Só agora estou ouvindo falar, por você. Vou me inteirar de quem seja e o que faz. Depois respondo.
Postagens do pensamento, textos, poemas, fotos, musicas, atividades, comentarios e o que mais for de interesse filosófico, científico, cultural, artístico ou pessoal de Ernesto von Rückert.
sábado, 15 de janeiro de 2011
Considerando os textos que eu lhe enviei, que livros você me recomendaria?
Ainda estou lendo seus escritos. Te responderei em breve.
Você é vegetariano?
Não. Minha mulher é e eu ando pensando muito em me tornar. Mas ainda não dei o passo crucial. Isto tem que vir de repente. E, então, eu não como mais carne, para o resto da vida. Também não posso mais usar nada feito de animais mortos, como couro e peles. Mas posso tomar leite e comer ovo. Só que, em verdade, leite e ovo não são saudáveis. É possível ser estritamente vegano? Ainda não estou convencido completamente, pois, na natureza, há predadores. E não se pode impedir que o sejam, senão serão extintos. Ainda estou pensando e lendo muito os prós e os contras, para tomar uma decisão consciente, sem pieguismo. Todavia sou inteiramente contra métodos cruéis de abate de animais. E, por ser cardíaco, não como carne gordurosa.
[Parte 2/2] Me falaram que o Universo poderia ter "se gerado", eu pergunto, isso seria possível? Até mais, Obrigado
Você não sabe que algo ou alguém criou o Universo, você supõe. Isto não se sabe, mas nada obriga que o Universo tenha sido "criado", ao invés de ter "surgido" ou "se gerado", como você diz. Não é necessário que o Universo tenha sido proveniente de algo que lhe antecedesse, inclusive porque, se houvesse algo, já havia Universo. Mesmo a concepção criacionista considera que ele tenha sido criado sem provir de coisa alguma, a não ser que tenha provido do próprio Deus, que é o que se chama de "Pandeísmo", que não deve ser confundido com "Panteísmo", que considera o Universo como o próprio Deus, e, portanto, eterno. Outra questão desnecessária é a causa para este evento. Como não havia nada antes, não haviam eventos e causa é uma relação entre eventos. Portanto o primeiro evento, que é o surgimento do Universo, não pode ter causa. Aliás, isto é comum para muitos eventos (a maioria), que não são efeitos de causa nenhuma. Não havendo nada, também não há leis físicas que descrevam o comportamento do que não existe. O surgimento do Universo é o surgimento de tudo: conteúdo (campo, matéria e radiação), espaço, tempo, estruturas, ocorrências, leis, tudo, tudo. Não haver nada significa que nem passa o tempo nem existe espaço vazio. Este surgimento incausado, de nada (mas não "do nada"), sem projeto, sem plano, sem finalidade, sem propósito, não só é possível como é a única possibilidade.
[Parte 1/2]http://www.formspring.me/wolfedler/q/2147994681 Estou esperando ansiosamente, além disso, como o senhor refutaria o Argumento Kalam? Eu sei que algo criou/gerou o universo, pode ser um "quem" ou somente um "o quê". Mas me falaram[...]
Já refutei o argumento Kalam em:
http://www.ruckert.pro.br/blog/?p=4219 ;
http://www.ruckert.pro.br/blog/?p=4036 ;
http://www.ruckert.pro.br/blog/?p=3920 ;
http://www.ruckert.pro.br/blog/?page_id=3821 .
Em outros lugares já falei sobre isto, inclusive neste formspring.
um pequeno estudante. te seguindo meu caro! abraço
Obrigado pela deferência. Fico contente de ver que as coisas que digo repercutem na juventude, pois este é o meu objetivo, já que a construção do mundo caberá aos jovens, quando lhe tomarem as rédeas. Que sejam, pois, bem esclarecidos. É o que procuro fazer.
tenho uma curiosidade professor... Os prótons(P) são cargas + certo? e os elétrons (e) -..... eu tenho uma porção de e rodando em volta e outros tantos P. Por que é q os e não "caem" no P já q ele atrai os e? como ele fica só rodando em volta do
Porque os elétrons não ficam "rodando" em torno do núcleo. Eles formam uma espécie de "nuvem" em volta do núcleo. A forma e a dimensão dessa nuvem são determinadas pelos "números quânticos" que representam os valores admissíveis de sua energia e momento angular. Essas quantidades criam uma espécie de "trava" para que os elétrons fiquem onde estão e só mudem de orbital ao ceder ou absorver energia. O "princípio de exclusão" não permite que dois elétrons possuam o mesmo conjunto de números quânticos, de modo que isto impede que eles se empacotem todos com a mínima energia. Esse principio é característico dos férmions, como os elétrons e prótons. Os prótons do núcleo, por sua vez, não são ejetados pela repulsão elétrica porque outra força maior, a nuclear, impede. Uma terceira força, chamada "fraca" repele entre si um elétron e um próton, dentro de um nêutron, apesar de sua atração elétrica, causando o decaimento radioativo do nêutron.
Professor, o que você consideraria como conhecimento básico em Língua Portuguesa?
As regras gramaticais (ortografia, regência, concordância, morfologia, sintaxe), um bom vocabulário (semântica) e traquejo na redação. Um bom meio de captar isso tudo é ler muito, com um dicionário ao lado, ao invés de ver televisão. Vale a pena escrever também. Aliás, sempre passei para meus alunos de Física que a melhor maneira de aprender é escrevendo uma apostila sobre o que está se estudando, para que outros, a lendo, aprendam. Mas não uma coisa resumida não. Extensa, como um livro, com exercícios resolvidos e comentados.
