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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
"O tempo não é afectado pelas nossas expectativas." Concorda? Argumente. [5]
Certamente que não. O tempo advém das sucessão das alterações, da ocorrência de eventos que modificam o estado das coisas. Tais ocorrências se dão ou porque foram determinadas por outras que lhes antecederam ou porque acontecem fortuitamente. Mas a rede de injunções é tão intrincada que não se pode fazer previsão do futuro, apenas tecer conjecturas sobre as maiores probabilidades. Expectativas, então, é que não significam nada, a não ser que, por causa delas, se empenhe em ações que visem provocar o acontecimento que se deseja. Mesmo assim não há garantia. Isso quanto ao que vai ocorrer no futuro. Quanto ao transcurso do tempo em si, este não depende em nada do que pensemos ou desejemos. Não há absolutamente nada que possamos fazer a respeito. Isso é inexorável. Trata-se de um fenômeno universal que não se importa nem um pouco com a existência de consciências que o contemplem. Ele passaria do mesmo modo se não houvesse ser consciente nenhum para observar essa passagem.
O ateísmo jamais será capaz de fazer algo tão admirável. http://kugland.tumblr.com/post/38894755072/christmas-1914
Sem dúvida seria difícil, mas não impossível. Essa é uma das falhas do ateísmo, por enquanto, magistralmente levantada, entre outras, por Alain de Botton em sua obra "Religião para Ateus", cuja leitura recomendo. Mas isso não significa que os fundamentos das crenças sejam mais válidos porque elas conseguem levar as pessoas a atos de amor, de altruísmo, de compaixão, de liberalidade, de nobreza. Essas disposições são humanas e as crenças as despertam. O ateísmo ainda não foi difundido na humanidade como uma visão de mundo que também inclua tais comportamentos. Por enquanto ele se prende apenas a um antagonismo em relação ás crenças. Isso é próprio das posturas minoritárias de oposição. O Humanismo Secular é a vertente que procura, justamente, fazer ver que a bondade, a solidariedade, a cooperação, a harmonia, a paz, e demais virtudes do tipo não são apanágio apenas de crentes, mas de toda pessoa de bem, mesmo que não creia em Deus e em tudo o que se correlaciona (alma, anjos, santos, céu, inferno etc.). É notável, contudo, que o ateísmo seja bem menos belicoso do que as crenças, bem menos propenso a fomentar guerras. Mas é preciso criar, dentro do ateísmo, essas manifestações sublimes, inclusive nas artes. Veja-se, por exemplo, a beleza da música sacra (agora estou ouvindo Bach, que é intensamente religioso, mesmo em suas peças profanas). Ou a grande elevação que a arquitetura gótica é capaz de levar à mente humana. Tudo isso pode ser produzido com uma inspiração puramente humana e naturalista. A pintura já faz isso. Templos de convivência humanista poderia ser construídos. Locais em que ricos e pobres se irmanariam, inclusive em refeições comunitárias. Ou em atividades culturais para brindar a vida e a fraternidade. Ainda se chegará lá, assim espero. Mas não em estádios esportivos onde as pessoas vão para desejar a derrota dos adversários. Isso não é construtivo para uma sociedade harmônica e fraterna.
É correto dizer "eu não gosto do que é perfeito" ou se você não gosta isso automaticamente deixa de ser perfeito [ao menos na sua visão]? [4]
O correto seria: "Eu não gosto do que seja perfeito", com o verbo ser no subjuntivo. Isso quanto à gramática. Quanto à lógica, ao desgostar de algo que você considere perfeito, de fato, ele deixaria de ser perfeito, pois a perfeição envolveria o fato de ser objeto de admiração e estima por parte de toda pessoa.
O ser humano está nas suas mãos e é um boneco de corda. Você tem o poder de consertá-lo, fazendo isso tudo na terra mudaria porque as atitudes mudariam. O que você consertaria no ser humano para fazê-lo funcionar melhor? [4]
Bastaria abolir o egoísmo, convertendo-o em altruísmo. Seria bom acabar com a preguiça e a cobiça também.
O que você acha sobre o Fidel Castro.
Uma pessoa que conquistou o povo cubano com seu ideal de libertação da ditadura de Batista e do controle norte-americano, mas substitui tudo por um socialismo de estado ditatorial, para mim, totalmente inaceitável. Qualquer qualidade que o regime de Cuba tenha fica maculada pela falta de liberdade, pelo controle estatal de tudo na vida. Esse tipo de "comunismo" não é comunismo coisa nenhuma. Assim eu deploro Fidel Castro e sua ditadura como um capítulo funesto da história das Américas. Posso aceitar o socialismo como caminho para o comunismo se for plenamente democrático e libertário. Ditadura, jamais! Não me digam que não tinha outra saída. Vejam o que a Islândia está fazendo.
