segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Você ajuda economicamente algumas pessoas, e também zela por uns dez cães. Este seu atruismo sem limites, que aparentemente o prejudica sobremaneira, não é o resultado de uma compulsão (TOC) difícil de ser controlada, mas que precisa ser tratada?

Não, de modo nenhum. Isto é uma concepção filosófica do que eu entendo como significado da vida e de como deve ser a vida em sociedade. Se eu considero que o anarquismo é o modo ideal de se estabelecer a sociedade, por coerência, eu tenho que agir anarquicamente. Assim eu considero que nenhuma pessoa deva ter fortuna pessoal, de modo que eu só não trabalho inteiramente de graça porque as pessoas não me dão comida de graça e outras coisas. Então eu trabalho e aplico tudo o que ganho na manutenção de minha família, de modo confortável mas não luxuoso, e o resto eu uso para ajudar a consertar o mundo. Como minha mulher gosta muito de cães, resolvemos colaborar com a Sociedade Protetora dos Animais, cuidando de alguns cães abandonados, especialmente filhotes e suas mães, achados em terrenos baldios, até que sejam adotados por alguém, dentro das nossas possibilidades. Quanto a ajudar outras pessoas, não vejo como não fazê-lo, sabendo que estão em dificuldades maiores do que eu. Mas, em geral, eu ajudo pessoas da família. Não é nenhum transtorno. É uma decisão lúcida e refletida que eu posso revogar a qualquer momento, mas não quero. Penso que se todas as pessoas agissem desse modo o mundo seria muito melhor, então eu ajo assim. Quanto a investimentos, não vejo para que aplicar em imóveis, poupança ou coisas assim. Para deixar de herança? Grande bobeira. Minha herança eu já doei a meus filhos, que foi criá-los, educá-los e colocá-los preparados no mundo, onde estão bem estabelecidos. Veja esta poesia que escrevi:
http://www.ruckert.pro.br/blog/?p=131
O que estou fazendo é montando uma biblioteca, na qual já investi, ao longo de cinco décadas, mais de meio milhão de reais. Essa biblioteca eu estou organizando para doá-la ao povo, a fim de que possam acessar de graça. Mas estou estudando bem a forma de fazer isso de modo a não dilapidar o valioso patrimônio em livros, revistas, jornais, documentos, discos, vídeos, partituras, gravuras, mapas etc. O valor não é monetário, pois não obteria nem um décimo do que apliquei nela se a vendesse. O valor é o próprio conhecimento: a arte, a ciência, a filosofia, a literatura, a música, tudo o que está contido nela. Esta é a menina dos meus olhos e a grande herança que deixarei para a humanidade, além do trabalho de divulgação científica, artística, filosófica e cultural que venho fazendo.

Filosofia, Ciência, Arte, Cultura, Educação

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