Sou brasileiro e não quero deixar o Brasil. Pelo contrário, quero ficar para melhorá-lo em tudo o que ele não tem de bom. O que não gosto no brasileiro e sempre faço o maior esforço, na vida pessoal e profissional, para ver se conserto é o seguinte:
1. Preguiça – Fico impressionado como grande parte do povo brasileiro é preguiçoso. Nem um pouco diligente, operoso e trabalhador. Para mim esta é uma das principais razões do atraso nacional. Aceitam tudo mais ou menos para não ter o trabalho de fazer bem feito. Não arregaçam as mangas e pegam duro no trabalho para que o resultado seja excelente. Contentam-se com o sofrível para não se cansar.
2. Irresponsabilidade – Outra falha grave: falta de compromisso, descaso, indiferença. Não cumprem o que ficou combinado, se isto lhe causar prejuízo. Trato é trato e tem que ser cumprido, mesmo que se tome prejuízo. Não é uma questão de ser mais vantajoso. É uma questão de honra. Chegam atrasados e fazem descaso da pontualidade. E quem é pontual é tido como enjoado. Não cumprem prazos de entrega e prometem o que não vão conseguir cumprir, só para não perder a encomenda. Isto é venalidade.
3. Mediocridade – Tem a ver com a preguiça. Ninguém quer saber de nada. Ter conhecimentos é considerado um estorvo. Ninguém estuda a não ser que seja absolutamente necessário. É uma falta de cultura geral generalizada e mesmo no seu campo profissional, poucos são os que vão além do que é exigido. Daí a mediocridade geral. Não se lê. Apenas se vê idiotamente televisão, o que é embotante para o cérebro.
4. Maledicência – É terrível como o brasileiro adora falar mal dos outros e fazer fofoca, ao invés de procurar levar as pessoas a uma conduta correta. Passar horas falando dos outros parece ser o esporte preferido e nada construtivo para o bem geral.
5. Tolerância – Não estou falando em tolerância com respeito a modos de pensar e viver diferentes. Estou falando em tolerar erros, dos outros e de si mesmo. Isto é terrível. Não se reclama, não se toma providências contra pessoas que não cumprem o combinado. Deixa-se para lá, para não ter dor de cabeça. Não se é exigente com a qualidade dos serviços e produtos que se compra e que se vende. Tanto faz, está bom assim… Desse jeito nunca seremos uma nação verdadeiramente de primeiro mundo.
6. Jeitinho – É terrível como o brasileiro gosta de “dar um jeitinho” e não resolver os problemas da forma correta. Isto tem a ver com preguiça também. Assim fica tudo “gambiarrado”, à moda do MacGyver. Não digo que isto muitas vezes não seja criatividade. A questão é que “gambiarras” só podem ser admitidas de forma excepcional, para resolver “provisoriamente” uma questão urgente que não se tem como resolver da forma correta. Só que o brasileiro deixa o provisoriamente para sempre e as coisas ficam por isso mesmo. Aí é que é o problema.
7. Omissão – As pessoas nunca tem a ver com nada de errado de que tomam conhecimento. Não tomam iniciativa de consertar o que vêm errado, não se envolvem com os problemas que não lhe dizem diretamente a respeito, não se arriscam para consertar os malfeitos. Omitem-se em denunciar as falcatruas dos governantes e o que vêm sendo feito errado pelos outros só para não ter dor de cabeça. Ora, que se tenha a dor de cabeça, mas não se deixe as coisas acontecerem erradas sem tomar uma atitude. Todo mundo tem sempre a ver com tudo aquilo de que toma conhecimento. Não pode lavar as mãos e dizer que não tem nada a ver com o caso. Se está sabendo, tem a ver sim. E se não faz nada a respeito, é um calhorda.
8. Credulidade – O brasileiro acredita em quase tudo sem verificar a validade. Esta falta de ceticismo é extremamente prejudicial. Não só nas crenças em superstições e pseudo-ciências, como astrologia, numerologia, simpatias e benzeduras, mas nas promessas falsas de políticos em campanha e na conversa fiada de negociantes inescrupulosos. Falta muita racionalidade no pensar do brasileiro em relação às ocorrências do cotidiano. A proliferações de religiões que prometem prosperidade em troca do dízimo é uma vergonha. Mesmo aquelas que prometem a salvação em troca da prática do bem. Fazer o bem é algo que se tem que fazer por seu valor intrínseco e não por recompensa de nenhuma espécie, nem pela salvação eterna. É sempre bom checar a validade das promessas de qualquer ordem.
Além dessas atitudes que elenquei, quero ressaltar que não gosto de calor, de futebol, de esportes em geral, de malhação, de carnaval, de funk, de axé, de comício, de política, de economia, de negócios, de velório, de feiúra, de cerveja, de fumo (nem dos outros), de ver TV. Mas isto são minhas idiossincrasias. Não acho que sejam coisas erradas em si. Mas também não gosto de empáfia, fofoca, sebosismo, gabolice, confiança excessiva, gente folgada, entrona, espaçosa, mentirosa, turrona e fanfarrona. E isto eu acho que é errado mesmo. Também não gosto de burro nem de ignorante, mas dou um desconto se for uma boa pessoa, pois não tem culpa de ser assim. Mas burro e ignorante teimoso é dose.
Por outro lado gosto de muita coisa: de amar, de namorar, de pensar, de ler, de estudar, de filosofar, de cantar, de tocar piano, de música clássica, de ópera, de poesia, de escrever, de pintar, de desenhar, de compor, de conversar, de passear, de viajar, de fotografar, de boa comida, de vinho, de chá, de destilados, de internetar, de programar, de assistir bons filmes, de matemática, de física, de cosmologia, de astronomia, de biologia, de filosofia, de geologia, de geografia, de história, enfim, de centenas de coisas que me estimulem o cérebro e os sentidos de forma refinada.
Em relação ao Brasil e ao povo brasileiro, gosto de sua solidariedade, sua hospitalidade, sua alegria, sua criatividade e sua irreverência (mas nem tanto).
Postagens do pensamento, textos, poemas, fotos, musicas, atividades, comentarios e o que mais for de interesse filosófico, científico, cultural, artístico ou pessoal de Ernesto von Rückert.
sábado, 26 de fevereiro de 2011
O que você não gosta no povo brasileiro?