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
Por que você participa de tantas comunidades no orkut que são contrárias ao que você acha e pensa?
Exatamente para me inteirar do que o pessoal que defende as posições de que discordo pensam e que tipo de argumento usam. E também porque gosto de por a prova minhas próprias convicções. É possível que me convençam a mudar. Não tenho questão fechada com nada do que penso. Acho que estou sempre com a razão, porque assim estou convencido até que me convençam do contrário. Aí dou o braço a torcer com tranquilidade. É importante se informar dos pontos de vista contrários ao seu a respeito de qualquer assunto, inclusive para firmar mais sua própria opinião e poder argumentar melhor a favor dela. Ou mudar.
Outro motivo é para tentar demover as pessoas de seu modo de pensar que considero incorreto. Já fiz muito isso defendendo o ateísmo em sites religiosos. Defendendo a evolução em sites criacionistas. Acho que é meu dever esclarecer as pessoas em seus equívocos.
Quantas perguntas estão na sua caixa do formspring? Em qual ordem você responde suas perguntas? Por interesse, pelos últimos, pelos primeiros, sem ordem?
Já chegam a 295 por responder. Só vai aumentando, pois não dou conta. É assim mesmo. Respondo as que consigo sem precisar pesquisar nada primeiro. De vez em quando dou uma passada nas mais antigas e vejo quais posso responder de imediato. Vou deixando para depois as que preciso consultar para responder. À medida que vou vendo, realmente respondo primeiro as que são de meu maior interesse. Só descarto as inconvenientes, pois é um direito meu. Não porque tema qualquer questionamento, mas porque são idiotas mesmo.
O que acha da questão das cotas raciais?
Discordo completamente de cotas de qualquer tipo. Isto não é constitucional, mesmo que possa resgatar a injustiça que sempre se fez aos negros ou outras minorias. Não se pode corrigir nenhuma injustiça com outra, pois é injusto deixar alguém mais capaz fora da Universidade, não interessa se seja rico ou pobre, preto, índio ou branco, muçulmano, budista ou ateu. O que tem que ser feito, urgentemente, é conceder a todos as mesmas condições para concorrer em igualdade de condições uns com os outros. Isto é: tornar o Ensino Básico um ensino realmente forte, que capacite todos a entrar para qualquer instituição superior. Para isto tem que ser rigoroso e exigente, além de ministrado por professores realmente competentes em conhecimento e didática. E mais: rígido na disciplina. Quem sabe se se usar o modelo da "Escola da Ponte", de Portugal?
O Homem realmente foi à Lua ?
Claro que sim! Já falei sobre isto. Naquela época, com a guerra fria, se fosse um engodo dos americanos, os soviéticos teriam denunciado, pois poderiam conferir. Esta e outras "Teorias de Conspirações" são completamente desprovidadas de fundamento, além de serem completamente infalseáveis. Não há como dar crédito a elas. Funcionam como a astrologia ou o espiritismo. Têm explicação para tudo, inclusive para o fato de não poderem ser confirmadas. Um despropósito.
"Qual a diferença entre o 'charme' e o 'funk'"?
Não sei, não acompanho esse tipo de música porque não aprecio.
Como você faz para se lembrar do conhecimento que adquiriu em certo livro? Você transcreve trechos de livros, os marca com um lápis, algo assim?
Não. Só vou lendo e, quando um trecho me desperta interesse maior, releio. A questão é que sou maravilhado por conhecimento, tenho uma curiosidade imensa, quero saber de tudo que tenho interesse. Ai eu me empolgo com a leitura, mergulho nela e esqueço do mundo. Não ouço telefone tocar, nem escuto quando me chamam, nem vejo nada. Desligo do resto. Isto é até perigoso, mas não consigo evitar. É instintivo. Depois não me esqueço. Não faço esforço especial nenhum para memorizar. Em compensação, nas coisas práticas da vida, eu esqueço muito. Saio para resolver ene coisas e resolvo só a metade, porque me esqueço. É que vivo no mundo da Lua, pensando em abstrações, conceitos, idéias. Nada útil na prática. Não consigo me ligar em utilidades, como, por exemplo, ganhar dinheiro. Absolutamente não tenho os pés no chão. Muitas vezes não lembro detalhes técnicos, mas sempre lembro aonde vi aquele assunto e vou lá no livro e acho.
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
Qual a diferença entre psicologia, psicanálise e psiquiatria?
Psicologia é a ciência que estuda o comportamento dos animais dotados de mente, especialmente do homem e busca associá-lo a certos componentes e fenômenos mentais. Psicanálise é uma forma de tratamento de problemas psicológicos, baseada na conscientização, pela pessoa, do que ocorre com ela. Psiquiatria é o ramo da medicina que cuida dos transtornos psíquicos de um ponto de vista anatomo-fisiológico. Na base de tudo isto está a neurologia, que estuda o cérebro e o sistema nervoso e a neurociência, que associa este estudo aos fatos da vida psíquica. Um ponto importante nisso tudo é o conceito de mente, que, para mim, é o de um cérebro "em funcionamento". Há quem considere que a mente tem uma natureza não biológica, ou seja, reside em outra entidade não corpórea, denominada "alma". Para mim, isto não existe.
