e de personalidade e caráter excelentes. As escolas têm que ser altamente estimulantes e não apenas para a infância e a juventude, mas para todos, a qualquer época da vida. Os cursos superiores têm que dar uma formação e uma cultura geral, ao mesmo tempo em que habilitam para o exercício de alguma profissão.

Como organizar o tempo?

Para começar, largando a preguiça de lado. Isso é o mais importante. Depois, acabando com a bagunça, que desperdiça muito tempo. Então, definindo as prioridades. Recuse fazer o que não for importante só para atender os outros. Aí se começa pelo que for mais enjoado de fazer. E vai fazendo. Não fique parando muito para descansar. Mas dê um pequeno alívio de hora em hora (pequeno). Comece, mesmo que não vá dar para acabar. Depois acaba. Esse negócio de aproveitar o tempo não é tanto um problema de organização. É mais de atitude. Largue de lado atividades irrelevantes que roubam muito tempo, como ver televisão, ou ficar na internet. E acabe de vez com a preguiça. Aí vai ter tempo para muita coisa.

Você é amigo de pessoas que não pensam como você em assuntos importantes?

Sim, de várias pessoas. Por exemplo, eu sou ateu e tenho vários amigos e amigas que creem em Deus. Isso não impede a amizade, porque tanto eu quanto eles e elas nos respeitamos nesse aspecto. Também sou comunista e tenho amigos capitalistas. Se a pessoa for bem intencionada, não vejo problema em ser amigo dela discordando de suas opiniões. Sou amigo de pessoas pobres e ricas, ignorantes e cultas, brancas e pretas, heteros e homos, homens e mulheres. Só não sou amigo de preconceituosos, intolerantes, gananciosos, trapaceiros e afins.

"A consciência não pode estar localizada num espaço em particular. Ela é eterna... A morte, como o nascimento, é mera passagem de um estado de consciência para outro... — Pim van Lommel

Não! Isso não é verdade. A consciência é uma ocorrência que se dá em um lugar e em um intervalo de tempo. Ela acontece no cérebro de algum animal e durante o tempo de vida dele (fora o tempo em que perder a consciência sem estar morto). A consciência de cada animal que seja consciente é única. Não se transfere. E nem continua a existir fora do organismo que a suporta. Isso é balela sem a menor comprovação. Definitivamente, consciência é uma ocorrência natural, biológica, orgânica. Não pertence a nenhuma realidade transnatural, mesmo que não seja material. Isso tem que ficar bem claro. Nem tudo o que é natural é material. Pode não ser material e, nem por isso, ser sobrenatural. É o caso dos campos, da radiação, das estruturas (a forma e não o conteúdo), das ocorrências, dos fenômenos, do espaço e do tempo. Tudo isso é natural, é físico e não é matéria. Nem espírito. Espírito não existe. Nada há que comprove que exista.

A pura Ciência é capaz de distinguir o que é moral e o que não é moralidade? ou necessita recorrer aos metodos filosóficos para trabalhar neste campo? Em que o trabalho científico contribue para a elevação e desenvolvimento da ética?

Não. A ciência não tem como estabelecer o valor ético e nem moral de uma ação, que são diferentes. O valor moral é estabelecido pelos costumes sociais em um dado lugar, época e estrato social. O valor ético é estabelecido pela qualidade boa ou má da ação. A moral é convencional e decorre de um acordo, geralmente tomado pelos detentores do poder naquela circunstância. A ética é filosófica, ela vem da reflexão sobre o que seja bom e o que seja mau. Certamente que para essa aferição pode-se valer de critérios científicos, como algum meio de medir o grau de felicidade. Mas o estabelecimento do critério é filosófico. O trabalho científico pode contribuir com a ética no sentido de que ele tem um compromisso essencial com a verdade. Nenhuma pesquisa que não busque a verdade pode ser científica. Não importa o que venha a ser a verdade em questão. Todo cientista, portanto, trabalha imbuído desse princípio, que é ético. Acostumar a população aos padrões científicos de aceitação ou rejeição de algo é trabalhar eticamente. Mas, note-se ética não se refere a conhecimentos e sim a ações. Um mesmo conhecimento, que seja verdadeiro, pode ser usado em ações boas ou más. Isso não desvaloriza o conhecimento. Saber fazer uma bomba atômica não é um mal. Usar essa bomba para uma guerra de conquista é um mal. Mas para a defesa pode não ser.

"Instigar aquilo do que você gosta contra o que você não gosta - Essa é a doença da mente" Seng Ts'an; Mestre Ch'an (Zen) Ernesto, qual sua opinião sobre essa frase e o Zen em geral?

Não acho que isso seja uma doença, pelo contrário, é interessantíssimo. Adoro exatamente esse tipo de coisa. Controvérsias filosóficas. Elas são estimulantes, colocam a mente para pensar e descobrir argumentos prós e contra. Acho que é justamente com esse tipo de atividade que se aperfeiçoa o mundo. Para mim todo mundo deveria ter uma excelente educação filosófica e aprender gramática, redação, dialética e retórica, além de matemática, ciências, artes, técnicas, cultura e atividades físicas. A meditação budista, em que se busca esvaziar a mente, para mim, não é uma boa coisa. A meditação monástica ocidental, em que, pelo contrário, a mente se concentra em um assunto e o esgota, para mim, é melhor. De vez em quando é bom meditar à moda budista, mas na minoria das vezes. O cerne do Zen é a apreensão da realidade sem palavras. Acho isso interessante. Só não gosto de rituais. Acho que tudo tem que ser espontâneo. Mas gosto de contemplar a natureza e me deixar penetrar por sensações sem palavras. Aliás, vejo que a maior parte de tudo o que o nosso cérebro faz, o faz sem palavras. Mas as palavras são necessárias para uma comunicação sem contato direto. Então é mister dominar o seu uso. Todavia, sempre que algo puder ser dito sem palavras, é mais bem dito. Mas não é nada espiritual, no sentido de transnatural. São as visões dos gestos, dos olhares, dos sorrisos, a audição dos murmúrios, da respiração, a aspiração dos perfumes e todos os odores. Essas comunicações, que os animais fazem o maior uso, precisam ser desenvolvidas nas pessoas. Mas as palavras também têm a sua vez.

Como se daria o desenvolvimento tecnologico da ciencia em um sistema anarquista?(sabe-se que no Capitalismo as grandes corporacoes privadas financiam muitas pesquisas, e tambem os governos das grandes potencias mundiais). Sem o Capital e sem as instituico

Do mesmo modo que se dá agora, só que sem dinheiro e sem propriedade. Todo mundo trabalharia de graça, tudo seria distribuído de graça para todos, todo mundo teria tudo o que precisasse. Sem dinheiro, inclusive, o progresso seria muito maior, porque não haveria limitações financeiras. A economia não é a ciência do dinheiro, mas da produção e distribuição de bens. E isso pode ser muito mais bem feito se não houver dinheiro envolvido. Além do mais, na anarquia, não havendo competição, todos se auxiliariam mutuamente e as descobertas de um seriam passadas a todos, de modo que o progresso seria muito mais rápido. E com a vida em coletividade, a racionalização de custos para a manutenção da vida de todos propiciaria uma economia de recursos fabulosa, eu diria que da ordem de três quartos, na média, para o funcionamento de tudo. Um grande número de atividades desnecessárias desapareceria e as pessoas poderiam se dedicar às mais proveitosas e com muito menos tempo de trabalho e mais de laser. Por exemplo, desapareceriam as atividades bancárias, policiais, militares, religiosas, advocatícias, contábeis, judiciais, governamentais, políticas. Muitas outras também seria feitas por sistema de rodício, como a de lixeiro, faxineiro e similares.