Aviso aos navegantes
Estou com o tempo muito restrito para responder ao Formspring e as perguntas chegam à razão de sete por dia. Não conseguirei responder a mais de duas. Já existem 430 acumuladas, algumas com um ano. Já respondi a quase 1700, em um ano que estou aqui. Não tem outro jeito. Tenham paciência.
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Comparando com 10 anos atrás, você acha que hoje em dia é mais ou é menos perigoso sair do namoro virtual e ir para algo Real?
Mais perigoso, porque cada vez mais aumenta o número de pessoas mal-intencionadas e dispostas a enganar os outros para tirar algum proveito. Mas isto não significa que se deva descartar esta possibilidade, se se tomar as devidas cautelas. Mesmo nos relacionamentos não virtuais há riscos. O que não se pode é assumir compromissos antes de um conhecimento direto mais profundo. É importante, no meu entender, em todo relacionamento amoroso, que ele seja baseado apenas no amor e nas afinidades e não em outros aspectos, especialmente econômicos. Depois que o relacionamento já estiver consolidado em bases afetivas apenas, pode-se assumir outros compromissos, como o apoio mútuo, inclusive econômico. Essas cautelas não se aplicam apenas aos relacionamentos de origem virtual. Mas não se pode dizer não ao amor só por causa das cautelas.
O que vem por último no átomo? Quark? E antes disso?
A matéria é constituída de átomos, que possuem um núcleo com prótons e nêutrons, envolvidos por elétrons. O espaço entre eles é preenchido pelo campo elétrico no núcleo. Além disso existem partículas instáveis que são emitidas e absorvidas dentro do núcleo, como vários mésons e os campos das interações nucleares fraca e forte. Os prótons e nêutrons são bárions, constituídos de quarks (1up, 2down=neutron; 2up,1down=próton). Os elétrons são léptons não constituídos de nada mais fundamental do que eles mesmos. Todas estas partículas elementares (quarks e leptons) são quantizações de algum campo de matéria. A teoria das supercordas considera que elas sejam cordas em forma de anéis, ao invés de esferas. A teoria das branas considera que essas cordas sejam tubos enrolados. De que seriam feitos esses tubos ou essas cordas? De concentrações do campo de matéria. De fato, o componente básico de todo o conteúdo do Universo, tanto das partículas materiais, que são férmions, quanto das mensageiras das interações, que são bósons, é, simplesmente "campo", que não é feito de nada mais primitivo do que ele. Há vários tipos de campo, da matéria bariônica, leptônica, dos bósons das interações forte (gluons), fraca (W e Z), eletromagnética (fóton). A interação gravitacional também seria mediada por um bóson, o graviton. Mas ainda não há uma teoria comprovada que o inclua num mesmo esquema dos outros, o que a teoria das supercordas e branas pretende. Só que ainda é uma hipótese e não uma teoria. Para todos os efeitos, a gravitação é o resultado do encurvamento e, possivelmente torção, do espaço-tempo.
o campo gravitacional não será exercido pela masssa do átomo?
Sim, não só pela massa dos átomos mas por todo o conteúdo energético do sistema gravitante. A própria massa de um átomo ou molécula inclui a massa de repouso de suas partículas constitutivas e o conteúdo de energia, devidamente convertido em massa por E=mc², proveniente das interações e dos movimentos existentes dentro do sistema. Isto inclui as energias cinéticas translacionais, rotacionais e vibracionais, relativas ao centro de massa do sistema e as energias potenciais elétricas e nucleares e, até mesmo, gravitacionais, pois a gravitação é autoalimentada.
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Professor, O que o senhor acha do argumento da contingência? Até mais!
O Willian Craig argumenta que:
1. Tudo o que existe tem uma explicação para a existência.
2. Se a existência do Universo tem uma explicação, ela é Deus.
3. O Universo existe.
4. De 1 e 3 segue-se que a existência do Universo tem uma explicação.
5. De 2 e 4 segue-se que Deus é a explicação para a existência do Universo.
Este argumento é logicamente válido, mas a conclusão é falsa porque as premissas 1 e 2 são falsas. A 3 é óbvia.
O primeiro problema é que o significado de explicação tomado na premissa 2 não é o mesmo da premissa 1.
Explicação não é sinônimo de causa. Tudo o que existe, ou sempre existiu ou passou a existir num momento. O evento da passagem da inexistência para a existência pode ou não ter causa. Causa é um evento que determina a ocorrência de outro. Eu disse determina, e não possibilita. O que possibilita chama-se condição. Nem todo evento possui causa, mas sempre possui condição. Isto acontece a todo momento, por exemplo, com o decaimento radioativo e com a emissão de fótons por átomos excitados. Então não é obrigatória que a passagem do Universo da inexistência para a existência tenha que ter tido uma causa, mesmo que tenha uma explicação. A explicação pode ser que tenha sido um evento fortuito, sem nada que o provocasse.
Na segunda premissa está se considerando que a palavra explicação signifique causa e que ela seja Deus.
É claro que o que está se entendendo por Deus neste contexto não é o ser pessoal que as religiões abrahãmicas concebem. Trata-se de uma entidade extrínseca ao Universo, portanto não substancialmente constituída de matéria, radiação e campos, sem extensão espacial e sem duração temporal, pois, sem o Universo, nada disso existe e Deus existiria. A propriedade essencial dessa entidade é seu poder de agir à revelia das leis naturais, podendo fazer surgir qualquer coisa sem que seja proveniente de algo precedente, como aconteceu com o surgimento do Universo, pois não havia nada de que ele pudesse provir, caso contrário ele já existiria e estaria apenas sofrendo uma transformação. Ou então Deus faria o Universo de si mesmo, o que seria tão exótico quanto surgir de nada, pois Deus não é natural. O que a premissa 2 deveria dizer é que, se o surgimento do Universo teve uma causa, ela seria extrínseca ao Universo, tendo sido provocada por algo que se enquadra no conceito acima descrito de Deus. Nisto está subentendido que todo evento é uma ocorrência que tem que se dar com algum ser, ou seja, com algum ente que exista. Se causa é um tipo de evento que provoca outro evento, então a causa é uma ocorrência vivenciada por algum ser. No caso do surgimento do Universo, este ser causador seria Deus. Até aí está certo.