Professor, o senhor poderia avaliar esse blog? Me refiro no âmbito de analisar a argumentação: http://quebrandooencantodoneoateismo.wordpress.com/truques-neo-ateistas/ E além disso, o senhor conhece algum artigo refutando o dr. Craig? Grato
Site interessante, mas muito extenso. Vou examinar com calma. Não conheço um trabalho bom contra os argumentos do Craig. Ando querendo eu mesmo refutá-los. Às vezes me desaponto com os argumentos de Dawkins, Dennett, Harris, Hitchens, Onfray e outros que se baseiam mais em comportamentos malévolos de religiosos, que não pesam um grama contra a doutrina das religiões. É preciso uma análise puramente filosófica, científica e isenta, sem nenhum ardor panfletário e sem preconceitos nem prevenções contra os religiosos. Argumentos serenos e impassionais. Só a lógica e a força das evidências. Penso escrever sobre isto, mas o tempo não dá chance.
Você acha que aquele padre belga, Françóis Houtart, deveria manter sua candidatura ao Prêmio Nobel da Paz, mesmo tendo admitido que "tocou" uma criança nos anos 70?
Em minha opinião não. De fato, é um deslize indesculpável para alguém que pretenda tal galardão. Além do mais, não acho que combater a globalização seja razão para o Nobel da Paz. Para mim a globalização é algo bom e favorável à paz e não o contrário. O que acontece é que existem distorções a serem corrigidas. Mas, em princípio, quanto mais globalizado, melhor. Sem sufocar as culturas locais, mas acabando sim, com tradições perversas e com costumes inaceitáveis. A globalização promove o igualitarismo entre os gêneros, entre as raças, entre os idiomas, entre as culturas. Outra coisa que não gosto é de ver religiosos ganhando prêmios. Acho que as religiões deveriam acabar. Claro que não de pronto, mas seria preciso premiar que pugnasse pelo livre pensamento e pelas obras pacifistas sem envolvimento religioso, como os "Médicos do Mundo" que ainda não ganhou.
O senhor cederia espaço em sua biblioteca pessoal para cursos de orientação política e filosófica, sem fins lucrativos?
Sim, pode me procurar que minha casa está aberta à visita de quem queira se aprofundar em qualquer estudo a respeito do que possuo bibliografia. Só não empresto para levar, pois a todo tempo estou consultando isto e aquilo.
Existe algo acima de qualquer dúvida?
Apenas a existência da mente de cada um, para si mesmo. Nada mais. "Cogito, ergo sum". Tudo o mais depende de se considerar a realidade do mundo exterior. Admitida esta, qualquer afirmação a respeito do que existe e de suas relações mútuas é passível de contestação. Verdade absoluta, que seria a perfeita adequação entre o discurso e a realidade, é uma impossibilidade. Mas pode-se considerar uma verdade objetiva a partir do consenso entre verdades subjetivas. Estas são as adequações entre o que cada um diz e o que ele acha que seja a realidade, por suas percepções sensoriais e pelo resultado de seus raciocínios. Tais afirmações, todavia, podem não concordar com a realidade em si mesma, ou por erro de percepção ou de interpretação, mesmo que o sujeito seja inteiramente sincero no que diz. O subjetivismo só pode ser afastado pela concordância de muitos sujeitos sobre uma mesma afirmação acerca da realidade. Mesmo assim, pode haver erro. O ideal é se contar com a interpretação de peritos, isto é, pessoas gabaritadas para uma análise cuidadosa e rigorosa, desde que sejam de ilibada honestidade. Isto é um problema jurídico muito grande, para que nunca se condene um inocente nem se liberte um culpado. Enfim, tudo pode ser submetido a dúvidas para, justamente, se envidarem os maiores esforços na apuração da verdade, Mesmo que a certeza seja impossível, pode-se contar com grandes plausibilidades. Mas, de fato, não se pode dizer, a respeito de nada, que seja algo acima de qualquer dúvida. Nem mesmo quando a afirmação for feita por alguma autoridade conceituada no assunto.
Existe um "centro do universo"?
Claro que não! Se for infinito isto é obvio, pois, de qualquer ponto, ele se estende infinitamente em todas as direções. Mas, mesmo que seja finito, não tem centro nem bordas. É que, neste caso, ele teria uma curvatura positiva. Isto significa que, nas três dimensões, ele seria como a superfície de uma esfera é em duas dimensões. Nenhum ponto da superfície pode ser considerado o centro dessa superfície, pois, a partir de qualquer um, ela se estende igualmente em todas as direções sobre a superfície, que, inclusive, não tem borda. Se um ponto se mover sempre para frente sobre ela, voltará ao lugar de partida, vindo por trás. Agora imagine isto no espaço tridimensional curvo, que seria uma hiperesfera imersa em um hipotético espaço euclideado plano quadridimensional. Mas isto não existe. Na natureza, a quarta dimensão não é espacial, mas temporal. Mas um espaço tridimensional positivamente curvo pode existir. Só que os dados observacionais cosmológicos indicam que o espaço do Universo não tem curvatura global, mas apenas localizada, em torno dos corpos celestes, como galáxias, nebulosas, estrelas e planetas. Assim ele deve ser infinito, pois há uma correlação entre a curvatura e a finitude ou infinitude, dada pelas soluções das equações cosmológicas.
O nada é algo?
