quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Na época do regime ditatorial e da repressão, havia toda uma efervescência da produção cultural, todo primor na nossa música. Hoje que conquistamos a tão sonhada "democracia", não se usa mais o cérebro, não se vê mais essa genialidade. Comente.

É a questão do "repto e réplica". A resposta acontece em função da provocação. Ao se apresentar ao ser humano dificuldades, ele reage para superá-las. Se tudo for fácil e sem problemas, surge a acomodação. Não quero dizer que se tenha que cercear a liberdade, disseminar a pobreza e a injustiça para que todo mundo reaja. Mas que haja desafios. E o lugar adequado é a escola. Esta é que precisa instigar a juventude. Como? Dificultando a progressão escolar. Exigindo mais. Isso instiga a que se desenvolva a inteligência, a criatividade, a sensibilidade. Provoca a produção artística, científica, cultural. Do modo como está, todo mundo sendo aprovado com essa mediocridade que está aí, em breve não haverá mais ninguém capaz neste país. Então seremos escravos de quem domina a tecnologia, a ciência, a cultura, os conhecimentos. Azar nosso!

Você acha que essa frase do cartaz é estúpida? Esse texto diz que todo mundo sabe que não deve cometer crimes e é burrice tentar "ensinar" que não, e que é errado achar que todo mundo que você cruza na rua é um predador sexual. O que acha?

Acho que não há justificativa nenhuma para se fazer um estupro, não importa como a mulher se vista ou se porte. Mas acho, também, que as mulheres não deven se comportar de modo provocante em relação a todo mundo. Podem ser sensuais enquanto pretendem conquistar alguém, mas de modo elegante e comedido. Não só por uma questão de bom senso, mas também de estética. Não que sejam proibidas, mas que se conscientizem de que isso não é adequado. Da mesma forma os homens. Educação é sempre bom.

O que você acha sobre homossexuais não poderem doar sangue? Isso é "precaução" ou discriminação? Por quê?

É discriminação, claro. Mesmo que a probabilidade de um homossexual ser portador de AIDS seja maior, heterossexuais também podem o ser. E a maioria dos homossexuais, por este fato, não são e nem possuem nenhum impedimento médico para doar sangue, que é tão bom como o de qualquer pessoa saudável. Claro que todos têm que ser livres de problemas que podem inviabilizar a doação. Mas homossexualidade não é um deles.

"Se uma prostituta for é estuprada, é abuso sexual ou é roubo?" O que vc acha dessa pergunta, (que normalmente é feita como uma piada)?

Claro que é abuso sexual, já que foi feito um sexo sem consentimento. Mesmo quando a prostituta aluga seu corpo para que alguém faça sexo, ela está consentindo nisso. Estupro, por definição, é sexo sem consentimento de um dos envolvidos. Roubo seria se a pessoa combinasse pagar, a prostituta consentisse e a pessoa não pagasse.

Sugestão: O oposto do amor não é o ódio e sim, a indiferença. Concorda? Por quê?‎

Não concordo. O oposto do amor é o ódio sim. Indiferença é o meio termo entre os dois. Se não se ama nem se odeia, é-se indiferente. Amor é querer bem, ódio é querer mal. Amor é querer a felicidade do ser amado. Ódio é querer a ruína e o sofrimento do ser odiado. Amor é desejar estar sempre junto. Ódio é desejar ficar longe. Amor é se preocupar. Ódio é não querer nem saber. Indiferença não quer o bem nem o mal. Não faz questão mas não se importa em saber. Não quer ficar perto mas não liga se ficar. Não quer ficar longe mas se ficar não se importa. Ódio não é ausência de amor apenas. É um sentimento deliberadamente hostil, que quer prejudicar, fazer sofrer, maltratar. Amor não é só não odiar. É querer a felicidade, a alegria, o bem estar, tudo de bom. Não amar e nem odiar é ser indiferente. Mas amar não é o oposto disso, como odiar também não. Amar é o oposto de odiar.

Já viram esse vídeo? (http://www.youtube.com/watch?NR=1&feature=endscreen&v=QQtPEQYw7Jk)

Essa é uma reação perfeitamente normal, a de surpresa, pois trata-se de algo incomum em relação a suas vivências. Mas ele não manifestou nenhuma reação de hostilidade, de rejeição nem de repugnância. Assim são as crianças, até que a sociedade lhes incuta os preconceitos e as intolerâncias. Para elas tudo pode ser admitido, mesmo que seja fora do que ela conheça. Claro, desde que, também, não represente nenhuma maldade. E homossexualidade não é maldade nenhuma. Esse tipo de candura é que não se pode perder ao se tornar adulto. Essa criança tem que permanecer em nós a vida toda. Não se trata de ingenuidade, mas apenas de bondade. Nem se pode falar de inocência que se perde com o conhecimento da vida. Não se perde a bondade quando se perde a inocência. E a inocência não é algo bom de se preservar para a vida toda. Nem a ingenuidade. Mas a bondade é. E a bondade é perfeitamente compatível com o conhecimento da vida e a esperteza de se reconhecer uma maldade.

Pq quando vemos uma pessoa comendo as próprias fezes,a primeira coisa que pensamos é chamar a ambulância para internar, e quando alguem sai por aí dizendo q Deus não existe, ninguém faz nada e nem chama?Vc acha normal alguém não acreditar em Deus?Pq?

Perfeitamente normal, mesmo que incomum, por enquanto. Mas não concordo com a frase da figura. Há algo que nos impede de dizer que Hitler tivesse razão sim. É que suas atitudes e ações foram más. E o mal e o bem existem, independentemente da consideração de que exista Deus ou não. Mal é tudo o que provoca dor, sofrimento, prejuízo, tristeza e tudo de ruim. Quando uma pessoa, deliberadamente, faz um mal, elá está sendo má. Se ela costumeiramente faz isso, pode-se dizer que ela seja má, como uma qualidade permanente (pelo menos por algum tempo). Achar que não existe Deus não é insanidade mental nem maldade nenhuma. Uma pessoa ateia pode ser tão boa e bondosa quanto uma que creia e uma que creia pode ser má e maldosa (note que ser boa e fazer o bem não é a mesma coisa, como ser má e fazer o mal). Uma pessoa é boa se não faz mal nenhum, mesmo que não faça bem nenhum. E uma pessoa é má se não faz bem nenhum, mesmo que não faça mal nenhum. Como a existência de Deus não é uma evidência, há que se verificar por alguma comprovação indireta ou supô-la gratuitamente, com base em predisposições. Isto é a fé. Uma crença sem fundamentação. Havendo fortes indícios de plausibilidade, crenças são admissíveis e, até, necessárias, como a de que exista um mundo exterior à nossa mente. Esse não é o caso da existência de Deus. As pretensas provas dela são todas falaciosas. Então não há como se concluir que Deus exista. Mas também não se pode provar que não exista. Supor que não é a escolha ditada pela contemplação serena dos indícios de ambos os lados. Não representa leviandade e nem cabotinagem. Portanto é perfeitamente admissível, no mesmo estatuto de todas as crenças. Não há critério nenhum que permita decidir qual das crenças religiosas seja a verdadeira. Ou a descrença.

Vc não acha que as melhores perguntas sempre vem dos anônimos?

Perguntas, não acho que as anônimas sejam melhores, mas isso aí eu concordo. Caridade tem que ser anônima mesmo. Nem o beneficiado precisa saber quem o beneficiou.

"Quando a inocência tem os olhos vazados, um cristão deve perder a fé ou aceitar que lhe furem os olhos." Concorda?

Discordo. Inocência não é uma boa coisa. Claro que é preciso mantê-la provisoriamente, até que a criança amadureça para poder ter contato com o mal sem se contaminar. Mas é preciso que seja ultrapassada um dia. Isso não tem nada a ver com fé, seja cristã, islâmica, judaica, hinduísta, budista, espírita ou qualquer outra. Tirar a inocência a respeito da fé em que se é criado e abrir a mente para outras possibilidades, bem como ver as incoerências e inconveniências da própria fé é ótimo para que se tome uma decisão consciente de permanecer nela, trocá-la ou rejeitar qualquer uma. E se se optar por alguma delas, que se a abrace inteiramente e paute sua vida pela própria santificação dentro dela. Caso contrário, é-se um hipócrita. Um cristão que não envide todos os esforços para ser santo não é cristão. Se não pretende ser santo, não diga que é cristão. Mas todos, tenham ou não fé, qualquer que seja, não se eximem da ética. Para isso é que acho que religião, ética e cidadania, bem como todos os outros ditos "temas transversais" do processo educativo (sexualidade, ecologia, preconceitos, intolerância, diversidade cultural, trabalho e consumo, saúde) têm que ser abordados no ensino básico de uma forma institucionalizada em disciplina, inclusive passível de reprovação. Mas religião tem que ser abordada de forma totalmente não doutrinária a favor de nenhuma e com a abordagem da história, das doutrinas, das coerências e incoerências e das vantagens e desvantagens de todas, incluindo as extintas, como a egípcia, a homérica, a órfica, o zoroastrismo e assim por diante.

o que você acha melhor: uma paixão intensa que te deixa muito feliz mas necessariamente "dependente" da outra pessoa, como uma droga? Ou um gostar mais brando, calmo, equilibrado, mas sem a forte felicidade e emoção da paixão?

O ideal é se unir os dois, isto é, que a paixão seja intensa, com amor e paz. Dependência não deve haver em nenhum caso. Cada pessoa tem que ser dona de si e livre. Amor não se compra, não se vende e nem se aluga. Há três aspectos nesse assunto: sexo, amor e relação. O ideal é ter os três com a mesma pessoa. Mas há casos de se ter só dois ou só um, sem os outros. Qual o mais importante e o mais gratificante? Amor! Mas é difícil se viver só de amor se ele for unilateral. Então é possível ficar só com a relação, pela paz. Quanto à felicidade, não adianta buscá-la. Ela é um brinde que a vida dá, não importa se se a mereça ou não. Só resta desejar. Mas pode-se afastá-la, se se dedicar sempre ao ma

a nossa moral é realmente um objetivo a ser perseguido? o que pensa sobre pessoas canalhas?

Depende. A moral é o que a sociedade estabelece como permitido ou proibido. Se a moral estiver de acordo com a ética, ou seja, com o que seja certo ou errado, então deve ser perseguida. Mas nem sempre é o que ocorre. Muitas permissões morais não são éticas e muitas proibições morais não tem problema ético nenhum. Pior ainda é a lei, que estabelece as permissões e proibições do estado. O que é um canalha? Quem, de modo contumaz, deliberadamente causa prejuízo a outrem para benefício próprio, ou, pior ainda, nem para isso. Trata-se de uma pessoa "do mal". Mas uma pessoa "do mal" pode fazer ações bondosas, como uma pessoa "do bem", isto é, que normalmente faça coisas boas, pode fazer alguma maldade. E um prejuízo pode ser causado sem que se tenha a intenção de provocá-lo. A eticidade de uma ação se liga a seu propósito e não a seu resultado. Não é verdadeiro o ditado que diz que "o inferno está cheio de boas intenções". Se a intenção foi boa, não se pecou. Mesmo assim, se se prever e se conseguir, deve-se evitar ações que provoquem dano, prejuízo, dor, sofrimento, exceto se isso for com o objetivo de se alcançar um bem maior para a própria pessoa que sofra, como tratar um canal de dente.

professor, o que pensa da mãe que abre mão da guarda dos filhos (13,9 e 6 anos) para que eles não saiam prejudicados financeiramente, ex, continuem estudando em escola particular pois a pensão não será suficiente para manter o nível atual?

Cada caso é um caso. Depende das circunstâncias. Pode ser válido. Não acho que a "guarda" seja tão importante. O importante é a relação afetiva que tem que ser preservada. Se existir, os filhos continuarão a ver a mãe como um exemplo e ela continuará a educá-los. Aliás, em minha opinião, isso de "guarda" de um ou de outro não deveria existir, exceto nos casos em que um dos pais seja um criminoso ou um devasso contumaz. Mesmo nas separações, ambos têm que continuar os pais e compartilharem de tudo, sem que nenhum seja o "guardião". Isso é medieval. Casais separados não precisam ser brigados e nem hostis. Por essas e por outras é que sou contra o casamento. Porque o pai não pode pagar o estudo particular dos filhos que moram com a mãe? Não como pensão. Ou vice versa, dependendo de quem tenha mais dinheiro? Sem saber a situação particular não posso opinar mais precisamente. Mas eu, como pai, se tivesse me separado enquanto meus filhos eram crianças e eles tivessem preferido ficar com a mãe, eu pagaria o estudo deles e todas as despesas que eles dessem se morassem comigo, morando com a mãe, independentemente de ser estipulado em pensão ou não. Não existe "ex-pai", nem "ex-mãe".

Sua opinião sobre: Anarcocapitalismo

Péssimo! Um desastre. O sonho dos capitalistas. A vitória dos fortes sobre os fracos. Um tremendo retrocesso de todas as conquistas sociais ao longo da história. Uma ditadura plutocrática. O anarquismo é ótimo, mas comunitarista (seria comunista, mas a palavra está desgastada pela associação com o regime soviético). Só que construído de forma gradual, sem revolução, sem imposição. Dizem que o ser humano tem uma índole má por natureza e que a falta de governo levará ao anarco-capitalismo, que é uma selvageria. O que percebo é o contrário. A história mostra que a evolução da humanidade tem sido em sentido oposto, isto é, em se prezar os direitos comuns em detrimento das vantagens individuais ou de certos grupos ou classes. Isso tem sido secularmente constante, em que pese as idas e vindas sazonais. Pode-se pois, prever que, em mais alguns milhares de anos, por conta própria, a história nos levará ao anarquismo, que tem que ser mundial. Passou-se de uma tirania tribal, para monarquia absoluta, depois constitucional, depois democracia republicana, social-democracia (em hibridação com o socialismo, que é um atalho equivocado para o comunismo) e, então, anarco-comunismo. O anarco-capitalismo (também dito liberalismo), como o socialismo, são desvios dessa tendência que, ambos, levam a uma situação de opressão ou do estado ou do poder econômico sobre o povo.

Sua opinião sobre: Estado Mínimo.