Conseguiria se adaptar a cultura indígena ou muçulmana? [12]
Acho que não, bem como hinduísta, budista, xintoísta, zoroastrista ou qualquer outra que se fundamente em tradições arraigadas e prescrições irremovíveis. Mesmo o cristianismo ortodoxo, o catolicismo tradicionalista ou o protestantismo e o judaísmo fundamentalistas. Para mim a civilização ocidental é preferível exatamente por sua abertura de pensamento, por sua tolerância à pluralidade de concepções, por sua liberdade, por sua visão secular e humanística. Não gosto de rituais. Mas gosto de sofisticação, de apuro de estilo e de educação, de cultura, de refinamento. Sem rigidez e nem pernosticismo. Sou igualitário em relação a tudo. Um anarquista aristocrático. Um comunista erudito.
O que queria que voltasse a ser como antes? [14]
A ingenuidade da minha infância. A falta de maldade. A bondade generalizada. De não precisar desconfiar de ninguém. De poder acreditar nos outros sem perigo. De me sentir seguro andando sozinho na rua de madrugada. De não sentir medo das pessoas.
O trabalho dignifica o homem?
Sem dúvida nenhuma. Só tem direito de não trabalhar as crianças, os velhos e os incapazes. Esses têm que ser sustentados pelos demais. Fora isso, todo humano (e mulherano) adulto tem que contribuir para o provimento do sustento de si e dos outros. Ser sustentado por outros podendo trabalhar é uma ignomínia e suprema vergonha. Da mesma forma que fazer uso do rendimentos de suas propriedades para viver sem trabalhar é abjeto. Quem tiver propriedade tem que colocá-la a serviço da coletividade, por meio de empreendimentos que propiciem trabalho aos outros e, para isso, trabalhar também. Assim é que se promoverá, pacificamente, a distribuição da riqueza para que as desigualdades econômicas e culturais sejam diminuídas até um limiar tolerável. A lei tem que criar fatores coercivos que impeçam os capazes de não trabalhar até que isso, dentro de algumas décadas ou poucos séculos, seja um fato corriqueiro e integrado à visão de mundo de todos.
Se aliens inteligentes existirem, qual seria a aparência deles?
Não se pode ter nenhuma ideia. Provavelmente terão alguma superfície delimitadora do corpo e órgãos sensoriais, que poderão perceber outros tipos de sensações. Da mesma forma devem ter algum modo de se locomover, no solo, nos gases ou em líquidos. Não se pode saber se serão bioquimicamente similares a nós (e à toda vida da Terra) ou se terão outros esquemas. Poderão ser como lesmas voadoras. Poderão suportar temperaturas muito altas ou muito baixas. Uma vez pensei em escrever um romance de ficção científica em que octópodes seriam inteligentes e viveriam nas profundezas oceânicas, onde construíram uma civilização de tecnologia biológica e não termo-eletro-mecânica, como a nossa. Os alienígenas poderiam ter uma tecnologia com base em fluidos, por exemplo. Pode não ser nada parecido com o que conhecemos.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
De onde se origina a riqueza material? Ela é boa ou ruim? E porquê alguns prosperam e outros não? [4]
A riqueza tem duas fontes: a natureza e o trabalho. Pelo trabalho é que se confere valor ao que se extrai da natureza. Logo, o proveito do trabalho, em termos de benesses, de conforto, de felicidade, tem que ser de todo mundo que trabalha. Mas... Historicamente alguns, originalmente pela força, se apropriaram do fruto do trabalho de outros e se tornaram detentores de bens, não compartilhados por outros. Essa é a origem da propriedade. Por herança ela acabou nas mãos de outros que não a conquistaram à força, mas, na raiz, está a força. Assim pode-se dizer que a propriedade seja um roubo. Mas também não é justo que todos fruam das benesses do trabalho dos outros sem trabalhar, se forem capazes. A riqueza é boa por propiciar conforto e satisfação de desejos, mas é ruim se for concentrada nas mãos de uns em detrimento de outros. A riqueza tem que ser distribuída o máximo possível. Isso só vai acontecer com o banimento da propriedade e a extinção do dinheiro. Esses são dois dos objetivos do anarquismo, além do banimento do estado e do governo. Mas isso não dá para se fazer de sopetão, porque o anarquismo é, antes de tudo, uma tomada de consciência. A prosperidade de uns em detrimento da de outros tem vários fatores. Um é o berço, outro é o trabalho e o terceiro é a sorte, entendida como coincidências favoráveis. Muitos direitistas dizem que todo pobre o é por ser preguiçoso. Isso também influi, mas não é o determinante. Um pobre pode se enriquecer pelo trabalho, mas se tiver sorte. Mesmo com muito trabalho e estudo, o mais provável é que continue pobre. De fato, apesar do trabalho ser o principal fator global de riqueza, individualmente ele é o menor. Vale mais o berço e a sorte.