Uma pessoa honesta, que possui bens, que vive de acordo com os princípios morais, sofre um latrocínio. De quem fora a culpa do acontecido, do bandido, da própria pessoa, da sociedade? Afinal, qual será a solução para isso? E qual é a explicaçao sociologic

A culpa é do bandido, sem dúvida. É claro que a sociedade, por estabelecer desigualdades, dá motivo para que alguém considere que possa se apropriar do que não lhe pertença e, para isso, inclusive, tirar a vida do outro. Mas um erro nunca justifica outro. Fazer um movimento social para promover distribuição de renda, ou até, por uma revolução, promover uma distribuição de bens, se justifica, desde que não em proveito pessoal, mas sim da coletividade. Nesse caso não seria um crime, mas podem haver, e geralmente há, crimes nas revoluções. O ideal é que a sociedade promova a máxima igualdade social, como o oferecimento de todas as oportunidades para todos, de modo que esse tipo de motivação para o crime não exista. Mesmo assim pode haver o crime por uma atitude malvada do criminoso. A sociedade não pode permitir isso, de modo nenhum, porque perturba a harmonia, a paz, o espírito fraterno e igualitário e, em decorrência, a felicidade geral. Não é porque abala as estruturas, pois estas, muitas vezes, têm que ser abaladas mesmo, justamente para quebrar as desigualdades opressoras. Em nenhum caso, contudo, o crime se justifica. A culpa seria da própria pessoa se seus bens tivessem sido adquiridos de modo desonesto. Mas, mesmo honestamente, não se pode admitir uma grande diferença em níveis de riqueza. Quem ficar rico tem a obrigação social de usar de sua riqueza para promover a melhoria da condição de vida de todos, criando empregos e usando sua riqueza em benefício geral, ao invés de fruí-la egoisticamente, mesmo que não seja imoral. Não consigo admitir a existência de ricaços que possuem várias propriedades luxuosíssimas ao redor do mundo, onde ele e seus amigos apenas podem aproveitar o uso. Esse dinheiro todo poderia ser aplicado em benefício da sociedade. Repito, mesmo não sendo imoral, não está certo, eticamente falando. Mas não justifica roubo e, muito menos, latrocínio. De modo nenhum.

O budismo alerta para a noção equivocada de ego, afirmando que não existe um "eu" substancial e permanente. A Mecânica Quântica, que descreve o comportamento caótico e aleatório de partículas subatômicas é o respaldo científico pra essa afirmação? Abs!

O budismo está errado. Existe um "eu" e um "ego", mas são conceitos diferentes. O "eu" ou "self" é a parte da mente que é a "dona" da pessoa. É o núcleo da pessoa, a "autoconsciência", isto é, a percepção interna de si mesmo como distinto do resto do mundo. Esse "eu" tem uma permanência dinâmica, isto é, ele é o que "está sendo", a cada momento, mas muda. Só que essas mudanças são interligadas por uma continuidade histórica da existência que a memória registra. O ego é a personalidade do "eu", isto é, o conjunto de características que o faz ser único. É claro que, tudo o que somos, inclusive nosso "eu", nossa mente, nossa consciência, são resultantes da estrutura e do funcionamento do nosso organismo, em especial, para essas coisas, do cérebro. E ele é um conglomerado de partículas subatômicas, cuja estrutura e funcionamento são descritos pela mecânica quântica. Então, reducionisticamente falando, o "eu" advém do comportamento quântico da natureza, como tudo o mais. O comportamento quântico, pelo contrário, não respalda nenhuma ausência do "eu". Ele é que faz o "eu" existir.

"O Concurso no Brasil Seleciona as pessoas que têm mais aptidão para fazer prova de concurso, e nao para a função que vai exercer". Poderia comentar esse estudo: http://www.iemp.com.br/home/noticias.php?idMateria=753

De fato, uma lástima. Minha filha é técnica de nível superior da Receita Federal, formou-se e fez mestrado em Engenharia de Alimentos, estudou demais para o concurso, vários assuntos que não estudara no curso, como contabilidade e direito, mas, em seu trabalho, não usa quase nada do que caiu no concurso. Acho que todo concurso teria que ter duas partes. Uma de avaliação de inteligência, além de português e matemática do nível médio e outra do assunto específico da carreira em concurso. E o curso superior exigido, no caso, teria que ser relacionado com o trabalho. Mas o diretor do cursinho que minha filha fez disse que a maior parte dos que passam para a Receita Federal são engenheiros e médicos e não economistas, contadores e advogados. A explicação? Porque eles já estão acostumados a estudarem feito desgraçados e, em geral, seus cursos são mais seletivos para os candidatos no vestibular. Minha filha estudava 16 horas por dia e passou entre os vinte primeiros de oito mil candidatos, para oitenta vagas. Ela também passou em 17º lugar no vestibular da UFV entre mais de 20 mil candidatos. Ainda não achei uma explicação boa, mas já percebi que o pessoal de exatas costuma ter mais capacidade para passar em concursos, mesmo que as questões não sejam da área de exatas. Vejo que os bons alunos de exatas acham fácil estudar qualquer assunto e aprendem, enquanto os bons de humanas e biológicas nem sempre acham fácil estudar exatas e aprenderem mesmo. ????

Professor, você acha esta música da Shakira ofensiva aos cristãos? http://www.youtube.com/watch?v=dszmMAucu9U&list=LLrajxX4pwdyoRCAWxKGF0uw http://www.youtube.com/watch?v=dszmMAucu9U&list=LLrajxX4pwdy…

Quem se sentir ofendido não é uma pessoa de bem. Essa música levanta questões muito pertinentes sobre o modo como Deus gerencia o mundo. E mostra, claramente, que, ou ele não é justo e bondoso como se diz, ou é um incompetente e sem poderes, ou, simplesmente, não existe. Muito boa. Não só os cristãos, mas todos os religiosos de qualquer uma delas deve ouvir e meditar bem sobre a mensagem dela.

Professor, poderia me indicar alguns hábitos do dia-a-dia que facilitam a assimilação de conteúdos estudados?