Para levar à conclusão 4, contudo, seria preciso que a premissa 1 fosse mudada para "Tudo o que existe tem uma causa para passar a existir". Isto não é verdade, pois algo pode existir sem nunca ter surgido (que é o caso do próprio Deus) e pode surgir sem ter causa para tal. Há que se conferir experimental ou observacionalmente, no caso do Universo, em que caso ele se enquadra.
Este argumento é chamado "da contingência" porque o Universo não é algo que necessariamente tem que existir. Ele poderia não existir, é claro. Por isto é chamado de "contingente". Mas o que é contingente não necessariamente tem que ter uma causa para existir. Esta questão é crucial. A idéia de que todo evento seja um efeito, isto é, um evento que tem causa, provém da observação dos eventos cotidianos acessíveis à observação humana direta, por sua escala de dimensões e durações, em que os eventos são efeitos. Então, por indução, generalizou-se isto como um princípio. Um raciocínio indutivo, contudo, é derrubado por um único contraexemplo. No mundo subatômico, causa nem sempre ocorre, como já exemplifiquei. Logo não existe esse princípio de que todo evento seja um efeito. Então não podemos supor que, cosmologicamente, os eventos seja efeitos, dentre eles o surgimento do Universo.
Que a existência do Universo tenha uma explicação é certo, mas que tenha uma causa não. A explicação pode ser um surgimento sem causa. Sem ter do que provir é certo, tenha ou não causa.
Então, se o surgimento do Universo não precisa ter causa, não se pode dizer que ele foi criado por Deus.
Note-se que este meu raciocínio não prova que ele não foi criado por Deus, mas apenas que não é necessário que tenha sido assim.
Mesmo que tenha sido criado por Deus, tal Deus não é, necessariamente, o ser concebido pelas religiões abrahãmicas, em especial, não tem nada a ver com os atributos de providência, bondade, justiça e outros considerados pelas religiões.
Todavia, não havendo necessidade de se invocar Deus para criar o Universo, podendo ele ter surgido sem causa e sem origem, porque supor uma causa e uma origem?
Sabemos que a gravidade é uma força de atração. Podemos dizer que a única coisa que impede a gravidade de unir novamente toda a matéria numa singularidade é a energia escura??
Considerando que essa interação repulsiva, impropriamente denominada "energia escura" foi a responsável pela aceleração da expansão inicial do espaço que foi o Big Bang, mesmo que ela não atuasse mais, a inércia dessa expansão poderia promovê-la indefinidamente, se o ímpeto primitivo tivesse sido muito grande, o que as medidas observacionais mostram que é o caso. Como parece que este campo dilatador do espaço continua a agir, mesmo que menos intensamente, então é mais óbvio ainda que a atração gravitacional não será capaz, no Universo como um todo, de refrear a expansão para que o espaço passe a se contrair e leve a um futuro Big Crunch. O interessante é que a "energia escura" atua sobre o espaço, enquanto a gravitação atua sobre o conteúdo presente no espaço, o que é muito diferente.
Não consigo postar comentários no blog.
Meus blogs, tanto o wordpress quanto o blogger, têm os comentários moderados. Todo dia eu verifico e libero normalmente, mesmo críticas e opiniões contrárias, a não ser quando são inconveniências. Não achei nenhum comentário seu aguardando aprovação. Outras pessoas têm mandado comentários sem problemas. Os sites têm mecanismos de proteção contra spam. Pode ser que o seu tenha caído num caso assim.
Confesso que fico encantada por conhecer alguém como você que lida com o amor de forma tão sublime (sentindo, vivenciando e escrevendo). Mas é certo que eu preciso melhorar (e muito) para ser como você. Especialmente no quesito "posse". :)
Priscila. Isto é algo que você consegue amadurecer se refletir bastante sobre o significado do amor que é, justamente, querer o bem do amado, cuidar dele. É claro que se deseja retribuição e quando há, nada é mais maravilhoso. Mas, pense bem, qual a razão de se querer exclusividade? Se você é amada, querida, cuidada, admirada, porque não querer que seu amado também possa ter o mesmo amor por outras pessoas? Pense em si mesma. Nunca lhe ocorreu amar a mais de uma outra pessoa ao mesmo tempo e ter ficado triste por ter que fazer uma escolha? Porque não ficar com todos? Essa noção de que amor não é um sentimento exclusivo eu percebi ainda na adolescência, ao me ver amando, platônicamente, duas meninas. Mas não fiquei com nenhuma, pois, à época, eu era da TFP e não podíamos namorar. Ao longo da vida fui percebendo quantas pessoas sofrem por ter que optar por apenas um companheiro(a) amoroso, quando queriam ter mais. Não se trata de devassidão ou libertinagem. Estou falando de amor sincero e sério, com compromisso. Que compromisso? Compromisso de devoção, de admiração, de atenção, de carinho, de cuidado, de respeito. De exclusividade? Por que? Em que a não exclusividade exclui qualquer dos quesitos acima? Falta de respeito? O que significa respeitar? Significa cumprir o que está tratado. E se o trato não incluir a exclusividade, onde está o desrespeito? Eu e minha mulher somos um casal monogâmico e devotado. Nem eu nem ela temos outros relacionamentos amorosos. Ela, mesmo considerando que esta possibilidade não teria problema, não admite, por não querer enfrentar a forte oposição da sociedade e da família. Eu, que não ligo para isto, mesmo que passasse a amar outra pessoa também, não realizaria este amor, porque isto romperia o nosso trato, que inclui a fidelidade. E infidelidade, para mim, é um crime. Note que infidelidade não é o rompimento da exclusividade, mas este rompimento às escondidas, sem o conhecimento e a aquiescência de todos os envolvidos. Isto é mal-caratismo. Pessoas que defendem a monogamia mas têm casos extraconjugais escondidos, para mim, são crápulas, merecedores do maior desprezo.
Você disse que não vê TV. Qual é então sua mídia de notícias preferida para manter-se informado (atualmente e antes de existir Internet)?