A realidade lhe basta? [16]
Jamais. A realidade é crua e fria em muitos aspectos, mesmo que seja doce e quente em outros. Mas não basta. Sem o sonho a vida seria insuportável. Em verdade o que me move é o sonho. Todos nós lutamos a peleja do dia a dia porque sonhamos com dias melhores. Mesmo que não para nós mesmos, para a humanidade, no futuro. Para isso é que perco noites de sono, que me esfalfo, que queimo meus neurônios, que gasto o meu dinheiro e dispendo o meu tempo. Para ver o mundo melhorar, para que o mal seja erradicado. Para que a harmonia, a fraternidade, a justiça, a tolerância, a igualdade, a liberdade, a prosperidade, a saúde, a paz, a cultura, a satisfação, o prazer, a felicidade sejam o prato do dia de toda pessoa, no mundo todo, a todo momento.
Wolf, quais livros me indicaria a respeito de sistemas políticos e econômicos? O que recomendaria para aprender sobre isso e se tornar politizado?
Não tenho uma referência única para tudo. O que sei fui juntando aqui e acolá. Mas posso indicar:
Dicionário de Política - Bobbio, Matteucci & pasquino - UnB
História das Doutrinas Políticas - Mosca & Bouthoul - Guanabara
Economia Política - Guitton - Fundo de Cultura
História das Idéias e Movimentos Anarquistas - Woodcock - L&PM
Dicionário do Pensamento Marxista - Bottomore - Zahar
Procure também artigos referentes na wikipedia
Como amadurecer emocionalmente? [8]
Tendo frustrações. Sofrendo reveses. Se tudo fluir às mil maravilhas, não se amadurece. Porque amadurecer é, justamente, superar os obstáculos com firmeza mas serenidade. Sem desesperar e sem desistir. Com calma e paciência, mas perseverança. Com firmeza mas com bondade. Lutando sem covardia, nem a que significa medo, nem a que significa crueldade. Aceitar o que não é possível mudar e mudar o que se pode. E, principalmente, discernir entre os dois. Mas aceitar não significa concordar. Para conseguir ser assim é preciso se debruçar sobre a vida, refletir sobre tudo, viver com emoção e sentimento, vibrar, chorar. Não é sendo pastel e indiferente. Mas também é preciso estudar, adquirir cultura, informação. Conhecer outros pontos de vista, outras concepções culturais, religiosas. Ver o mundo pelos olhos dos outros também. Se abrir para o diferente, para a novidade. Não se aferrar ao que está estabelecido em seu próprio mundo como sendo o que está certo. Mas também não mudar só por mudar. Como disse-o Buddah: "Não acredite em algo simplesmente porque ouviu. Não acredite em algo simplesmente porque todos falam a respeito. Não acredite em algo simplesmente porque esta escrito em seus livros religiosos. Não acredite em algo só porque seus professores e mestres dizem que é verdade. Não acredite em tradições só porque foram passadas de geração em geração. Mas depois de muita análise e observação, se você vê que algo concorda com a razão, e que conduz ao bem e beneficio de todos, aceite-o e viva-o."
Porquê a sociedade sempre fecha os olhos para as coisas em comum e os abre para as diferenças? [4]
Porque as diferenças ressaltam à vista e o que se tem em comum passa despercebido. Mas é o que é mais importante. Por exemplo, todos nós, seres humanos, não importa a origem, a etnia, a crença, a ideologia, o gênero, a orientação sexual ou o que seja que nos difira, somos, essencialmente, a mesma coisa. Temos o mesmo funcionamento, os mesmos sonhos, os mesmos medos, as mesmas carências. Porque não nos concentramos no que temos em comum e nos irmanarmos nisso, em nossa humanidade, e, assim, buscarmos construir um mundo em que as diferenças sejam irrelevantes, como a preferência por este ou aquele prato. Nunca motivo para intolerâncias, disputas e guerras. Isso é outra coisa que a educação tem que promover: a consciência de que somos todos, simplesmente, humanos.