Para começar, ler, antecipadamente, o conteúdo que vai ser dado na aula. Depois, prestar muita atenção na aula, fazendo apontamentos a mão e perguntando tudo o que não entendeu, sem vergonha de pagar mico. Então, no mesmo dia, à tarde ou antes de dormir, rever o assunto, responder questionários e fazer exercícios e problemas. Logo que puder, escrever um resumo como se estivesse preparando aula para ensinar aquilo. Não deixar para rever no dia seguinte, pois é com o reforço que o cérebro confere significância ao conteúdo para transferi-lo, no sono, da memória de curta duração para a de longa duração.

terça-feira, 19 de março de 2013

Percebi que a lógica começa a ficar complicada em nível mais avançado. Poderia me recomendar algum livro ou apostila específica de lógica?

Para lógica geral eu recomendo o livro do Irving Copi "Introdução à Lógica" e o do Joseph Dopp "Noções de Lógica Formal". Para lógica matemática eu recomendo os dois volumes do Leônidas Hegenberg "Cálculo de Predicados" e "Cálculo Sentencial". Um livrinho bom é o do Wesley Salmon, "Lógica". Também gosto do "Lógica", de Goldstein, Brennan, Deutsch e Lau. Não vale a pena estudar em apostilas. Elas não são submetidas ao crivo de crítica e, em geral, seus autores não colocam o que não sabem.

Quais seriam as implicacoes de um universo infinito? De quantidades infinitas de universos? A materia tambem seria infinita, certo?

Em um Universo infinito o espaço seria infinito e o conteúdo também. Esse conteúdo constitui-se de campo, radiação e matéria (incluindo antimatéria). A massa também seria infinita. Quanto à energia, poderia ser infinita ou nula, se a energia potencial negativa das interações atrativas compensasse a energia cinética (incluindo a térmica) e as energias potenciais positivas das interações repulsivas. Esse cálculo ainda não está fechado. O momentum (quantidade de movimento) total deveria ser nulo, bem como o momento angular. Mas este poderia não ser e o Universo, como um todo, ter uma rotação. Parece que não tem. A carga elétrica total deveria ser nula. Quanto aos números bariônicos e leptônicos, isso iria depender se há anti-matéria em mesma quantidade do que matéria. No Universo Observável a matéria predomina de modo absoluto, na atualidade, mesmo que tenha sido quase igual à antimatéria no início. A diferença, de uma parte em um bilhão, a favor da matéria é a matéria que sobrou e está aí. O resto foi aniquilado (um bilhão de vezes mais partículas) e formou a radiação de fundo que preenche o Universo (tem um bilhão de fótons para cada partícula de matéria). A temperatura e a densidade não seriam infinitas. Ao que parece, o Universo é, de fato, infinito. Mas só temos acesso a uma parte dele, dita "Observável", que é a parte de onde a luz teve tempo de chegar até nós desde o começo. Fora, mesmo que o Universo seja finito, tem muito mais coisa. Esse Universo Observável tem 92 bilhões de anos-luz de diâmetro e 13,7 bilhões de anos de idade. O raio, em anos-luz, é maior do que a idade porque, enquanto a luz foi caminhando, o Universo foi se expandindo. Sabendo-se que a radiação de fundo, agora, é de micro-ondas e, na emissão, era de raios gama (aniquilação de prótons), pode-se calcular de quanto foi a expansão desde então, o que dá cerca de 3,4 , considerando que essa radiação surgiu uns 380 mil anos depois do Big Bang. O Universo todo, sendo infinito, sempre o foi, desde o surgimento. A expansão não é uma expansão do seu tamanho e sim da separação entre as partes, ou seja, um inchamento do espaço e não um movimento das partes, afastando-se. Tudo fica mais longe, inclusive os elétrons dos prótons, dentro dos átomos. Tem que ficar muito bem entendido que esse aumento de separação não se dá por afastamento relativo, mas por crescimento do espaço que intermedia. Ou seja, o espaço é dinâmico. Não é uma entidade estática e apriorística. O Universo não se expande para ocupar um espaço vazio que o contorne. O espaço é que cresce. Todo o espaço existente está dentro do Universo, seja ele finito ou infinito. Não existe espaço vazio fora do Universo e nem dentro. Quanto a existirem outros universos, possivelmente infinitos, isso é uma conjectura não comprovada. Trata-se de uma possibilidade aventada por certas soluções matemáticas do modelo das branas. Mas isso não é confirmado por nenhuma observação. Para mim, o Universo é um só. Implicações locais da infinitude ou finitude do Universo não mudam. O que existe além do Universo Observável não é capaz de nos influenciar e o observável é finito. Então não faz diferença para o que acontece aqui e agora. Apenas faria diferença se o Universo fosse finito e menor do que o Observável. Mas se ele for maior do que o observável, tanto faz que seja finito ou infinito. Talvez possa haver alguma diferença nas observações de campo muito profundo, pois a finitude implica em uma curvatura global positiva e a infinitude em curvatura nula ou negativa. Então o efeito de lente gravitacional cosmológica para um universo finito é convergente e para um infinito, de curvatura negativa, é divergente. Para um Universo plano não há lente gravitacional cosmológica. Ao que parece, o Universo é infinito e plano (curvatura zero). Uma hipótese muito curiosa é a de que todas as grandezas globais relevantes para o Universo sejam nulas, o que faria com que o seu surgimento a partir de nada não contrariasse nenhuma lei de conservação, mesmo que elas não precisem ser aplicadas ao surgimento.

Discorra acerca da citação de Lewis: http://www.facebook.com/photo.php?fbid=438952382846116&set=a.171207366287287.43204.100001940758292&type=1&relevant_count=1

Ele está totalmente equivocado e sem razão. Não é pela autoridade dos autores que acreditamos nos relatos históricos. Eles podem ser cotejados a partir de múltiplas fontes, tanto documentais, quanto arqueológicas. Quanto aos científicos, muito menos. Todas as afirmações científicas são passíveis de verificação e elas são feitas corriqueiramente, corroborando-as. Além disso, em ciência, existem as consequências das interpretações que levam à previsão de ocorrências que podem ou não confirmar as hipóteses. Quando elas não são confirmadas, a ciência se revê. Com as ditas "verdades religiosas", não há nada disso. Elas são aceitas exclusivamente com base na autoridade de quem as formulou. O que está na Bíblia, no Corão, no Mahabharata, no Zend-Avesta, nos Analectos, no Torá, nos livros de Allan Kardec, não é passível de verificação experimental e nem de cotejo com outras narrativas contemporâneas. Trata-se, tão somente, das opiniões das pessoas que os escreveram e que asseveram que seja verdade. Só que, de modo diverso da ciência e da história, essas ditas "verdades" se contradizem. Então é preciso se posicionar sobre qual das "verdades" é verdadeira. Em ciência, sempre que há discordância, promove-se um debate e muitas pesquisas para se achar a verdade, pelo menos, provisória. Em religião não. Não se reúnem os teólogos de todas elas para debater, fazer experimentos e testes e, finalmente, concluir qual delas é a certa em cada assunto, de modo que todos desistam do que for incorreto e todos aceitem o que for correto, uns dos outros. Não aceitar nada por conta da autoridade de quem diga é uma atitude completamente sensata e é a que deve presidir o modo de entendimento da realidade. Assim procede a ciência e a história também é uma ciência, mesmo que com metodologia diferente. As religiões são dogmáticas. Por isso não se prestam, em absoluto, a explicar a realidade do mundo. A filosofia fica num patamar intermediário. As assertivas não são aceitas em nome da autoridade de quem as faça, mas também não há uma metodologia para decidir entre alternativas conflitantes. Isso também se dá com a Economia, a Sociologia e a Psicologia. Por isso não são ciências bem estabelecidas, mas, eu diria, "protociências". Para ser ciência, de fato, tem que ter o "corte epistemológico", isto é, a cada momento, só existe uma explicação aceita para cada assunto. Quando uma nova surge, ela substitui a anterior, não havendo explicações distintas em paralelo, aceitas parte por uns, parte por outros.

