domingo, 8 de janeiro de 2012

Professor, desculpe-me se for mal compreensão da minha parte... mas como o senhor defende tão avidamente o amor ao próximo e o amor acima de todas as coisas sendo que frequentemente observo-o exaltando a beleza corporal, a distinção das formas e etc.?

Não vejo contradição nenhuma em exaltar o amor e apreciar a beleza. Isso não exclui amar o feio. Da mesma forma que ser uma pessoa estoica, isto é, que seja capaz de suportar as vicissitudes sem reclamar, não significa que não se aprecie o prazer e a felicidade. É perfeitamente possível se obter uma síntese dialética entre o estoicismo e o epicurismo, que leva ao eudemonismo, como concepção da felicidade como o bem supremo. Mas eu acho que se deve transcender a isso, vendo no bem supremo o próprio bem, cuja busca conduz à felicidade. E o maior bem se obtém por meio do amor, que inclui a bondade, a generosidade, a solidariedade, a compaixão, a gentileza, a amizade, o altruísmo, mas também o desejo e o erotismo. Mas sem ganância, possessividade, cobiça, ciúme, egoísmo, inveja e nada disso. Paralelamente a essas virtudes ligadas ao amor é preciso se viver as virtudes ligadas à verdade, que são a justiça, a honestidade, a sinceridade, a retidão, a honradez, a probidade, a prudência. Mas sem frieza, sem indiferença. E, finalmente, o terceiro grupo de virtudes, que são ligadas à fortaleza, como a bravura, a coragem, o destemor, a valentia. E sem crueldade, sem raiva, sem ódio. Assim se pode conduzir a vida para o bem e, de lambuja, se obter a felicidade, desde que se não a busque a qualquer custo. Isso não tem nada a ver com nenhum prêmio e nenhum castigo na vida eterna. A recompensa do bem é só a paz de consciência. A de amar é ser amado. A de ser verdadeiro é ser respeitado, considerado e honrado. A de ser valente é ser admirado e imitado.

Filosofia, Ciência, Arte, Cultura, Educação (formspring)

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