Absolutamente não! Não existe "o nada". Só se pode dizer "nada", sem o artigo. Nada não é um sistema físico nem nenhuma entidade de qualquer categoria. A palavra nada simplesmente designa a idéia da ausência de qualquer coisa: matéria, radiação, campos, espíritos, tempo e espaço, mesmo vazio. Para ter a idéia de nada considere o que existe entre seu polegar e seu indicador se você os encostar e conseguir expulsar todo o ar: nada, nem espaço para caber algo. Mas aquilo não é algo nenhum. É a falta de tudo. Isto é que é "nada". Mas não "o nada".
Se você é tão desapegado ao capital como conclui-se a partir de suas respostas, a ponto de gastado quase toda a sua renda com outras pessoas, por que cobra por suas telas?
Porque eu estou muito apertado e com muitas dívidas para pagar. Meu ideal seria dispor as telas para apreciação pública. Mas, como ninguém me fornece comida, energia, comunicações, roupas, sapatos, livros, revistas, utensílios, equipamentos, móveis, remédios e tudo o mais de graça, tenho que ter dinheiro. Já pintei muita coisa para dar de presente à família e a amigos. Mas agora estou precisando de dinheiro e como sei pintar, este é um meio de consegui-lo. Como as palestras que faço. Para escolas públicas ou entidades de utilidade pública eu não cobro. Para particulares eu cobro trezentos reais. Enquanto o dinheiro existir, não dá para fazer tudo de graça como eu gostaria. A não ser que eu fosse rico, mas isto seria difícil, pois acabo distribuindo todo o dinheiro que ganho com os outros.
No que você se baseia para calcular o valor de suas obras?
Pesquisei o mercado e vi que telas a óleo ou acrílico, de pintores sem fama e de elaboração média, em termos de tempo (gasto umas 25 horas de trabalho em cada uma), são vendidas à base de mil a mil e quinhentos reais o metro quadrado, em média. Optei por mil e duzentos. Enquanto eu não tiver fama, está razoável. Aos poucos vai aumentando o preço. Também estou fazendo reproduções impressas em tela fosca dos quadros, no tamanho original, no máximo dez cópias de cada um, por um quinto do preço.
O que acha de Plínio de Arruda?
Admiro sua coerência pessoal e seu idealismo, mas discordo de algumas posturas dele. Para começar ele é da esquerda católica e eu acho que a esquerda não pode ser aliada de nenhuma religião, por princípio. Em verdade, esquerda católica é algo teoricamente incoerente, não sendo nem esquerda e nem católica. Segundo porque não acho que o socialismo nem o comunismo de estado sejam a solução para os problemas econômicos do mundo, mas sim o anarquismo, a que se conseguirá chegar pela via do capitalismo pulverizado, em que todos se tornem patrões e não pela transferência do poder aos trabalhadores. O que é preciso é acabar com o poder de qualquer espécie.
Quantos livros acha que já leu, mais ou menos? Quantos livros você tem no seu acervo?
Acho que já li uns três mil livros, desde criança. Sempre li muito, umas quatro horas por dia e mais ainda nos fins de semana. E leio rápido. Atualmente leio menos porque passei a participar da internet. É fácil achar tempo para ler. É só não ver televisão e dormir pouco. E considerar que "ficar à toa" é ficar lendo. Levo livro para todo lugar que vou. Tem que gostar mesmo, e muito. Considero que ler é a terceira coisa mais gostosa de se fazer. A primeira é amar, a segunda é pensar, a quarta é comer, a quinta é conversar, a sexta é escrever, a sétima é cantar, a oitava é ouvir música clássica, a nona é assistir a um bom filme e a décima é estudar. Para mim, é claro. Há quem goste de esportes, dormir ou ver qualquer coisa na TV. Eu não. Durmo umas cinco horas por noite, no máximo sete. Há muito tempo. Detesto dormir. Quanto à minha biblioteca, tem uns seis mil livros. Dois mil de literatura, dois mil de física, matemática e informática e dois mil de filosofia e outros conhecimentos. Tenho umas dez mil revistas, uns três mil discos, uns mil vídeos, além de muitas gravuras, partituras, mapas, programas de computador etc. Minha intenção é fundar uma ong e doar isso tudo para o povo. Não tenho outros bens, exceto minhas pessoas queridas. Desde que comecei a trabalhar, há 43 anos, ganhei uns dois milhões de reais, atualizados. Nunca apliquei dinheiro e nem adquiri propriedades. Meu carro, um Kadett 1995, não vale oito mil reais. Tudo o que ganhei gastei, especialmente com os outros. Já tive treze pessoas sob minha dependência financeira. Desse dinheiro, a quarta parte o governo pegou de impostos, a quarta parte eu gastei com comida, a quarta parte eu usei para comprar roupas, móveis, utensílios, energia elétrica, comunicações etc. E a quarta parte eu apliquei em minha biblioteca. Sim, meio milhão de reais é o que eu gastaria para adquiri-la hoje, tudo novo. Mas não vale, comercialmente, nem a décima parte disso. Um investimento a fundo perdido. Poderia ter comprado dez pequenos apartamentos para alugar e ter uma renda de uns cinco mil por mês. Será a minha contribuição para o bem da humanidade, além dos ensinamentos que passei para os quatro mil alunos que tive em 12 anos de magistério no Ensino Médio e 20 anos no Ensino Superior, ensinando Física e Matemática e passando para os alunos todos os valores que advogo como essenciais para a construção de um mundo bom, justo, equitativo, harmônico, fraterno, próspero e aprazível para todos, e não só para alguns, como o ceticismo, o livre-pensamento, o respeito à verdade, o altruísmo, a coloboração, a dedicação, a responsabilidade, a diligência, a generosidade, o desprendimento, a coragem para combater o mal, o desenvovimento da inteligência, da curiosidade, do conhecimento, da cultura, do deslumbramento com a natureza e a vida, das habilidades práticas da vida, a honestidade, e tudo o que faz uma pessoa ser virtuosa de forma alegre, numa sintese do epicurismo com o estoicismo e o cinismo na acepção original de desprendimento de bens materiais.
