terça-feira, 19 de maio de 2015

http://i.imgur.com/TjhJd1K.png Apresentei em um debate que o Universo não é feito de matéria mas de campo e obtive esta resposta. O que pensa sobre?‎

Isso que ele diz é o conceito matemático de campo, como um conjunto de valores de alguma grandeza em cada ponto do espaço e momento do tempo. A grandeza pode ser temperatura, intensidade de campo elétrico, intensidade de campo magnético, intensidade de campo gravitacional, pressão, velocidade do fluxo de um fluido, potencial elétrico, potencial gravitacional e outras grandezas. Tal entidade, de fato, é uma abstração, um modelo descritivo da realidade. Todavia esse modelo matemático se reporta a uma entidade física real, que existe independentemente de qualquer descrição. Esse é o campo físico. Trata-se da entidade mais primitiva da natureza, a qual não é feita de nada mais básico do que ela e da qual tudo é feito. A própria carga elétrica não é, realmente, a origem do campo elétrico mas sim os locais para os quais os fluxos de campo elétrico divergem ou convergem. Ou seja, a entidade básica é o campo e não a carga. Se há um lugar de onde campo elétrico diverge, isso é chamado de carga positiva e o lugar para onde ele converge, carga negativa. Quanto ao campo magnético, trata-se, apenas, de um efeito relativístico de percepção em referenciais moventes. Em verdade o campo elétrico e o magnético são um só: o campo eletromagnético, percebido como elétrico, magnético ou ambos dependendo do referencial em que seja observado. Quanto à matéria, outro dos constituintes substanciais do Universo, consiste em quantizações de um tipo de campo, chamado, justamente, de "campo da matéria". Quando esse campo se concentra em concentrações que exibam valores específicos de spin, carga e outras características, essas concentrações adquirem uma individualidade na forma de "partículas elementares", como, no caso da matéria, quarks e léptons. São chamados férmions. Uma das características das partículas da matéria é possuírem um spin cujas componentes em qualquer direção espacial sejam valores semi-inteiros de uma valor fundamental. Os quarks ainda exibem a propriedade de confinamento em grupos de dois, três ou mais, que formam os mésons e os bárions, como os prótons e os nêutrons. Esse campo da matéria é um campo real que preenche o vácuo (espaço onde não há matéria) e podem se quantizar em pares de partícula e antipartícula. Outras quantizações de campo são os mensageiros das interações, como os fótons, os glúons e os bósons W e Z. Esses possuem spin cujas componentes em qualquer direção são valores inteiros do mesmo valor fundamental mencionado. São chamados bósons. Férmions, bósons e campos não quantizados são os constituintes substanciais do Universo. Além deles, outro constituinte é o espaço-tempo, que não é substancial. Também pode se dizer que o Universo é constituído das estruturas desses componentes e das ocorrências que se deem com essas estruturas. É preciso que fique bem claro que campo não é apenas um conceito abstrato, apesar de também o ser. É uma entidade real, constitutiva do Universo. E é a mais fundamental, pois as outras duas dele proveem.

Acredita em intuição?‎

Não é uma questão de acreditar. Intuição é, simplesmente, raciocínio inconsciente, que, ao ser levado à consciência, se apresenta como uma intuição. Todavia o raciocínio inconsciente não segue os padrões formais da lógica. Ele se dá em termos das percepções já vivenciadas e funciona, principalmente por analogias e por indução, mesmo que não desconsidere, de todo, a dedução.

https://www.facebook.com/PartidoPirataRJ/videos/865727236806773/ Assista isso. Acho seu posicionamento favorável à redução da maioridade penal improcedente.‎

Assim que eu tiver um tempo vou estudar os prós e os contras para ver se confirmo minha posição ou mudo. A princípio eu acho que, aos 16 anos, uma pessoa já pode ser tida como adulto para todos os efeitos. Inclusive para morar sozinha e se sustentar por conta própria. Para casar, para trabalhar, para votar, para dirigir, para pegar empréstimos, para ser presa, para tudo. Acho que a Educação Básica deveria ir até os 16 anos e aí já se começaria o nível superior que terminaria aos 20. Os conteúdos deveriam ser compactados e se teria 12 anos de estudos básicos em três níveis. Dos 4 aos 8, dos 8 aos 12 e dos 12 aos 16. Sem progressão automática e sim com um exame de admissão. É preciso acelerar a maturação das pessoas, diminuindo o tempo de preparo para a vida. A primeira infância iria até 4 anos, a segunda até 8, a adolescência de 8 a 12 e a juventude de 12 a 16. Com 16 já se seria adulto. Entrei para a faculdade com 18 e me formei com 22. Mas acho que poderia ter entrado com 16 e me formado com 20.

