quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

A pergunta que elucidarei aqui é bem simples e sucinta, portanto, gostaria que respondesse de forma espontânea e sem se apegar neuroticamente a detalhes semânticos. Em suma, gostaria que respondesse intuitivamente. Há, hoje, inúmeras evidências (con

anômalas, tanto no campo da física quanto no da biologia e da psicologia (caso não as conheça ou as considere "charlatanismo", sugiro urgentemente que reveja seu método de pesquisa e interpretação). Descobertas fora do padrão científico "do momento" sempre impulsionaram-nos a buscar evidências de realidades "absurdas", nunca antes levadas a sério. Bem, voltando "ao hoje", temos inúmeras evidências da existência de uma consciência cósmica, por exemplo; experimentos reproduzidos por cientistas renomados e reconhecidos que estão, pouco a pouco - por vezes, não-intencionalmente - chegando consensualmente a um novo limiar na ciência. E, como sempre acontece em revoluções paradigmáticas na história da ciência, há o retrocesso e apego ao que já é testado. O senhor não acha que pode ser um desses velhacos e pobres de espírito, de mente retrocessa, determinística e material? Não lhe intriga a possibilidade de chegar a hora de sua morte e tomar consciência de que tudo não passou de uma ilusão reducionista, de uma vida terrivelmente inconsciente, seca e vazia de significados espirituais? Obrigado. Resposta: Para começar, esta não é uma pergunta sucinta, como você disse. E eu não respondo intuitivamente. Sempre reflito sobre o que vou escrever e me preocupo com os detalhes semânticos. Isso não é ser neurótico, mas cuidadoso. Ter a mente aberta para todas as possibilidades é uma qualidade científica que cultivo. Outra é o ceticismo saudável de duvidar de tudo, exatamente para se certificar de que não seja bobagem. Assim não me considero nenhum retrógrado (apesar de meu sobrenome) e nem me aferro a concepções consolidadas por medo da novidade. Defendo, mesmo, várias concepções bem avançadas, tanto em ciências naturais quanto em outros campos, como a possibilidade da incausalidade nos fenômenos, do surgimento do Universo a partir de nada, da natureza física da consciência (não confundir com material), da possibilidade de relacionamentos plurais, de uma sociedade anarquista, da inexistência de Deus e muitas outros fatos. Essas é que são posições de um espírito livre pensador. Absolutamente não sou determinístico e nem materialista. Minha concepção é exatamente indeterminística e fisicalista (isto é, considero que a realidade não é feita só de matéria, mas também de campos, radiação, espaço, tempo, estruturas, ocorrências, dinâmicas). Mas não de espíritos e outras entidades sobrenaturais. No que diz respeito à "Consciência Cósmica", absolutamente não há evidências e nem consenso a respeito de sua existência. O que existe são hipóteses propostas e não verificadas. Do mesmo modo que a dita "Teoria das Cordas", os "Universos Paralelos" ou a "Teoria da Consciência" de Penrose-Hameroff. São campos de investigação válidos, mas não há como se admitir que sejam modelos confirmados de descrição da realidade. Quanto ao reducionismo, se considerado de um ponto de vista não linear (isto é não vendo o todo como a simples soma das partes), ele abarca o holismo e não há escapatória, nem epistemológica, nem fenomenológica, nem ontológica para outra abordagem que não a dele. E, finalmente, uma vida sem a presença do sobrenatural não é nada inconsciente, vazia e sem significado espiritual. Espiritualidade não tem nada a ver com sobrenatural. Trata-se da elevação da mente a considerações mais nobres, mais altruístas, mais éticas, mais metafísicas (e metafísica não significa sobrenatural, mas sim abstrata, isto é, de existência somente em mentes que possam concebê-las). Essa espiritualidade preenche totalmente a vida de significado, mesmo sabendo que tudo se acaba com a morte. E isso é feito com plena consciência das razões e das consequências de tal postura. Que é a postura que, de fato, é a única defensável com base em todas as evidências e comprovações disponíveis. Considerar outras possibilidades é algo a que se tem que estar aberto, mas não é algo a que se deva aderir sem garantias.

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