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
A greve da polícia de Montreal - Canadá, em 17 de outubro de 1969, e os eventos que se seguiram não são a prova que o anarquismo ao estilo de Bakunin é irreal, e contraria a natureza humana?
Conheço esta ocorrência e digo o seguinte: No atual estágio da sociedade é o que se dá. As pessoas, sem freios externos, descambem para a criminalidade egoística. Mas eu não proponho que passemos a adotar um modo anarquista de viver sem antes se passarem dezenas de gerações educadas para serem cooperativas e altruístas. E que a situação econômica de todo mundo, sem excessão, seja muito confortável. Esta é a tendência natural da evolução da humanidade, como pode ser observada pelo progresso do liberalismo. Há que se passarem centenas ou milhares de anos para que isto apareça de modo espontâneo e lá se chegue de forma gradual. De repente, se forem retiradas todas as restrições, o espírito da "lei de Gerson", de levar vantagens pessoais indevidas, vai prevalecer para muita gente sim. Mas são pessoas mal formadas de caráter. A natureza do ser humano tanto pode permitir que ele se volte para o bem quanto para o mal. A formação do bom caráter, que rejeita liminarmente esse tipo de coisa, é uma questão de educação. Mas de uma educação em profundidade, e não só uma mera "instrução". O que proponho é um trabalho constante, ao longo de muitas gerações, para acabar com a competição, a ganância, a cobiça, o egoísmo e impantar a colaboração, a generosidade, o despendimento, o altruísmo. Há pessoas assim, o que mostra que isto é próprio do ser humano também. A questão é tornar todos assim. Isto é romantismo utópico? Só 90%. Mas os 10% permitirão construir este tipo de mundo, sem estado, sem fronteiras, sem dinheiro, sem propriedade, sem crime. Vou além... sem religião. Estou convencido que o mundo será assim daqui a cinco mil anos. Ou dez mil, ou cinquenta mil... Mas chagará lá. E está em nossas mãos envidar todos os esforços para que chegue lá em menos de mil anos.
Hummm... fiquei curiosa. O que vem a ser o "poliamorismo"? :D
É a concepção de que, quando se ama, o amor não necessariamente seja exclusivamente voltado para uma única pessoa. Pode acontecer de se amar, e amar profunda e sinceramente, mais de uma outra pessoa. Isto é comum. Nossa sociedade, contudo, não permite que tal situação seja assumida de forma franca e explícita. Uma pessoa honesta, portanto, se estiver neste caso, tem que renunciar à realização efetiva de todos os seus amores, menos um. É claro que isto não faz com que, em seu íntimo, secretamente, ela não continue a amar, platônicamente, as outras pessoas que ama, sem deixar de amar a que escolheu ficar. Isto é fonte de muita infelicidade. Se tal situação fosse admitida socialmente sem problemas, muitos poderiam ser mais felizes, tanto homens quanto mulheres. Porque nada há, biologicamente, no homem e na mulher, que impeça este acontecimento. Senão não haveriam casos extra-conjugais. O problema da infidelidade é a traição, pois ela não significa ter casos extra-conjugais, mas em tê-los escondido. Se o relacionamento múltiplo for consentido por todos os envolvidos, antecipadamente, então não há traição nenhuma. Além do mais, ciúme e posse amorosa não é amor, mas egoísmo. Quem ama não se considera dono do ser amado, mas deseja a felicidade dele altruisticamente, mesmo que ela signifique não privar de seu amor. Isto poderia muito bem, inclusive, ser algo admitido legalmente, por meio da poligamia dupla (poliandria e poliginia). Isto é uma pluralidade amorosa concomitante, a par da pluralidade sequencial, já admitida pela sociedade com o estatuto do divórcio. Quanto aos filhos, nenhum problema, pois os pais e as mães sempre o serão, como acontece com filhos de separados que se unem de novo com outra pessoa. Para que isto funcione de fato é preciso que nenhuma pessoa adulta dependa financeiramente de seu cônjuge e que se liberte das amarras religiosas e sociais que lhe tolhem esse comportamento. Isto nada tem a ver com libertinagem nem devassidão. É uma situação que envolve compromisso, dedicação, respeito e afeição de todos os envolvidos, uns aos outros. O anarquismo sempre considerou esta situação. No anarquismo pleno, todo homem é o homem de toda mulher e toda mulher é a mulher de todo homem. Com consentimento, é claro. E toda criança é filha de todo adulto, que é pai e mãe de toda criança. O romance "Um amor anarquista", de Miguel Sanches Neto, considera esta situação, na Colônia Cecíla, em Santa Catarina, no início do Século XX.
Para um apanhado de tudo o que já escreví a respeito, digite a palavra "amor" na caixa de busca dos meus blogs.
Por que o anarquismo é uma melhor opção para a sociedade do que o socialismo?
