domingo, 31 de julho de 2011

Tudo que passa a existir tem uma causa?

Não. Primeiro que causa não é um atributo de entidades e sim de eventos. O que pode ter causa não é aquilo que passa a existir mas o evento da passagem da inexistência para a existência. Pode ter, mas não precisa ter. Causa não é uma exigência necessária para todo evento. Isto é, nem todo evento é um efeito. É claro que todo efeito tem uma causa, pois efeito, por definição, é um evento que tem causa. Mas pode ter evento que não tenha. Aliás, a maioria não tem. Se pensarmos que todo evento pode ser considerado como resultante de pequenos eventos experimentados por cada partícula subatômica da matéria ou pelos fótons das radiações, observa-se que a maioria deles, nesse nível, é inteiramente fortuita, isto é, incausada. Nos sistemas de muitas partículas, as ocorrências globais são descritas pela lei dos grandes números das probabilidades, o que faz concentrar a probabilidade de ocorrência de forma a se ter uma descrição causal e determinista. Como as pessoas, antes de conhecerem os eventos em nível subatômico, observavam a existência de causa para quase todos os eventos macroscópicos, por indução, concluíram que assim o era em todos os casos. Mas a indução não é nunca garantida, de modo que o comportamento quântico forneceu miríades de contraexemplos que mostram a não necessidade de causação na ocorrência de eventos.

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