Gostaria de saber: você conhece o conceito budista de "Anatta" e o que acha dele? Na minha opinião ele é essencial pra se compreender os conceito de "Karma" e "Reencarnação" num sentido diferente do Hunduismo e do Espiritismo

Não concordo com a concepção de Anatta. Prefiro a de Atman, dos hinduístas. Para mim, o "Eu" é individualizado e não algo mutável. Mas não acho que seja parte de Brahman e nem se reencarne. Sansara e karma, são conceitos completamente vazios. Não existem. O "Eu" é formado quando o embrião vira feto e adquire um sistema nervoso. Então ele vai sendo construído pela estruturação cerebral e pelas percepções do mundo. Mas não tem existência independente do organismo. Morre com ele. Não existe dualidade corpo-mente. Só existe o corpo. A mente não é material, mas também não é espiritual, no sentido de "sobrenatural". Trata-se de uma estrutura "em funcionamento", isto é, uma "ocorrência". Tal tipo de entidade dá conta da mente com todos os seus atributos: memória, consciência, sensação, percepção, raciocínio, emoção, sentimento, volição, o "Eu" e tudo o mais. O "Eu" de cada um é único. Jamais será reconstruído em outro corpo. Cada um tem o seu, que acaba com a morte.

o bem na maioria absoluta dos casos atraí boas circunstâncias, quem o realiza e ganha mais oportunidades de desenvolvimento ao contrário do mal que gera destruição. Muitas pesquisas em psicologia comportamental apontam para isso. Tendo isso em vista...

Realmente. Mas isso é circunstancial e não determinante. O mal gera prejuízo, dor, destruição, sofrimento, tristeza, infelicidade, desprazer e tudo de ruim para muita gente. Aliás, essa é a definição do que seja mal. Mas pode trazer vantagem, prazer, satisfação, lucro e coisas boas para quem o faz. A questão é de contabilidade. O bem produz felicidade, prazer, alegria, vantagem, e outras coisas boas em maior quantidade e para mais seres e o mal ao contrário. Por isso é muito importante que o processo educativo, desde cedo, crie nas crianças a plena consciência do mal do mal e do bem do bem. E que elas pensem sempre em termos da coletividade em não individualmente. Em suma, despertar o altruísmo e aniquilar o egoísmo. Justamente no sentido oposto ao que proclamam os anarco-capitalistas.

Quem faz o bem e sofre por isso, pode sofrer num dado momento, mas se realmente fez o bem isso lhe dá forças se realmente constatar que fez o bem e com as intenções corretas. E mais ele propaga o bem: as pessoas confiam mais em que faz o bem..

Isso é verdade. Mesmo que a prática do bem traga algum prejuízo, há uma compensação, se esse bem foi feito com a consciência de que estava sendo feito como um bem. Essa compensação é a satisfação interior da consciência, que pode compensar o prejuízo advindo (por exemplo, a miséria, a prisão ou algo assim). E, realmente, a prática do bem desperta a admiração, o reconhecimento e a afeição das outras pessoas. Se bem que também pode despertar inveja e, até, ódio, se esse bem foi de sorte a prejudicar algum malvado. Mas, novamente, não existe nenhuma "carga" negativa que o ódio ou a inveja possam trazer para ninguém, a não ser que a pessoa se importe com isso. Então a pessoa é que passa a se sentir incomodada em ser invejada ou odiada. Se não ligar, a inveja e o ódio fazem mais mal a quem os tem do que a quem deles seja objeto.

ninguém se sente LEVE indo pra cadeia, pagando uma multa ou se afastando de pessoa as quais nutre afetos. Ele trouxe carga negativa indiretamente para sua mente e diretamente para as circunstâncias de sua vida...

Então, por isso é que a sociedade tem que punir os malfeitores com penas duras. Para que eles sintam um prejuízo que, de outra forma, não sentiriam, se continuassem a vida boa da liberdade. Os amigos devem cortar a amizade, a não ser os que se aproveitam das maldades. Mas, se tiverem afeto verdadeiro por essa pessoa, devem agir de alguma forma para que ela abandone esse tipo de comportamento. Isso se dá, especialmente, em relação aos familiares. Mas não há nada de "carga" negativa, como se fosse algo palpável. O que há são circunstâncias prejudiciais que podem ocorrer em decorrência de atos malvados. Mas não necessariamente.

a consciência e de quem faz mal e aparentemente se sente feliz, é contestável. Muitos estudos neuroquímicos relatam o contrário. Há a exceção dos psicopatas, sociopatas entre outras patologias, mas no caso as primeiras cargas negativas aparecem.

Não conheço esses estudos. Mas conheço pessoas malvadas e vejo que elas ficam felizes com a vitória de suas malvadezas e não têm a menor dor de consciência. E não são psicopatas e nem sociopatas. Há, certamente esses. Mas há pessoas conscientes de que fazem o mal e o abraçam voluntariamente e com gosto. O que você está chamando de "carga negativa" eu estou entendendo como um sentimento de culpa. Há pessoas que têm a consciência racional de sua culpa mas não têm sentimento negativo nenhum com isso. A sociedade tem que detectar o mal que essas pessoas fazem e puni-las para educá-las, desde crianças, por um método pavloviano, como se faz com os animais e é muito eficiente com pessoas, pois também somos animais.

Acredito que alguém que age mal e se sente feliz carrega uma carga negativa pois ele irá atrair coisa ruins pra ele. Ex: cadeia, prisão, multa, a distância das pessoas que ele fez mal e que julgam que ele fez mal (desunião, exclusão, solidão)

Quem faz o mal não "atrai" coisas ruins para ele. A probabilidade de que venha a ser penalizado é grande, mas não garantida. Muitas pessoas fazem o mal e se dão bem, nunca sendo condenadas por isso. Não há uma "atração" de condenação para o mal. A sociedade é que precisa ficar atenta e não deixar o mal ser vitorioso. Para isso existem as leis e a justiça formal. Quanto à solidão, em geral, o malvado não importa com o afeto de quem ele fez mal. E ele pode ter o afeto de outras pessoas, que, inclusive, se beneficiam do mal que ele faz. Supor que exista algo que provoque uma penalização ao mal no esquema da própria natureza é uma crença gratuita e sem fundamento. Certamente que advinda do desejo de que assim o seja. Inclusive esta é uma das razões para as pessoas acreditarem em Deus: quererem que haja uma instância superior que puna todo o mal que a sociedade não tenha punido. Só que nada garante que isso haja. Pode ser que o mal se dê bem.