Quais são as áreas da física que você menos entende? Se for por menor interesse, por que se interessa menos por elas?

Não entendo muito de física da matéria condensada e física do estado sólido. Também não entendo bem de sistemas caóticos, de Física Estatística e Teoria cinética. Meu interesse é por relatividade geral, cosmologia, partículas elementares e teoria de campos. Isso é uma questão de gosto. Gosto mais dos aspectos mais fundamentais e filosóficos da física. Os mais profundos e básicos. Não que rejeito os outros, mas é que não despertam em mim muito entusiasmo. Talvez porque eles sejam os que produzam mais aplicações práticas e eu não me ligo em aplicações práticas. Gosto dos fundamentos.

Professor, você não acha que o período medieval, ao contrário do que pensam, foi um período de grande produção cultural que legou uma forte influência ao ocidente moderno?‎

Foi um período de produção cultural sim, mas não tão grande quanto a idade moderna e a contemporânea. E deixou um legado influente ao ocidente moderno sim. Infelizmente essa influência não foi uma boa influência. Em muitos casos foi nefasta. Claro que houve casos benéficos, mas, em geral, a influência religiosa que sempre esteve por trás de todo o desenvolvimento filosófico, artístico e científico da Idade Média foi uma influência castradora, que impediu a pesquisa livre da verdade, da expressão artística, da investigação científica, da reflexão filosófica. Os filósofos medievais, mesmo tendo tido importância, não eram livre-pensadores, como é preciso que todo filósofo seja. Claro que muitos monges fizeram um trabalho valioso de compilação do legado grego e árabe. Mas isso foi feito, de certa forma, sub-repticiamente, sem o aval e, muito menos, o incentivo das autoridades religiosas e seculares. Se tivesse havido um incentivo à investigação científica e filosófica livre, o progresso do ocidente teria sido abreviado em, pelo menos, meio milênio. Ou seja, hoje estaríamos onde estaremos só daqui a quinhentos anos. Da mesma forma se não tivesse havido o retrocesso da instauração do império romano e a república tivesse continuado, bem como a democracia grega, talvez hoje o mundo já poderia ser anarquista. Se Constantino não tivesse oficializado o cristianismo, talvez o islã não tivesse surgido e o mundo hoje já poderia ser ateu. Mas isso são conjecturas. Sem a oficialização de Constantino, o cristianismo talvez permanecesse como uma religião marginal, como o espiritismo é hoje. E o paganismo é muito mais liberal e fácil de ser extinto. Em verdade a humanidade optou, por uma série de coincidências de eventos, por um caminho histórico institucional bem pior do que poderia ter sido. Não só em termos religiosos, mas em termos políticos, tecnológicos e de liberdades. Tudo isso que se custou a conquistar já poderia estar em vigor há mais de meio milênio. Ainda hoje estamos presos a amarras de tradições castradoras de liberdades e de progresso. Como a monogamia, a propriedade privada, a herança, o trabalho assalariado, as fronteiras nacionais, os governos e muito mais.

Professor, sou estudante de história, porém pretendo cursar ainda as graduações em biologia, fisíca e geografia, ao mesmo tempo em que desejo fazer especialização, mestrado e doutorado enquanto historiador. Preciso trabalhar e essas graduações requer tempo e disponibilidade. O que fazer?‎

Devido à similaridade sugiro que você curse formalmente geografia em paralelo com história e depois faça o mestrado e o doutorado numa ou noutra. Quanto à biologia e à física, são cursos muito exigentes em termos de dedicação de tempo. É preciso que sejam feitos um de cada vez. No máximo se poderia fazer Física e Matemática em paralelo, devido, também, à similaridade. Mas não dá para fazer física ou biologia em paralelo com um mestrado ou doutorado em história. Se você tiver meio de sustento por longo prazo, sugiro fazer os bacharelados todos primeiro e depois os mestrados e doutorados. Mas isso demandará muitos anos de estudo. O mais razoável seria fazer história e geografia formalmente, com o mestrado e o doutorado e se dedicar de forma diletante a estudar biologia e física, por fora. Supondo que você vá precisar trabalhar para se sustentar.

pq a música é um campo de conhecimento? o q há de tao grande nela?‎

A música é uma arte e toda arte envolve, também, conhecimento. O conhecimento relativo à música é o conhecimento sobre a geração e a combinação de sons. Isso envolve muita física e matemática. Por outro lado, há uma relação entre as ondas sonoras e as ondas cerebrais, que fazem com que a música seja capaz de provocar respostas mentais de excitação ou de tranquilidade, dependendo do ritmo. O que há de grande na música é, justamente, sua capacidade de despertar emoções e sentimentos, gerando prazer ou desagrado. A música se presta para descrever situações psicológicas e sociais com muita propriedade, levando o ouvinte a corresponder a seus apelos de tristeza, alegria, euforia, revolta, entusiasmo, ternura e muito mais. Além disso, geralmente, a música é acompanhada de uma declamação poética, isto é, sua letra. Essa letra também pode conter uma mensagem emocional de efeito similar ao da própria música e, em geral, combinado com o dela. São exemplos típicos os hinos nacionais, que despertam o patriotismo. Canções de variados estilos proclamam o valor do amor, da coragem, da virtude. Ou de vícios. Sem dúvida a música é um componente de elevada importância da cultura dos povos e uma vida sem música será extremamente empobrecida de significado.

