sábado, 18 de outubro de 2008

O que é o Pensamento

O pensamento trata-se de uma ocorrência que se dá na mente, como um sentimento, uma emoção, uma percepção, uma volição, uma evocação, uma memorização, um raciocínio etc. E mente nada mais é do que a entidade que consiste em um cérebro em funcionamento atual ou potencial. A mente não é o cérebro, mas não existe sem ele. É um epifenômeno do cérebro, isto é, um acontecimento que se estabelece devido a seu funcionamento, que depende de sua constituição, estrutura e dinâmica. O pensamento é como uma música. Ela não existe sem que um instrumento (ou a voz) a produza, mas ela não é apenas o som, mas tudo o que a maneira com que esse som é gerado sequencialmente no tempo seja capaz de produzir, devido á variação da altura, da intensidade, do timbre, do ritmo, da melodia, da harmonia e de todas as demais características. Assim o pensamento é uma sequência de evocações de percepções, de associações, de sentimentos, e de tudo o que o funcionamento do cérebro pode produzir. Note-se que o pensamento pode mesmo ser inconsciente (consciência já pode ser o tema de outro tópico). Certamente para pensar a mente requer que o cérebro funcione e, portanto, consuma energia. Mas o pensamento não é energia, nem tampouco reações químicas. Não é matéria e nem espírito (que, aliás, não existe). Pensamento pertence à categoria de realidades que denominam-se “ocorrências”. Isto é: pensamento é um processo que se dá na mente, um acontecimento, um evento. Para que tal evento ocorra é requerido o fornecimento de energia como, de resto, em todo processo orgânico. Mas esta energia é a fornecida pela metabolização do alimento que se ingere. Ela não provem de fonte externa ao organismo. Energia não é uma entidade e sim um atributo. Não existe energia em si mesma, mas apenas como propriedade de alguma coisa. Como uma cor, por exemplo. Tal ocorrência consiste em transmissões de sinais entre neurônios. Estes sinais caminham pelos dendritos e axônios como uma onda de inversão de polarização de suas membranas, em função da variação da concentração de íons de sódio, potássio e cálcio. A comunicação entre os dendritos e os axônios é feita pelos neurotransmissores, que estão disponíveis no meio glial, tratando-se, pois, de um transporte químico de moléculas. Tais assuntos podem ser vistos em qualquer tratado de anatomia e fisiologia neural (depois cito algumas referências). Não há nenhuma evidência experimentalmente testificada de que o pensamento possa, naturalmente, emanar da mente que o experimenta, propagar-se pelo espaço e ser captado por outra mente, lembrando que a mente é um epifenômeno do cérebro. A interpretação dos fatos havidos com os macacos lavadores de batatas como transmissão de pensamento é gratuíta.

Uma questão, contudo, é inteiramente pertinente: de onde vém o pensamento? Isto é, o que desencadeia a ocorrência de um pensamento na mente? Várias coisas. Em sua orígem, todo processamento mental provém das sensações que os órgãos dos sentidos levam ao cérebro. São os estímulos visuais, sonoros, térmicos, táteis, olfativos, gustativos bem como dos sentidos que percebem o equilíbrio, o posicionamento do corpo e o funcionamento dos órgãos internos que provocam as primeiras cadeias de transmissões de sinais neurais que se transformam em percepções, assim que interpretados. Em segundo lugar, o próprio cérebro, em seu funcionamento, evoca, por associação ou mesmo aleatoriamente, a percepção de imagens já registradas na memória. E as processa, produzindo novos resultados que passam a ser registrados. Esse fluxo de processamento neural é que é o pensamento. Ele pode se dar de modo consciente ou inconsciente, voluntário ou involuntário. Quando consciente, o “eu” (self) toma ciência da ocorrência. Nos sonhos e alucinações há uma emulação inconsciente da consciência, que, inclusive, pode acarretar respostas motoras (sudorese, micção e mesmo, locomoção, além do movimento dos olhos, característico do estágio REM do sono). Dependendo de seu modo de ser, o pensamento pode ser um raciocínio, uma emoção, um sentimento, uma decisão. Em todos estes casos, o processamento mental desencadeia alterações somáticas (hormonais, vago-simpáticas ou outras), como excitação, taquicardia, sudorese, rubor, palidez, secura na boca, vaso constrição ou dilatação. Todas essas alteração são percebidas pela varredura dos sentidos e registradas na memória com parte da ocorrência, de modo que o processamento mental não é apenas cerebral, mas envolve todo o organismo.

Por outro lado, as interpretações misticas da física quântica carecem de qualquer fundamento. O livro e o filme “Quem somos nós?” apresenta uma enorme quantidade de proposições completamente sem fundamento. Sobre este filme já postei inúmeros comentários em comunidades do orkut. Amit Goswani, Fritjof Capra, Rhonda Byrne e outros emitem opiniões que não encontram respaldo na comunidade científica. Mesmo assim leio o que escreveram (com leio Allan Kardec, o Corão, os Vedas e tudo a respeito de tudo). Mas ainda não me convenci de suas proposições.

