sexta-feira, 20 de março de 2009

Minha Herança

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Às vezes quedo absorto,
olhando longe o vazio,
pensando a vida passada,
lembrando os anos vividos.

Será que foi proveitosa?
Será que deixo saudade?
Será que parto sem mágoa?
Será que fui bem amado?

À minha posteridade,
filhos da carne e da lousa
e aos por amor adotados,
quero passar minha herança.

Na vida não fiz fortuna
nem deixo bens de valor,
nada que valha dinheiro,
nada que seja poupança.

Mas deixo meu horizonte:
a vista descortinada,
do mundo belo e fraterno,
dos homens em harmonia.

Deixo a fé no trabalho,
orgulho da coisa bem feita.
Deixo a honra e a modéstia
de ter sido verdadeiro.

A luta cotidiana
contra toda hipocrisia,
A peleja altaneira
prá acabar a vilania.

E a ternura escondida
pela gente mais sofrida.
A raiva bem merecida
da soberba presunçosa.

Derrotas acachapantes,
frente ao vil e prepotente,
são folhas edificantes
de uma vida merecida.

Mas algo passo adiante
a toda a posteridade:
a flama da esperança
na tocha da humanidade.

Levem adiante sem medo,
prá que essa luz poderosa
do bem, saber e justiça,
alto vá resplandecer.

E as trevas da ignorância,
os freios da iniquidade
e a peste da malqueirança
não mais poder hão de ter.

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