Como anarquista, pretendo o estado nulo. Todavia isso não pode ser estabelecido abruptamente. Há que se ter um processo gradativo de adaptação. Assim, até lá, é preciso ir diminuindo gradativamente a interveniência do estado. Mas há aspectos em que o estado ainda tem que intervir, para controlar e impedir o prevalecimento dos mais fortes sobre os mais fracos, até que o mundo se torne, de fato, civilizado. O estado tem que ser, de fato, o poder dos fracos para se contrapor ao poder dos fortes, especialmente no aspecto econômico (mas também no aspecto físico). Há coisas que eu acho que, até, se deveria ampliar a ação do estado, por enquanto, como educação e saúde. Para mim, por ora, nem deveria haver educação e saúde privadas. Ou, se houver, que seja da forma cooperativa, regulamentada pelo estado. Nos outros aspectos, que tudo seja privado, mas que o estado regule, fiscalize, controle e puna os excessos, para o bem geral do povo. Quando a humanidade estiver madura para o anarquismo, o estado desaparecerá espontaneamente.

O que você acha de ateus ou agnósticos usarem expressões como "meu Deus" e "pelo amor de Deus"? Sendo que são expressões como "bom dia", você as diz por costume. E creio que ninguém realmente pensa no amor de Deus quando diz "pelo amor de Deus!!".

Isso é perfeitamente normal e não significa que se creia em Deus. Também se diz "Nossa Senhora!", inclusive protestantes que não acham que os santos intercedem pelas pessoas a Deus. Tratam-se, meramente, de expressões idiomáticas, consagradas pelo uso, mesmo que originárias da fé, mas, agora, já independentes dela. Aliás, na prática, muita gente que se diz adepta de alguma religião, na verdade, não crê em Deus, especialmente quem comete crimes ou é corrupto. Trata-se de um "niilismo prático".

Você realmente odeia alguém? Se sim, como se sente quando essa pessoa se aproxima de você? /ailatt

Não existe ninguém a quem eu odeie

Acredita que, em nome de Deus, é justificável matar, oprimir e outras coisas do tipo? A justiça deveria respeitar a religião nesses casos?

De forma nenhuma! A justiça tem que seguir a lei, que tem que seguir a moral, que tem que seguir a ética. E a ética só permite matar em legítima defesa. Nunca em nome de deus nenhum, de nenhuma religião. As considerações morais religiosas podem ser aceitas desde que não firam a ética humana, que está acima dos preceitos de qualquer religião. Fazer guerra santa é um crime. Nenhuma religião está acima da lei e da moral social, exceto se essas não forem éticas e os preceitos religiosos sim. Mas a razão é ética e não religiosa. O mesmo digo a respeito de qualquer tipo de opressão ou preconceito. Não importa de que religião seja. Nem de considerações ateístas. Se uma muçulmana, sem nenhuma coação, quiser usar véu, a lei não pode proibir, pois não é anti-ético, já que não prejudica a ninguém. Mas é anti-ético obrigá-la a usá-lo, mesmo como preceito religioso. Impingir uma religião, como soe acontecer em países islâmicos, é anti-ético.

Quem não é a favor de alguma coisa, automaticamente é contra? (E vice versa)?

Claro que não! Pode ser indiferente. Nem tudo é dicotômico. Essa lógica já está superada. Nem tampouco unidimensional. Há muitos graus intermediários e outros que nem estão entre os opostos, mas se desviam lateralmente para vários lados. E podem ser decisões modais, isto é, dependentes do contexto ou aspecto. É a lógica modal, policotômica (ou polialética) e polidimensional. Por exemplo, entre o claro e o escuro há uma infinidade de graus de intensidade luminosa, que podem ir do preto ao branco ao longo de uma infinidade de trajetos, passando por uma infinidade de matizes de cores e variarem não só em luminosidade e matiz, mas também em saturação. Isso cria um campo de possibilidades cuja cardinalidade é um infinito de ordem superior ao do contínuo, e igual à cardinalidade do espaço de funções, que é um infinito maior que o dos números reais, que, por sua vez, é maior do que o dos números inteiros e, certamente, não se restringe apenas a duas possibilidades.

Wolf, você pode me propor um plano de estudos e tarefas a curto prazo para que eu fique no caminho para chegar ao seu nível de inteligência a longo prazo?

Desenvolver a inteligência é uma questão de enfrentar desafios. Você consegue se se dedicara a resolver enigmas, jogar xadrez, jogar sodoku, resolver problemas de matemática e física complicados (pegue as provas das olimpíadas de física e matemática), resolver palavras cruzadas mais difíceis. O segredo é complicar a vida. Ler muito é excelente. Muito que eu digo são umas três horas por dia e umas cinco nos fins de semana. Pode ler na internet, mas leia textos mais elaborados, que requeiram consulta ao dicionário para saber palavras difíceis. Mas você tem que fazer isso não por obrigação, mas porque curte e curte muito. Não veja televisão, só documentários do NatGeo, do Discovery, do History, do Futura e outros. Leia muito divulgação científica, mas leia romances também. Especialmente os clássicos. Aprenda a tocar um instrumento musical. Recomendo piano ou violino. Ouça música clássica prestando muita atenção no fraseado musical, na orquestração, na harmonia. Escreva poesia, mesmo sem saber. Escreva contos, ensaios. Escreva sobre tudo. E corrija bem o português. Aprenda outro idioma além do inglês. Recomendo alemão ou francês. Faça exercícios neuróbicos. Procure livros sobre isso na internet. Faça testes de QI. Vá treinando. Tem muitos na internet. Seja criativa. Pinte, cante, borde, faça teatro. Monte miniaturas. Desenhe. Pratique um pouco de esporte, para oxigenar o cérebro. Dance. Faça caridade; Em suma, agite, viva, esqueça completamente a preguiça. E, principalmente, tenha fascinação pelo conhecimento, pelo desenvolvimento de habilidades. Não pense no quanto vai lucrar ou na utilidade disso. Faça por prazer. Que o estudo seja a sua diversão. Não se contente em saber só o que vai cair nas provas. Vá muito além.

Olá Professor, gostei de suas respostas. Estou em um momento difícil de decisão. Me formo em Letras e fiz a decisão de fazer bacharelado, pois quero seguir uma carreria acadêmica, penso em fazer filosofia tbm, sei que é uma decisão pessoal mas o sr pod me

Tanto Filosofia quanto Letras são atividades super interessantes para se dedicar como pesquisadora, se você gostar delas. Mas é importante que você se torne uma linguista, uma escritora, uma poetisa ou uma filósofa e não apenas uma entendida em liguística, literatura, poesia, idiomas ou filosofia. Porque o que realmente dá significado e satisfação é a atividade criadora. Há um viés equivocado no meio acadêmico brasileiro, nos cursos de mestrado e doutorado, que só valoriza a pessoa que entenda, em abrangência e profundidade, de um assunto, mas tolhe a criatividade, a inovação, a contestação. Isso é uma terrível castração de talentos. Isso se dá, especialmente, nas ciências humanas. Os cursos de letras não formam escritores e os de filosofia não formam filósofos. Mas os cursos de música e belas artes formam músicos, pintores e escultores. Claro que o talento pessoal é imprescindível, mas a aquisição de habilidades e conhecimentos específicos do mister de escrever e filosofar são essenciais. Não basta conhecer literatura e filosofia. É preciso fazer literatura e filosofia. Como é preciso fazer linguística, semântica e tudo que for relativo. O curso de jornalismo ensina mais a escrever do que o de letras. Compensa fazer o bacharelado em letras acompanhado de algumas disciplinas de jornalismo, que ensinam a escrever. E um filósofo tem que saber escrever muito bem. Os grandes filósofos o foram assim não porque entendiam muito de filosofia (mas entendiam) e sim porque filosofaram, isto é, fizeram propostas inovadoras em seu campo. Concepções que ninguém havia tido antes. Inauguraram avenidas do conhecimento. Isso é que é importante e significativo. Não para ganhar dinheiro, mas para dar uma valiosa contribuição à história da humanidade. Só para concluir, quero dizer que um filósofo também tem que entender razoavelmente de ciências, especialmente de física e biologia, e de matemática. Não dá para ser um bom filósofo sem saber isso.

http://www.youtube.com/watch?v=HxJZni8-yKs por que a piscina não congela e o garoto ainda consegue pular na água tranquilamente?

Porque o calor que a água precisa perder para se congelar é muito maior do que o que o nitrogênio líquido é capaz de absorver, uma vez que a capacidade calorífica (produto da massa pelo calor específico) daquela massa de água é muito maior do que a da bacia de nitrogênio líquido. Digamos que a bacia tenha vinte litros e esteja na temperatura de ebulição do nitrogênio. Como a densidade do nitrogênio líquido é 707 kg/m³ e o calor de ebulição 5,58 kJ/mol, a ebulição dele todo consumirá 0,02m³ x 707kg/m³ x 5580 J/mol : 0,028kg/mol = 2.818.900 J de calor. Supondo que a piscina tenha 10 m³ de água a 20°C, este calor conseguirá reduzir a temperatura da água de 2.818.900 J / (4.190 J /kg°C x 10.000 kg) = 0,0673 ° C, insuficiente para que ela chegue a seu ponto de congelamento, que é de 0°C. Então o calor cedido pela água ao nitrogênio apenas o evaporará.

Professor, A tarde a moça da empresa passou com um saco de lixo proximo a minha mesa e derrubou uma estatua e quebrou. Na parte da manhã eu vi em minha mente ela derrubando a mesma. Poderia explicar? Não acredito em previsão, mas em criar uma situação.

Não posso explicar. O que não significa que a explicação seja uma premonição. Não conheço pesquisas para explicar esse tipo de fato. Só sei que é impossível prever o futuro. Mas posso estar errado. Só que, enquanto não vir uma explicação cabal, suponho que ainda não se tenha explicação, mas ela pode ser encontrada. E mais: acho que será inteiramente natural. Para dizer que seja uma premonição seria preciso realizar experimentos muito bem conduzidos, com todos os cuidados, que levassem à conclusão de que, incontestavelmente, seja uma premonição. Caso contrário tenho que supor possa ser qualquer coisa, que não se sabe o que é. Pode ser apenas uma coincidência, como aliás o é a maior parte de tudo na vida. Ou não... como sempre diz o Caetano Veloso.

Professor, tu consegue fazer esse exercício: "Num carrinho de mão de 1,20m de comprimento (da extremidade dos cabos ao eixo da roda), um operário ergue uma carga de 900N fazendo um esforço de 300N. Qual a distância da carga ao eixo da roda?"? Obrigada :]

Como a roda é o ponto de apoio, é melhor calcular os momentos das forças em relação a ela. No equilíbrio os momentos do esforço e da carga têm que ser iguais e opostos. Como as forças são paralelas e o esforço é três vezes menor que a carga, é porque esta está três vezes mais perto do apoio, cuja distância a ele será, pois, de 0,40 m. Não é preciso usar nenhuma fórmula para se concluir isto. Se for para dar a solução de um problema, é só escrever o texto explicativo.

Olá, Gostaria que, se puder, comente este texto e explique como é possível que isso aconteça, se é que se trata da verdade. (http://www.tecmundo.com.br/mega-curioso/32424-luz-atinge-velocidade-infinita-durante-experimento.htm?utm_source=facebook.com&utm_medium=referral&utm_campaign=imggrande)

Como se explica no artigo, o que se pensa que obteve (mas há que se confirmar) foi uma velocidade de fase infinita. Mas o limite de velocidade da luz imposto pela relatividade se refere à velocidade de grupo, que é a velocidade com que a radiação eletromagnética transporta energia e momentum. Velocidade de fase é um conceito puramente matemático e não físico. É a velocidade com que a função descritiva da perturbação eletromagnética se move no espaço. De um modo mais simples, é a velocidade com que o argumento das funções seno e cosseno que, numa análise harmônica (série de Fourier), a função descritiva da onda se move. Uma onda harmônica simples é do tipo sen(kx - wt), em que w/k é a velocidade de fase. A velocidade de grupo é dada por dw/dk. Veja este artigo: http://www.ufsm.br/gef/Ondas/ondas08.pdf

Para me aprofundar no ensino médio você me indica qual autor:David Halley,Herch Moysés Nussesnveig..?

Para o Ensino Médio eu recomendo que se tenha uma grande compreensão conceitual da Física, que é propiciada pelos seguintes livros: Física na Escola Secundária - Blackwood, Herron, Kelly Física - Jay Orear Física - PSSC (4 vols) Física Conceitual - Paul G. Hewitt Os três primeiros são livros fora do prelo, mas se acham em sebos. Não conheço esse Halley e o Nussensweig é para nível superior, aliás, muito bom. Quanto ao PSSC, para mim é o melhor livro de Física do Ensino Médio já escrito. http://www.cienciamao.usp.br/tudo/exibir.php?midia=liv&cod=_fisicanaescolasecundaria http://www.degracaemaisgostoso.org/download-fisica-conceitual-paul-g-hewitt.html http://www.cienciamao.usp.br/tudo/index.php?midia=pssc Muita gente pensa que é preciso fazer muitos exercícios e problemas para entender de Física. Não é! O importante é saber muito bem a teoria. Saber os conceitos, sua abrangência (isto é, a que se aplica e a que não) e saber deduzir as equações, inclusive inéditas. Não é preciso saber as fórmulas todas, só as fundamentais. As secundárias se deduz na hora de fazer o problema. Quem sabe fazer isso, resolve qualquer problema. O mais importante é treinar o raciocínio e não adquirir macetes para resolver cada tipo de problema. Aliás, isso é péssimo, porque embota o raciocínio. Um bom professor jamais passa macetes: põe o aluno para pensar. Quem passa em vestibulares e obtém um bom escore no ENEM não é quem sabe macetes, mas quem sabe a matéria e sabe pensar. E não é só saber física que determina o sucesso numa prova de física. Tem que saber português para interpretar o enunciado da questão.

O que acha sobre dizerem que gente feia/gorda não é feliz? Concorda ou não e por que?

Não há correlação positiva entre felicidade e beleza ou magreza. Tanto há magros quanto gordos, feios e bonitos felizes e infelizes. A felicidade, nesse caso, está mais ligada à aceitação de si mesmo como se é, mesmo que se pense em engordar ou emagrecer ou se embelezar ou enfeiar (tem gente que é infeliz exatamente por ser muito bonita). Claro que há muitos outros fatores de felicidade e infelicidade, especialmente amar e ser amado ou não. E isso pode acontecer com feios, gordos, magros e bonitos.