Revistas, como Veja, Época, Isto é e Carta Capital. Também não gosto de ler jornal. Não ligo para saber as notícias frescas. Prefiro amadurecidas. Eventos catastróficos, minha mulher me conta e eu vejo na internet. Antes eu assistia o jornal da TV, mas há alguns anos desisti, pois tornou-se muito sensacionalista. Como sou adepto da filosofia "devagar", não vejo urgência em quase nada. Não acho que seja tão importante estar por dentro de todas as notícias em cima da hora.
Dos poetas e escritores brasileiros, quais você admira mais?
Machado de Assis, Érico Veríssimo, Mário Quintana, Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes, Cecília Meireles. Por enquanto, estes.
A Ciência poderá um dia responder questões metafisicas?
Não, pois quando elas puderem ser respondidas pela ciência, deixarão de ser metafísicas. A ciência trata da realidade natural e daquelas que dela advém, como a psíquica, a social, a histórica e a econômica. As realidades puramente abstratas não são passíveis de verificação experimental, fugindo do escopo da ciência. Estas são filosóficas, podendo ser metafísicas, epistemológicas, lógicas, éticas ou estéticas. A psicologia já foi considerada uma disciplina filosófica, mas hoje é científica. Estas cinco, contudo, não têm como ser enquadradas como científicas. Suas questões são respondidas por reflexão e análise sobre as relações entre os conceitos e definições arbitrariamente estabelecidos.
Ateísmo, Teismo, Agnoticismo, Politeismo, Panteismo, Panenteismo, Arrealismo ou Solipsismo?
Ateísmo. As outras opções são inteiramente desprovidas de fundamento.
espirramos enquanto dormimos?
Não, nem espirramos, nem tossimos, nem soltamos flatos. Isto requer o estado de vigília. Mas podemos urinar dormindo, se bem que, quando a pressão sobre o esfincter da bexiga fica grande, a pessoa acorda, geralmente sonhando que está fazendo xixi.
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
O que você pensa sobre o uso de animais em testes de laboratório?É a favor ou contra?
Depende. Em certos casos sim, em outros não. Não há como se ter uma posição taxativa. sou contra o uso de animais em experimentos inteiramente desnecessários, como na indústria de cosméticos, mas acho que podem ser feitos para o desenvolvimento de remédios para a cura de muitas doenças. Neste caso é preciso que se tomem cuidados para evitar sofrimentos evitáveis nos animais. Se isto não fosse feito, os experimentos teria que o ser nos próprios seres humanos, o que seria pior. Ou então se desistiria da produção de novos remédios, o que também prejudicaria a humanidade.
Se tudo que somos, pensamos e sentimos é derivado do aglomerado de átomos dos quais somos compostos, que sentido tem palavras como LIBERDADE, CULPA e INOCÊNCIA? Carlos Wilker
O sentido que realmente têm, pois não somos apenas conglomerados de átomos, mas sim um conglomerado de átomos, acompanhados de seus campos elétricos e magnéticos, com certa estrutura e dinâmica de funcionamento, que permitem o surgimento de ocorrências de complexidade tal que vem a constituir a mente, a consciência, a memória e todos os seus atributos e eventos, como pensamentos, raciocínios, sentimentos, emoções, desejos, volições, decisões e tudo o que constitui a vida psíquica sem necessidade de apelo nenhuma a qualquer entidade de natureza não física, como uma "alma", por exemplo. A não ser que denominemos "alma", justamente a esse tipo de coisa, que é inteiramente biológica e deixa de existir com a morte do organismo que a suporta. Essa estrutura, em funcionamento, é capaz de dar sentido a abstrações do tipo "liberdade", "culpa", "inocência", "beleza", "bondade" e tudo o mais. Inclusive é capaz de nos conceder uma "espiritualidade" e um "misticismo", sendo isso tudo nada mais do que ocorrências do substrato neurológico do organismo. Certamente que é algo extremamente complexo e ainda não bem compreendido, mas muito mais plausível que a suposição da existência da alma.
Qual o campo profissional de um sujeito formado em Filosofia? Só dar aulas???
Dar aulas não merece a palavra "só", pois é uma atividade das mais relevantes a que se pode dedicar. Um filósofo sempre será, também, um professor de Filosofia, no Ensino Médio, no Superior ou na Pós-graduação. E será, também, um pesquisador em sua área, um estudioso dos problemas filosóficos que abundam no mundo de hoje e perturbam as pessoas em todas as áreas da Filosofia: Metafísica, Ética, Estética, Política, Epistemologia, Lógica, Psicologia. Além disso, pode se dedicar à Filosofia Clínica, que é uma atividade semelhante à Psicologia, só que trata os problemas existenciais das pessoas por uma abordagem filosófica, que substitui, com grandes vantagens outras alternativas, como as abordagens religiosas. E, finalmente, o filósofo, mesmo sendo professor e pesquisador, pode e deve dedicar-se a escrever livros sobre Filosofia.
Tenho 15 anos e minha barba cresce mais do lado direito do que no esquerdo. O que devo fazer?
Se isto acontece, e você quer manter a barba, pode-a mais do lado direito. Se não quer usar barba, é só raspá-la todo dia.
O quê você aconselharia ao seu "eu" aos 16 anos?
Naquela época eu pertencia à TFP e era católico fervoroso. Depois é que, com meus estudos e reflexões, deixei a religião. Mas, quando religioso, eu queria ser santo e isto incluía não namorar. Agora deploro o tempo que perdi sem namorar, pois "love is a many splendored thing". Minha primeira namorada foi minha primeira mulher. Como disseram os titãs: queria ter amado mais. Amado mesmo, não apenas feito sexo. No resto, faria tudo do mesmo modo, isto é seria o mesmo caxias e "nerd" que sempre fui. Mas já poderia ser um ateu anarquista.
Alguma vez sua determinação em ser honesto e correto te deixou tão atrás de pessoas ou rivais desonestos (seja em carreira, amor, confiança, dinheiro) que você cogitou ir para o "lado negro"?