Porque o anarquismo, como o capitalismo, são situações espontâneas, assumidas pela sociedade por desejo próprio das pessoas. O socialismo e o comunismo são imposições de grupos ao todo da sociedade. Precisam de um aparato controlador muito grande. Requerem planejamento rigoroso e disciplina policialesca. O capitalismo, de certa forma, já é anárquico, mas ainda não pleno, da mesma forma que a democracia. O anarquismo pleno é um capitalismo exacerbado, no qual não existem mais empregados, todos são patrões e capitalistas. E também uma democracia exacerbada, em que tudo é resolvido diretamente pelos envolvidos, sem representação política. Nesta situação, muita coisa perde a razão de existir, como o dinheiro, a propriedade, o governo, o estado, as fronteiras. Quando isto acontecer, também perderão sentido a existência de forças armadas, polícia, judiciário, advogados, contadores, bancos e muitos outros profissionais. No anarquismo não há crimes. Mas é algo a que só se consegue chegar depois de um longo processo educativo, da ordem de muitos séculos ou milênios. Não pode ser imposto. Já há movimentos nesse sentido. O mundo do Euro é um exemplo. A internet e os programas de código aberto são outros. Aos poucos as pessoas vão começando a fazer as coisas de graça e o dinheiro vai perdendo a razão de existir. As ações comunitárias, como os mutirões e as cooperativas também caminham nesse sentido. É preciso que muitos comecem a resolver os problemas públicos por conta própria, sem acionar os governos municipais, estaduais ou o federal. Professores e pais de alunos de uma escola pública resolven reformá-la sem participação do governo. Moradores de uma rua consertam os buracos sem chamar a prefeitura. É assim que vai se acabando com a necessidade dos governos e do dinheiro. Tudo feito de modo espontâneo, organizado "ad hoc", sem envolver pagamento de nada. Tudo por doação, de materiais e da mão de obra. Sem contabilidade, sem imposto, nada disso. Sem registro de coisa alguma. Isso é anarquia, que é algo muito mais ordeiro do que o que se tem por aí. Porque vem do desejo e da disposição das pessoas em doarem-se uns aos outros.
Por que rejeita a hipótese do Megaverso?
Trata-se de uma concepção teórica proveniente da "Cosmologia de Branas" ou dos "muitos mundos" quânticos, que não tem nenhuma comprovação empírica e tampouco nenhuma consequência passível de observação, só explicável por ela. Portanto não há como testar sua veracidade. A própria Teoria das Branas, como a das supercordas e a Teoria M, ainda não estão estabelecidas, mesmo com a quantidade de verbas destinadas à sua pesquisa. É como o caso dos "Buracos Brancos" ou das "Pontes de Einstein-Rosen". Trata-se de pura fantasia.
É verdade que a maior parte do nosso corpo é vazia, pois o espaço entre o núcleo e os elétrons não tem nada e o átomo tem um raio 10.000 vezes maior que o núcleo? Como parecemos sólidos?
De fato os números são esses. Mas o espaço entre o núcleo e a eletrosfera não é vazio, mas preenchido pelo campo elétrico do núcleo. Os campos, como a radiação, não são matéria, mas são reais. Possuem atributos físicos, como extensão, intensidade, orientação, energia. Não existe espaço vazio no Universo. Todo o espaço existente é preenchido por campo, radiação ou matéria. Vácuo é só a ausência de matéria, mas não de campo e radiação. Podemos dizer que nosso volume é preenchido, principalmente, pelo campo elétrico interno dos átomos. Ele não se manifesta exteriormente porque a carga dos elétrons periféricos anula a dos prótons nucleares. Mas a pequenas distâncias é ele que promove as ligações químicas e a impenetrabilidade dos corpos, que é macroscópicamente descrita pela força dita "normal". Ela e o atrito são de origem elétrica, proveniente da repulsão entre elétrons periféricos dos átomos que se aproximam muito (contato). Objetos em contato não se tocam, mas chegam muito perto (menos de um átomo de distância). Se encostarem, há reação química e, então, grudam. Podemos dizer que somos feitos principalmente de vácuo, mas não de vazio ou de nada. Nada, aliás, não contém nem espaço vazio. Essa repulsão é que faz com que apresentemos nossa solidez.
Wolf, quanto custam as tuas telas?
Veja os preços nas legendas das fotos no Picasa:
http://picasaweb.google.com/wolfedler/TelasQuePinteiCanvasThatIPainted#
Algumas estão vendidas, mas vendo réplicas impressas em tela. Os preços também estão lá. Se interessar, contate-me pelo e-mail: wolfedler@gmail.com
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Por quê há algo em vez de nada?
Não há razão nenhuma para esta situação. Há porque há, sem motivo nenhum. A existência do Universo não tem razão, nem propósito, nem planejamento, nem execução, nem procedência. É uma ocorrência inteiramente fortuita, isto é, aleatória, sem causa e nem origem. Poderia não haver absolutamente nada. Nem espaço vazio. E poderia ter surgido algo inteiramente diferente. Não há explicação para tudo o que ocorreu. É assim mesmo. A própria existência da vida neste planeta não tem motivo e nem finalidade. Por isto é que é uma coisa imensamente valiosa, preciosa, única, especialíssima. Não podemos descuidar dela, isto é, de toda a natureza, e nem deitarmos tudo a perder por rivalidades idiotas por causa de religiões, de poder, de bens econômicos. Temos que nos unir e cuidarmos deste planeta harmoniosamente e cooperativamente, já que, se acabarmos com tudo, hão haverá outra chance. A vida na Terra é como a vida de cada um. É só este intervalo entre o nascimento e a morte, sem nada antes e nada depois. Não podemos desperdiçar a nossa e nem acabar com a dos outros, pois não somos sozinhos, dependemos do todo, especialmente de nossos irmãos em espécie humana.