Como aproveitar o fim do mundo?

Não tem jeito. Quando o mundo acabar a espécie humana já estará extinta há muito tempo.

Um assunto que simplesmente te fascina e você sabe tudo sobre/sempre procura saber mais e mais.

Sou fascinado por vários assuntos, especialmente cosmologia, física de partículas e neurociências. Mas também gosto demais de filosofia, música, pintura, literatura, informática, matemática, evolução, educação e outros temas. O que não gosto é negócios, economia, esportes, direito e assuntos mais práticos. Sou um teórico.

Você acha que tudo na vida tem um por que ou algumas coisas simplesmente não tem resposta?

Claro que há muita coisa que não tem razão nenhuma de ser, isto é, não há uma explicação causal. Em verdade é a maior parte de tudo. O fator casual, isto é, as coincidências, é o que mais influencia as ocorrências da vida. É interessante, a respeito, ler o livro "O Andar de Bêbado", do Leonard Mlodinow (que também é o co-autor do livro "Uma Breve História do Tempo", com o Stephen Hawking e que sobreviveu à queda das Torres Gêmeas em Nova York).

Onde costuma sentar, quando vai ao cinema? (Na frente, no meio ou no fundão). Por que?

Depende do tamanho da sala e da tela. O ideal é que o ângulo de visada dos extremos da tela não ultrapasse e nem seja menor do que quarenta graus. Para tal, a distância à tela deve ser a largura da tela dividida pelo dobro da tangente de 20°, o que equivale a multiplicar por 1,37. Além disso, a posição deve ser a mais central possível e no nível do centro da tela. Isso também possibilita uma melhor adição do surround estereofônico. Sem considerar que, em geral, as pessoas que ficam mais na frente e mais no fundo costumam ser a que mais perturbam com conversas e barulho de comer pipoca.

Ernesto, você gosta de humor/comédia? (seja de teatro, opera buffa, circo; de mídia de massa, programas como Mr. Bean ou Monty Python e; contemporâneos como stand-up, etc) Faço esta pergunta pois você parece alguém muito "sério", como indica seu nome. :-)

Gosto, mas não daquele humor escrachado e debochado e sim de um gênero sutil. A não ser que seja circo mesmo. Mas programas como Zorra Total ou outros que tais, para mim, são horríveis. Preferia o Chico Anísio e o Jô Soares, quando era humorista. Ou tirinhas do Hagar, da Mafalda, do Snoopy, do Asterix. Gosto de Ópera Buffa ou de comédias cinematográficas, especialmente musicais. Sempre que forem inteligentes e espirituosas. Ou mesmo anedotas assim. Humor chulo eu não gosto. Não é uma questão moralista e sim estética.

você acha que a inversão do ônus da prova é um argumento válido?

Isso não é um argumento, mas um recurso erístico de discussão, que pretende derrotar o oponente sem provar a veracidade do que se defende. É o caso da existência de Deus. Como ela não é evidente, há que ser provada. Mas não é preciso provar que Deus não existe, pois tudo o que não é evidente é suposto não existente até que se prove. Numa discussão, quem acha que Deus existe é que tem que provar e não o contrário. A inversão consiste em pedir provas de que Deus não exista e, não as achando, concluir que existe. Isso é o cúmulo da falácia. O correto é se tentar provar que Deus existe. Mas não encontrando, não é garantido que não exista. Pode ser que exista e não se sabe como provar isso. Todavia, o mais razoável é considerar que não existe, já que não há prova em nenhum dos sentidos.

"Eu fui o espermatozoide vencedor". Já ouviu? É correto dizer que um dia fomos um espermatozoide?

Não é bem assim. Nosso ser foi formado pela junção de um óvulo com um espermatozoide e não só pelo espermatozoide. Assim não somos aquele espermatozoide vencedor, mas a junção dele com o óvulo da mãe. Um espermatozoide sozinho não se transforma em um ser humano nem em animal nenhum.

Você é dependente do seu computador?

Sim, pois quase tudo que faço em meu trabalho, faço-o no computador. Sem ele eu ficaria completamente amarrado. O que eu mais faço é programar bancos de dados de medidas educacionais. Também trabalho com computação gráfica (especialmente o Coral Draw, do qual, inclusive já dei aulas) e edição de textos, com o uso pesado de recursos avançados, como índices remissivos, por exemplo. Por diletantismo eu componho músicas em programas como o Encore. Além de adorar me comunicar pela internet. Escrevo muito, não só neste Formspring, mas participo de discussões no Facebook e no Orkut, além de escrever em meus blogs. E uso o computador para me informar e para estudar muita coisa. Hoje em dia não me vejo realizado sem o uso dele.

Olá professor, o que vc diria pra alguém que tem medo de voar de avião?

Que voe com medo mesmo. Aliás em relação a tudo. O medo é normal, mas não deve nos impedir de agir. A não ser que seja um pavor que bloqueie psicologicamente a ação. Então tem que ser tratado clinicamente. Caso contrário é possível agir com medo mesmo. Mas, para tal, é preciso se ter um desprendimento em relação à morte e à dor. Isto é, considerar que se pode morrer ou se ferir e não se importar com isso. O que não significa que não se deva tomar precauções para se evitar a morte e a dor. Tal atitude se adquire filosofando sobre a existência e sobre a morte até se concluir que morrer é normal e não tem problema. Pode até ser que seja gostoso, mas penso que não. Todavia isso não importa, pois, morrendo se desaparece. Muita gente tem medo da morte porque pensa que tem uma alma que vai sobreviver e que pode ir para o inferno. Pensando bem a respeito se conclui que não há nada disso e esse medo se esvai. Por outro lado pode-se inteirar das estatísticas e se ver que a probabilidade de morrer em desastre de avião é menor do que em desastre de carro. Com a vantagem de que o risco de sobreviver aleijado é menor. Em resumo: encarar a possibilidade de frente e ir avante.

Professor, você poderia descrever palavra "nada" ?

Há uns sete ou mais anos atrás eu escrevi o verbete "nada" da Wikipedia em português. Atualmente ele já está bem alterado. O importante é que não existe "o nada", pois não se trata de algo. A palavra nada designa a ausência de qualquer coisa, tanto de matéria, campos, radiação, espaço e tempo. Note que nada não é um vazio, pois um vazio tem um espaço sem conteúdo. Nem é um vácuo, pois um vácuo só não contém matéria, mas contém campos e radiação. Não haver nada significa, também, não haver lei física nenhuma, pois todas se aplicam a algo que exista. Nem a lei de conservação do conteúdo de massa-energia. Logo não é proibido o surgimento de qualquer coisa a partir de nada (e não "do nada"). A concepção de nada não só inclui a ausência de seres, mas também de conceitos, ações e valores. Assim não se pode conceber um ato causal de surgimento de algo sem que haja nada. Logo o surgimento de algo que não tenha do que provir só pode se dar sem causa. Mesmo a concepção criacionista considera que Deus criou o Universo a partir de nada (pois se houvesse algo, isso já seria o Universo). Mas haveria Deus, e Deus seria alguma coisa. Então, se o Universo é o conjunto de tudo o que existe, Deus faria parte dele e, portanto, ele sempre teria existido, nunca tendo não havido nada. Mas, para mim, de fato, houve o surgimento do Universo sem que nada houvesse. Nem Deus.

Professor, metafísica foi quem criou todos os conceitos, ela tem domínio sobre os conceitos, como: o conceito de absolutamente tudo, o conceito de Deus, o conceito da Onipotência e etc?

A Metafísica não criou os conceitos. Ela os estuda. Eles foram criados pelas pessoas para se referirem a entes, ações, valores ou o que seja que tenham concebido. Se tais conceitos se referem a abstrações, isto é, ao que só existe em mentes que os concebam, mas não objetivamente no mundo exterior às mentes, então a Metafísica trata deles. Alguns são objeto de disciplinas específicas, como os números, as funções ou as figuras, considerados pela aritmética, álgebra, análise e geometria, que fazem parte da Matemática. Ou os valores, estudados pela ética e pela estética. Atualmente a metafísica cuida da categorização da realidade, das propriedades dos entes, das relações de causa, efeito, condição, determinação, necessidade, contingência e similares, da existência ou não de deuses e espíritos e suas características, da universalidade ou particularidade dos conceitos, da natureza do tempo, do espaço e dos constituintes substanciais do Universo (matéria, campo e radiação), da natureza da mente, da liberdade. Os conceitos e as relações abordadas pela Metafísica não são passíveis de comprovação empírica, pertencendo apenas ao plano da reflexão racional. Uma das partes mais importantes da Metafísica é a Ontologia, que cuida especialmente das propriedades do ser. A epistemologia, que estuda a validade do conhecimento, também pode ser considerada como parte da Metafísica. Além da Metafísica a Filosofia abrange a Lógica, a Psicologia Filosófica, a Ética, a Estética e a Filosofia Política.

Por que será que existe um céu pra quando a gente morre, mas não existia nada pra quando não tínhamos nascido ainda? Onde estávamos antes de morrer? Nossa consciência, nossa alma? Como é não existir/não sentir, não ser coisa alguma em lugar algum.

Não me consta que exista um céu ou um inferno para quem morra. Morreu, acabou, não se existe mais, como não se existia antes de nascer. Um cadáver não é uma pessoa. Uma pessoa é o corpo em funcionamento e consciente. Penso que, com uma vida apenas vegetativa, um ser humano ou animal vivo não seja uma "pessoa". Tanto antes de nascer quanto depois de morrer, não estávamos e não estaremos em lugar nenhum, pois não estaremos existindo. Não existir não é nada. Não se tem noção de nada. É como se estar em estado de coma ou sono profundo. Totalmente inconsciente. Só que, nestes casos, continua-se vivo e, como há retorno, pode-se dizer que ainda se é uma pessoa. O início da existência da pessoa, para mim, é quando se estabelece o sistema nervoso no organismo em desenvolvimento fetal. Mas há controvérsias sobre isso. Certamente, logo que fecundado pelo espermatozoide, o óvulo, agora zigoto, já é outro ser, mas ainda não é uma pessoa. E esse ser persiste no tempo até a morte do organismo, após a qual se torna apenas um conjunto de átomos com certa estrutura, até que apodreça, seja comido ou queimado. Mas o ser vivo só o é enquanto está funcionando.

O que o senhor sabe sobre a Fé bahá'í?

Ainda não tinha ouvido falar, mas me inteirei, mais ou menos, pela internet. Apesar de considerar valiosos seus princípios pacifistas e integradores, acho que tudo isso pode ser melhor cultivado sem nenhuma religião e sem apelo a nenhum deus e, principalmente, sem nenhuma fé, mas com base em considerações racionais. O culto a personalidades também me sabe estragado.

Você acha que todo mundo precisa de um psicólogo?

Claro que não. Só quem possuir algum desajuste ou conflito existencial que o requeira. Mas vejo um problema com a maioria dos psicólogos. Eles querem que a pessoa se amolde ao mundo para não sofrer. Acho melhor que se sofra tentando consertar o mundo, que eles insuflem coragem para fazer isso e que se superem as frustrações, ficando contente com esse mister.

você acha realmente necessária a lei Maria da Penha? não deveria existir uma lei que protegesse também o homem?

Realmente não vejo necessidade de lei nenhuma que proteja especificamente qualquer segmento da sociedade, sejam homens, mulheres, negros, índios, brancos, amarelos, verdes, cristãos, budistas, muçulmanos, espíritas, capitalistas, comunistas, vascaínos, corintianos ou o que quer que seja. A lei tem que ser universal e cobrir todas as pessoas igualmente. Não precisa lei para especificar que não se pode maltratar uma mulher. Não se pode maltratar ninguém, só isso. E a lei brasileira é muito frouxa em suas penalidades.

é melhor um criminoso solto ou um inocente preso? argumente.

O melhor seriam os criminosos presos e os inocentes soltos. Mas, entre as duas opções, é preferível deixar o criminosos solto do que o inocente preso. O criminoso ainda pode vir a ser preso, mas, mesmo que se venha a soltar o inocente, já se cometeu uma injustiça. Claro que deixar o criminoso solto também é uma injustiça, mas prender um inocente é uma injustiça muito maior.

Você gostaria que a expectativa de vida aumentasse pra 200 anos ou diminuísse pra 50? Por que?

Que aumentasse para uns 10.000 anos, pelo menos.

Você acredita em Jesus? O que acha das imagens dele serem de um homem branco de olhos claros, não um negro?

O que significa "Acreditar em Jesus?". Se é achar que ele existiu, não é uma questão de crença, mas de verificação. Há controvérsias. Mas o que importa não é se ele existiu de fato e sim se o que se diz que ele falou, tenha existido ou não, seja válido. Para mim, em parte sim, em parte não. A parte concernente a sua divindade, acho totalmente inverossímil, mesmo que exista um Deus, o que duvido muito. Essa história de redenção não tem a menor plausibilidade. Mas seus ensinamentos morais são válidos, segundo penso, tirando a parte da vida eterna.

Existe algum fato histórico que você duvide que tenha acontecido? Qual e por que?

Se se disser que muitos fatos narrados na Bíblia são históricos, então, grande parte não aconteceu, como o Dilúvio, a abertura do Mar Vermelho, a parada do Sol para Josué, a partenogêneses de Jesus e outros. Mas é preciso entender que a Bíblia não é um livro histórico nem científico. É um livro para exortar as pessoas a crerem, amarem, louvarem e temerem a Deus. Para isso, seus autores valeram=se de muitas histórias já de domínio popular ou inventaram outras e as consignaram no livro, com propósitos edificantes. Por esse prisma, está bem. Apesar do fato de que muitas de suas passagens não sejam nada edificativas. Mas outras o são, além de haver boa literatura em alguns livros, como os Salmos e o Cântico dos Cânticos.

Você acha que a globo precisa do Criança Esperança para arrecadar dinheiro?

Acho que as doações, de fato, vão para o Unicef, mas o que ela ganha dos telefonemas dá para cobrir uma boa porção do seu rombo. O mesmo acontece no Big Brother Brasil.