Nunca cogitei em passar para o "lado negro", especialmente porque tive o exemplo de meu pai e de minha mãe, que forjaram minha personalidade ética com suas lições de vida e se tornaram modelos de integridade e bondade para mim. Minha convicção de que é preferível ser tapeado do que tapear, levar prejuízo do que dar prejuízo e esse tipo de coisa é muito arraigada. Tanto que não penso duas vezes no que vou falar. Digo o que me vem à cabeça, o que sempre é a verdade e pronto. Se a verdade me prejudicar, eu mereço. Dinheiro, eu não ligo mesmo. Quando me traem a confiança, isto me entristece, pois, às vezes, é uma pessoa a quem quero bem e que, então, não mais poderei respeitar e estimar. Quanto ao amor, sempre considerei que é uma coisa inteiramente gratuita, isto é, que se dá sem esperar retorno. Assim nunca sofri por amor, pois nunca espero retorno, nem deixo de amar por não ser correspondido. Também não tenho nem nunca tive o mínimo ciúme de quem amo, a quem concedo total liberdade de amar a quem quiser, pois amor não admite posse do ser amado. Já fui preterido por inveja, mas não ligo. No fim das contas, acabo sendo mais respeitado e admirado como derrotado do que o vencedor. Mas não é isto que busco. É claro que ser admirado e respeitado é muito gratificante, mas não ajo visando isto. Em meu altar existe uma santíssima trindade, a que dedico meu pensar e meu fazer: o bem, a verdade e o amor. Isto é que poderá tornar o mundo melhor.
COBREIRO SÓ DA EM UM LUGAR E DALI ELE AUMENTA OU NAO?
Pode dar em mais de um lugar, pois é uma afecção que acomete os nervos e aflora à pele, acompanhando o trajeto do nervo, daí o nome "cobreiro". Veja isto: http://pt.wikipedia.org/wiki/Herpes-z%C3%B3ster
e você não acredita que deus tenha criado o universo e os que nele habitam, com imperfeições e afins para que eles possam evoluir e se desenvolver? você não acha impossível, pelos princípios da lei da atração, que com tantos fiéis, deus possa não existir?
A lei da atração não existe. E as imperfeições não dizem respeito apenas a seres vivos. O mundo inorgânico também é imperfeito e seria assim mesmo que não tivesse surgido vida nenhuma. E depois, em que as imperfeições provocariam alguma evolução? O fato de muita gente acreditar que Deus existe não garante a sua existência de modo nenhum. Durante milênios a humanidade achava que o Sol girava em torno da Terra e, até hoje, muitos acham, de modo que, de todos os humanos já nascidos, a esmagadora maioria achou e acha isto. E é mentira. Do mesmo modo que se a maioria achasse que Deus não existisse, isto não seria prova de que não existe. Concorda? É claro que Deus pode não existir, como pode existir. Mas não é necessário que exista e nada garante que existe. Por que supor que existe?
Qual sua opinião a respeito da Paleoantropologia e suas contribuições para a compreensão das origens do ser humano?
É, justamente, a ciência mais bem aparelhada para encontrar as explicações sobre a origem e evolução do homem e de todas as espécies hominídeas. É preciso que seja estudada no nível médio, dentro do conteúdo de história e de biologia, de forma interdisciplinar. Para isto é mister que os professores se inteirem do assunto mais aprofundadamente, por exemplo, por meio do site:
http://www.paleoantropologia.com.br/
Eu não posso ser um rico, por "acidente", e ser comunista? Sem ser hipócrita?
Se você for um rico por acidente ou mesmo sem acidente, mas de modo honesto, e se for comunista, você tem a obrigação de distribuir sua riqueza, não necessariamente doando-a, mas investindo em empreendimentos que possibilitem o maior número de pessoas melhorar o nível econômico, ou, mesmo, sustentando muitas pessoas ou criando instituições de ensino ou de serviço social às suas custas. O que um comunista não pode é se locupletar do dinheiro que tem em proveito exclusivamente pessoal. Tem que por o seu dinheiro para produzir e distribuir riquezas para a coletividade. Com isto, certamente, não conseguirá ser muito rico, mesmo tendo dinheiro.
Por que não aceita a pena de morte?
Porque é um assassinato. A vida é o dom mais precioso que se possui. Não se pode tirá-lo de ninguém, exceto em legítima defesa. Pena de morte não é legítima defesa. Nunca se tem garantida da correção da justiça. Erros podem acontecer. Com a pena de morte não há como repará-los. Além do mais a morte do réu contraria dois preceitos penais que são o castigo e a recuperação. Com a morte a pessoa não sofre o castigo, pois não existe e, pelo mesmo motivo, não pode mais se recuperar.
O q posso fazer?Tenho1 amigo q é muito deprimido,tira notas baixas,ñ quer saber de nada,sofreu várias decepções amorosas.Ele diz q só ñ se mata por medo do Inferno.Como ateu,queria q ele percebesse q Deus(e Inferno) ñ existem.Mas temo q se suicide depois.
Antes de mostrar a ele que Deus não existe é prudente animá-lo para viver a vida. Mostre, sem falar em Deus, mas sem negá-lo, que a vida é o que de mais precioso possuímos, pois é algo de extrema raridade e ser um ser vivo, ainda mais de uma espécie tão evoluída como a humana é um privilégio singularíssimo. Assim é preciso fruir este tesouro com toda a intensidade possível. Há que se dar significado à vida, fazendo dela um veículo de disseminação do bem e de felicidade para o maior número de seres, dedicando-se a projetos assistenciais, culturais, educativos, artísticos, científicos, esportivos, sociais ou o que a pessoa julgar mais adequado a seu modo de ser.
Quanto às desilusões amorosas, é preciso compreender que o amor que se devotou ou se devota a alguém nunca é perdido, mesmo que não seja retribuido, pois amor é algo que mais vale dar do que receber. Se se ama a quem não nos ama, amemos a outras pessoas. Quanto mais pessoas amarmos, melhor. Não há, no mundo, ninguém que seja único para nós. Há muitas pessoas capazes de nos amar e a quem podemos amar. O que não se pode ter no amor é contabilidade. Ama-se e pronto, sem cobrança. Para se ser capaz de encantar uma pessoa para que nos ame, antes de tudo, temos que ser a encarnação do amor, da alegria, do entusiasmo pela vida, da disposição de viver e lutar pelo bem. Isto é cativante. As notas baixas subirão à medida que o entusiasmo brotar na mente dele. Se apoquentar por isto é pior. É preciso estudar pelo prazer de estudar e de aprender. O resto é mera consequência.
você não acredita na existência de um deus? acha que jesus cristo não existiu?