1-Pq pessoas acreditam em coisas estranhas?2-Qual coisa mais estranha vc já viu uma pessoa acreditar?3-Como faze-la parar de acreditar nisso q considera verdadeiro?4-Qual foi a coisa mais difícil para vc admitir q estava enganado?5-Como evitar enganos? [47]
Certamente. O mais estranho que vi, recentemente, foi acreditar que o mundo iria acabar dia 21 de dezembro. Para que pessoas não acreditem em coisas estranhas só há dois remédios: Ciência e Filosofia. Informação, cultura, exame, estudo, reflexão, raciocínio, ceticismo. Isso é que dá bom senso. Ir na onda das crendices populares e religiosas só porque a maioria vai é o cúmulo do não senso. Para isso é que a escola teria que dar menos prioridade aos exames vestibulares e investir no aprimoramento da percepção, da inteligência, do senso crítico. Estudar filosofia, lógica, dialética, retórica, religião (não uma específica, mas todas). Geologia, Astronomia (e não Astrologia) e Cosmologia, além da Matemática, Física, Química e Biologia. Mesmo para quem não vá seguir carreira científica. Política, Filosofia, Sociologia, Psicologia, Antropologia e Paleontologia, além da História e da Geografia. Ética, Ecologia. Artes: Música, Pintura, Literatura, Teatro, Cinema. E habilidades manuais: costurar, cozinhar, cultivar (plantas e animais), consertar, construir (móveis, casas). Eletrotécnica, mecânica, hidráulica, eletrônica. Claro que de uma forma básica. Mas o ensino teria que ser em tempo integral. Só assim teríamos, no futuro, um mundo de pessoas cultas, conscientes, responsáveis e prontas para conduzir o planeta a um estágio de civilização admirável: justo, harmônico, fraterno, próspero, livre, igualitário e feliz. E sem crendices insanas.
Razão ou Emoção? Oque ultimamente o senhor tem Seguido? [2]
Tanto um quanto outro, como todas as pessoas. A emoção é o principal conselheiro da razão, mas toda decisão se faz pela razão. Mesmo quando se atende a emoção, atende-se racionalmente. Então a pergunta fica: você tem atendido sua emoção na maioria dos casos ou as ponderações da razão? Eu diria que meio a meio. E assim é que acontece e deve ser para todo mundo.
Mesmo onipotência e perfeito, Deus não poderia demonstrar que é Bom porque não há nenhum meio de se demonstrar isso. Entretanto, Ele poderia saber que é Bom? A onisciência também requer algum meio de se ter certo conhecimento ou Ele só sabe porque sabe? [2]
Claro que há. Ser bom é fazer bondade e não fazer maldade. Bondade é o que causa justiça, satisfação, prazer, felicidade. Maldade é o que causa injustiça, dor, sofrimento, insatisfação, infelicidade. Se tudo o que acontece se dá com o conhecimento, o consentimento e, mesmo, a interveniência de Deus, então ele é o responsável tanto pela bondade quanto pela maldade. Logo, como a maldade existe, ele não é bom. Ou então ele não existe e os fatos se dão por conta própria, como penso que seja.
Você não acha, que ao contrário do que Epicuro propôs em seu famoso paradoxo, não seja sem sentido pensar em um ser, não divino, que seja onipotente, mas não seja onisciente? Parece-me, que embora os conceitos sejam diferentes, que o 1° requer o 2°. [2]
Saber de tudo e ser capaz de tudo, para mim, são independentes. E qualquer ser que possua uma ou outra dessas capacidades seria um deus, pois isso é o conceito do que seja deus. Mas poderia saber de tudo e não ser capaz de tudo ou vice-versa. Saber é uma via aferente, agir é eferente. Não vejo que seja necessário saber para agir, como também se se seja capaz de agir para saber. Deus tem que ser onisciente e onipotente. Mas pode não ser benevolente e, mesmo assim, ser deus. O que Epicuro mostra é que, ou Deus não existe ou, se existe, não é bom. Isso é inescapável.
É a favor ou contra a pirataria?
Contra. Mesmo assim, incoerentemente, uso algum programa pirata. Mas evito. Meu Windows é licenciado, por exemplo. Sempre que posso uso programa livre ou compro uma versão mais antiga, mais barata. Não acho que o caminho seja a pirataria mas sim o aprimoramento dos programas livres, até que fiquem à altura dos pagos. Para isso os governos deveriam instituir institutos para que fossem desenvolvidos por pesquisadores pagos e difundidos de graça. Ou dessem verbas para os grupos que fizessem esse desenvolvimento, em função dos resultados obtidos. Se ele financia o cinema, porque não o software? Mas sem protecionismo!