Algo que você nunca conseguiu entender:

Não se sabe, ainda, o modo pelo qual a matéria inorgânica se transformou em matéria viva. A hipóteses de Oparin-Haldane não está bem formulada. Espero que a ciência consiga formular uma hipótese testável antes de que eu morra, para compreender esse fato fundamental que possibilitou o surgimento da vida neste planeta e, talvez, em outros. Outra questão desafiante é o surgimento do próprio Universo sem ter do que ter provido. A alternativa é ter sempre existido, mas as observações indicam que teve um surgimento. Como isso se deu, ainda não se sabe. Mas acho isso mais difícil do que a origem da vida. Talvez a explicação não seja encontrada no tempo de minha vida. Mas confio que o será, um dia. Penso que a humanidade existirá por uns 15 milhões da anos. Há tempo...

quais são as atitudes que arrancam um sorriso seu?

Bondade inteiramente gratuita. Generosidade. Gentileza. Cortesia. Abnegação.

você acredita em posessões demoníacas? o que acha disso?

Isso não existe. O que existe, ou é simplesmente uma encenação, ou é um distúrbio mental. Não é possível haver possessão porque demônio não existe.

É bem sabido q os desígnios de Deus são misteriosos.Entretanto alguns falam como se ñ fosse.Ao ponto de dizer q Deus nunca seria capaz de ordenar uma relação sexual.Cite algo q vc jamais esperaria de Deus mas aceita o fato de q Ele seria capaz de mandar.

Vá ser manso assim na Cochinchina... Se, por acaso, existir um Deus, ele não se manifesta. Se se manifestasse, todo mundo teria certeza de que existe. E essa certeza não há. Quem acha que existe, acha porque crê, sem justificativa. Muitos se aproveitam da crença dos outros e dizem que Deus disse isso e aquilo, de acordo com suas conveniências. Ou, mesmo, para o bem do povo, como Moisés ou Jesus. Claro que, existindo Deus, e sendo ele onipotente (senão não seria Deus), poderia mandar o que quisesse. Mas, se fosse bom, como se diz que é, por coerência (e se fosse incoerente não poderia ser Deus), não poderia ordenar um mal. Se bem que, a haver Deus, ele não deveria ser bom, como bem o demonstrou Epicuro, há 2,5 quiloanos.

Professor, qual a sua opinião sobre o Dinheiro? Este não seria o grande mal da humanidade? Como Podemos evoluir sem o Dinheiro?

O grande mal é o egoísmo. Mas o dinheiro é inteiramente supérfluo. Pode existir, se se tiver total desprendimento dele. Mas seria muito melhor se não existisse. O dinheiro não é condição nenhuma para a evolução, nem tecnológica, quanto mais moral e social. Economia não é a ciência e a arte do dinheiro e sim da produção e distribuição de bens. E eles podem ser produzidos e distribuídos de graça. Todo mundo trabalhando, uns pelos outros, sem cobiça e nem preguiça. Sem escambo também. De cada um segundo a sua capacidade, a cada um segundo a sua necessidade. Isso é o anarquismo, a melhor forma de convivência da humanidade. Sem dinheiro, sem propriedade, sem governo, sem estado, sem fronteiras, sem guerras, sem crimes, sem pobreza, sem riqueza, sem doença, sem ignorância e... sem religião. Como diz John Lennon em sua música "Imagine". Utopia? Não! Perfeitamente possível e inexoravelmente atingida em poucos milhares de anos, ou menos, se um processo educativo for desenvolvido e persistir por dezenas de gerações, sem esmorecimento. Para tal é preciso que se envidem esforços para globalizar, de fato, o mundo, pois a anarquia só pode existir se for no mundo todo. Para acabar com a desigualdade social, para acabar com os conflitos religiosos, para acabar com a ganância. Veja o que quer o Dasho Karma Ura, do Butão. http://youtu.be/M1NIXgjNXDk

Se o fim de tudo é a morte, pra quê/pelo quê você vive?

Para aproveitar essa preciosidade única e jamais repetida que é a minha vida. O fato do Universo ter surgido, de se ter formado este planeta, da vida ter aparecido nele, da espécie humana existir e de eu ter nascido é um conjunto de coincidências tão singular que deixar de fruir tal prêmio é uma insensatez exponencial. Mas o significado que se pode dar a essa vida não está em fruí-la egoisticamente. A maior satisfação que se pode ter é, justamente, fazer o bem altruisticamente. É viver para que, por causa disso, o mundo se torne melhor. Isso é que dá a realização plena e a satisfação interior. Que causa alegria e felicidade. Cuidar de si de do outro, não só o outro humano, mas tudo na natureza. Viver em harmonia, fraternidade, paz, alegria. Isso não requer a concepção da existência de nenhum prolongamento da vida após a morte. O que viverá depois de nós será a lembrança da nossa vida na mente das pessoas que conviveram conosco ou que tiveram notícia de nossos feitos. Ateísmo não é niilismo. O bem e o mal existem haja ou não um Deus.

Você se interessa pelas eleições dos EUA?

Sim. Acho que o resultado afeta muito o mundo todo. Sou a favor do Obama e da concepção dos democratas e contra o Romney e as concepções republicanas. Este quadro ilustra bem o meu pensamento. Não consigo entender como alguém possa ter concepções direitistas, mesmo que respeite que cada um possa pensar como quiser. Mas, para mim, o pensamento de direita é o de levar vantagem às custas dos outros que forem menos espertos. Essa noção de "esperteza", que não é a mesma de inteligência, mesmo que a requeira, e, muito menos, de sabedoria, para mim, é abominável:

estou fazendo uma pesquisa de campo para minha escola, e tenho vontade de me tornar físico, por isso a escolha deste campo para pesquisa, e gostaria de saber se vc poderia me ajudar com, informações constando desde dificuldades e facilidades na area até..

pontos altos e baixos da profissão até possibilidade de salarios desde a licenciatura ató o doutorado sendo o maior grau possivel..se não estou enganado (: A atividade de Físico dá uma remuneração semelhante à de um professor universitário, que vai de uns três a uns quinze mil por mês ou mais, se se tiver parte nos lucros da empresa. Poucas empresas privadas contratam físicos no Brasil. A maior parte trabalha para o governo em Universidades e Institutos de Pesquisa, ou para Estatais, como Eletrobrás, Telebrás, Embratel, Petrobrás, Nuclebrás, Furnas. Ou algumas poucas empresas de alta tecnologia, como Embraer e as eletrônicas e de comunicações. Além do mais, um físico, geralmente, também é professor de física em institutos e universidades. Mas é difícil abrir um consultório de físico. A dificuldade é inerente ao próprio assunto, que é tido como difícil para muita gente. Fazer uma boa faculdade em física não é fácil. E, para ser físico, não basta o bacherelado. Tem que ter o mestrado e o doutorado também. Se bem que muitos já têm o pós-doutorado e, como isso, ganham mais pontos em concursos. Mas o que vale mesmo, em um concurso, é a capacidade, o conhecimento, a competência, as habilidades, o trabalho desenvolvido, a participação em projetos de pesquisa, a experiência didática. Para isso, antes de tudo, é preciso gostar muito da Física. Mas muito mesmo. Ser fascinado. Estudar demais porque gosta e não porque precisa. Só assim se é um bom físico. E meter a cara em trabalhos de pesquisa, varando noites acordado, sem ver televisão, sem ter fins de semana e assim por diante. Físico é um profissional que não pode ficar pensando em trabalhar para ganhar dinheiro. É para ampliar o conhecimento e melhorar o mundo. Tem que ser idealista. Não fica rico, a não ser que também seja um empresário daquilo com que mexe.

O que pensa a respeito disso? (http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2012/11/alunos-usam-uniforme-com-chip-eletronico-para-controlar-presenca.html)

Acho ótimo. Não tolhe a liberdade de ninguém. Quem quiser faltar, falte. Mas não minta que foi à aula. Diga que não foi porque não quis. Acho que todo mundo pode fazer o que quiser desde que arque com todas as consequências. Se quer ser livre, saia de casa e se sustente. Se depende dos pais para viver, não é livre e nem pode ser. É preciso ter consciência de que o estudo formal, mesmo que tenha muitos problemas, é um requisito para se poder ter um bom trabalho. Se não se for rico de berço, sem estudo só dá para ser operário desqualificado, lavrador, pescador e atividades similares que não exigem escolaridade. Para qualquer trabalho que possa dar mais renda, como empregado ou por conta própria, é preciso se ter, no mínimo, o Ensino Médio.

Você poderia falar sobre os incentivos do governo aos músicos ?

Realmente, não sei. O que sei que existe são orquestras públicas que contratam músicos. Mas não é fácil entrar. Claro, tem os cursos de música das universidades públicas, que não são pagos. Além disso, não sei.

Já pensou em se matar? O que fez pra vontade passar?

Sim, quando deprimido, mas fico pensando que esta vida e única e tenho que reagir para aproveitá-la, já que não terei outra chance e nem existe vida eterna. E tem muita coisa que quero fazer no mundo ainda. Especialmente deixar minha contribuição para que tudo melhore. Isso eu quero dar por meio da divulgação de minhas ideias anarquistas e ateístas. Isso é que está fazendo falta para que o mundo se torne um lugar justo, harmônico, fraterno, próspero, tolerante, aprazível e feliz para todos e não só para alguns. Para tal o mais importante é a educação. Por meio dela se acabará com a miséria, a fome, a doença, a intolerância, o preconceito, a falta de liberdade e tudo de ruim. Quero contribuir com esse esforço.

Considere uma mãe gravida,fumante,de 24 semanas,faz tentativa de suicídio ao pular de um prédio,sobrevive,é socorrida.Ñ acha q a desgraçada deveria ser presa e amarrada por cordas?E caso ela ñ queira comer,deveria força-la a comer?Se matar é um direito?

O suicídio é um direito, claro. Nem tem como não ser ou se impedir. Mas acho que só pode ser feito em caso extremo. E se se está grávida ele é acompanhado de um assassinado. Mas... não adianta nem condenar a assassina à pena de morte. É uma questão de consciência. Fumar a fazer uso de álcool e drogas na gravidez também é um ato criminoso. Como puní-lo? Para mim o fumo é que tinha que ser abolido das atividades humanas, especialmente econômicas. Mas o sedentarismo também prejudica o feto. Não especialmente durante a gravidez, mas durante a vida pregressa toda. Alimentação desregrada também e hábitos nocivos à saúde, como dormir muito pouco. Tudo isso é uma questão de se formar a consciência, como a ecológica também. E é a educação que tem que promover isso. Esses "Temas Transversais" tinham que ser obrigatórios e exigidos, inclusive possibilitando reprovação. Não acho que se tenha que prender a gestante ou obrigá-la a comer. Tem é que lhe dar apoio para que aceite a gravidez com alegria e a curta. Se não puder criar a criança, que seja providenciada uma adoção. O estado tem que se preocupar com o bem estar das pessoas. A sociedade também, por meio de iniciativas de apoio, sem vínculo governamental e nem religioso.

Você gostaria de poder ser imortal?

Sim, mas isto é impossível, pois o próprio Universo acabará. Antes disso, certamente chegará um momento em que nenhum lugar do Universo será capaz de sustentar uma vida humana. Então, no máximo, se eu não envelhecer e não tiver doença nenhuma nem sofrer nenhum acidente, eu viverei, talvez, só alguns bilhões de anos. Isso se a humanidade descobrir como sair da Terra quando ela estiver para ser engolida pelo Sol. Ou antes, quando os oceanos se evaporarem. Se os humanos não dominarem a imortalidade, acho que nossa espécie não perdura por mais de uns 15 milhões de anos. A vida na Terra pode durar mais uns três ou quatro bilhões de anos.

Há quem diga q os índios são soberanos em suas terras.Vc concorda q eles tem o direito de fazerem o q quiser entre eles mesmos?É aceitável permitir q eles enterrem crianças vivas por causa da religião deles?Ñ é tão errado qnto se permitir o aborto?Há quem diga q os índios são soberanos em suas terras.Vc concorda q eles tem o direito de fazerem o q quiser entre eles mesmos?É aceitável permitir q eles enterrem crianças vivas por causa da religião deles?Ñ é tão errado qnto se permitir o aborto?

Não acho que os índios possam ser soberanos em suas terras e nem se possa deixá-los fora das leis brasileiras, se estão em território brasileiro e são, portanto, brasileiros. Acho que se pode lhes dar alguma autonomia e liberá-los de impostos, só para os que ainda estejam aculturados em relação à civilização brasileira (que alguns chamam de "civilização branca", mas que é a civilização de todos os brasileiros, de todas as raças, etnias e religiões). Então têm que responder por crimes sim, não só esse como qualquer outro. Discordo veementemente da concepção antropológica de se manter os índios à margem da civilização. É o que eles querem, se tiverem contato com ela? Preferem a vida dura do que o conforto da civilização? Os que se valem das vantagens tecnológicas podem se furtar às responsabilidades do resto dos brasileiros? O que acho é que eles têm direito à posse das terras em que já se encontram instalados, de modo legalizado. Mas não podem desmatá-las como os brasileiros não índios também não. Se é crime para um brasileiro não índio devastar a floresta, também o é para os índios. Esse negócio de se ter que respeitar a cultura dos povos é relativo. No que não fira princípios éticos da humanidade sim, mas se os ferir, há que interferir para que isso mude, seja onde for. Não estou falando de moral, que é relativa, mas de ética, a que a moral tem que se submeter. Onde for moral uma prática não ética, a moral tem que mudar. Da mesma forma que onde for imoral uma prática ética. Se for eticamente indiferente, a moral pode ser qualquer uma.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Se uma criança tem o costume de matar e dissecar animais, podemos dizer que no futuro ela poderá querer fazer isso com pessoas?

Poder querer pode, mesmo que não o faça com animais na infância. Mas querer mesmo ou chegar a fazer já é outra coisa. Esse comportamento infantil não acarreta o desejo adulto de fazer o mesmo com pessoas, mesmo que possa permitir. Há uma diferença imensa em poder acontecer e acontecer. Não estou me referindo ao ato, mas ao desejo.