Comente: o paradigma do teorema da incompletude de Gödel, de maneira quase poética, afirma que há uma verdade por trás da natureza, e que a matemática, por ser fruto da mente humana e, portanto, imperfeita, nunca será capaz de capturar essa verdade em toda a sua completude.‎

Nada disso. Isso é uma ilação poética gratuita. O teorema da incompletude é apenas um teorema aritmético, sem nenhuma extensão a domínios de outra natureza. E o que ele diz não tem nada a ver com alguma imperfeição da mente humana. Mesmo para uma mente perfeita continua sendo verdade que nenhuma teoria axiomática aritmética pode ser completa e consistente, ou seja, sempre haverá algo que, mesmo sendo verdadeiro, não pode ser demonstrado dentro da própria teoria. Isso não é falha nenhuma da capacidade de raciocínio humano e sim uma propriedade lógica dos sistemas aritméticos. Que pode ser estendido para outros sistemas matemáticos lógicos que se fundamentam em sistemas aritméticos. Ele não faz referência nenhuma a propriedades da natureza. No máximo ele pode se referir a propriedades de algum modelo que pretenda descrever a natureza de forma aritmética (que é a parte da matemática que lida com os números inteiros e racionais)

Todo anarquista de esquerda é um socialista libertário?‎

Não. Ser anarquista é ser libertário, seja comunista ou capitalista, de esquerda ou de direita. Mas ser anarquista e ser socialista são concepções diferentes, no sentido estrito da palavra socialista, pois esta considera que a gestão da sociedade, tanto política quanto econômica é feita Por um governo de um estado. O socialismo é planejado centralizadamente enquanto o anarquismo não tem planejamento e nem controle centralizado. Numa acepção mais ampla da palavra socialismo e não em sua acepção técnica, com sendo uma forma de conduzir a sociedade em atendimento a seus anseios, poder-se-ia dizer que a anarquia seria socialista. Todavia na acepção em que a palavra socialismo é considerada historicamente, o socialismo não é anárquico. Com o comunismo também existe essa confusão conceitual, pois muitos consideram que o socialismo de estado seja comunismo. Realmente o comunismo é uma situação em que a economia seja conduzida pela sociedade, isto é, que a posse dos meios de produção e da produção seja de todos e não de alguns e nem do estado.

"Enganadoras, fraudulentas, estelionatárias, criminosas." Diria o mesmo de psicanalistas e psiquiatras/psicólogos dessa abordagem?

Não. O que acontece é que esses profissionais confiam na veracidade dos pressupostos de suas ciências, enquanto as cartomantes sabem que estão enganando, como os astrólogos, quiromantes e assemelhados. Os psiquiatras e os neurologistas trabalham com uma ciência baseada em evidências, mesmo que, como toda a medicina, possa contemplar concepções equivocadas, que, à medida que o conhecimento avança, vão sendo corrigidas. No caso da psicologia, o problema é a existência de escolas conflitantes simultaneamente admitidas por grupos paralelos. Ora, se há alguma verdade na psicologia, ela tem que ser única, e os psicólogos precisam entrar em um acordo sobre o que seja a verdade, em cada situação. Pode ser que escolas diferentes estejam corretas neste ou naquele aspecto. O que seria preciso seria uma fusão de todas as escolas com o estabelecimento de onde se encontra a verdade em cada aspecto. Já a psicanálise, para mim, parte de pressupostos incorretos desde o início. Mesmo que haja algum ponto válido, no todo, especialmente no que concerne à prática terapêutica, considero que ela seja falha. Acho que Freud deu uma contribuição enorme ao entendimento do psiquismo, mas vejo que Jung, ao considerar a existência da alma, pôs essa contribuição a perder. É bom ler as obras "O Livro de Ouro da Psicanálise" e "O Livro Negro da Psicanálise".