O que acha de Hugo Chavez?
Um fanfarrão que está acabando com a Venezuela. Se ele quer se livrar da tutela norte-americana, não precisa acabar com a democracia e nem com o capitalismo. O socialismo de estado é algo muito ruim para a sociedade e para a economia. Certamente não leva ao anarquismo. O que resolve é o fortalecimento das liberdades e a pulverização do capital, até que ele se extinga naturalmente. Chaves está completamente equivocado. Mas é preciso cuidado para não combatê-lo pelo lado do capitalismo selvagem, tanto local quanto internacional. Os oligopólios e a plutocracia têm que ser contidos pela aplicação de leis específicas para tal. E pelo combate incansável à corrupção, para que as instituições democráticas possam fazer valer as leis. Para isto os governantes têm que ser verdadeiramente patriotas e despojados de toda ambição pessoal de riqueza e poder.
Você ainda possui uma vida sexual ativa?
Certamente. Sou casado e uma pessoa completamente normal, mesmo já tendo tido dois infartos e sendo diabético. E tenho apenas 61 anos. Se você ainda não chegou nesta idade, quando chegar verá que não tem nada de velhice. Veja o Michel Temer, dez anos mais velho do que eu. Eu só não consigo subir escadas correndo, mas é porque não mantenho um condicionamento físico. Apesar de admitir o poliamorismo sou um marido estritamente fiel.
O que pensa sobre a formação do nosso universo apartir de flutuações no vávuo quântico? Porque o senhor prefere a hipótese do surgimento absolutamente de nada?
Considerar a existência do vácuo quântico é considerar que já existe Universo. É possível que o conteúdo que começou a expansão tenha surgido de uma flutuação de um vácuo quântico existente. Mas isto seria o Universo, então. E como surgiu o vácuo quântico? Ou já existia ou surgiu de nada. Porque vácuo não é "nada". É algo existente e nada não é coisa alguma, nem vácuo, nem vazio. O vácuo quântico contém um campo não quantizado. O que ele não contém são partículas, nem materiais nem bosônicas, transmissoras de interações. No momento em que há produção de pares de partícula e antipartícula, há uma perturbação, que origina transcurso de tempo. O que se poderia dizer é que, nesse Universo só de vácuo, o tempo não passaria, enquanto não aparecesse a primeira perturbação. Correto. Pode-se também dizer que se não se passa o tempo nada existe, pois existir é estar presente no tempo. Há controvérsias conceituais sobre isto. Considero que existir é estar ocupando um lugar, mesmo que não passe tempo. Só passa tempo se houver alteração no estado do conteúdo do Universo. Mas o conteúdo pode existir assim. De qualquer modo, se este vácuo existia, o Universo não teve surgimento. Ou então este vácuo teve um surgimento, sem ter provido de coisa alguma, isto é, "de nada". É mais ou menos como dizer que Deus criou o Universo. E quem criou Deus? Se ele sempre existiu, porque não considerar que o Universo sempre existiu? E se surgiu, porque considerar que proveio de algo? Se proveio de algo, então não surgiu, já existia.
O Dicionário Filosófico, de Voltaire, é um livro recomendável para se começar a estudar a Filosofia?
Não. O dicionário filosófico de Voltaire é para ser lido depois que já se tiver uma boa noção das diferentes escolas filosóficas e suas proposições. É um livro irônico, que não pode ser interpretado ao pé da letra. E ironia só se entende quando se já é um iniciado no assunto. Também é preciso ter uma noção da história da época. Para começar a estudar Filosofia eu recomento um compêndio atual, como "Convite à Filosofia" da Marilena Chauí.
Com qual filósofo(s) o senhor se identifica mais?
Bertrand Russell. Em segundo lugar, David Hume. Não que eu concorde com todas as proposições de Russell, mas ele é o filósofo cuja postura, conduta, comportamento, atitudes, modo de pensar, idéias, estilo, bravura, elegância, sobriedade, franqueza, nobreza, bondade, equidade, inteligência, cultura, intrepidez, conhecimento e muitos outros aspectos que valorizo em uma pessoa, exceto sua aparência, mais se apresentam de forma destacada. Seu ceticismo e sua filosofia analítica, mesmo discordando em aspectos, são parte importante de minha concepção da Filosofia, bem com seu posicionamento político e religioso. Quanto a Hume, admiro muito sua postura ateísta corajosa àquela época, bem como sua proposta epistemológica empirista.
Tempo, espaço e energia sempre existiram. Seriam criados de que? Tem que haver algo para criar algo, espaço para ocupar, tempo para executar, e daí, criar. A energia foi criada pelas condições iniciais, daí a massa, dela a gravidade e, então, o resto.