Uma mulher pediu pra dormir na casa de um cara extranho por um motivo que não vem ao caso, lá dentro ela é agredida e estuprada. De quem é a culpa?

Do estuprador, é meridianamente claro. Jamais se pode dizer que alguém pediu para ser estuprada, ferida, assassinada ou que mal seja que a ela se faça. Se pediu para fazer sexo, não é estupro. Pode acontecer que se alegue o ser, a posteriori. Mas, se o foi, de fato, a culpa é do estuprador. Não se pode fazer sexo sem o consentimento do parceiro ou parceira. Isso é estupro. Sempre. E a culpa é de quem executou o ato à revelia do outro.

O perdão é uma disposição natural do ser humano? Ou o ódio e a vingança é que são? Justifique.

Nem uma nem a outra. Ambas são adquiridas a partir de uma índole natural e com o concurso da influência do meio, especialmente pela educação. A índole natural é muito forte, mas pode ser modificada pela educação, para o bem ou para o mal. Num contexto de perdão, este será cultivado e o lado bom do temperamento reforçado para formar a personalidade. Num contexto de ressentimento, ódio e vingança, isso é que será reforçado. Todo ser humano é capaz do bem e do mal. Pessoas boas fazem maldades e pessoas más fazem bondades. Resta saber o que prevalece como a regra geral. O bem precisa ser socialmente cultivado para que a própria sociedade e, em decorrência, cada um, se beneficie e possa viver em paz, harmonia, segurança, tranquilidade, aconchego e felicidade. Caso o mal prevaleça, a vida será um tormento, com apreensão constante, sem alegria, sem afeto, infeliz. Daí o valor do bem, para o prevalecimento do qual a civilização se constituiu. E dentre as componentes do bem está o perdão. Mas o perdão não pode ser dado incondicionalmente. Há que se ter o arrependimento e o propósito de emenda, como se exige para o perdão de Deus, na confissão católica. Mesmo não existindo Deus, o perdão humano se ancora nessas duas condições. Não se perdoa e nem se deve perdoar o criminoso contumaz e incontrito, mas é preciso perdoar quem se arrepende do mal que fez e quer se corrigir. Todavia é preciso entender que, nem sempre, alguma ação que, do ponto de vista de quem for objeto dela, seja má, assim o seja do ponto de vista de seu autor, da sociedade ou dos princípios éticos. Nesse último caso, não há de que se arrepender, pois se agiu para o bem, mesmo que esse bem não seja bom para alguém.

Como a justiça social ameniza o problema da violência?

Havendo justiça social haverá menos desigualdade, menos ignorância e menos pobreza. Tais fatores não justificam a violência e o crime, mas o explicam, em parte. Quanto mais próspero, educado e igual for um povo, menos violento, mais pacífico e mais ordeiro será. Isso é um padrão observado no mundo todo. Claro que há exceções. Há povos pobres e não violentos, como no Butão, por exemplo. Como há nações ricas onde há muita violência.

Professor, você tem alguma dica para quem tenta desenvolver seu raciocínio lógico mas não tem conseguido das maneiras convencionais (ler sobre, estudar, praticar etc...) ?

A melhor maneira de desenvolver o raciocínio é escrevendo e ensinando. Procure o que você quer e comece a escrever sobre o assunto. Para tal você vai ter que pesquisar e, principalmente, construir argumentos para convencer quem for ler da verdade do que está dizendo. E, se possível, dê aulas ou faça palestras sobre o assunto, depois que você escreveu sobre ele. Escreva como se estivesse fazendo um livro didático sobre o tema. Todavia tenho uns livros bons para aprender a pensar: "Pensamento Crítico e Argumentação Sólida" - Sérgio Navega - Intelliwise "Lógica" - Wesley Salmon - Zahar "Introdução à Lógica" - Irving Copi - Mestre Jou "Como Estudar e Como Aprender" - Mira y López - Mestre Jou "O Código da Inteligência" - Augusto Cury - Ediouro "Aprendendo Inteligência" - Pierluigi Piazzi - Aleph "Estimulando Inteligência" - Pierluigi Piazzi - Aleph "Ensimando Inteligência" - Pierluigi Piazzi - Aleph Tem muitos outros, mas, por ora fico por aqui.

Ora, se a ciência é uma invenção, por que acreditar então em seus postulados? Todo o conhecimento epistemológico adquirito até hoje não passa, então, de mera convenção? Se a verdade é inalcançável, por que tentar percrusta-la?

Porque, por meio do modelamento que se faz da realidade é possível prevê-la e controlá-la. E isso é o que se tem como "verdade". Essa "verdade" é feita de convenções, que são os conceitos e as definições. Mas as relações entre o que esses conceitos significam nos é dada pela própria natureza. Força é uma convenção, massa é uma convenção, aceleração é uma convenção, soma vetorial é uma convenção. Mas o fato de que a soma vetorial de todas as forças seja o produto da massa pela aceleração não é uma convenção. É uma lei empírica, verificada pelo comportamento da natureza. Assim se constrói a ciência. Se inventam conceitos e se definem grandezas arbitrariamente. Então se investiga como, na realidade objetiva, aquilo a que esses conceitos correspondem se relacionam. Quando digo que a realidade em si é incognoscível, o que estou dizendo é que não tenho acesso à "coisa em si", mas apenas ao que percebo dela e interpreto de acordo com as convenções que faço. Mas poderia ser que outras convenções tivessem sido feitas e, então, a ciência investigaria como elas se relacionariam. Daí as várias "teorias". Por exemplo, a Teoria da Relatividade Geral considera que a interação gravitacional seja um efeito inercial do movimento em um espaço-tempo (e não um espaço) curvo. Já a Teoria das Supercordas considera que a gravitação seja uma interação em um espaço-tempo plano. Aquela que apresentar mais coerência e maior adesão aos fatos observados será considerada o modelo explicativo mais verdadeiro. Mas é um modelo. Válido até que se descubra algo que ele não consiga explicar. Então tem que ser reformulado ou substituído. Essa é a grande beleza da ciência: nunca ser definitiva.

qual é o seu lema?

Você tem sempre a ver com tudo aquilo de que toma conhecimento! Não se omita, nunca! Mesmo que te cause inconveniências ou, até, problemas. Nunca diga que não é da sua conta. Tudo é da sua conta. Até briga de casal do vizinho. Interfira no mundo para modificar, para consertar, para acabar com o que está errado. Não se cale. Dê murro em ponta de faca sem esmorecer. Invente moda. Cace sarna para se coçar. Deixe o mundo melhor por ter vivido. Senão a vida não vale a pena e sua existência terá sido inteiramente vã.

Você é a favor da lei que proíbe que os pais batam - mesmo que seja uma "palmadinha" - nos filhos?

Sim! Para mim, bater é um absurdo. Porque não se pode fazer o que não se quer que se faça. E não se pode ensinar a uma criança a bater em ninguém. Isso não significa que se tenha que ser permissivo e deixar a criança fazer o que quiser. Há que se educar com firmeza, sem bater nunca. Geralmente se bate porque se perde a paciência. Não se pode perder. Nunca! Controle total e firmeza inabalável. Não ceder por mais que a criança proteste ou chore. E não ficar pensando no que os outros vão dizer. Digam o que quiserem. Não se educa os filhos para fazer pose para os outros. O que não se pode é permitir ou proibir por capricho ou por preguiça. Há que se ter coerência no que se deixa ou não. Que isso não seja por nenhuma comodidade. Educar é cansativo, difícil, trabalhoso, complicado. É sim! Mas tem que fazer assim mesmo. Sem esmorecer. E os cuidadores têm que ter muita dedicação, disposição e arranjar tempo para ficar com a criança, brincar com ela, ensinar o dever, ajudar em tudo. Mas não ceder a seus caprichos e à sua tirania. Logo de cara, desde pequenininha. Deixa chorar... Uma dos aspectos mais importantes da educação é treinar a superar as frustrações. Se não se nega nada, é um problema muito grave. Mas não se pode negar por conveniência ou preguiça. Se não houver razão, que se permita, mesmo que isso envolva trabalho do cuidador. Veja menos televisão, durma menos, mas crie seu filho bem. E não fique esperando retorno. Essa função não é paga. E nem desconte nos filhos o que sofreu por parte dos pais.

Olá, Professor. Quais são seus filmes favoritos?

Esta ordem não é de prioridade. São os que vou lembrando: A Lista de Schindler As Pontes de Madison Moulin Rouge Um Violinista no Telhado Solaris A Noviça Rebelde My Fair Lady Yentl High Society Singin' in the Rain West Side Story O Rei e Eu Casablanca Se meu apartamento falasse Girassóis da Rússia Doutor Jivago Viva Maria! Un homme et une femme Tem mais, depois eu lembro e posto.

Você acha que essa música é machista? (http://www.vagalume.com.br/milton-guedes/mulheres.html)

Sim e não. Há aspectos machista e outros em que se reconhece o valor das mulheres.

Que programa de tv te distrai nos fins de semana?

Às vezes vejo o da Inezita Barroso e do Rolando Boldrin, bem como o programa de Música Clássica, todos da TV Cultura. Quase não vejo televisão.

as pessoas estão cada vez mais individualistas?

Infelizmente, tenho percebido que sim. Mas acho que isso não seja uma tendência de longo prazo. O que percebo da evolução histórica dos últimos milênios é uma tendência oposta. Parece que essa individualização é um descida de dente de uma serra que se inclina para cima. Como o aquecimento atmosférico atual é uma subida de dente de uma serra que está descendo para outra era glacial. O individualismo é extremamente nefasto. Não o confunda com introspecção. Individualismo é uma atitude egoísta de querer prioritariamente o benefício pessoal em detrimento do coletivo. O individualista pode ser sociável e o introspectivo pode ser altruísta. Nem sempre o introspectivo e misantropo. Mas o individualista é sempre ávaro, mesquinho, invejoso, ganancioso, tapeador, competitivo, insensível. Não é solidário, colaborador, generoso, compassivo, prestativo, diligente, desprendido. E são estas as virtudes capazes de construir um mundo harmônico e fraterno, próspero e aprazível, justo e igualitário, pacífico, alegre e feliz para todos e não só para alguns. Para se chegar a um mundo assim, sem crimes, sem disputas, sem corrupção, sem tretas e nada disso, é preciso que se dispa do individualismo e se vista a colaboração solidária, a doação de si ao outro e a todos. Essa tendência momentânea pode ser revertida pela educação. Mas só uma educação pelo exemplo. Então, todos que acharem que assim é que tem que ser, têm que dar o exemplo de desprendimento, para que outros o sigam. O que estou dizendo é trabalhar de graça mesmo. Pelo menos parte do tempo para o bem comum. Seja em projetos comunitários, seja difundindo idéias a respeito.

Como saber se a Ciência não é só uma crença, inventada pelos homens?

Por dois aspectos: Primeiro - a Ciência submete todas as suas propostas de explicação ao crivo da verificação. Segundo - a Ciência nunca considera que tenha uma explicação acabada sobre nada e está sempre disposta a rever-se. As crenças são formadas por adesão a propostas de explicação meramente opinativas, que não se sujeitam a ser submetidas a verificação e pretendem ter a resposta definitiva. Mas a ciência também incorpora algumas crenças, dentre elas: Há um mundo objetivo real fora das nossas mentes. As explicações científicas são melhores do que as não científicas. Qualquer fenômeno é passível de explicação científica. Se não se a tem, um dia se a terá. Explicações não científicas podem ser verdadeiras só por coincidência. Não há garantia de que sejam até que se tornem científicas. O cientificismo é a concepção de que "só" as explicações científicas sejam aceitáveis. Isso não pode ser sustentado, porque há muito mais fatos não explicados cientificamente do que explicados. Então é preciso se aceitar explicações vulgares, se forem úteis e proveitosas. O que não se pode aceitar são explicações que apelam para realidades fantásticas, completamente despropositadas. Melhor considerar que não se tem explicação. As quatro crenças que mencionei não se configuram em cientificismo. Vejo o que já disse sobre isso: http://www.youtube.com/watch?v=YMhtN92uJPc

O que você acha do ENEM?

Para mim, em tese, é a melhor maneira de se aferir a competência de uma pessoa para fazer um curso superior. Todos os vestibulares deveriam acabar e só haver o ENEM, conjugado com o SISU. Mas o ENEM precisa ser aperfeiçoado. Para começar ele está muito elementar. Tinha que ser mais puxado. Depois tinha que ser serial. Ou melhor, aplicado semestralmente. E, com o recurso da "resposta ao item", não precisava ser o mesmo para todo mundo. As universidades públicas poderiam ser responsáveis pela aplicação dele nas regiões abrangidas por elas. O escore continuaria a ser comparável, mesmo que as provas fossem diferentes. E eu prefiro o ENEM do modo como começou: totalmente interdisciplinar, sem questões por nenhuma das ditas "Áreas de Conhecimento". Apenas uma prova só, de questões embaralhadas sobre os diversos assuntos e, cada uma, envolvendo mais de uma disciplina. Para mim o ENEM, mesmo que se preste a selecionar para o Ensino Superior é, fundamentalmente, um "Exame de Saída" da Educação Básica, aferindo se ela foi proveitosa para aquele dado estudante. Então não pode ter, inclusive, nenhuma ponderação de nenhuma área de conhecimento visando a seleção para tal ou qual área dos cursos superiores. Todo aluno de curso superior tem que ser competente em todas as áreas de Educação Básica. Outro problema que tenho percebido é a inserção de textos iniciais em questões para as quais ele não tem a menor relevância na resposta. Isso é uma "encheção de linguiça" inteiramente ridícula. Textos são valiosos, mas se a questão necessitar da compreensão deles para ser respondida. Caso contrário, melhor dispensá-los.

Na sua opinião, a verdade sempre aparece?

Não. "Sempre" é uma palavra perigosa. Como "nunca". Podem haver mentiras que não sejam desmascaradas e a verdade revelada. Como saber? Não há nada que implique que, inexoravelmente, a verdade será conhecida. Pode não ser nunca.

Professor, gostaria que o senhor pudesse diferenciar estes termos: Etnocentrismo de Racismo; Preto e Negro; Raça e Etnia. Quais destes são mais adequados para o uso no dia-a-dia?