Como o estudo da cinética química poderia ser relacionado no retardamento da velhice?‎

Não estou inteirado desse assunto. Há que se pesquisar. O que sei é que o envelhecimento se relaciona com a degenerescência dos telômeros. Pesquise sobre isso na internet. Comece por aqui:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tel%C3%B4mero
http://en.wikipedia.org/wiki/Telomere
Vá seguindo os links citados nesses artigos e os links que há nos links. Você pode, inclusive, fazer um livro sobre os artigos relacionados. Vá à coluna da esquerda (em inglês) e clique em "create a book". Isso é muito interessante. Pena que não existe em português. Mas... sem saber inglês não se vai longe no aprendizado de coisa nenhuma.

Professor, chegou a escanear as notas da aula sobre a Equação de Schrödinger e o Princípio da Incerteza?‎

Estamos fazendo uma obra de troca do telhado aqui de casa e encaixotamos esse material para poder liberar o cômodo. Quando acabar a obra eu pego as notas e escaneio.

O que tem a dizer sobre as cartomantes?‎

Enganadoras, fraudulentas, estelionatárias, criminosas.

Por mais que as leis de conservação possam ser contrariadas eventualmente por algum fenômeno, já é considerada impossível a existência de um moto-contínuo. Por que a insistência nisso até hoje?‎

Porque a lei da conservação da massa-energia pode ser considerada como algo estabelecido com total confiança, uma vez que nunca foi observada nenhuma ocorrência em que não tenha sido verificada. Um moto-contínuo seria um dispositivo que forneça energia sem a consumir de nada. É possível que, sem nenhum atrito, algo se mova indefinidamente sem diminuir a velocidade ou rotação. Mas, nesse caso, não se pode extrair energia nenhuma disso.

E quais mestrado/ doutorado faria um graduado em física interessado nessa interface com as neurociências? No que a graduação em física ajudaria?

Existem propostas que interpretam a consciência como uma manifestação da estrutura de microtúbulos que formam o esqueleto celular dos neurônios, bem como propostas de interpretação holográfica da mente. Todas requerem profundos conhecimentos de Física e Química para serem analisadas. Mesmo a concepção padrão de estruturas de sinapses com transmissão por polarização e despolarização das membranas dos dendritos e axônios e o salto de neurotransmissores nas fendas sinápticas requer grandes conhecimentos de física e química. A física também é muito necessária para o aperfeiçoamento dos métodos de imageria, para que se consiga chegar a captar o conteúdo dos pensamentos por meio de escaneamentos por diversos tipos de radiação e partículas, até mesmo anti-partículas. Toda a interpretação dos resultados da ressonância magnética e outras técnicas a serem aplicadas requerem a elaboração de programas de computador fundamentados na compreensão dos fenômenos físicos envolvidos.

Há interface entre a física e a neurociência/ciências cognitivas? Um graduado em física pode mestrar em uma dessas duas ou tal conexão não existe?‎

A interface existe sim. Mas para se dedicar a ela é preciso que se faça bacharelado tanto em Física quanto em Biologia. Em verdade se poderia fazer o bacharelado em física e as disciplinas da biologia que sejam necessárias. Mas elas têm seus pré-requisitos. Todavia poderiam ser dispensadas as disciplinas de botânica, de sistemática. Claro que é preciso fazer citologia, histologia animal, bioquímica, biofísica, bioquímica celular, anatomia e fisiologia humanas, neurologia, pelo menos. Isso pode ser feito como estudante especial portador de diploma de nível superior, se já se for bacharel em física. Depois se faz um mestrado e um doutorado interdisciplinar.

"O Eu é o mestre do eu. Que outro mestre poderia existir? Tudo existe, é um dos extremos. Nada existe é o outro extremo. Devemos sempre nos manter afastados desses dois extremos,e seguir o Caminho do Meio". ( Buda ) Concorda?‎

Concordo. O que não significa que concorde com todo o que Buda tenha dito. Só que, para que se seja mestre de si mesmo, é preciso que se absorva o máximo possível de tudo o que outros ensinaram. E é bom que isso seja feito a partir de propostas variadas, de naturezas diferentes e, inclusive, conflitantes entre si. Então cada um examine e reflita sobre elas, tendo suas próprias convicções e história de vida como pano de fundo, para que possa, sempre provisoriamente, extrair suas conclusões e por elas pautar sua vida. O caminho afastado dos extremos (não necessariamente no meio), em geral é o melhor mesmo, como o disse, também, Aristóteles (que não sei se conhecia esse ensinamento de Buda). O próprio Saulo de Tarso o recomendou em sua primeira epístola aos Tessalonissences (5:21).
Todavia a recomendação "In medio virtus", não pode ser levada ao pé da letra, pois há casos em que se tem que fazer uma escolha extremada. O importante é ponderar, como bem o disse, também, o Buda: “Não creia em coisa alguma com base na autoridade de mestres e sacerdotes; não creia em coisa alguma pelo fato de lhe mostrarem o testemunho escrito de algum sábio antigo. Aquilo, porém, que se enquadrar na sua razão e depois de minucioso estudo for aceito pela sua inteligência, conduzindo ao seu próprio bem e ao de todas as outras coisas vivas, a isso aceite como verdade e por isso paute sua conduta.”