Conforme o senhor afirmou, existem a inteligência genética e a adquirida com estudo, leitura, debate e etc. Sendo assim, aquela pessoa que deseja adquirir conhecimento(cultura), na sua opinião, qual o passo inicial? Recomenda alguma leitura?

Adquirir cultura é diferente de adquirir inteligência. Para ter cultura é bom ler literatura, história, filosofia, divulgação científica e coisas assim. Para ficar inteligente tem que resolver desafios, enigmas, problemas de matemática (os complicados), aprender novos idiomas, tocar novos instrumentos, desenhar, pintar, esculpir, jogar Xadrez, em suma, fazer coisas complicadas, difíceis, que racham a cuca. Por exemplo, escrever de trás para frente, andar de olhos fechados, usar o relógio invertido, comer com a mão esquerda (se for destro), trocar-se e banhar-se de olhos fechados, adivinhar objetos pelo tato e pelo olfato, sem ver e um monte de maluquices assim. Sempre ir aos lugares por caminhos diferentes, prestar atenção em tudo o que vê pela rua, ser muito curioso e querer saber como tudo funciona, inventar modas, criar programas em computador, jogar jogos de computador, especialmente os mais desafiantes e não tanto de destreza, praticar esportes que exigem muito pensamento. Em suma, complicar a vida. Ler e escrever é muito bom. Estar a vida toda aprendendo um assunto novo. Bom também é discutir assuntos polêmicos, para afiar a argumentação.

O que o senhor tem a dizer sobre a declaração de silas malafaia "precisa ter mais fé para ser ateu do que crer em Deus. Você veio do nada,não é nada e vai pro nada,apenas uma coisa, fantástico!"

Uma rematada asnice. Para ser ateu não tem que ter fé nenhuma. Mas ateu não acha que alguém tenha vindo do nada. Veio dos gametas dos seus pais. Que vieram dos pais deles e assim por diante até o primeiro ser vivo, que veio da matéria inanimada. A única coisa que não veio de nada foi o conteúdo de campo primordial do Universo que começou a se expandir no Big Bang e se quantizou em férmions (quarks e leptons) e bósons (fótons, glúons etc), que depois formaram prótons e nêutrons, depois átomos, galáxias, estrelas, planetas e nós. Além do mais, é claro que somos "coisas", mas não "apenas". Somos um tipo especial de coisa, que, além de ser viva, tem uma inteligência e uma consciências muito desenvolvidas. Agora, achar que temos uma alma, isso sim, é que requer fé, pois nada indica que a tenhamos. Do mesmo modo que achar que o surgimento do Universo tenha se dado pela interveniência de algum Deus, pois nada indica que o fora. Também não vamos para "o nada", pois isso não existe. Nem sequer desaparecemos. Nossos átomos continuarão por aí enquanto houver Universo. O que desaparecerá serão as nossas memórias e a nossa consciência. Mas elas não são entidades substanciais e sim estruturais e ocorrentes. Uma vez interrompido o funcionamento do organismo e, ainda mais, uma vez desestruturada a organização cerebral, tais entidades deixam de existir. Certamente que o "eu" faz parte disso e também deixa de existir.

What is there in the vacuum?

Fields. Many types of fields. They have extension, intensity, energy and may have momentum, spin, frequency and other properties. They may be electrical, magnetic, of matter, and so on. The gravitational is not a field, but the space curvature. Also there may be radiation in the vacuum, that is, just, electrical and magnetic fields oscilating. But there is not matter in the vacuum. Nor atoms, nor isolated particles. And, certainly, the space where they stay.

O ateu dogmático "sabe" que não vai ao céu. O cético tem uma forte convicção de que não vai ao céu. Ernesto, como foi sua reação quando teve um infarto? Quais pensamentos e sentimentos passaram por você?

Mesmo não sendo dogmático, tenho a convicção serena de que a morte seja o fim completo da consciência. Tive dois infartos e pensei que pudesse morrer sim. Mas não me abalei com isso e nem tive receio do que pudesse advir. Tenho muita tranquilidade sobre isso. Apenas fico triste se não puder viver mais para fazer mais coisas, especialmente escrever. No mais, acho que morrer é algo perfeitamente normal.

Whovians: Se vissem alguém usando alguma camisa dessas, o que vocês fariam? http://h4wrt.tumblr.com/post/44172057762/e-ai-o-que-acharam-…

Não gosto, nunca usei e não uso camisetas com escritos. Questão de gosto, de estética e de concepção. Acho que as posições ideológicas devem ser passadas pelas convicções, atitudes, palavras (orais), ações e modos de vida e não por propagandas ambulantes. Não condeno quem use camiseta assim, mas não aprecio. Aliás, nem uso camisetas, só camisas, no máximo pólo, mas de preferência de pano e com botões. E, na maioria das vezes, de manga comprida e com gravata e paletó. Mas não gosto de costume (terno) com paletó é calça do mesmo pano. É o meu estilo. Sou quadrado nesse aspecto. Me visto como um professor de Cambridge ou Oxford. Se não estou de paletó (blazer, como chamam agora - gosto muito de tweed), uso casaco de malha (cardigã). Não gosto de agasalho com zíper e punho sanfonado. Também gosto de usar suspensórios, boina e cachecol. Gosto de roupa de tempo frio.

Recentemente, a polêmica do "beijo gay" entre Wolverine e Hércules causou furor entre o meio HQístico (wtf?). Entretanto, em outros lugares do mundo, um beijo entre dois homens não é tão mal-falado como é nos EUA e no BR.

Tudo é uma questão de cultura. Não estou falando da cultura de cada povo que faz alguns, como os russos, considerarem normal o beijo na boca entre homens, mas a cultura da pessoa que não conhece que existem culturas em que isso seja normal. Para ver como a moralidade é só uma questão de costumes, não tendo a ver, como deveria, com o que seja certo ou seja errado. Mesmo que não se use o beijo fraternal na boca, haverá o beijo sensual, que pode acontecer entre pessoas do mesmo sexo também. Não admitir que homens ´podem amar homens e mulheres podem amar mulheres e esse amor pode ser publicamente expresso por um beijo é falta de cultura, falta de discernimento, falta de abertura, falta de tolerância, falta de esclarecimento, falta de educação, em suma, trogloditismo. Não chego a considerar aceitável o coito em público (como também defecar em público), mas beijos e abraços não tem problema entre os que se amam, em público, sejam de que sexo forem. Os americanos ficam horrorizados por isso devido a suas concepções puritanas (só em público) e os brasileiros por suas concepções machistas (inclusive mulheres). Uma lástima. Interessante que, no fundo, esse machismo, também tem uma certa conotação religiosa. Mais um ponto negativo para as religiões.

