terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O senhor não acha que essa história de que tudo deve ser ensinado com aplicação na vida do estudante o ensina a ser totalmente pragmático, não criativo e sem poder de abstração? Não acha que essas são características importantes da inteligência?

Eu discordo totalmente do pragmatismo, especialmente na educação. As escolas de hoje preparam o aluno para entrar na Universidade e pronto. Antes era o vestibular, agora é o ENEM. Fabricam-se acertadores de questões do ENEM. Só que não sabem nada do que é preciso para o curso superior, sua profissão e, principalmente, para a vida. Isso tudo que você falou é importantíssimo. Muito mais que o domínio de conhecimentos e de habilidades. A escola tinha que desenvolver a inteligência, as capacidades cognitivas, a sensibilidade artística, as habilidades mentais e motoras, a criatividade, bem como a personalidade e o caráter. Sem deixar de passar conhecimentos e habilidades acadêmicas. Mas como uma decorrência dos primeiros objetivos. Isso tem sido minha luta desde que comecei a lecionar, em 1968. Em vão, porque os diretores não querem fazer nada além do que a lei exige, tanto nas escolas públicas quanto nas particulares. Não querem trabalhar além do mínimo necessário para que o colégio não seja fechado. Nem os professores. Só na EPCAR, uma escola militar, que trabalhei de 1968 a 1976 é que essa visão era adotada, por causa de um comandante, brigadeiro João Camarão Telles Ribeiro, que fez uma revolução educacional naquela escola, com o apoio do Ministério da Aeronáutica, à revelia do Ministério da Educação. Então sim: o ensino era pra valer. Tentei aplicar a filosofia, a metodologia e as técnicas da EPCAR em outras escolas e, mesmo, nas universidades que trabalhei, mas não fui acatado (UFSJ, UFJF e UFV). Mas não desisto, pelo menos de falar e escrever sobre isso. Enquanto for vivo.

Filosofia, Ciência, Arte, Cultura, Educação (formspring)

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