Divergências entre as maiores religiões do mundo são indícios de imaturidade sobre a nossa própria natureza? Livre interpretação. [2]
São indícios de imaturidade sim. Retrato da falta de reflexão e de estudo sobre quem somos nós. E de humildade em reconhecer a ignorância a respeito. Mas, principalmente, do pavor do desconhecido. Prefere-se uma resposta fantasiosa mas tranquilizadora do que uma busca intemerata da verdade. Por isso é que há várias religiões. Porque, em cada época e lugar, foram propostas explicações variadas, uma vez que todas são fantasias. A verdade tem que ser única, mas ainda não se a tem. Todavia só há um caminho para se chegar a ela: o que se apoia nas pernas da ciência e da filosofia.
Covardia é uma atitude ou falta de atitude? Ou seja, o que entendes por covardia? [7]
Existem dois conceitos de covardia. Um é atitude, outro é falta. Covardia, como capacidade de fazer o mal ao mais fraco por prazer e sem motivo é uma atitude. Uma atitude nefasta e mesquinha. Característica de pessoas vis e desprezíveis. Covardes assim precisam encontrar um forte que os esmague e mostre o que um fraco sente ao ser agredido sem razão. A outra covardia é a falta de coragem de enfrentar os perigos e os desafios, por medo. Esta é uma falta de atitude. Nem sempre, contudo, a pessoa consegue vencer seu medo. Pode precisar de tratamento para superar o problema e tomar a atitude de ter coragem e enfrentar o perigo, mesmo com medo.
A falta do q fazer chega a níveis alarmantes.Ñ bastasse querer tirar"Deus seja louvado",agora um grupo com a "parada veg".Qual dos 2 é campeão na falta do q fazer?Tem algo mais estupido q militar pelos direitos dos animais e desrespeitar paladar alheio? [26]
Sim. Tem algo mais estúpido do que isso: Ser contra isso. Mesmo que não se seja vegetariano nem vegano, há que se admitir que quem o seja faça proselitismo de sua postura. Da mesma forma que religiosos de qualquer religião têm todo o direito de divulgá-la e de conseguir adeptos. Como os ateus com a sua descrença. Ou os políticos de qualquer naipe, desde monarquistas feudais até anarquistas, passando por conservadores, liberais, social-democratas, socialistas, comunistas e outros. O que não é legítimo é só o que causar dano, prejuízo, dor, infelicidade. Os vegetarianos não proíbem ninguém de comer carne. Apenas mostram que não se deve fazê-lo. Ateus também não impedem ninguém de crer em Deus. Apenas mostram que estão equivocados. Os homofóbicos estão errados não por não concordarem com a homossexualidade. Isso todo mundo tem o direito de ser contra. O que não se pode é pretender impedir alguém de sê-lo, uma vez que tal modo de ser não causa dor, prejuízo nem infelicidade a ninguém, pelo contrário. Mas a homofobia causa. Racismo não é não gostar de pessoas de outra raça. Isso é um direito de qualquer um. Racismo é achar que as outras raças são inferiores e pretender cercear-lhes algum direito.
Professor, o livre arbítrio realmente existe?
Claro que sim. Livre arbítrio é a capacidade de escolher a decisão que tomar para agir, de forma independente e soberana, mesmo que influenciada por muitos fatores. De fato, para agir, a pessoa primeiro deseja, depois tem vontade, aí escolhe, então decide e, a seguir, age. Cada etapa pode ser abortada e começar tudo de novo. O desejo é suscitado pelas percepções e apetites, sendo principalmente comandado pela emoção, e intuição inconscientes. A vontade e a escolha já envolvem o concurso da razão e da consciência. Mas a decisão e a ação são totalmente racionais e conscientes. Não haver livre arbítrio significa não haver escolha. Tudo estaria definido pelas injunções que interferem nesse ato, não havendo nada que se pudesse alterar. A experiência, contudo, mostra que não é assim. É possível contrariar todas as tendências e agir de modo oposto ao que se esperaria, face às circunstâncias. Por outro lado, se não houvesse liberdade de escolha, nenhuma culpa e nenhum mérito poderiam ser imputados a ninguém. A liberdade de escolha é uma consequência do indeterminismo fundamental da natureza, bem como da incausalidade de muitos eventos, no nível quântico. Como tudo, afinal, se reduz aos fenômenos subatômicos, mesmo com a extrema complexidade do funcionamento neural, ele não passa de ocorrências eletromagnéticas e quânticas entre os componentes da estrutura atômica das células nervosas. E se tudo isso é indeterminístico, não pode haver nada inescapável. A questão é de probabilidades. Mas probabilidade pequena não é impossibilidade e probabilidade grande não é certeza. Donde se conclui que Deus, se houver, não pode ser onisciente, senão não haveria liberdade de escolha.
O que Sr. acha de "teorias" que apontam que o HIV foi criado em laboratório para exterminar africanos e homossexuais e que o tratamento com o AZT só agravam os sintomas?