Ernesto, o mundo acadêmico é muito sujo! Tenho professores com péssima didática, cujo Lattes expõe uma lista de títulos em psicopedagogia, métodos de aprendizagem, etc. É possível ser bom sendo honesto nesse meio? Ou só se eu for absolutamente brilhante, neste caso?‎

A única maneira de corrigir o descalabro desse mundo de valores fajutos é sendo escrupulosamente honesto e imensamente brilhante mesmo. Para que a incompetência aliada ao mascaramento sejam expostas à execração. Somente quando quem seja, de fato, bom de serviço, assuma as rédeas dos mecanismo de aferição da qualidade acadêmica e passem a rejeitar titulações de baixo calibre é que o verdadeiro mérito será exibido. Isso é um trabalho para muitas gerações, mas tem que ser iniciado já. Claro que quem se dispuser a levantar tal bandeira e a se empenhar em sua realização vai ser perseguido. Mas se não houver gente disposta a ser prejudicada pelo bem futuro, nunca se mudará nada. Por isso é que quem levantar essa bandeira tem que ser extremamente capaz e brilhante.

domingo, 17 de maio de 2015

seu Ernesto, bom dia! //// o que você acha das greves de professores e educadores?

Inteiramente válidas para pressionar os governos a, de fato, priorizarem a educação como tem que ser. Mas não é só por excelentes (e não só bons) salários que eles precisam se bater. Também pela seleção rigorosa dos candidatos, pela abolição da estabilidade no emprego e demissão por justa causa por incompetência e negligência. Pela contratação em dedicação exclusiva. Pela abolição da obrigatoriedade de aprovar os alunos. Pela elevação do nível de qualidade do ensino. Pela elevação do nível de exigência nas avaliações dos alunos. Pelo aumento do rigor na disciplina escolar. Pela implantação de um sistema de avaliação continuada e consequente do trabalho docente, de modo a eliminar os incapazes. Pelo estabelecimento de um programa permanente de treinamento e aperfeiçoamento do pessoal docente. Pela manutenção e equipamento dos estabelecimentos de ensino. Pela adoção do regime de estudo em tempo integral, Pela melhoria da qualidade dos cursos de licenciatura (incluindo o aumento da exigência para aprovação). Pela ampliação e qualificação tão grandes do ensino público que leve à extinção do ensino particular, porque o publico não só seja de graça mas seja MUITO melhor. Pela introdução de métodos pedagógicos realmente modernos, como os usados na "Escola da Ponte" de Portugal. Em suma, por uma revolução radical dos paradigmas do processo de ensino e aprendizagem, que se fundamentem na neuropedagogia e numa cosmovisão anarquista do mundo, que permita levar a sociedade a corrigir suas mazelas, exatamente, em razão da conscientização que um processo educativo primoroso seja capaz de propiciar.

É possível amar o próximo como a ti mesmo?

Certamente que sim e, até, mais do que a si mesmo. Geralmente, contudo, ama-se mais a si mesmo. Há casos de que a pessoa se sacrifica pelo bem de outrem a quem ame. Isso não é tão incomum. Casais que vivem uma relação muito boa, geralmente amam-se um ao outro tanto quanto se amam a si mesmos. Nunca se colocam em primeiro lugar nas decisões. Mães e pais podem amar a seus filhos, especialmente pequeninos, mais do que a si mesmos.

Tem que ter uma rotina pra comer, senão engorda.‎

Não tem não. Se comer pouco, mesmo sem rotina, não engorda.

Caso o universo venha a ter um fim, seria correto afirmar que tudo que existe hoje já existia no momento do Big Bang, e continuará existindo até o fim do universo? Digo, quando morremos, toda a nossa composição química continuará existindo, certo? E existia antes mesmo da vida surgir, correto?