O que tem no curso de filosofia?

Além da História de Filosofia e das diversas escolas de pensamento, se estudam os tópicos filosóficos, como metafísica, ontologia, lógica, epistemologia, ética, estética, política, psicologia, dialética. Tudo sob o prisma filosófico. Estuda-se cada uma desses assuntos como foram abordados ao longo da história da Filosofia, pelas diferentes correntes de pensamento e se leva o aluno a tirar suas próprias conclusões e fazer suas propostas, tornando-se, assim, não apenas um entendido em Filosofia, mas um filósofo propriamente dito. Certamente que um filósofo tem que ter excelente redação e retórica. Normalmente se estuda, também, um pouco de sociologia. Acho interessante que todo filósofo possua bons conhecimentos científicos, especialmente de física e biologia, bem como de metodologia científica. E, finalmente, didática e pedagogia, para saber ensinar. Mas o que é um filosofar? Não é apenas conhecer Filosofia. É claro que, para tal, há que se conhecer o que outros já filosofaram, não só para encurtar o tempo e não precisar reinventar a roda, para para treinar a embocadura. E, sem dúvida, da mesma forma que é essencial ao cientista o conhecimento filosófico, também o é ao filósofo, o conhecimento científico, especialmente de Matemática (Lógica, Geometria e Análise), Física (Quântica e Relativística), Cosmologia, Biologia (Genética e Evolução) e Psicologia (Neurociências). Claro que a capacidade de expressão verbal e articulação de argumentos é requisito essencial, não descuidando de uma boa cultura geral e artística. Filosofar é debruçar-se sobre a realidade em todos os seus aspectos (lógico, matemático, geométrico, físico, astronômico, cosmológico, geológico, químico, biológico, psíquico, social, econômico, ético, político, cultural, artístico, científico, tecnológico, metafísico, espiritual e qual outro seja); assimilar seu conteúdo, refletir sobre ele, inteirar-se de tudo o que já se disse a respeito, contestando o que se considerar incorreto; formular conceitos que descrevam de forma adequada a realidade assimilada, delimitando sua esfera de aplicabilidade; fazer levantamentos e experimentos no que for pertinente e possível para verificar as relações existentes entre aquilo que os conceitos representam nas várias categorias existentes; formular hipóteses que proponham explicações para as relações obtidas; deduzir consequências a partir dessas hipóteses; testar a veracidade das conclusões achadas, reformulando as hipóteses, caso as conclusões não se adequem à realidade e articular argumentos que defendam o resultado concluído e sejam capazes de se opor às explicações alternativas existentes e verificadas errôneas. Esta é a metodologia científica que proponho seja também aplicada à Filosofia, para que esta deixe o patamar de uma esfera de conhecimentos baseada em pontos de vista pessoais e se coloque como um corpo objetivo do saber, independente de “escolas de pensamento”. Nisso tudo é mister ter desenvolvido as habilidades e competências filosóficas que o estudo formal pode propiciar. Mas é preciso ir além do costume de se fazer apenas o estudo crítico da produção filosófica de algum autor ou escola e ter a ousadia de propor sua contribuição pessoal, ou mesmo, quem sabe, criar uma escola. Todavia meu ideal é ver a Filosofia despida de qualquer rótulo ou adjetivação, isto é, que se apresente em toda beleza de sua nudez, pois assim é que poderá ser admirada na sua verdade e esplendor.

Poderia me explicar o "Paradoxo Sorites"?

Simplesmente significa que não há como se estabelecer o limite entre o que seja grande ou pequeno quando se vai fazendo acréscimos ou decréscimos pequenos. Se algo é grande e se tira só um pouco, continua grande. Se algo é pequeno e se acrescenta só um pouco, continua pequeno. Mas tirando ou acrescentando pouco, muitas vezes, algo grande se torna pequeno ou vice-versa. A partir de que ponto? Da mesma forma se se estabelece uma escala de qualidade com os valores ótimo, muito bom, bom, regular, ruim, muito ruim, péssimo, em que ponto se situam os limites? O paradoxo consiste em que, se se começar de pequeno e for se fazendo pequenos acréscimos, o que faz continuar pequeno, ou se se começar de grande e se for fazendo pequenos decréscimos, o que faz continuar grande, haverá um valor que tanto é pequeno quanto é grande, dependendo de que lado se começou.

Vale a pena morrer por aquilo sem o qual não valeria a pena viver?

Claro que sim. Mas lutando para que tal coisa seja disponibilizada para todo mundo, de modo que a vida fique melhor para todos. Como não há razão exterior para que existamos, a criação de uma razão interior pela qual lutar e, até, morrer, passa a dar a vida um significado que a preenche enquanto se vive.

O que o comportamento extravagante significa ou implica?

Simplesmente isso: um comportamento extravagante. Sem problema nenhum. Aliás, para mim, excelente. Admiro as pessoas assim, que não se importam com o que digam delas. Desde que não prejudiquem ninguém. Mas, prejudicar não é escandalizar. É prejudicar mesmo. Pode escandalizar que é bom. Bom para acabar com a intolerância, com os preconceitos. Bom para mostrar que a diversidade é legítima e uma boa coisa. Essa pessoa é heroica, pois, geralmente, se prejudica pela inaceitação social. Mas todos os grandes lideres e os que fizeram diferença para o mundo foram extravagantes. Foi o caso de Budah, Jesus, Francisco de Assim, Abraham Lincoln, Gandhi, John Lennon e muitos outros. Os normais e certinhos não fazem diferença nenhuma. São tão normais que sua vida passa totalmente despercebida para o mundo e o fato deles terem vivido não faz diferença para nada. Ser normal, em verdade, é o cúmulo da irrelevância.

"Não se pode tentar lutar contra a correnteza natural da vida tentando impor a igualdade, pois é a própria natureza que coloca a diferença entre os Homens.’’ Concorda?

Discordo totalmente! A natureza coloca diferença entre as pessoas sim. Mas a civilização existe para se opor a isso. Construir a civilização é contrariar a natureza. Para isso é que temos inteligência e consciência. Senão seriamos como os outros animais. A busca da igualdade é um fator para a harmonia e a felicidade sociais, que acarretarão a felicidade pessoal de cada um. Lutar contra a correnteza é que é o objetivo maior a que se dedicar a vida. Justamente para implantar a igualdade, a liberdade, a fraternidade, a prosperidade, a justiça e todos os valores humanos que constroem um mundo bom para todos. Por isso é que sou totalmente contrário ao anarco-capitalismo. Ele se baseia na aceitação da desigualdade como justa. Essa é a concepção da direita que repudio totalmente. Existimos para nos ajudarmos uns aos outros, os mais fortes e capazes trabalhando mais para proveito dos mais fracos e incapazes. Isso mesmo! Só os preguiçosos e os cobiçosos é que não podem ser admitidos. Essa sociedade assim estruturada é o anarco-comunismo, tanto oposto ao autoritarismo quanto ao anarco-capitalismo.