Para mim isso é uma daquelas "teorias de conspirações" que as pessoas inventam para imputar a uma série de pretensos "complôs" secretos de grupos que dominariam o mundo. Não acho que exista nada disso. Nem em relação à AIDS nem em relação a outros fatos, como a ida do homem à Lua. Isso é paranóia do tipo da que acomete os que acreditam que os OVNIs são extraterrestres ou que os astros influenciam a vida da pessoa. Não tem fundamento nenhum. Como também "Os Protocolos dos Sábios de Sião" e similares.
Diferencie egoísmo de individualismo. [3]
Egoísmo é a atitude de considerar que a própria pessoa seja o centro do mundo, que tudo tem que acontecer para proveito dela, que os outros existem para servi-la, que a vontade dela deve prevalecer, que ela é melhor do que todos e assim por diante. Individualismo é a concepção que a pessoa basta a si mesma e não depende dos outros. Que pode viver isolada, sem contato maior com os outros, nem para dar e nem para receber nada. Um individualista não precisa ser egoísta e um egoísta pode não ser individualista. Normalmente as pessoas não são inteiramente egoístas e nem altruístas, individualistas e nem coletivistas. Há uma mistura de tudo. O problema, para a coletividade e para a própria felicidade, é haver uma sobreposição do egoísmo ou do individualismo sobre o altruísmo e o coletivismo. Mas é preciso se ter um pouco de amor próprio sem exagero e um tanto de independência.
Se importa se eu fizer uma pergunta bem específica? Bem... quais são os livros mais completos e acessíveis para o aprendizado de Física, do ponto mais básico ao mais avançado?
No nível médio eu recomendo, para começar, "Física Conceitual" de Paul Hewitt (Bookman). Depois a coleção do PSSC (esgotada, mas se acha em sebos). É excelente. Se ler inglês, pegue também os "PSSC Advanced Topics". Ou então o volume único do Jay Orear (LTC). Dentre os convencionais (para vestibular), recomendo os do Ramalho, Nicolau & Toledo, os do Newton, Helow & Gualter e os de Máximo & Alvarenga. Em nível superior, mas básico, recomendo, ainda, o Halliday-Resnick e o Sears-Zemansky (4 volumes cada um). Não deixe de ir até o último volume, o mais importante, mas que depende dos anteriores para ser entendido. Mais aprofundado há o Alonso & Finn (o 3º volume não foi traduzido) e o Curso de Física de Berkeley, em 5 volumes em espanhol (os 2 primeiros em português). No nível de Bacharelado, cada assunto tem o seu livro. Mecânica: Symon, Eletromagnetismo: Reitz & Milford, Termologia: Zemansky, Ótica: Jenkins & White, Quântica: Eisberg & Resnick, Física Estatística: Reif, Estado Sólido: Kittel, Nuclear: Enge, Cosmologia: Ohanian. Claro que há vários outros, que você pode ver nos programas das disciplinas das melhores universidades. De pós-graduação não vou citar, pois não estou por dentro de todas as áreas. Mas se você se interessar por Cosmologia, recomendo o Misner, Thorne & Wheeler e se Física de Partículas, o Weinberg.
Esqueci de dizer que a maior parte dos livros de bacharelado e de pós-graduação são em inglês. Não tem escapatória.
Se esses ateus se acham tão racionais assim, existe argumentação racional que torna o ateísmo preferível ao agnosticismo? O que faz o ateísmo ser mais racional e preferível ao puro e neutro agnosticismo? Existe algo que vc não concorde nessa imagem? [27]
Esse quadro está simplificado. O que acontece é que, por enquanto, não há nenhuma comprovação e nem evidência de que algum deus exista ou não. Isso não significa que tal comprovação ou evidência não seja possível. Então o agnosticismo não pode ser sustentado como algo em definitivo. Nem o gnosticismo, pois pode ser que não se consiga nunca provar que deus exista ou não. Todavia, como a existência de deuses, ou de um só, não é uma evidência palpável, a posição a ser adotada é a de se supor que não exista, considerando que possa existir. Eu chamo isso de ateísmo cético, que, inclusive, duvida de si mesmo. Essa posição não é contemplada nesse esquema, mas, para mim, é a mais racional.
Na sua opinião, qual é o pecado mais terrível que o ser humano possa cometer? Concorda com as frases dos padres da imagem? [37]
Esses prelados são uns cafajestes. Denigrem a imagem da Igreja Católica. O papa deveria puni-los, retirando-lhes as ordens sacerdotais. Aliás, acobertar pedofilia e outras malandragens do clero é a pior coisa que a Igreja Católica pode fazer, se pretende impor-se como guardiã da moralidade. Ou talvez seja melhor deixar como está mesmo, para a população ver que essa Igreja não é melhor do que nenhuma outra. Especialmente quanto a se locupletar financeiramente da poupança de seus fiéis. Desde que Constantino oficializou o cristianismo que ele se corrompeu e se aboletou nos palácios para proveito do alto clero e da aristocracia. Muitas heresias e o protestantismo se voltaram contra isso, mas elas e ele mesmo acabaram se corrompendo. Nas finanças e nos costumes. Depois ficam hipocritamente bradando contra a homossexualidade, que chamam de homossexualismo.