Não é assim não. No surgimento do Universo (e não no Big Bang, que é o início da atual expansão do Universo), se ele surgiu, não houve de que ele fosse proveniente. Esse evento singular não exibiu conservação de nada. Se o Universo acabar, também não restará nada e esse será outro evento singular. Findo o Universo nem espaço vazio existirá. Nada existirá. Nem tempo passará. Mas isso não deve acontecer. O Universo não acabará. Ele sempre se expandirá e, no futuro, essa expansão rasgará todas as partículas elementares, acabando com sua quantização e transformando-as em campo puro, não quantizado, que preencherá todo o espaço, de modo cada vez mais rarefeito, sem matéria e sem radiação. Na escuridão total e tendendo assintoticamente para o zero absoluto. Mas com espaço e com tempo. Essa ocorrência estará de acordo com os princípios de conservação todos, como da carga, que, no total é nula, os momentos angular e linear, os números bariônicos e leptônicos, a estranheza, o isospin, a paridade, e a massa-energia, que será apenas a energia dos campos do conteúdo, do gravitacional e da energia escura. Pode ser que esse total de energia também seja nulo, como os demais.

http://ask.fm/wolfedler/answer/126875228445#_=_ E quem dirigiria esse Estado seria a classe proletária. Mas para alcançar o anarquismo você indicaria alguma classe dirigente como fez Marx em relação ao comunismo?‎

A anarquia não tem classes e nem dirigentes. Tudo é feito coletivamente, por deliberação grupal. Todos são iguais em termos de nível social. Só possuem incumbências diferentes. E mesmo assim, não são fixas para cada pessoa. Em cada situação, cada pessoa se incumbe de algo distinto. Claro que há trabalhos que requerem um preparo que qualquer um não pode fazer, como ser médico. Mas um médico pode atuar como lixeiro, às vezes. O modo de se atingir a anarquia, que é o processo anarquista, consiste, justamente, das pessoas irem assumindo essa condição de igualdade social e compartilhando todos os trabalhos coletivamente, despindo-se do individualismo e adotando o comunitarismo. Sem mando e nem obediência. Os grupos anarquistas não possuem diretoria, nem estatutos, nem sede, nem regimentos, nem uniforme, nem filiação oficializada. Tudo é resolvido por consenso e as responsabilidades assumidas pela palavra dada e pela honra de cada um. O mais importante em ser anarquista não são tanto as convicções políticas ou econômicas, mas a postura virtuosa de se ser uma pessoa de bem, de palavra, honrada.

Você sabe sair da rotina?‎

Tranquilamente. Estou sempre saindo da rotina. Aliás não tenho uma rotina. As coisas que tenho que fazer, mesmo em meu trabalho, são sempre variadas e criativas. O que seja rotineiro é muito pouco. E eu vivo sempre inventando moda, isto é, uma forma diferente de fazer o que seja preciso, cada vez de um modo novo. Em casa também fico variando o que faço. Mesmo essas respostas que dou aqui no Ask não são rotineiras porque eu as intercalo com outras atividades. Sempre fico fazendo várias coisas em paralelo. Paro uma, faço outra, uma terceira, uma quarta. volto na primeira e assim vou levando. Leio uns quatro livros em paralelo também. O bom é que sou meu próprio patrão e meu trabalho é, justamente, inventar moda, criar processos, aperfeiçoar sistemas, em suma, inventar. Acho isso ótimo. Mesmo quando eu lecionava, nunca eu repetia o mesmo modo de abordar e apresentar um assunto. Sempre inventava uma forma nova. E nunca repetia questões de prova. Nem copiava de livros. Todas eram inéditas. Detesto mesmice. Acho que viver desse modo sempre criativo é que é bom. Sem horário fixo para nada, sem trajeto fixo para ir para onde se for, sempre variando caminhos. Sem um jeito padrão de se vestir ou pentear o cabelo. Gosto de ser assim. Comigo não tem nada que "sempre" eu faça do mesmo modo. Sem hora certa de dormir, de acordar, de almoçar. Cada dia é diferente.

O final da evolução socialista é comunismo, e esse comunismo é igual ao anarquismo?

Originalmente se propunha que o socialismo seria uma etapa intermediária para o comunismo. A diferença é que, no socialismo, os meios de produção e a produção não seriam particulares mas do estado, para o qual todos trabalhariam. No comunismo eles também não seriam particulares, mas também não seriam do estado e sim de ninguém, ou seja, de todos. Mas poderia haver estado e governo, como planejadores e coordenadores de esforços. No anarco-comunismo nem estado e nem governo haveria. Mas a anarquia também pode ser concebida sem o comunismo, isto é, uma anarquia capitalista, em que os meios de produção e a produção teriam donos e haveria trabalhadores assalariados, só que sem estado e governo. Para mim o socialismo de estado e o capitalismo sem estado são muito piores do que o capitalismo com estado em que vivemos. Mas o ideal é o comunismo sem estado.