De onde vem a insatisfação constante do ser humano?

Para começar, ela não é constante nem universal. Há pessoas plenamente satisfeitas com sua vida e, mesmo os que não são plenamente, há momentos em que estão satisfeitos. Isso dito, cabe considerar a insatisfação, que acontece muito. A razão é a não realização dos desejos. Qual a solução? Os budistas pregam a extinção dos desejos. Discordo! Desejo é uma coisa boa e são eles que movem o mundo a se transformar, para ser cada vez melhor para todos e possibilitar o atendimento de cada vez mais desejos. Todavia ainda restam muitos não atendidos. O que fazer? Duas coisas. Avaliem-se as impossibilidades de realização deles. Se elas forem incontornáveis, há que se mudar o objeto de desejo, senão não se supera o sofrimento. Mas isso é relativo. Muito do que se pensa ser incontornável, pode ser contornado, desde que se disponha a ter trabalho e, principalmente, a arrostar a oposição da sociedade. Esse é o ponto que quero frisar. Muita insatisfação na vida se deve à falta de coragem de contrariar a sociedade e fazer o que se quer abertamente. Desde que, é claro, isso não prejudique a ninguém. Mas se for "apenas" socialmente condenado, que se mande a sociedade às favas e se seja feliz. Mas é bom, também, não colocar os desejos no que não se possa obter, nem arrostando a sociedade, especialmente em bens materiais. Se os desejos forem colocados em realizações pessoais, em relacionamentos humanos, na curtição de prazeres acessíveis, mesmo que com trabalho, não se terá muitos desapontamentos, principalmente se, também, não se depender das ações dos outros para tal. Nisso se atinge o que chamo de síntese dialética do epicurismo com o estoicismo, que, para mim, é a solução para a felicidade. Mas um pouco de insatisfação é sempre bom para incentivar a luta pela melhoria do mundo.

O Homem faz a sociedade ou a sociedade faz o Homem?

Há uma retroalimentação constante entre o indivíduo e a sociedade. A sociedade é uma coleção de indivíduos e, como tal, seu comportamento advém do comportamento dos indivíduos. Mas estes, em sociedade, passam a se comportar de modo diverso do que isoladamente e, com isso, influenciam e mudam o comportamento de cada uma. Não se pode dizer qual é o sentido predominante de influência, mas, de fato, em termos de precedência da cadeia causal, posso dizer que ela começa com o indivíduo, que estabelece os contornos da sociedade, que muda os indivíduos e assim vai.

Por que o tempo de Planck não pode ser aproximado por zero (ou o início do universo)? Visto que é um tempo ínfimo e que qualquer coisa como 10^-40 é considerada zero para fins práticos.

De modo nenhum. 10^-44 não é zero. Nesse tempo, durante a fase inflacionária, o volume do Universo se expandiu por um fator de 10^66 vezes. O que seja fins práticos depende do contexto. Em cosmologia, teoria de campos e física de partículas, tempos e distâncias tanto ínfimas quanto imensas são comuns.

Na tua opinião, todo julgamento carrega a subjectividade do julgador?

Se for individual sim, não há como escapar. Mas se for coletivo, como num juri, então se pode fazer uma análise estatística da probabilidade de acerto em função da fração de votos favoráveis e contrários, dependendo da quantidade de julgadores. Isso faz parte da Teoria da Amostragem é é confirmado experimentalmente.

Os caminhos mais dífíceis são aqueles que te levam necessariamente aos melhores lugares?

Nada disso. Não há correlação nem positiva nem negativa. Bons lugares podem ser acessados por bons ou maus caminhos e maus lugares também. Não existe nenhuma razão para se fazer nenhuma inferência a respeito.

Se toda regra tem excepção, é ou não apenas uma inferência lógica pressupor que existe uma regra sem excepção?

Se eu disser que toda regra tem exceção, esta também terá e, logo, haverá regra que não tem exceção. Então não se pode dizer que toda regra tenha exceção e sim que muitas têm, outras não. Depende da regra.

Como o universo surgiu de nada? Quais são as bases científicas para isso? O que possivelmente houve antes do Big Bang?

Não se sabe como se deu o surgimento do Universo mas só podem haver duas hipóteses. Ou ele sempre existiu ou surgiu de nada, pois se já houvesse algo de que ele surgir, esse algo já seria o Universo. Note que essa consideração independe da suposição de que ele tenha surgido espontaneamente ou tenha sido criado por algum Deus. Todavia, se se considerar que o Universo, por definição, seja o conjunto de tudo, em todos os tempos e lugares, então, se havia um Deus para criar o Universo, ele já era o Universo. Considerar que Deus exista é o mesmo que considerar que o Universo sempre existiu. E considerar como Deus surgiu é só uma translação do problema. Se ele surgiu, não foi criado por Deus. O que se sabe é que o Universo, tal qual se sabe como é, isto é, formado de campo (que pode se quantizar em matéria e radiação), espaço em que ele existe e tempo em que ele evolui, passou a existir a partir de um dado momento, do qual não existe "antes". O Big Bang é o momento em que o conteúdo primevo passou a se expandir. A questão é: esse conteúdo surgiu já expandindo e o Big Bang é, também, o surgimento do Universo? Ou esse conteúdo já havia, imperturbado. Mas, se havia, não havia tempo, pois este advém das alterações no estado do Universo. Então o Big Bang seria o início dos tempos, mesmo que não seja o surgimento do Universo. As propostas para o surgimento do Universo se resumem no Universo Cíclico, em que o Big Bang seria um ponto de inflexão de um período de contração anterior para um período de expansão atual. Mas os dados observacionais apontam no sentido de que o Universo não seja cíclico. Outra alternativa seria o Mulitiverso, ou seja, este Universo não é único, mas um elemento de um conjunto, possivelmente infinito, de universos. Essa conjectura, por enquanto não está provada e nem se sabe como prová-la. O que se tem de estabelecido é que este Universo é o único e que ele surgiu num dado momento. Ainda há muita pesquisa a ser feita para ver se se descobre como isso se deu. A falta de conhecimento, contudo, não indica que tal surgimento tenha sido por alguma interveniência divina, mesmo que assim ocorrera. Mas, então, também há que se pesquisar como tal fato ocorreu.

Você confundiria a "fAlha de São Paulo" com a "fOlha de São Paulo" ? www.viomundo.com.br/voce-escreve/mateus-paul-censura-a-falha-tiro-no-pe-da-folha.html o que Yoani diria sobre isso?