Raça é puramente biológica, isto é, morfológica e genética, enquanto etnia envolve também características culturais, como costumes, língua e religião. Mas há etnias multi linguais e multi religiosas, bem como línguas e religiões multi-étnicas. E etnia não é bem cultura. Mas a diferença é sutil. A etnia envolve uma origem e uma continuidade histórica, bem como uma perspectiva de futuro de um grupamento de seres humanos. O que distingue, mesmo, é um elo de costumes compartilhados. Uma etnia pode abranger mais de uma raça, enquanto pessoas de mesma raça podem participar de etnias diferentes. Normalmente há uma correlação, mas nem sempre. O conceito de raça tem sido defenestrado porque pode induzir a preconceito. Mas eu entendo que prevaleça, isso não significando que nenhuma delas possua qualquer superioridade sobre as outras. O que pode acontecer é que algum aspecto, como resistência ou não a certas doenças pode ser maior em umas do que em outras, como acontece com a estatura, a compleição, o tipo de cabelo, a cor da pele, a cor da íris, a cor do cabelo, o repuxado dos olhos e várias outras. Mas não se verifica haver diferença na média de inteligência, por exemplo. Isso mostra que há diferenciação de características fenotípicas e elas são hereditárias. É lícito chamar isso de raça. O que não é lícito é fazer qualquer intolerância social com base nessas características. Preto é o nome de uma cor e negro, que também designa a cor, já é o nome que se dá a pessoas de raças cuja pele seja bem escura, próxima do preto, se bem que não há ser humano com a pele verdadeiramente preta, como não há de pele verdadeiramente branca, nem amarela, nem vermelha. Note que há muitas raças que têm a pele dita negra ou preta. Uma pessoa é dita "negra" se pertence a uma raça que tenha a pela negra. Não vejo problema em chamá-la de preta, como não vejo problema em chamar uma pessoa de pele rosada ou beje de branca e uma de pele de tom castanho claro avermelhado de vermelha e nem de pele beje mais amarelado de amarela. Então Etnocentrismo é a consideração de que alguma etnia seja melhor do que outras e Racismo é o repúdio de alguém de uma raça em relação a outra raça. No dia a dia, há que se usar cada termo para o que se refere, em cada caso.

Você pensa em exigências estranhas para seu funeral? Se sim, o que?

A maior exigência que tenho para o meu funeral é que ele não ocorra. Quero ser cremado sem nenhum cerimonial.

Você já leu ou tem vontade de ler a bíblia inteira?

Já li muitas partes, mas não toda. Tenho vontade de ler, mesmo sendo ateu. Acho muito importante conhecer esse livro que tem uma influência enorme em nossa civilização. Nem que seja para contestá-lo. Mas há conteúdo proveitoso na Bíblia também.

Por que "é feio menina falar palavrão" e menino não?

Falar palavrão é feio tanto para meninas quanto para meninos, é claro. Pessoa educada não faz isso, seja homem ou mulher. E ser educado não é boiolice nenhuma. Todo homem tem que ser educado sem perder a masculinidade. E masculinidade não é machismo. Já vi um texto humorístico classificando como boiola homem que toma vinho em vez de cerveja, chá em vez de café, que tampa a privada, que lava a mão antes de comer, que não diz palavrão, que se veste bem, que não arrota em público, que pede licença, que pede desculpa, que usa bem o português, e assim por diante. Bem... todo humorismo tem um fundo de verdade. Há quem pense isso mesmo. Nesse caso eu sou um boiola elevado à enésima potência. Ainda mais que curto música clássica, assisto ópera e coisas assim. Esse tipo de concepção é o cúmulo do preconceito, do machismo e da intolerância. E eu não tolero a intolerância... Não sei como podem haver mulheres que sintam atração por esse tipo de homem.

A religião desvirtua o ser humano impedindo um melhor convívio social ou é necessária desde que o indivíduo não aceite seus dogmas simplesmente porque está no "pacote"? Argumente.

Nem desvirtua nem é necessária. Mas é inconveniente. Pessoas que já possuem uma retidão de caráter, se religiosas, a manterão, como também se não o forem. Pessoas "do mal" assim o serão quer sejam religiosas ou não. Mas se o forem, é pior, pela incoerência. O interessante é que essa retidão, que consiste na disposição de ser bom e fazer o bem, é algo que não tem a ver com a religião. É uma convicção interna que faz a pessoa ser assim porque vê que é o que se tem que ser, independentemente de, com isso, ir para o céu ou evitar o inferno. Então assim ela o será, mesmo que não tenha crença religiosa. Nisso entram dois fatores: uma índole nata e um condicionamento educativo. A índole nata é muito forte, mas pode ser mudada pela interação com o ambiente e, certamente, não é desculpa para qualquer procedimento criminoso, exceto se for uma doença mental mesmo. Comportamento ético não é exclusividade religiosa. Pode-se tê-lo sendo ateu e, em verdade, muitos ateus são, até, mais éticos do que religiosos. O que dita isso é a filosofia, que as religiões incorporam. Mas não é o "temor de Deus" que dita o comportamento, mesmo que ajude. É a concepção, a "weltanschauung" que a filosofia embutida nas religiões promove. Mas que pode ser promovida sem elas, pela educação inteiramente laica. O inconveniente da moral de fundo religioso é vir acompanhada de ilusões a respeito da existência de entidades e situações imaginárias, como Deus, a alma, o céu e o inferno. Só vejo valor na ética de fundo religioso se ela provir de um sentimento de amor a Deus que leve a ser bom e a praticar o bem, mesmo que, com isso, se vá para o inferno. Então esse comportamento não será ditado pelas regras da moral e sim por um sentimento mais profundo do que o de obediência.

Professor, uma pessoa culta é automaticamente inteligente ?

Claro que não. São aspectos inteiramente distintos. Adquirir cultura requer certa inteligência, mas não tanta. Requer mais dedicação, empenho e esforço. Pode-se ser bem culto sem muita inteligência, desde que se tenha alguma. E pode-se ser muito inteligente e não se ter cultura, claro. Se se for burro mesmo, é difícil se tornar culto. E se se for muito inteligente, isso fica mais fácil, inclusive porque essa facilidade estimula o aprendizado e, então, cria um círculo vicioso, pois o ato de adquirir conhecimento é estimulante para a inteligência. O mais importante, contudo, não é a inteligência nem a cultura, mas a sabedoria. Essa pode existir em pessoas de pouca cultura e não muita inteligência. Da mesma forma que pessoas muito cultas e inteligentes podem não ser sábias. Sabedoria é a capacidade de fazer uso dos conhecimentos, das habilidades, da inteligência, da sensibilidade e da vontade para agir no sentido de promover o bem, para si e para os outros.

Alguém de 18 anos já tem liberdade ou só terá quando sair da casa dos pais?

Já tem alguma, mas fora da casa dos pais terá muito mais. Mas nunca terá uma liberdade total, pois todos nós estamos contingenciados pela sociedade. A não ser que sejamos completamente rebeldes e párias, teremos que nos amoldar a certas exigências, como não andar pelado na rua, por exemplo. Essas concessões são válidas, desde que não firam princípios fundamentais. Ser livre é muito bom mas exige grande responsabilidade. Só é livre quem não dependa de ninguém para se manter. No caso, quem for empregado não é totalmente livre. Tem que ser patrão ou autônomo. Quem se casa, também não é totalmente livre. Mas é licito se restringir a liberdade por iniciativa própria, mas não por imposição de outrem. Uma pessoa, mesmo que tenha renda, que viva com os pais, tem maiores restrições à sua liberdade. Mas pode preferir isso a viver em atrito com eles, o que não é bom. Realmente acho que a pessoa deva morar com os pais só até, no máximo, terminar a faculdade, se o fizer. Daí para a frente deve se desligar da tutela deles e aferir sua própria renda para ser independente. Melhor até se fizer isso antes. O que não pode, de modo nenhum, é sair da tutela dos pais para cair na do marido ou da mulher. Tem que ser independente quer se case ou não se case, Mesmo que viva junto, acho melhor não casar. E jamais, jamais, jamais, jamais, depender de marido ou mulher para viver. Tem que estar junto porque gosta e quer, enquanto gostar e querer. Sem dependência. Claro que com compartilhamento, inclusive econômico. Mas isso não é dependência. Pode ser rompido a qualquer momento sem prejuízo para ninguém. E sem ninguém pagar pensão para ninguém. Quanto aos filhos, quando houver, é claro que o pai e a mãe são responsáveis pelo provimento da vida e da educação deles. Não precisa de lei para isso. Basta a consciência. E não é só separar, dar dinheiro e deixar a trabalheira com o outro (geralmente a mãe). É dividir a trabalheira também. Tudo, tudo, tudo.

Por favor, explique-me como funciona o tal "Capitalismo Pulverizado"?

Trata-se da divisão do capital entre muitos. Todas as empresas se tornam sociedades anônimas ou, se não, propriedade de seus trabalhadores. As pessoas todas deixam de ser empregadas e se tornam co-proprietárias de seus trabalhos. Mas podem o ser também de outras empresas. O governo fica, provisoriamente, com a regulamentação e o controle do funcionamento disso. Até que tal modo de ser passe a ser algo completamente assumido, o que demora centenas de anos. Então se pode ir acabando com a propriedade e o dinheiro, bem como com o governo e as fronteiras. A construção do anarquismo, vista de um prisma histórico, dentro de alguns milhares de anos, é uma coisa linda. É a evolução da humanidade da competição para a colaboração, da ganância para a generosidade, do egoísmo para o altruísmo, da malvadeza para a bondade, da inimizade para a amizade, da guerra para a paz. Uma situação de harmonia, fraternidade, igualdade, liberdade e felicidade globais. Sem pobreza, sem ignorância, sem doença, sem crimes. A saúde, a educação, a renda e a segurança estarão asseguradas não por nenhuma decisão ou poder estatal, mas pela própria disposição de cada um em trabalhar para isso. Tirando os casos de doenças mentais, que motivo haveria para qualquer crime se tudo é de todos e nada é de ninguém? Inclusive maridos e mulheres. Paralelamente a isso vai se implantando um espirito comunitarista e coletivista de compartilhamento de tudo, sem individualismo, sem residências e sem veículos particulares. Com tipos "apart-hoteis", restaurantes, lavanderias, centros de lazer, bibliotecas, ambulatórios, salas de computadores, cinemas, salas de televisões, piscinas, creches, escolas. Tudo coletivo, público e de graça. Pessoas trabalhando de graça em tudo isso. Uns pelo bem dos outros. Projetos maiores, como construções de rodovias, usinas elétricas, usinas de álcool, indústria aeronáutica, naval, automobilística e todas essas grandes seriam administradas por comitês "ad hoc" constituídos pelos interessados. Uma beleza. Sem brigas, sem competição. Mas o mais importante é a mudança de mentalidade. Por isso o anarquismo é, antes de tudo, não uma concepção política e nem o comunismo uma concepção econômica, mas psicológica, a ser desenvolvida pela educação continuada por várias dezenas de gerações, no mundo todo.

Demon est Deus inversus? Os chamados anjos caídos são a própria humanidade? O Demônio da Luxúria,o Demônio do Orgulho, o Demônio da Rebeldia,não existiam antes de surgir o homem físico consciente.Foi o homem quem engendrou e criou o Demônio?

Certamente que sim, bem como os anjos, os gênios, as fadas, os duendes, Deus e todo tipo de entidades sobrenaturais. O mal é algo que existe na natureza. É a propriedade de causar dor, prejuízo, sofrimento, seja por iniciativa de um ser consciente disso ou não, ou ainda pelas próprias forças inanimadas (furacões, terremotos...) Como o homem primitivo sempre via algum agente para as ações, supunha que tudo era provocado por algum ser invisível. Assim também as ações e intenções malvadas das pessoas. A esse ser hipotético que instigava as pessoas a fazer o mal se deu o nome de diabo ou demônio, cujo chefe seria o Satanás, o anti-Deus. Mas algumas crenças não consideram que os deuses sejam necessariamente bondosos. Toda essa realidade sobrenatural, nas várias culturas que se influenciaram historicamente, foram engendradas pela imaginação e transmitidas oralmente com alterações por milhares de anos até que, com a invenção da escrita, ficaram codificadas em livros ditos "sagrados". Daí se configuraram as instituições chamadas "religiões" que se organizaram em torno de um corpo de crenças e lhes deram um suporte organizacional, inclusive por meio de coações sociais aos que delas discordasse em cada cultura, como aconteceu com Sócrates e com Jesus. Depois os cristão, quando deixaram de ser a discordância do judaísmo e do paganismo, passaram a perseguir a discordância deles. Assim os muçulmanos e, mesmo, dentro do cristianismo, entre católicos e protestantes, por exemplo (estes ditos "hereges" por aqueles). Daí se vê que religião é algo inteiramente humano, não tendo nada a ver com Deus, mesmo que ele exista.

O ponto de vista legal tem prioridade sobre o moral?

De modo nenhum! E o moral não tem prioridade sobre o ético. A ética é o que é certo e o que é errado. A moral é o que é permitido e proibido pela sociedade. A lei é o que é permitido e proibido pelo estado. Claro que a moral dever ser ética e a lei deve ser moral. Mas nem sempre o são. Se não forem, que se prevaleça a ética, mesmo que se vá para a cadeira por isso. É o que se chama de "Desobediência Civil". Exatamente fazendo assim é que muitos líderes, indo para a cadeia, conseguiram mudar as leis nefastas, como Mandela e Gandhi. Ou morrendo, como Cristo. Nem todo mundo está disposto a morrer ou ser preso porque não cumpre a lei em nome da justiça e da ética. Mas é o que se deveria fazer, para mudar o mundo.

Qual o sentido da frase: "Ser crítico é uma virtude, uma necessidade"?

Certamente que é uma grande virtude e uma necessidade. Virtude porque é uma atitude voltada para a descoberta da verdade e para a implantação do bem. Necessidade porque sem crítica muitas ações nefastas ao bem geral seriam feitas. Acomodar-se e deixar o mal se realizar por covardia ou comodismo é um grande opróbrio. Nós temos a ver com tudo de que tomamos conhecimento e se omitir, ao menos criticando se não se puder agir, demonstra mau caráter. Há que se vencer o medo e criticar, mesmo que se seja prejudicado. O bem geral é maior que o bem particular. A cordeirice brasileira em deixar passar muita atitude folgada é que leva as pessoas impunes a achar que se tem que tirar vantagens dos otários mesmo.