Quantas Gigantes Vermelhas maiores do que o Sol existem?‎

sso não é fácil de contar. Veja estes artigos:
http://www.universetoday.com/102630/how-many-stars-are-there-in-the-universe/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Via_L%C3%A1ctea
http://pt.wikipedia.org/wiki/Estrela

"Se deixássemos as crianças crescerem como são, teríamos somente gênios." Qual é sua opinião sobre esta frase? Achas que, de alguma forma, a sociedade está "acabando" com as crianças de hoje em dia?‎

Isso é um exagero. Algumas seriam gênios, mas a maioria não. De fato, contudo, uma educação castradora como a nossa inibe bastante o desabrochar da inteligência e da criatividade. Todavia as que são gênios mesmo afloram sua genialidade apesar da castração.

A suposição que a luz tivesse a mesma velocidade para qualquer referencial partiu de uma intuição ou de algum ponto de partida lógico?‎

Partiu das equações de Maxwell, que previu isso. Depois isso foi mostrado experimentalmente pela experiência de Michelson e Morley. Então Einstein colocou esse fato como um postulado da Teoria da Relatividade Restrita.

Professor, o que o senhor acha disso? http://www.megacurioso.com.br/cosmologia/42154-voce-tem-ideia-de-como-nosso-sistema-solar-se-move-no-universo-choque-se.htm‎

Não vejo porque o artigo coloca as trajetórias dos planetas no referencial do centro da Galáxia com eixos orientados para galáxias longínquas como algo espantoso e desconhecido. Claro que as órbitas dos planetas são elípticas no referencial centrado no Sol. Todavia, como o Sol se move em relação ao centro da Galáxia, as órbitas dos planetas serão helicoidais nesse referencial. Isso é tranquilo. Mas a animação parece não apresentar o ângulo correto entre o plano da eclítica e o plano galático, que é de 57°. A impressão é de que seja de 90°. A velocidade do Sol em relação ao centro da Galáxia é de 251 km/s. Não existe velocidade em relação ao "espaço" e sim em relação a outras referências. A da Terra em relação ao Sol é de 30 km/s. A do equador em relação ao centro de Terra é de 464 km/s. Se se considerar o movimento da Galáxia em relação ao centro do grupo local e desse em relação ao superaglomerado local então as trajetórias vão se tornando completamente enoveladas.

É correto afirmar que a Terra gira em torno do Sol, e que o Sol, por sua vez, gira em torno do Sagittarius A?

Sim. E Sagitarius A, por sua vez, gira em torno do centro de massa do aglomerado local, que, por sua vez, gira em torno do centro de massa do Superaglomerado Local. Nosso aglomerado local é uma parte do aglomerado de Virgem. Veja esses termos na Wikipedia.

Ernesto, estou estudando funções integráveis mas não entendi direito o que é uma função limitada. Como faço pra saber se uma função é limitada usando a notação matemática? Sei que a imagem deve estar entre dois pontos, mas não sei passar isso pro papel.‎

f(x) é limitada se existem dois números a e b tais que a <= f(x) <= b para todo x no domínio de f(x).

Ernesto, na sala de aula eu consigo entender o assunto mas se for fazer atividades na hora não consigo. Entendo muito melhor em casa sozinho com um livro.Isso é um problema?

O aprendizado é assim mesmo. Em aula você tem que se concentrar em conhecer e entender e não em compreender e aplicar. Por isso o professor que conhece neuropedagogia só pode dar aplicações do assunto ensinado em uma aula na próxima aula, que não pode ser no mesmo dia. A aula (exceto a primeira) tem que ser dividida em duas partes. Na primeira ele vê se houve compreensão da aula anterior e faz as aplicações de seu assunto. Na segunda metade ele apresenta o novo conteúdo para ser conhecido e entendido. Então é obrigatório que seja passada uma tarefa para casa, ocasião em que num segundo momento do mesmo dia da aula, antes que se durma, mas não imediatamente após a aula, o estudante revisite o conteúdo e responda questionários, faça exercícios e resolva problemas. Isso é que completa o aprendizado da aula. Sem esse segundo momento, a aula não pode ser considerada dada.

Ernesto, fiz calculo 1 e 2 na faculdade de engenharia, mas nunca aprendi Eletromagnetismo no ensino médio e estou estudando agora pois vou fazer física ano que vem. Após entender o assunto do ensino medio posso partir para os livros da faculdade ou preciso algo além do calculo?‎

Sabendo o eletromagnetismo e o resto da física do ensino médio, bem como a matemática, para aprender eletromagnetismo no nível básico do terceiro grau basta conhecer os recursos matemáticos fornecidos pelo cálculo diferencial e integral. Já para o estudo do eletromagnetismo no nível profissionalizante do terceiro grau será necessário, também, o conhecimento do cálculo diferencial e integral de vetores e da álgebra linear, além das variáveis complexas e das equações diferenciais ordinárias e parciais. Em relação à física, é preciso ter visto a mecânica clássica tanto vetorial quanto analítica. Grande parte da matemática necessária é vista na disciplina "Métodos Matemáticos da Física". Mas esse eletromagnetismo avançado só é visto por quem for fazer engenharia elétrica ou física.