Há controvérsias sobre a existência de Jesus Cristo. Acho, contudo, que, de fato, ele existiu. Mas não era nenhum Deus e sim uma pessoa humana apenas. Um grande líder religioso, sem dúvida, como Buda, Maomé e outros. Quanto a Deus, não vejo nada que evidencie ou comprove a sua existência, logo, considero que não exista. Pode até ser que exista, mas, certamente, neste caso, não é bom, como se diz. Além de ser um criador incompetente, tal é a quantidade de imperfeições que abundam no Universo. A começar pelas doenças. Se existir Deus, ele criou o Universo e largou de lado. Mas não vejo necessidade nenhuma de supor a existência de um criador para explicar o surgimento do Universo.
Li um cartaz taoísta que dizia assim: "religiões não matam pessoas, pessoas matam pessoas". As religiões como um todo são um mal, algumas em específico ou são as pessoas que, dentro dessas religiões, fazem o mal?
Claro que pessoas é que matam pessoas, tirando os acidentes naturais e os predadores. Mas o que move as pessoas a matar pessoas? Além da defesa, vingança, cobiça, inveja, despeito, intolerância... e religião. A religião pode ser instigadora de assassínios sim, pois a seu pretexto, muitos consideram que os que se opõem ou apenas não seguem sua religião são pessoas do mal e devem morrer. Nem sempre isto é um preceito da própria religião, mas alguns líderes usam a doutrina religiosa para justificar essas mortes. Mesmo que isto não ocorresse, e todas as religiões fossem tolerantes umas com as outras, há um mal intrínseco nas religiões, que é o fato delas serem um engodo. Todas passam uma noção falsa de que existe Deus, existe vida eterna, existe céu e inferno, oração funciona e coisas assim. Isto faz com que as pessoas transfiram para as pretensas entidades sobrenaturais a responsabilidade que é delas e da sociedade de promover o bem e erradicar o mal, de socorrerem-se umas às outras e de buscarem na ciência e na filosofia as respostas aos questionamentos, o socorro nas dificuldades e o consolo nas aflições.
Há assunto que você prefere não se envolver?
Disputas pessoais por bens de qualquer tipo. Prefiro sempre ceder meus direitos. Aprendi com meu pai, que renunciou a todas as heranças que recebeu. Meu pai, para mim, foi o exemplo de pessoa completamente desprendida, que nunca possuiu bem nenhum na vida. Sigo seu exemplo e não tenho nada. O que ganho, eu gasto. Detesto questões jurídicas, envolver-me com negócios (compra e venda do que seja), administração financeira, em geral, tudo que envolva dinheiro. No colégio, como Vice-Diretor, só me ocupo da administração pedagógica. Outros assuntos pelos quais não tenho interesse são esportes, de qualquer modalidade. Não pratico nem assisto nenhum. Também não gosto de jogos, exceto Xadrez. Baralho, nem pensar, ou qualquer jogo que envolva sorte e azar. Gosto muito de conversar, mas depende do tema. Falar da vida dos outros, sem chance. Não vejo televisão. Fico agoniado se sou obrigado a fazê-lo, por cortesia. Só se passar um filme muito bom, um documentário interessantíssimo ou uma ópera ou concerto de categoria. Também não gosto de atividades rurais ou jardinagem e horticultura, nem de artesanato. Quanto a assuntos para discutir neste formspring, não faço restrição a absolutamente nada. O máximo que pode acontecer é eu não saber a respeito. De fato, não sei nada sobre esportes, televisão, negócios e algumas outras coisas.
"Há q se identificar q grandezas são envolvidas nos diversos processos e como seus valores se relacionam entre si.Isto é pesquisa matemática,que, inclusive,pode envolver o desenvolvimento de novas técnicas e novas metodologias."Vc sabe fazer isso,Prof.?
Suponhamos que você esteja estudando o nado de um tubarão. Para resolver a equação de arrasto hidrodinâmico é interessante desenvolver um sistema de coordenadas cujas linhas de coordenadas fixas acompanhe o corpo do tubarão, semelhante a um fuso elíptico. Invente esse sistema de coordenadas e expresse as equações diferenciais de Navier-Stokes nele para resolvê-las e encontrar o arrasto da água sobre o tubarão. Isto é feito para qualquer tipo de móvel no ar ou na água. Assim você pode desenvolver o melhor perfil para o desenho de uma hélice de turbina, por exemplo. Cada problema desses é uma tese de Doutorado. Por isso as indústrias financiam pesquisas nas Universidades, que são conduzidas pelos alunos de pós-graduação, sob a orientação de um professor. A cada problema que seja formulado, geralmente se contrói uma equação diferencial, cuja solução é uma classe de funções, como as trigonométricas, funções de Bessel, Polinômios de Legendre, Hermite, Laguerre e muitas outras. A todo momento estão surgindo novas equações, para novos problemas, que levam à criação de novas classes de funções. A solução das equações diferenciais pode envolver métodos de transformadas, como as de Laplace, Fourier e outras, inclusive que sejam inventadas para algum problema específico. Isso tudo faz parte do ferramental do matemático. A Teoria das Supercordas tem dado azo ao desenvolvimento de muita matemática. São pesquisas conduzidas em equipe de físicos e matemáticos. Física Teórica, em volume, é muito mais Matemática do que Física. Minha tese de mestrado envolveu gravitação, eletromagnetismo e cosmologia e 80% do espaço impresso dela é ocupado por equações matemáticas.
Parte02: ...[continuação] matematicamente um plano ‘’possui’’ infinitos pontos, mas no mundo '’físico’' isso não levaria a estranha ideia de algo sem dimensões gerar algo com dimensões? Agradeço sua resposta.
Matemática não é Física. Ponto é um ente matemático. Não existe no mundo físico. A questão é a da infinidade. Um segmento de linha, em Matemática, tem infinitos pontos, não importa o comprimento da linha, que tem espessura nula. Na Física não existe uma linha e sim um cilindro muito fino, com espessura não nula. Uma superfície, em Matemática, tem área mas não tem volume. Também tem infinitos pontos, qualquer que seja o seu tamanho, mesmo infinito, como um plano. Um plano não tem mais pontos que um pedaço de plano. Esse paradoxo é próprio dos conjuntos infinitos, isto é, terem o mesmo número de elementos do que uma parte própria de si. Só em Matemática, que é uma abstração. O infinito pode haver na natureza. O Universo pode ser infinito. Mas não existe nada sem dimensão na natureza, nem um elétron, nem a singularidade do Big Bang. E na natureza, qualquer porção do Universo sempre terá um número finito de partículas elementares.