É muito mais fácil a água arder no fogo do que encontrarmos a verdade sobre nós mesmos? Livre interpretação e justifique.

Como qualquer substância, dependendo da temperatura, a água pode ficar incandescente sim. Lá pelos dois mil graus célsius. Inclusive, água muito quente pode botar fogo em alguma coisa. Mas tem que estar a vária centenas de graus célsius e, portanto, gasosa. Como o vapor superaquecido das caldeiras. Por outro lado, saber a verdade sobre nós mesmos não é tão difícil assim. Basta ser introspectivo, perspicaz e honesto. Observando-se a si mesmo e analisando seu próprio procedimento, como se fora outra pessoa, é-se capaz de vir a saber muito sobre si. Mas há que ser honesto para admitir as próprias fraquezas e não ter falsa modéstia (mas ter modéstia), para se reconhecer como se é e lutar para se melhorar. É bom, também, se valer da crítica sincera dos amigos e, principalmente, de quem nos nutre desafeto, talvez por nossa sinceridade. Vale muito ter boas noções de psicologia. Sugiro "O Livro da Psicologia" da Editora Globo e "Introdução à Psicologia" de Linda Davidoff (Makron).

Qual a ligação que existe entre o preconceito e o fanatismo?

Quem é fanático considera que o seu ponto de vista é o único verdadeiro e aceitável. Jamais considera que outros também podem ter razão e que pode ser que ele esteja equivocado. Assim, acha que quem pensa diferente não só está completamente errado como é uma pessoa nociva, por poder influenciar a outras em sentido contrário àquilo que seria o certo. Então o preconceito contra qualquer dissidência de suas concepções. A partir dessa divergência, o fanático imputa ao que não concorda com ele uma série de características completamente dissociadas do assunto, como conduta imoral, ignorância, burrice, desonestidade e assim por diante. Associa a outras características diferentes desse seu desafeto qualificações depreciativas, como etnia, gosto artístico, religião, costumes, origem social e geográfica e por aí vai. Fanatismo é uma grande peste da humanidade. Não importa de que lado seja: religioso ou ateísta, capitalista ou comunista, democrático ou ditatorial, corintiano ou sãopaulino.

"As santinhas são as piores", o que você acha dessa frase? É machista?

Tremendamente! Piores em quê? Mais safadinhas? Isso é pior? Santinhas como? Castas? Então são piores em que? Se em safadeza, não são castas. Mas que valor há em ser casto? Entendendo por casto quem não faz sexo ou nada relacionado, em que isso seria bom? Se se entender a castidade como fazer sexo só com sentimento, então tem um valor. Mas abster-se de sexo se se é capaz e se se tem vontade, não é bom. Se se é naturalmente assexuado então essa abstenção não é castidade, pois nem se tem vontade. Isso é normal e não se configura em patologia nenhuma, nem orgânica nem psíquica. Mas querer sexo e não se permitir fazer é uma patologia. Então não entendo em que isso seria "pior". E nem como alguém "santinho" seria, por isso, mais fogoso. O que pode significar é que "santinho", significa um fingimento de não gostar de sexo quando se gosta. Mas isso é que não é santidade nenhuma. Para que fingir? Se se gosta, diz que gosta e curte. Pronto! Se isso for motivo para uma pessoa rejeitar essa pessoa, então é melhor que rejeite mesmo, pois essa que rejeita não merece aquela. Trata-se de uma pessoa preconceituosa, que vê o sexo como algo sujo. Claro que não é. É algo bom, que, além de dar prazer físico, desperta o amor, o cuidado, a dedicação. Traz felicidade, paz, concórdia, alegria. O mundo seria muito melhor se as pessoas se dedicassem mais ao sexo do que a querer passar a perna nas outras para ganhar mais dinheiro. Mas um sexo com amor, com doação.

O que acha do dia de finados? Vale a pena fazer homenagem para os mortos?

Inteiramente dispensável. Você reverencia a memória das pessoas que amou, admirou e respeitou não em um dia especial, mas todo dia. Ou no dia do aniversário do nascimento delas. Para que levar flores ou alimentos ao túmulo de alguém. Aliás, túmulo não deveria existir. Todo mundo devia ser cremado e suas cinzas espalhadas ao vento. Cemitério é algo inteiramente idiota. Se alguém merece um reconhecimento especial, que se faça um monumento a essa pessoa numa praça pública. Mesmo quem supõe que há alguma alma que sobreviva à morte do corpo, ela não estaria na sepultura. Fazer o quê lá? Para mim, que não acredito que exista alma nenhuma, então é que esse dia é inteiramente ridículo.

É verdadeiro que nossa galáxia está girando em torno de um buraco negro?

Tudo indica que, realmente, existe um buraco negro no centro de rotação desta galáxia. Mas cada coroa do disco galáctico gira em torno do total de conteúdo que está no interior dela, não só o que está no centro. Sua massa foi estimada em quatro milhões de sóis, o que significa quatro milionésimos da massa da galáxia. Logo não tem massa suficiente para fazer a galáxia toda orbitá-lo.

Na física quântica existe a hipótese dos muitos mundos simultâneos, que abrigam as várias probabilidades. O senhor, como físico, sabe explicar mais sobre isso? O sr pode expressar uma opinião também?

Essa hipótese, no meu entendimento, é uma interpretação equivocada. Acontece que, na teia de encadeamentos de eventos, não há um determinismo, cada evento pode produzir vários outros diferentes, com diversas probabilidades, mas, a cada vez, qualquer um pode ocorrer. Uma interpretação, devida a Hugh Everett e a Bryce DeWitt é que todas essas possibilidades existem em Universos Paralelos. A cada momento, um número imenso de Universos Paralelos iria se formando, pelo número de combinações de todas as possibilidades de estados globais do Universo inteiro, como união de todas as possibilidades de todos os estados de cada partícula dele. Mas isso é só uma conjectura do tipo que não se pode provar nem negar. Não há como saber se existem outros porque sempre estamos naquele que corresponde ao conjunto de possibilidades que nos faz estar aqui e agora. Nos outros também poderíamos estar, mas seriam outros nós, como outras histórias, que se desenrolariam em um imenso número de ramificações a partir de cada ocorrência com cada partícula. No meu entendimento só há um Universo que é o que estamos. As outras possibilidade que não ocorreram neste ficaram perdidas. Dê uma olhada nisto: http://pt.wikipedia.org/wiki/Interpreta%C3%A7%C3%A3o_de_muitos_mundos

Dizem que dia 31 de outubro os mortos ficam mais próximos de nós, você acredita nisso?

Os mortos não existem mais. Não são mais as pessoas que foram quando eram vivos. Deles resta apenas a matéria última de seus corpos, que se reincorporou à natureza. A pessoa acabou. Não fica mais próxima nem mais longe de ninguém em momento nenhum. Só a sua lembrança é que pode ser avivada nas datas em que se os reverencia.

Professor, o que é radiação de fundo? Em pesquisas que fiz encontrei definições adversas que só me deixaram mais confuso. Se possível gostaria que me dissesse qual a relação dela com o método de Rietveld para refinamento de estruturas cristalinas.

Radiação de fundo é a sobra de radiação que ficou quando, devido à expansão do Universo, as partículas de matéria e antimatéria se afastaram o suficiente para não mais se aniquilarem, produzindo fótons e esses fótons colidirem e voltarem a produzir pares de matéria e anti-matéria. Isso se deu 370 mil anos após o Big Bang. Como há uma assimetria entre a meia-vida das correspondentes partículas e anti-partículas, sobrou um resto de matéria, na fração de um bilionésimo do total de matéria e anti-matéria antes existente. O resto ficou como fóton, à época de raios gama. Com a expansão, o comprimento de onda cresceu e hoje eles são de micro-ondas. Estão por aí, vindo de todos os lados, há mais de treze bilhões de anos. Podem ser detectados por antenas e fazem parte da chieira que se capta em um televisor quando não se sintoniza canal nenhum (a outra parte é o "ruido Johnson", devido à temperatura dos componentes). A descoberta deles, em 1965, por Arno Penzias e Robert Woodrow Wilson (que lhes valeu o Prêmio Nobel) foi em função do projeto de antenas de micro-ondas e confirmou a teoria de George Gamov, Ralph Alpher e Robert Herman, de 1948, sobre o "Big Bang". O pico de seu espectro está em 1,9 mm, correspondente a uma radiação de corpo negro a 2,7 kelvins. Tem uma isotropia com variações menores do que uma parte em cem mil, o que garante várias hipóteses das soluções relativísticas gerais sobre a evolução do Universo e a massa nula do fóton, como mostrei em minha tese de mestrado. Não conheço esse método de Rietveld, assim não posso dizer nada a respeito. A física da matéria condensada é um assunto que, infelizmente, eu não estudei com profundidade, abrangência e detalhamento, para dizer que entendo. Veja isto: http://pt.wikipedia.org/wiki/Radia%C3%A7%C3%A3o_c%C3%B3smica_de_fundo_em_micro-ondas http://pt.wikipedia.org/wiki/Big_Bang http://pt.wikipedia.org/wiki/COBE http://pt.wikipedia.org/wiki/WMAP Se você ler inglês, prefira as versões nesse idioma.

Através da força da lei,muitos católicos buscam tornar o país mais belo,moral e justo.Dentre seus esforços estão a proibição do aborto e das pesquisas com células tronco. Ñ acha que deviam buscar leis para proibir a coleta de esperma em laboratórios?

Que rematada bobeira! A Igreja Católica está sofrendo de senilidade (caduquice). Essa moralidade de considerar a masturbação um pecado não tem o menor sentido. Tem que ser revista. Não só para exame urológico mas para qualquer caso. O que isso tem a ver com feiura ou injustiça? Só é imoral porque não é permitido. Mas quem está errada, nesse caso, não é a masturbação, é a moral. Outra rematada asnice é a proibição de pesquisas com células-tronco. Não consigo conceber a razão disso. Ainda mais quando elas não forem procedentes de embriões. Mesmo que o sejam, se os embriões estão congelados para nunca serem usados, algum dia serão descartados. Se forem usados para estudos e para a cura de pessoas, estarão tendo um destino muito mais nobre do que o lixo. Portanto esse padre está dizendo bobagem.

Qual doutrina você se identifica mais, capitalista ou socialista? acha que seria possível fazer uma sociedade socialista baseada meritocracia? Qual seria o tipo de sociedade ideal pra você?

Capitalismo é uma concepção econômica, socialismo é uma concepção política. O oposto do capitalismo é o comunismo, que pode ser socialista ou não e o oposto do socialismo é o libertarismo, que pode ser capitalista ou comunista. Sou um comunista libertarista. Não acho que o socialismo e nem o capitalismo sejam bons. A verdadeira união do comunismo com o libertarismo se dá no anarco-comunismo, que é a minha posição político-econômica. Mas, para mim, o caminho para se chegar lá não está no socialismo e sim na social-democracia em que a economia é capitalista com intervenção governamental no seu controle e em questões fundamentais para o bem-estar social, como educação e saúde. Com a gradativa transformação de todos os empregados em patrões, de modo que só haja proprietários e com o partilhamento de propriedade até que não se possa dizer quem seja dono de que nem quem seja patrão de quem. Abolem-se os empregados. Ninguém trabalha para ninguém. Todos são patrões. Chegará um ponto em que se pode, também, abolir o dinheiro e a propriedade. Mas muito gradativamente. Ao longo de algumas centenas ou, até, milhares de anos. Sem revolução. Isso é perfeitamente factível. Essa é a sociedade ideal. Sem estados, sem governos, sem fronteiras, sem propriedade, sem dinheiro, sem cobiça, sem preguiça, sem crimes, sem ricos, sem pobres, sem incultos, sem insalubridade, sem poluição, sem guerras. Chegaremos lá em menos de cinco mil anos. E ainda viveremos alguns milhões de anos assim, até que nos extingamos e sejamos substituidos pelos trans-humanos.

Existe evolução da consciência? http://www.youtube.com/watch?v=Q0jFBjcX-cQ

Tanto este quanto o primeiro diálogo são bem extensos e eu só tenho tempo para ouvir no fim de semana. Acho esses dois pessoas notáveis, muito inteligente e cultas, mas equivocadas em muitas de suas concepções. Todavia, é claro que a consciência evolui, pois se trata de uma função do organismo e este evoluiu ao longo das espécies até o homem e prosseguirá evoluindo além dele, nas espécies que se seguirão. Não é só o homem que tem consciência. Além dos hominídeos já extintos e dos outros humanos que houve, outros animais também a têm, como os primatas superiores, golfinhos, e muitos outros, inclusive corvos e papagaios. E poderá haver, até, em artefatos eletrônicos. Outra coisa é que, no mesmo indivíduo, ela pode se aprimorar com o tempo e com treinamento, se bem que isso não se configure numa evolução. Consciência é uma ocorrência mental e mente é uma ocorrência do organismo, especialmente do cérebro, de seus anexos encefálicos, de todo o sistema nervoso e do glandular. Mas não se situa em uma instância incorpórea e etérea, como se imagina ser a dita "alma", que, simplesmente, não existe como entidade, podendo ser concebida apenas como a mente juntamente com o fato de que se está vivo, isto é "animado".

Quantas dimensões existem no universo?

Há controvérsias. Até o momento só estão garantidas quatro. Três espaciais e uma temporal. Dimensão é número de graus independentes de liberdade de movimento. Sempre se move no tempo, apesar de nunca se poder retroceder, mas pode-se avançar a velocidades diferentes um em relação a outro. E, no espaço, se pode mover, independentemente, para frente, para trás; para cima, para baixo; para esquerda e para a direita ou uma combinação desses movimentos. Isso dá três dimensões. Há teorias, como a das supercordas, que consideram a possibilidade de haver outras dimensões, ditas recurvadas. Como se uma linha não fosse uma linha mas sim um tubo oco, muito fininho. Então, em cada dimensão espacial haveria a liberdade de se girar em volta desse tubinho. Isso aumenta o número de dimensões em três, passando a sete. Outras dimensões também podem ser imaginadas, por exemplo, considerando não um tubinho, mas um tubinho enrolado em forma de uma mola helicoidal. Todavia, nenhuma dessas dimensões recurvadas já foi detectada. A teoria prevê que elas sejam muito diminutas, de modo que se requeira uma energia muito grande para observá-las. Para mim, não existem. Só as quatro que falei.