Nossos meios de comunicação ainda não se convenceram de que vivemos (?) numa democracia e que todo mundo pode ser objeto de crítica sem o menor problema, não importa de que lado seja. Desde que não se faça calúnia. Ironia e deboche são livres em relação desde o Padre Eterno a Belzebu. Quando a FOlha impugnou judicialmente a FAlha, realmente estava dando um tiro no pé. Um jornal de verdade tem que ser sobranceiro a toda ironia e encarar como parte do processo democrático. Ou, o que é melhor ainda, explicitar que não é imparcial mesmo e dizer textualmente a quem apoia em algum pleito. Isso também é completamente lícito. Censurar qualquer tipo de crítica e um enorme desserviço à democracia e tem que ser denunciado e, de preferência, achincalhado.

Qual é o problema a ponto de se "evitar as escolas de pensamento" nessas escolas de penssamento: idealismo, racionalismo, empirismo, realismo, pragmatismo, positivismo, ceticismo, criticismo, utilitarismo, existencialismo. A grosso modo elas parecem boas.

A questão é que, a respeito de um dado assunto, escolas diferentes apresentam explicações diferentes. Ora, a explicação verdadeira tem que ser única. Não pode depender de opinião. Há que ser resolver, por algum processo, com quem está a verdade e essa explicação ser a adotada, universalmente. Como o que acontece em Física. Por exemplo, o empirismo não admite a existência de idéias inatas e considera que é a experiência o princípio de todo o conhecimento, admitindo eventos sem causa. Já o racionalismo admite idéias inatas e considera a razão como a base do conhecimento. Não é possível que ambos estejam certos. Há que se decidir entre eles. Ou por um compromisso dos dois. A Filosofia tem que ser capaz de desenvolver métodos que permitam essa decisão. Mas isso tem que ser feito em cada assunto. Não é porque o empirismo ou o racionalismo estejam corretos em algum aspecto que eles também estarão em outros. Assim se fazendo, em cada assunto, se terá uma filosofia calcada na verdade, e não em opiniões, inteiramente despida de qualquer adjetivo. Para isso é que, no meu entendimento, se deve estudar filosofia, ou seja, analisar todas as propostas e concluir qual seja a correta. Mas não existe nenhuma corrente que seja correta em todos os assuntos.

Comente essa ignorante citação: “Comunista até ficar rico, feminista até se casar e ateu até cair o avião.”

De fato, não há como se conceber um comunista rico. Comunista que ganhar dinheiro tem que distribuir ou aplicar em projetos de melhoria social. Mas uma feminista ou um feminista podem se casar e continuar feministas sem problema nenhum. Não há nenhuma incompatibilidade entre as duas coisas. Quanto a deixar de ser ateu porque o avião está caindo, não posso dizer nada, pois não passei por essa experiência. Mas penso que saber que se vai morrer não muda a concepção sobre a existência de Deus, pois eu sei que vou morrer e que não terei sobrevida de alma nenhuma e nem por isso passo a achar que Deus exista. Acho que um ateu tem menos medo da morte do que um crente, que fica pensado se vai para o céu ou para o inferno. O ateu sabe que não vai para lugar nenhum. Só acaba.

O que é relativismo? Ele é de alguma forma prejudicial? Por que religiosos e conservadores o abominam?

Relativismo é a consideração de que não existem assertivas absolutas, todas elas sendo relativas a algum contexto. O problema é que, ao afirmar isso, o relativismo está sendo absoluto. Em suma: não se pode dizer que "tudo é relativo", pois então esta frase também seria relativa e portanto haveria algo que não seria relativo. Em verdade, nem tanto nem tampouco. O que se pode dizer é que a maior parte das afirmações são relativas, mas ainda sobra espaço para algumas serem absolutas. O que os religiosos e conservadores abominam é a escolha do que seja relativo e do que seja absoluto. Os relativistas consideram que muito mais coisa seja relativa. No caso religioso, por exemplo, cada religião considera que ela seja possuidora da verdade e que não se pode dizer que todas estão certas, dependendo do que cada um creia. Assim os muçulmanos acham que o Islã é a verdadeira religião, sendo as demais infiéis. Os cristãos acham a mesma coisa a respeito do cristianismo e os judeus do judaísmo, bem como as outras religiões. Os relativistas acham que não se pode saber qual seja a verdadeira. Conservadores, mesmo em aspectos não religiosos, não gostam de considerar que muitos costumes são convenções sociais e que não se pode dizer que sejam errados porque são socialmente condenados, como a poligamia e a homossexualidade. Relativismo não é nada prejudicial. Pelo contrário, é uma atitude extremamente saudável e racional. Mesmo os relativistas consideram que o bem seja superior ao mal e que se deva praticar o bem e rejeitar o mal. Mas vêem que o que seja bem e mal não é o que conservadores consideram, pois estes se baseiam em tradições e não no que seja benéfico ou prejudicial às pessoas.

Qual a importância dos periódicos científicos ?

São eles que garantem a qualidade do trabalho de pesquisa, pois a publicação de um artigo depende de uma análise por um corpo de consultores abalizados que podem recusar a publicação se ela não atender aos requisitos exigidos para uma pesquisa séria. De qualquer modo há subjetividades nessa análise, por isso o autor deve mandar para uma revista e, se não for aceito, mandar para outra e assim por diante, em um número razoável de tentativas. Mas não adianta mandar para revistas mal conceituadas e de circulação restrita. O bom é mandar para revistas de penetração internacional e consideradas como as mais respeitáveis da área. Publicação em revistas de baixo nível, inclusive, faz o artigo ser considerado como irrelevante, ou mesmo, incorreto.

Quem faz a faculdade? O aluno ou a instituição?

Há uma retroalimentação. Para o ENADE, o resultado depende dos alunos. Mas o aproveitamento dos alunos depende deles, dos professores e dos recursos da instituição. Certos índices levam em conta todos os fatores, como a titulação do corpo docente, o número de trabalhos de pesquisa publicados, os equipamentos, as instalações, bem como o desempenho acadêmico dos alunos. Alunos que boicotam o ENADE prestam um grande desserviço, não só à instituição como ao povo, por mascarar a verdadeira situação, como a si mesmos, pois serão inferiorizados. É bom consultar índices variados: http://ruf.folha.uol.com.br/rankings/rankingdeuniversidades/ http://guiadoestudante.abril.com.br/ http://www.profcardy.com/vestibular/top100br.php http://www.timeshighereducation.co.uk/world-university-rankings/ http://emec.mec.gov.br/ http://guiadoestudante.abril.com.br/blogs/melhores-faculdades/category/mec/

Você é autodidata?

Depende. Em Matemática e Física não. Sou graduado em Matemática (licenciatura e parte do bacharelado) e mestre em Física Teórica (Cosmologia e Astrofísica). Em Filosofia sou autodidata, bem como nos outros assuntos que gosto de estudar: música, biologia, neurociências, psicologia, história, sociologia, artes plásticas, geociências, pedagogia, antropologia, linguística, informática. Tenho estudado essas matérias desde minha juventude e posso dizer que já aprendi bastante ao longo de 50 anos (estou com 63). Dos três mil livros que já li, eu diria que mil foram de literatura, mil de física, matemática, cosmologia e astrofísica e mil de outras ciências. Não me interesso muito por economia, administração, direito, medicina, esportes.

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