Se não houvesse nem amor nem ódio no mundo, como você acha que seria a vida, as relações entre as pessoas, etc.? [14]
Amor é o oposto do ódio mas um não é a falta do outro. A ausência do amor e do ódio é a indiferença. Sem amor o mundo seria muito pastel. Mas sem ódio seria ótimo. Ódio não faz falta, mas amor sim. Sem amor e sem ódio seríamos como zumbis. Ninguém faria mal a ninguém, mas também não traria alegria e nem felicidade.
Trote é crime?
Em si mesmo não. Mas pode ser, se envolver agressão, intimidação, humilhação ou algo que consiga ser enquadrado no código penal. Todavia tem que ser denunciado pela vítima, depois do ocorrido. Um despropósito. Não há como impedir previamente. Essa é uma das grandes falhas da nossa legislação.
Professor, o que você acha sobre Jesus Cristo? Acredita que ele foi na verdade um enganador? Porque até hoje os seus feitos permanecem na nossa História, e que nenhum outro tenha alcançado? :)
Há controvérsias sobre a real existência de Jesus Cristo, mas penso que, de fato, houve uma pessoa, talvez até com outro nome, que motivou a criação desse mito. Pode ser, até, que estivesse convencida de que era um deus, mas acho que isso foi uma atribuição posterior. Quanto ao que se atribui a ela de lições morais, não considerando o aspecto sobrenatural, acho bem válidas. É bom ler o livro "O que Jesus disse, o que Jesus não disse", de Bart Ehrman.
Por que é um costume tratar justiça e misericórdia como elementos dissociados e aparentemente nunca associáveis? Acaso a justiça pode trabalhar com a misericórdia? (Também não pergunto por um trabalho perfeito e onipotente delas)
A justiça consiste em dar a cada um o que merece. Mas não impede de dar mais, se for para beneficiar. Inclusive, quem ganha o que merece não pode reclamar de quem ganha mais do que merece, como sendo injusto. Injusto seria dar a ele menos do que merece. O problema maior é saber o quanto merece. A misericórdia consiste em dar sem merecimento. Para quem necessite, mesmo que não faça por onde merecer, é válido se dar, desde que isso não se configure em uma obrigação a ser cobrada pelo ganhador. E que não seja motivo para que ele não faça por onde merecer, daí para frente. Assim a misericórdia pode corrigir distorções e, até, injustiças anteriores. É preciso, contudo, não só dar o peixe, paliativamente, mas ensinar a pescar, definitivamente.
A energia falta em todo o mundo, a água está escassa, as pessoas precisam sair de casa e de certa forma lutar para sobreviver. O que você faria? [5]
Articularia grupos de apoio mútuo para, em conjunto, batalhar pela sobrevivência. Com a renúncia do individualismo e com o compartilhamento de tudo, se poderá obter uma racionalização muito melhor dos recursos, o que permitirá o sucesso da sobrevivência.
O que você acha do namoro ou mesmo casamento entre duas pessoas de crenças diferentes? Por exemplo, Catolicismo versus Protestantismo Protestantismo versus Espiritismo Catolicismo versus Budismo tem como dar certo?
Se as pessoas são abertas para aceitar outras crenças como tão válidas quanto a sua, não tem problema. Mas se são fechadas e acham que só a sua é a certa, vai ser um desastre. A princípio, a paixão pode se sobrepor à divergência religiosa, mas, com o tempo, ela aparecerá e minará a relação. O ideal é, mesmo acreditando em Deus, não se filiar a religião nenhuma.
Como estamos num clima escatológico; os eventos que serão de fato o Fim do Mundo: vida insustentável na Terra, "morte" do Sol, Big Rip, Morte térmica do Universo, respectivamente daqui 500,000,000, 5,000,000,000, 22,000,000,000 e 10^100? É isto mesmo?