Quais são as principais diferenças entre agnosticismo, empirismo, epistemologismo e ceticismo. Não encontrei fontes que me dessem uma definição clara, por essa razão faço a pergunta.

Esses são conceitos referentes ao conhecimento. Conhecimento é a formulação de juízos a respeito da realidade: sobre o que ela seja, porque assim o é, para que é como é, como acontece de ser. Esses juízos são expressos por proposições. Para o conhecimento ser válido é preciso que essas proposições sejam verdadeiras, isto é, que haja coincidência entre a realidade e o que se diz a respeito dela. A verdade dita "absoluta" seria essa perfeita coincidência. A verdade "relativa" seria o que se acha que seja a verdade, se a pessoa é sincera, isto é, o que ela diz está de acordo com as suas percepções e conclusões. Mas pode não estar de acordo com a realidade, se suas percepções ou conclusões forem incorretas. É uma verdade subjetiva. Uma pessoa pode, ao mesmo tempo, não estar mentindo nem dizendo a verdade, pois ela pode achar que está certa mas não estar. O problema é saber que critérios são necessários para aferir se alguma proposição seja verdadeira ou não. Muitas vezes não se consegue e não se tem a verdade absoluta. Mas pode se ter uma verdade "objetiva", como sendo um consenso entre as verdades subjetivas que, então, passam a ser independentes do sujeito que as afirma. Mas não é garantido que seja absolutamente verdadeiro. O conhecimento pode ser vulgar, científico ou filosófico. O primeiro é o que surge da apreensão direta do mundo e da reflexão sobre o que se apreende, sem um rigor metodológico de aferição. O segundo já surge da aplicação de testes rigorosos de verificação da aderência das proposições com a realidade, isto é, coisas e fatos. A terceira se assemelha à segunda mas a aferição não é feita por nenhum método de teste direto e sim por meio de reflexões. Epistemologia é, justamente, a parte da Filosofia que cuida de validar o conhecimento e de propor métodos para tal. O Empirismo é a concepção de que todo o conhecimento é levado à mente, em última instância, pelos sentidos, não havendo nenhum conhecimento aprioristicamente implantado na mente. Mesmo aquele que advenha de algum raciocínio, este se calca, ou na conclusão de um raciocínio prévio, ou nas informações que os dados da experiência sensorial fornecem. Note que há uma grande diferença em se dizer que algo seja evidente ou que seja lógico. Evidente é o que se verifica diretamente pela observação, lógico é o que se conclui por um raciocínio. O que é um não é o outro e vice-versa. A lógica garante a validade do raciocínio, mas não a veracidade da conclusão. Ela só será verdadeira se um raciocínio válido for aplicado a premissas verdadeiras. Note-se também que as definições não são passíveis de veritação, pois são meras convenções arbitrárias. Ou seja, dizer algo com uma nova palavra que resume uma série de características e propriedades. A veritação só se aplica a proposições que expressem juízos envolvendo relações entre o que seja independentemente definido. Antes de tudo é preciso ter a plena noção do significado dos termos da proposição, tanto de seus elementos substantivos e adjetivos, quanto dos verbos e advérbios que expressem as ações e relações entre os elementos substantivos. Porque Filosofia não é Gramática. O que importa não são as proposições, mas os juízos que elas estão expressando. Um conhecimento devidamente validado é dito "epistêmico". Epistemologismo é, pois, a concepção de que só se podem admitir conhecimentos epistêmicos. Todavia nem sempre isso é possível. Há muito conhecimento que é útil mas não está validado. Ele é dito "eudoxa". Ceticismo e agnosticismo são semelhantes. Há o ceticismo filosófico que consiste em considerar que não se pode nunca saber uma verdade de forma absoluta. E há o ceticismo científico ou metodológico que acha que se pode saber uma verdade de forma absoluta, mas não se sabe como garantir que já se a possui. Então envida esforços para procurar estabelecer o quanto uma proposição seja verdadeira, exatamente porque se duvida que seja. O agnosticismo é como um ceticismo, mas considera que nem se deve procurar saber se algo seja verdadeiro ou não, porque não há como. Só que o agnosticismo se aplica a cada categoria de conhecimento e não de um modo geral. Por exemplo, há o agnosticismo em relação à existência de Deus. Por ele não se pode saber se Deus existe ou não. Então se considera o assunto como uma opinião (doxa). Pode haver teísta agnóstico e ateu agnóstico. O contrário é o gnosticismo, que acha que se pode saber sim. O ateu gnóstico sabe que Deus não existe e o teísta gnóstico sabe que Deus existe. O cético duvida dos dois. O agnosticismo é mais um fato enquanto o ceticismo é uma postura.

Existe alguma razão científica para temermos o ano de 2012/2013? Há verdade nas teorias que predizem o colapso eletromagnético, os terremotos generalizados, a metade do mundo existindo submersa?

Não, absolutamente. Trata-se de uma crença baseada em interpretações equivocadas do Calendário Maia. Não há nenhuma evidência de veracidade de nada disso. Tais previsões de fim de mundo já foram feitas inúmeras vezes e todas se revelaram falsas. Alterações nas condições climáticas estão havendo como resultado do processo natural de ciclos da Terra, agravado pela interveniência antrópica. Inclusive é previsto o retorno a uma era glacial dentro de poucos milhares da anos, na qual o norte da Europa passaria a fazer parte da Calota Polar Ártica, acabando com vários países, como os escandinavos e, possivelmente, a Grã-Bretanha. Colapso eletromagnético está sempre havendo, como resultado do ciclo de manchas solares, com período de onze anos. Tais manchas são efeito da compressão do campo magnético solar em razão da diferença de períodos de rotação da matéria solar em função da latitude. Essas perturbações magnéticas se propagam até a Terra e interferem na ondas eletromagnéticas, podendo, inclusive, provocar desligamento de aparelhos. É interessante fazer um levantamento disso na Wikipedia: http://en.wikipedia.org/wiki/Maya_calendar http://en.wikipedia.org/wiki/2012_phenomenon http://en.wikipedia.org/wiki/Sunspot http://en.wikipedia.org/wiki/Milankovitch_cycles http://en.wikipedia.org/wiki/Ice_age http://en.wikipedia.org/wiki/Global_cooling http://en.wikipedia.org/wiki/Global_warming http://en.wikipedia.org/wiki/Timeline_of_glaciation Se se pegar os links contidos nesses artigos e os links dos links, dá para montar uma apostila bem completa sobre o assunto. Não tendo preguiça pode-se ficar expert nele. Infelizmente o tema não se encontra tão esmiuçado em português.

Beleza é estritamente relativa?

Não. Existe um padrão global humano independente da cultura de cada povo. Isso já foi objeto de pesquisa. Certas características como simetria e suavidade de linhas e superfícies da pele são consideradas fatores de beleza em todos os lugares. Alguns aspectos, contudo, variam, como gordura ou magreza. Mas os excessos, nos dois sentidos, sempre foram considerados feios. Uma pessoa muito bonita ou uma muito feia assim o será considerada por qualquer povo, seja ou não do biotipo de sua etnia. Aliás, brancos, negros, amarelos, vermelhos, pardos ou o que forem, sempre acharam quem seja bonito bonito e quem seja feio feio, seja a raça que for. Os mais ou menos é que variam. Um negro pode achar um mais ou menos negro mais bonito que um mais ou menos branco. Da mesma forma para as outras raças. Estou ciente que o conceito de raça é controverso, de modo que o estou usando no sentido vulgar, associado à cor da pele e algumas outras características somáticas, como lisura ou crespura do cabelo, coloração da íris e do cabelo, coloração do mamilo, espessura dos lábios, achatamento do nariz, repuxo dos olhos e por aí em frente. Isso é palpável. Ninguém vai dizer que um chinês, um inglês, um congolês, um taitiano, um árabe, um judeu, um mexicano são etnicamente iguais. Não são. Isso "tá na cara". Mas ser diferente não significa que nenhum seja melhor ou pior do que o outro em nada. Pode ser em tal ou qual aspecto e, se for, de fato, reconhecer o fato não é racismo. Racismo é considerar que a sua etnia é melhor do que as outras em tudo e desprezar as outras. A beleza e a feiura estão distribuidas por todas as raças, mas a proporção pode variar. Mas uma pesquisa sobre isso não é fácil de ser feita, não só por razões metodológicas, mas por razões éticas também. Contudo não vejo problema em se pesquisar certas característica em diferentes grupamentos raciais, como resistência ou propensão a certas doenças, agilidade e vigor físico, beleza, capacidade intelectual e muitas outras. Isso não implica em preconceito nenhum. Se for verdade que negros são mais saudáveis e inteligentes do que semitas ou mongólicos, não é preconceito dizer tal fato. Ou qualquer outro a respeito de qualquer raça. Desde que não seja mentira.

Se o diabo pune os malfeitores, isso não faz dele uma pessoa boa?

Para começar, diabo não existe. Mas, se existisse, o fato de punir não seria uma bondade da parte dele, mas uma maldade. Por dois motivos: primeiro que essa punição não é educativa, como teria que ser uma punição bondosa. ou seja, não é feita visando o bem de quem é punido. Segundo que o seu objetivo, como eu entendo que seja a exegética a respeito, é afrontar a Deus. Claro que essa história toda não é coerente, mesmo na suposição de que Deus exista. Como um ser todo-poderoso poderia admitir contestação? E como criaria um ser capaz de fazer o mal, se é a quintessência da bondade? A existência do mal, mesmo aquele não feito por nenhum agente consciente e a de satanás, diabos e demônios, para mim, é um argumento fortíssimo para a inexistência de Deus, pelo menos como o concebem as religiões abrahãmicas.

O que você acha disso (http://files-cdn.formspring.me/photos/20121029/n508e9a9d16069.jpg)? Concorda ou não?

Concordo! Quando digo que sou feminista não estou dizendo que privilegio mulheres em detrimento de homens e sim que não privilegio homens em aspecto nenhum. Igualdade total perante a lei e perante a sociedade para todas as pessoas, independentemente do sexo, da orientação sexual, do gênero, da gamia, da religião (ou sua falta), da ideologia, da etnia, da nacionalidade, da idade, do aspecto físico, da beleza, da inteligência, da fortuna, da escolaridade, do fato de ser militar ou civil, sacerdote ou leigo, magistrado ou não, político ou não, professor ou não. Todo mundo igual, sem privilégio nenhum. Só admito que algumas atividades só sejam permitidas a partir de certa idade, como dirigir veículos, votar ou outras. Mas acho que essa idade poderia ser menor, como 16 anos. Nada de orgulho homo, hetero, negro, branco, afro, indígena, gordo, magro, baixo, alto, ou o que seja. Dizer que se tem orgulho de ser algo é dizer que ser esse algo é melhor do que não ser. E não há nada que seja melhor do que qualquer outra coisa, exceto que ser honesto e bom é melhor que ser desonesto e ruim.

O que você acha do amor/namoro entre dois homens? E duas mulheres? E entre duas pessoas com cores ou nacionalidades diferentes? E idade? (pergunta de um anônimo para mim)

Perfeitamente natural. Sem problema nenhum. Qualquer dessas situações. Faltou dizer entre pessoas de níveis sociais, de níveis culturais, de interesses ou de convicções muito diferentes, especialmente religiosas. Esses são os casos mais complicados. Não é impossível acontecer, mas é mais difícil manter uma convivência harmônica com essas diferenças. Depois do período inicial de deslumbramento, essas diferenças começam a incomodar. Se as pessoas tiverem muita tolerância ao diferente, podem aceitar um ao outro sem contestar, mas se forem muito ciosas do seu modo de ser e de suas convicções, acabam se desentendendo.

Como está seu intelecto?

Para mim, muito bom. Acho que a idade dá uma vivência que mais que compensa a senilidade natural. Desde que, é claro, nunca se tenha deixado de manter a mente ativa, como sempre o fiz. Espelho-me em Bertrand Russell e só espero não ser acometido por nenhuma demência, como Nietzsche ou uma senilidade voraz, como Sartre. Como tenho 62 anos, suponho que ainda possa manter a mente afiada por uns 30 anos. Agora, com a internet, tenho tido a oportunidade de exercitar o estudo, a pesquisa, a reflexão, a argumentação e a redação de textos em alguns assuntos do meu interesse, como matemática, informática, física (especialmente relativística e quântica), astronomia, cosmologia, geociências, biologia (especialmente molecular, genética e evolução), filosofia (metafísica, epistemologia, lógica, ética, estética), educação, sociologia, história, música, artes plásticas, literatura, neuropsicologia, relacionamentos, política e economia, estas duas sob o prisma filosófico. Espero estar dando uma contribuição ao esclarecimento e a polemização de temas candentes da atualidade. Enquanto isso, também fruo o prazer de pintar, tocar, compor, escrever e poetar, que estimulam o intelecto. Só deploro não ter gosto por atividades físicas, o que acho importante para a saúde, inclusive mental. Mas detesto, inclusive qualquer tipo de esporte. Nem assisto. O que nunca fiz e gostaria de fazer é teatro. Dançar também, mas sou um desastre.

Haddad no poder, e agora, qual seu prognóstico pros próximos 4 anos em SP?

Muito melhor do que estaria com o Serra, assim espero. Acho o Haddad um político afinado com as melhores concepções políticas de uma atividade do povo, pelo povo e para o povo. Um democrata de convicções sociais, mas não um socialista estatizante. E, pelo que sei, afastado das maracutaias desses membros do PT que fizeram o mensalão. Mesmo sem ser paulistano, considero que foi o melhor para São Paulo. O Serra já mereceu minha admiração nos idos tempos do MDB, ao lado de Ulisses Guimarães e Mário Covas, mas, agora, é um neo-liberal disfarçado de social-democrata. E o Russomano, nem se fala. Só deploro o Lula ter se aliado ao Maluf para apoiar Haddad. Espero que ele se envergonhe de tal disparate e defenestre o Maluf, senão, São Paulo estará perdido.

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