Não é bem assim. Tempo, espaço, campo, matéria e energia, bem como as estruturas formadas por esses elementos e sua dinâmica são, exatamente, o Universo. Não existem tais elementos fora do Universo. E energia não é um constituinte do Universo, mas sim um atributo dos constituintes, como extensão, duração, carga, spin, movimento e outros. Se os constituintes sempre existiram, o Universo sempre existiu, mesmo que estruturado de outra forma (sem átomos, por exemplo). Não é necessário haver algo para disto se criar algo. Na concepção criacionista, Deus criou o Universo de nada. Mesmo não sendo criacionista, o surgimento (e não a criação) do Universo não requer nada de que seja proveniente. Tal exigência só existe no contexto das leis de conservação, que se aplicam ao conteúdo existente. Não havendo conteúdo, elas não valem. Assim, nada proíbe o surgimento de algo a partir de nada, se nada houver. Havendo algo é diferente. Então o que existe faz existir espaço e tempo (se evoluir) e, então, as leis de conservação, que expressam a simetria desses elementos. Não precisa haver espaço prévio para a criação ocupar. O espaço é criado por seu conteúdo. No momento em que algo surge, surge o espaço para que ocupe. O tempo também não precede o conteúdo e, inclusive, mesmo com conteúdo, pode não existir. O tempo advém da mudança no estado do conteúdo, que se deu desce o início, pois ele já surgiu expandindo-se. Não há energia eletromagnética se não houver campo elétrico, magnético ou ambos. Ela é um atributo desses campos, estáticos ou radiantes. As cargas elétricas nada mais são do que fontes ou sumidouros de campo elétrico. O campo é mais fundamental do que as cargas. A massa não é apenas devido à energia eletromagnética, mas a todas as modalidades de energia. Todas as interações (eletromagnética, forte, fraca e gravitacional),e todos os movimentos internos de um sistema (translações, rotações e vibrações) contribuem para o conteúdo de massa desse sistema. Para uma partícula elementar (leptons e quarks), sua massa (de repouso) é uma propriedade intrínseca. Todavia, como uma partícula pode ser aniquilada por sua antipartícula e transformada em dois fótons (que não possuem antipartícula), de certa forma podemos dizer que, de fato, suas massas medem a energia que os fótons carreiam, pela equação de Einstein. A energia de um fóton, contudo, não se relaciona com sua massa de repouso, pois ele não a possui. Ela é cinética, pois um fóton não existe sem estar em movimento com a velocidade da luz. Quando ele é absorvido por um sistema que está sujeito a interação elétrica (se não tiver não há absorção), sua energia converte-se em energia potencial elétrica do sistema. Note que um campo magnético é, simplesmente, uma componente de campo elétrico quando observada de um referencial em movimento. A gravitação, de fato, é resultante do conteúdo de massa e energia de um sistema (e não de matéria e energia, como alguns dizem) que provoca o encurvamento do espaço, que é a gravitação. A massa não provém da interação forte combinada com a fraca. Léptons não estão sujeitos à interação forte e possuem massa. O mecanismo de atribuição de massa às partículas elementares, tanto os bósons intermetidários quanto os férmions constituintes da matéria, é o “Mecanismo de Higgs”, que consiste em uma quebra de simetria de um campo de calibre espinorial, que teria se dado quanto a temperatura do Universo atingira o valor que faz a separação entre as interações fraca e eletromagnética, a partir da interação eletrofraca. Na época da simetria eletrofraca tudo o que existe no Universo são bósons sem massa, isto é, campos puros.
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Professor, Nietzsche num aforismo afirma que a clareza de ideias pode deixar uma pessoa "estragada" para o convívio com os mais místicos e nebulosos. Já se sentiu assim? Apesar de evoluído, o senhor parece se sentir bem, e não apenas entre iguais.
Nietzsche tinha problemas de relacionamento humano. Não é o meu caso. Transito com tranquilidade entre céticos e místicos, desde que nenhum deles seja embusteiro e aproveitador da credulidade alheia. Sinceridade e boas intenções são essenciais. Equívocos na concepção do mundo podem ser tolerados se forem autênticos. Porque, inclusive, eu mesmo não tenho certeza de minhas convicções, mas as assumo com total franqueza porque é o que de mais próximo da verdade eu consegui chegar. Se me provarem que estou errado, mudo meu pensamento, sem problema. Mas isto não será fácil, pois cheguei onde estou ao fim de muito estudo e reflexões. Por outro lado é preciso ser tolerante e compreensivo quando alguém discorda de você mas tem convicção sincera no que diz. Neste caso tem-se que argumentar com lógica, consistência e argúcia, mas de forma pedagógica e amistosa, sem achar que seu interlocutor seja burro ou ignorante. É preciso se colocar na situação dele e ver as razões que lhe fazem pensar como pensa para, como um psicólogo, explicitar o fundamento desse pensamento. O problema é quando se tem alguém como o Craig, que tem muita presença e sabe fazer uso de recursos erísticos para tentar convencer, sem argumentos consistentes, da veracidade de seus pontos de vista. Ele é uma espécie de Tomás de Aquino moderno. Guilherme de Ockham e Duns Scoto mostraram como Aquino se equivocara em seus argumentos, mas optaram pela fé e renunciaram à razão. Mas foram sinceros em seus posicionamentos e não pretenderam enganar a ninguém. Já Craig, eu considero um sofista de marca maior. Não posso conceber que alguém inteligente e erudito como ele acredite de fato no que ele mesmo proclama.
É alguma regra perguntar anonimamente aqui? Me sinto estranho fazendo isso, haha.
No cabeçalho de meu perfil peço para que as pessoas se identifiquem, mas não o fazem. Prefiro que se identifiquem, mas não me recuso a responder questões anônimas, exceto se forem impertinentes. O problema maior é que elas chegam em maior número do que eu consigo responder. Já são 271 na fila. Paciência.