Antes disso, teríamos a extinção da espécie humana como o primeiro tipo de "fim de mundo". Na ausência de catástrofes imprevisíveis, acho que ainda perduraremos por alguns milhões de anos. Quanto à extinção de toda a vida, isso se dará quando a temperatura do Sol aquecer a Terra a ponto de evaporar toda a água. Pelo que sei isso se dará em torno de um bilhão de anos. O Sol não vai morrer, mas em cinco bilhões de anos se transformará em gigante vermelha e, logo, explodirá e se transformará em anã branca. Na fase gigante vermelha o Sol crescerá e engolirá a Terra, que se fragmentará e se vaporizará, antes mesmo da explosão do Sol. O valor de 22 bilhões de anos para o Big Rip é hipotético e depende da razão da pressão para a densidade da "energia escura". Possivelmente será bem maior, talvez trilhões de anos. A morte térmica é um cenário que se dará se não houver o grande rasgo. Mas pode demorar até mais tempo, da ordem de 10^500 anos. Veja este artigo e os que estão referidos nele::
http://en.wikipedia.org/wiki/Future_of_an_expanding_universe
Veja estes também:
http://en.wikipedia.org/wiki/Formation_and_evolution_of_the_Solar_System
http://en.wikipedia.org/wiki/Future_of_the_Earth
http://en.wikipedia.org/wiki/Human_extinction
http://books.google.com.br/books/about/Extinction.html?id=8klou91MwJoC&redir_esc=y
Se somos criaturas dotadas de razão, e livre arbítrio, porquê tão poucos agem conforme a sua consciência? [4]
Pelo que posso depreender, todas as pessoas agem de acordo com a sua própria consciência sim. Uma ação envolve várias etapas: o desejo, a vontade, a decisão e a execução. A primeira é muito influenciada pelo inconsciente, pela emoção e pelos instintos. A vontade já é um querer mais positivo, envolvendo tanto a intuição quanto a razão. Mas a decisão sempre é consciente e racional. Mesmo que se pense que alguém agiu irracionalmente, ele tomou a decisão de fazer aquilo racionalmente. Pode ser que ele a tenha tomado por coação, não sendo o que ele desejaria. Mas ele consentiu nisso. Poderia não ter consentido e assumido as consequências funestas. Há que se dar um desconto, tanto é que não se pode imputar falta ética, a uma decisão tomada sob coação. A execução é totalmente consciente, a não ser nos casos de sonambulismo ou estado drogado. O problema levantado na questão é porque as pessoas, conscientemente, agem em desacordo com suas convicções. Isso é diferente. Na tomada de decisão pesam muitos fatores, as convicções são um deles, mas também a sobrevivência e, às vezes, a ambição. Isso pode levar a tomadas de decisão em desacordo com as convicções, mesmo que totalmente isentas de coação. Outro fator é a aprovação ou desaprovação social, especialmente do grupo mais próximo, tanto familiar quanto das relações de amizade. Muitas vezes agir de acordo com as próprias convicções envolve arrostar a sociedade, a família, os colegas de trabalho e os amigos. Ou a polícia. Nem todos têm personalidade suficientemente forte para enfrentar essa oposição.
Professor que mistérios da Física o senhor considera de mais relevância atualmente?
Se por mistério você entende algo inexplicável, não existem mistérios na Física. O que existe são fatos ainda não explicados. Dois são, para mim, os mais importantes: Como o conteúdo do Universo surgiu sem ter do que provir e porque os constituintes (matéria, campo e radiação) e as interações são como são. Outro fato desconhecido importante, este da Biologia, é como a matéria inanimada se organizou para produzir a vida.
Como Deus surgiu? Como surgiu o estado que deu início ao universo após o Big Bang? Todas as teorias sobre a origem do universo chegam a um ponto em que algo existiu do nada ou sempre esteve lá? [10]
Se você está se referindo ao Deus mesmo, e não ao seu conceito, ele não surgiu, porque não existe. Não se sabe como surgiu o estado a partir do qual o Universo começou a se expandir. Isso não significa que seja impossível saber e nem que tenha sido obra de um criador extrínseco ao Universo. O mais provável e que tenha surgido espontaneamente, sem provir de nada (mas não "do nada", pois nada não é algo), sem razão e nem propósito nenhum. A teoria do Big Bang não é sobre a origem do Universo mas sim sobre sua evolução primordial, a partir de algo existente. Não há teoria para explicar como isso surgiu, ou se sempre existia. Existem propostas, mas ainda não se conseguiu uma forma consistente de comprová-las.
"Se você é coletivista e comunitarista por que não se muda para um Kibutz?", o que acha disso?
De fato, seria muito interessante. Mas lá já é assim. Aqui é que eu divulgo essas idéias para que se torne assim também. Além disso não tenho dinheiro para ir para lá. Penso que seria uma fuga deixar o Brasil porque aqui as coisas são ruins. Tem-se é que ficar aqui e tentar consertar. Cada um fazendo a sua parte. A minha é fomentar e difundir essas idéias o máximo possível.
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