quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Professor, discuti sobre a viabilidade do sistema anarco-capitalista com uma pessoa. Ele disse-me que nesse sistema os menos afortunados não temerão, porque será feita caridade mútua a estas pessoas, então repliquei: num sistema tão (cont.)

individualista onde o dinheiro é crucial, como esse ninguém fará caridade; na réplica, ele usou um espantalho dizendo: os EUA já foram um Estado Mínimo e as pessoas faziam caridade; não averiguei estas supostas caridades, todavia quando os EUA foram minarquistas o zeitgeist era outro: isto ocorreu no século XIX, as pessoas eram muito ligadas à religião – por isto se fazia caridade, no sistema anarco-capitalista de concepções ateístas (quase) gnósticas de Ayn Rand, Murray Rothbard e Walter Block, ninguém (por “ninguém” me refiro a ‘vasta maioria’) faria caridade, NEM por culpa, se se fizer será para o próprio sistema não colapsar, mas daí não é de fato caridade. O que pensa dessas ponderações? O sistema anarco-capitalista é cruel por princípio, pois se baseia na competição, em vencedores e vencidos. Caridade é apenas um paliativo. Não pode ser uma política econômica permanente. Não se pode estruturar uma sociedade considerando que haverá, necessariamente, pessoas pobres que terão que viver de caridade. Pobreza, quando existe, é um problema conjuntural, que, provisoriamente, pode ser resolvido pela caridade. Mas é preciso que a estrutura social considere que pobreza não exista e a sociedade seja de modo que ela desapareça. Isso pode acontecer no socialismo e no comunismo anárquico, ou mesmo, no capitalismo, se não for anárquico. No capitalismo anárquico, a própria concepção prevê a existência da pobreza. No socialismo ela pode ser abolida às custas do cerceamento da liberdade, com o grande perigo de tirania e despotismo. Para mim a única forma de garantir paz, prosperidade, harmonia, justiça, liberdade, igualdade e fraternidade é o comunismo anárquico. É um objetivo a ser perseguido com determinação, paciência e perseverança, pois não será alcançado no tempo de poucas vidas, uma vez que não pode ser imposto, senão se autocontradiz. Rand, Rothbard e Block têm algumas opiniões sensatas, mas, no geral, estão totalmente equivocados. Eles consideram que o caráter do ser humano seja intrinsecamente egoísta, mas não é. Nem intrinsecamente altruísta. Existem as duas pulsões, que podem ser controladas pela vontade, com base no desejo. E esse desejo tem que ser despertado por meio da educação.

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