Ja leu algum livro desses escritores: Samuel Beckett,Franz Kafka,James Joyce,George Orwell?
Samuel Beckett - não li nenhum
Franz Kaka - O processo
James Joyce - comecei a ler Ulisses, mas desisti até segunda ordem
George Orwell - 1984
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
"Os matemáticos fazem pesquisa em Universidades e para várias instituições e indústrias".Sobre o quê,exatamente?
Sobre o modelamento da realidade em equações que descrevam o seu comportamento de modo a poderem ser feitas previsões. Há que se identificar que grandezas são envolvidas nos diversos processos e como seus valores se relacionam entre si. Isto é pesquisa matemática, que, inclusive, pode envolver o desenvolvimento de novas técnicas e novas metodologias. Um exemplo típico é o modelamento do clima, para se fazer previsões do tempo com maior antecedência. Lançamento de satélites, redes de telecomunicações, projetos de veículos de todo tipo, até carros de Fórmula 1. Motores, pás de turbinas, hélices de navios, bocais de foguetes, engrenagens, pontes, barragens. Tudo envolve muita matemática e matemática bem complicada, que requer a assessoria de matemáticos mesmo. Até esses prédios altíssimos que são feitos hoje em dia, têm matemáticos na equipe de engenheiros e desenhistas. Mas matemáticos também atuam no modelamento econômico, biológico, agrícola, farmacêutico e assim por diante. Há um campo vastíssimo de aplicação. Em especial quero citar a área de computação e desenvolvimento de softwares, por exemplo, para identificação de impressões digitais, de fundo de olho, para extração de partituras a partir de uma música que se toque, para reconhecimento ótico de caracteres, para processamento de imagens e de sons. Tudo é feito por meio de funções matemáticas. Em Auto-Cad e em renderização de imagens tri-dimensionais para cinema, por exemplo, há matemática demais.
Qual sua opinião do genial arquiteto Oscar Niemeyer?
Par mim, Niemeyer é um arquiteto escultor. Suas obras são belíssimos monumentos com um grande valor agregado de significado humano e político. Mas pecam em funcionalidade arquitetônica. Se ele unisse bem esses dois aspectos, não teria concorrentes no mundo, em nenhuma época. Políticamente faço a ele as mesmas ressalvas que fiz ao Prestes. Além do fato de que, para mim, todo comunista tem que doar suas posses ao povo e ser pobre, senão é incoerente.
Como os matemáticos ganham dinheiro?Só dando aula mesmo?
Além de professores, os matemáticos fazem pesquisa em Universidades e para várias instituições e indústrias, assessorando engenheiros, físicos e outros profissionais em seus projetos nas indústrias e corporações como a NASA, o INPE, a CNEN, o IBGE, as forças armadas etc. É difícil um matemático montar um consultório de matemática, com placa na porta e ficar esperando clientes.
Qual a sua opinião a respeito de LUIS CARLOS PRESTES, a única pessoa que poderia ter trazido alguma moral pra este país?
Aprecio muita coisa em Luis Carlos Prestes, que conheci pessoalmente em uma visita que ele fez à UFV, onde eu trabalhava, mas também discordo de outras. Como já disse muitas vezes, sou um comunista não marxista, isto é, discordo da ditadura do proletariado e da forma revolucionária de se obter o poder, como de resto, do próprio poder. Prestes defendia o Stalinismo, para mim uma barbárie tão ignóbil quanto o nazismo e o fascismo. Não acho que a finalidade do comunismo deva ser o poder e sim a abolição do poder. Não adianta substituir a aristocracia ou a plutocracia pela burocracia ou a partidocracia. A meta é a acracia e lá se chega não pela via socialista mas pela pulverização do capital e da propriedade até que não haja mais nenhum empregado e que, tudo não sendo de ninguém, seja de todos, dispensando até mesmo o dinheiro. Mas de uma forma espontânea e não imposta. Prestes condenou Elvira Colônio à morte e eu não aceito a pena de morte em nenhuma circunstância.
domingo, 20 de fevereiro de 2011
Quais as chances do solipsismo estar correto?
Não há como provar que seja incorreto, mas as chances de ser correto são nulas. Para mim é como a existência de Deus: não se pode provar, mas é quase certo. Há fortes indícios da realidade do mundo exterior, como a morte do solipsista, o aprendizado de coisas novas, a imutabilidade do passado, a imprefeição da vida (doenças), a existência da ética, a necessidade da linguagem para a comunicação, sua infalseabilidade e outros detalhes. Novamente faço a analogia com a existência da alma e de espíritos. Não se pode provar que não existem nem que existem, mas os indícios são pela inexistência.
Professor, recomenda que livro sobre cosmologia?
Depende do nivel pretendido. Para divulgação a quem não seja físico, recomendo Big Bang, de Simon Singh. Para quem conhece física, recomendo Gravitation, de Misner, Thorne, Wheeler.
"The things you own end up owning you." - Tyler Durden. Concorda?
Não necessariamente, Depende do modo como você encara a posse, se de modo possessivo ou desprendido. Num mundo ideal não haveria posse de nada por ninguém. Tudo seria de todos. Mas, para tal, há que se ter essa mentalidade de desprendimento total. Como isto ainda não existe, é preciso se possuir alguma coisa, senão não se consegue sobreviver. A posse, em si, não é maléfica, desde que se tenha sobre ela uma atitude estóica, isto é, sem apego, ou seja, de não se importar com a sua perda nem ficar ansioso por possuir cada vez mais. Não é preciso ser cínico, no sentido filosófico, isto é, desprezar qualquer posse, mas apenas não ser apegado a elas. Assim elas não possuirão você.
Olá Ernesto há muito não entro no forms,e lembro-me de quando esta página possuía 15 perguntas. Agradeço a você pois era racionalista extremo mas suas idéias me fizeram crer no papel das emoções na construção de uma vida melhor na esfera pessoal. Valeu!