Irrelevância da Teologia

Tenho para mim que a Teologia é uma disciplina inteiramente desprovida de significado e relevância e explico. O objeto da Teologia é a análise e interpretação do conteúdo das escrituras consideradas pelas diversas religiões como uma “revelação” da divindade ao homem, como a Bíblia, o Corão, os Vedas, ou, até mesmo, os escritos de Allan Kardec. A questão, desde o princípio, se revela problemática, pois a única garantia que se tem de que, de fato, tais escrituras sejam ditadas pela divindade é a fé daqueles que crêem em tal fato. Ora, a fé, absolutamente, não pode ser critério de veracidade de coisa alguma, pois, se assim o fosse, haveriam inúmeras verdades que mutuamente se contradiriam, já que há pessoa que possuem fé sincera e verdadeira em coisas completamente distintas, que são os seguidores fiéis das diferentes crenças religiosas. Como a verdade, por definição, tem que ser única, surge a questão de decidir por qual das revelações se fazer a escolha como sendo a verdadeira. Mas o critério, nesta escolha, certamente que há de ser externo às próprias crenças que validam cada uma delas. E este critério só pode ser o critério filosófico de veritação que se baseia nas evidências dos sentidos ou nas comprovações racionalmente válidas que se fazem, em última instância, com o apoio de premissas validadas por evidências.

Ao que me consta, nenhuma evidência ou comprovação existe da vercidade de nenhuma dessas “sagradas escrituras”, logo concluo que todas são meramente relatos compilados de mitos ancestrais, passados oralmente de geração a geração, cuja origem deve ter se dado nas explicações fantasiosas que os primitivos elaboravam para enteder aquilo de que não possuiam noção da razão de ser. E se a Teologia se fundamenta em escritos inteiramente desprovidos de razão, que valor pode ter qualquer conclusão que deles se tire?

No meu entendimento perdem o seu tempo aqueles que se debruçam, por exemplo, sobre a Bílblia para extrair algum conhecimento a respeito da realidade. Melhor fariam se a estudassem de um ponto antropológico, como uma manifestação cultural dos povos e deixassem a realidade para ser estudada pela filosofia e pelas ciências.

De fato, coloco a Teologia no mesmo nível de conhecimento da Astrologia e de outros conhecimentos esotéricos desprovidos de qualquer fundamentação.

Que se apresentem os teólogos para justificar porque consideram a Teologia algo de valor, pois estou disposto a mudar meu ponto de vista, caso convencido.

Admitindo-se que deus não exista, como o faço, fica patente que a Teologia é um assunto totalmente desprovido de propósito, pois estuda algo que, simplesmente, não existe. Todavia, mesmo que se considere que deus exista, seu estudo deveria ser feito por meio de uma disciplina racional e científica que é a Teodicéia. A Teologia, por basear-se nas pretensas “revelações”, que, mesmo, reafirmo, considerando a existência de deus, não têm garantia alguma de que sejam, de fato, revelações divinas, peca por completa falta de embasamento. Além disto, mesmo, ainda, que se considerem as ditas “sagradas escrituras” como revelações, haveria um tremendo problema de conciliar as contradições que elas guardam entre si. Só para começar, como conciliar a Bíblia com o Corão? Aquela considera que deus tem personalidade tripla e este simples. E os Vedas, então, que admitem a existência de múltiplos deuses? Alguém diria: ora, todas essas pseudo-escrituras são falsas, só a da minha religião é verdadeira, como o garante a minha fé. Bom… de quem eu estou falando? Como saber quem está com a verdade? Que se pronunciem os Teólogos.

Muitos religiosos congratulam-se com a fé exibida pelas pessoas, considerando ser uma grande virtude a aceitação como verdades inquestionáveis de fatos completamente impossíveis de serem verificados diretamente. Jesus, no evangelho, bendisse os que crêem sem ver, dirigido-se a seu apóstolo Tomé. Bom… eu sou mais cético do que Tomé, pois, mesmo vendo, ainda duvido, achando que possa estar tendo ilusão de ótica. Considero que a fé é um total e completo disparate. Não consigo entender como se pode achar valor em se crer em alguma coisa sem fundamento algum. Por que? Porque está escrito na Bíblia? E daí? Outros livros dizem outras coisas. Devo acreditar em tudo o que está escrito em qualquer lugar? Por que a Bíblia seria diferente de outros livros? Como saber que ela relata verdades e não opiniões? Isto a Teologia é capaz de garantir? Quero saber com que argumentos. Pelo que sei a Teologia judaico-cristã, baseia-se na propria Bíblia. Logo não pode ser capaz de validar a Bíblia. Isto só poderia ser feito por argumentos externos a ela. Quais são eles? A Fé? Isto não faz sentido. A fé não é capaz de servir de critério de verdade e esta assertiva é óbvia. Eu não posso garantir que algo seja verdadeiro porque acho que assim o seja. Daí a Teologia ser um estudo inteiramente desprovido de significado. Todas as extensas elucubrações teológicas dos Padres e Doutores da Igreja, Gregório, Ário, Agostinho, Abelardo, João Crisóstomo, Jerônimo, Macário, Teodoro, João Damasceno, Tomás de Aquino, Anselmo, Boaventura, Bernardo de Claraval, Alberto Magno, João da Cruz, Roberto Belarmino, Tereza de Ávila, Catarina de Siena, Lutero, Calvino, Zwinglio, Spener, John Knox, Lewis, Boff e outros mais, que ocupam milhões de páginas escritas são tão inúteis quanto a literatura sobre Astrologia, Alquimia, Numerologia, Ufologia, Cientologia e outra “gias” que são Pseudo-ciências inteiramente desprovidas de fundamento.

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