Obrigado por suas palavras. Isto me alegra por ver que o que eu digo repercute e é capaz de melhorar a vida das pessoas. Um grande abraço.
Faz um tempo que eu virei adepto do Zen Budismo e todo mundo agora tá me chamando de louco, que eu estou andando por aí que nem um mendigo, não ligando pra nada... O que pensa disso?
Ótimo, se assim é que você se sente realizado. Recomendo, contudo, que, mesmo na pobreza, você mantenha a higiene impecável, do corpo e das roupas, mesmo pobres. Que seja uma pessoa diligente e ativa, sem preguiça e nem cobiça. Que seja ordeiro, arrumado, organizado, mas sem apoquentar. Seja calmo, mas objetivo e perfeccionista, paciente e perseverante, responsável mas sem grilos. Que não ligue para os bens materiais e para a opinião dos outros, mas ligue para a erradicação do mal e da injustiça, trabalhe para a felicidade dos outros e doe-se ao mundo e às pessoas para consertá-lo. Senão a sua atitude zen não terá valor nenhum. A prática zen é, justamente, agir mais do que falar, sem se importar com o reconhecimento, o prestígio e a retribuição. Dar de si antes de pensar em si.
O senhor não crê que embora seja produtivo dicutir sobre temas interessantes, é essencial tomarmos a iniciativa prática? Não se arrepende de não ter participado mais ativamente em movimentos anarquistas em sua juventude?
Claro que se precisam tomar iniciativas práticas. Mas nem sempre são as mesmas pessoas que agem na teoria e na prática. Alguns pelejam no embate das idéias, outros nas ações positivas do dia a dia. Sempre sem violência, reafirmo. Além disso, o amadurecimento de minhas convicções anarquistas se deu já aos meus 30 anos. Na juventude mesmo, eu não era anarquista assumido, mas apenas via essa posição com simpatia. Também não era ateu. Acho que o trabalho de conscientização é de suma importância para a propagação do anarquismo. Mesmo não sendo um ativista prático, já que nunca fui uma pessoa prática em nenhum assunto da vida, faço muita coisa em prol do anarquismo, como trabalhar de graça, dando aula para estudantes carentes, doando bolsas de estudo do meu bolso para pessoas pobres e, o principal, que é o projeto de minha vida, estou organizando toda a minha biblioteca para disponibilizá-la ao povo. Estou pensando em um esquema de fazer isto sem que precise fundar nenhuma instituição, como uma ong ou uma fundação, pois quero que seja algo anárquico, sem estrutura jurídica nenhuma. Mas quero que tenha garantias de funcionamento e que ninguém vá pegar os livros para si. É preciso um controle que ainda tenho que inventar, pois não quero envolvimento de dinheiro em nada. Sem contabilidade, sem rendas, sem custos. Só com trabalho voluntário e captação de doações de coisas, não de dinheiro. Mas doações a fundo perdido, sem desconto no imposto de renda, sem recibos. De um modo verdadeiramente anarquista. É o meu sonho.
Assisti um filme há pouco tempo sobre um grupo anarquista "terrorista" alemão chamado RAF.Eles eram contra a morte de civis e atacavam alvos estratégicos do governo alemão e da imprensa corrupta.O que acha de iniciativas nobres do tipo?
Sou contra atitudes violentas e qualquer tipo de terrorismo, mesmo que por causas boas. Sou como Gandhi, um pacifista convicto. Considero que tudo pode ser resolvido sem recurso a nenhuma violência. Admito apenas a defesa a agressões. O mocinho não pode se valer dos meios de ação do bandido, mesmo que isto possa representar, a principio, uma inferioridade tática. A força da mansidão, estrategicamente, é muito mais poderosa. Mesmo que não fosse, violência é algo errado e não pode ser admitida, mesmo que possa causar prejuízo. É como a honestidade nos negócios. Tem que ser mantida sempre, mesmo que dê prejuízo. É possível combater a imprensa corrupta com denúncias e manifestações pacíficas, bem como qualquer instituição governamental.
@Th_NF Falando em Jesus e Filosofia Cínica. Teria Jesus sido influênciado pelos Cínicos?
Não tenho informações confiávies a respeito. Os essênios, dos quais parece que Jesus assumiu muitas posturas, tinham um modo de vida bem parecido com os cínicos, mas também não sei se foram influenciados por eles. Jesus era mais estóico do que cínico e a diferença está em que os cínicos repudiavam os bens materiais e os estóicos não se importavam com eles, mas não os repudiavam. Veja isto:
http://rodrigogospel.blogspot.com/2009/10/uma-suposta-cronologia-de-invencao-do.html
Felicidade = SER + FAZER o que considera correto e ético. Concorda?
Isto não seria o conceito de felicidade, mas a prescrição para obtê-la. Analisemos. Por "ser" não estamos dizendo que a pessoa deva ser o que é, pois disto há como se escapar, mas sim que a pessoa se assuma como é, sem fingir ser o que não é. A segunda parte, realmente é uma condição necessária para a felicidade, pois uma vida de fingimento não é uma vida plena e realizada. Assumir-se o que de fato se é requer uma ressalva. Quando se é algo inteiramente não recomendável, como ladrão ou assassino, não é bom assumir-se assim, mas sim mudar para deixar de ser assim e, transformado, assumir o novo estado. Qual o estado a ser assumido que leva à felicidade? O estado virtuoso. A felicidade se alcança com a prática da virtude. Este é o preceito epicurista. E o que é a virtude? A prática do bem. E o que é o bem? As ações que levam a maximização da felicidade para o maior numero de seres. Caiu-se, pois, em um círculo vicioso. De fato, mas não há como se escapar. Felicidade e bem acabam se confundindo. A segunda parte de sua equação: fazer o correto, já está embutida na primeira: ser do bem. A felicidade é, pois, um estado que depende mais das ações do que das intenções e das circunstâncias. É claro que se pode ficar infeliz temporariamente devido às circunstâncias adversas, como doença, pobreza, luto e outras. Mas isto não perturbará o estado de felicidade de longo prazo se se é virtuoso, especialmente no quesito ataraxia, que é, justamente, não se perturbar com as vicissitudes. Então pode-se ver que o estado de felicidade depende das atitudes perante as provocações da vida, isto é, do modo como respondemos a elas, por meio de nossas ações.