Mulher gosta de quê?‎

Do mesmo que o homem gosta: comer, beber, dormir, divertir e fazer sexo. Algumas, como eu, também gostam de pensar e estudar.

"Aula dada, aula estudada, HOJE" E para quem é autodidata? como estudar?‎

Do mesmo modo. Dividindo o estudo em dois momentos. O primeiro é aquele em que se conhece e entende o assunto e o segundo, no mesmo dia, mas separado temporalmente do primeiro, é aquele em que se revisita o assunto para compreendê-lo a aplicá-lo. Com isso o cérebro confere relevância ao assunto e o marca como aquilo que deva ser levado do hipocampo ao córtex, no sono.

Professor, qual tua opinião acerca do Imperativo Categórico de Immanuel Kant : "Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal” ?‎

Concordo que assim é que tenha que ser mesmo. Desde que se considere o tipo de ação em relação às circunstâncias que se apresentam. Todavia, acrescento outros critérios de eticidade, como o utilitarista e a "regra de ouro".

Como ganhar um debate?‎

Para começar, tendo razão. Isso é um fator primordial. Mas não suficiente. É preciso, também, estar muito bem municiado de argumentos para defender seu ponto de vista. Isto é, tem-se que entender profunda e abrangentemente do que se vai discutir. Finalmente é preciso ter muito traquejo dialético e retórico, o que se adquire pelo treino. Tem-se que dominar um vasto vocabulário e ser muito bom em lógica para pensar direito. Infelizmente isso deveria ser ensinado nas aulas de português, mas não é. Não se ensina retórica, lógica nem dialética. Como não se ensina a ser um escritor e um poeta, que é o que se deveria ensinar, além da gramática, semântica, fonética, linguística. Acho nosso ensino fundamental e médio extremamente frouxo. Aprende-se muito pouco de tudo.

Por que não crer em Deus? se crer o que vou perder? e se ele existir vou ter só o que ganhar!‎

Porque não é verdade que exista, como todos os indícios mostram. Então crer é supor algo implausível. Não crer é, portanto, mais honesto. Não se perde nada por crer, a não ser que se creia nos modelos de deus que as religiões apresentam. Esses são péssimos, seja qual for a religião. Quanto a ganhar se ele existir, o que se ganharia? Só se, além de se crer em Deus, também se creia em uma alma imortal, bem como em céu e inferno. Mas aí já é demais.

"Uma das características do génio é a intuição: ver sem esforço o que os outros somente descobririam com grande trabalho." (Balmes) - Concorda? Como funciona esse mecanismo? Por que e como o gênio consegue intuir as coisas e como isso difere de um humano médio?

Concordo. É isso mesmo. A razão é que os gênios possuem muito mais conexões neuronais, para o mesmo número de neurônios. Nos bebês elas são em grande número, mas são destruídas por desuso. Nos gênios elas permanecem a vida toda. Não se sabe ao certo a razão. De fato, a maior parte do raciocínio é inconsciente. E intuição é, exatamente, raciocínio inconsciente. Nos gênios, mais conexões equivalem a um maior número de processadores paralelos de um computador, o que aumenta tremendamente as possibilidades de tentativas para se resolver um problema.

http://ask.fm/GuiTomishiyo/answer/127127735380 Procede isso, professor?‎

De acordo com a interpretação de Everett sim. Mas eu não concordo com ela. Acho que as possibilidades quânticas não realizadas neste mundo ficam perdidas. Acho que só existe este mundo. Não vejo nada que confirme a hipótese de Everett.

Ernesto, na adolescência vc sofria bullying na escola? Oq acha disso?‎

Não. Isso não existia quando em minha época. Pelo menos eu nunca vi. Nem em relação a mim nem em relação a ninguém. Sempre fui o aluno mais novo da turma, bem como o primeiro aluno da turma, em desempenho acadêmico. Era extremamente "caxias" ou "CDF" como se dizia. Hoje seria um "nerd". Mas sem o estereótipo de nerd. Era amigo de todo mundo. Ensinava tudo para todos, pois tinha muita facilidade para aprender. Só não dava cola e nem colava, pois não admitia tal coisa. Quando me formei no ginásio (atual nono ano do fundamental) fui o único a que os colegas aplaudiram de pé quando fui receber o certificado.

Quais são nossas necessidades fundamentais e inexoráveis enquanto animais humanos?

Em relação a cada indivíduo, as necessidades fundamentais, sem cujas satisfação se perde a vida, são: respirar, beber, comer, proteger-se do frio e do calor excessivo, evitar o vácuo, proteger-se dos predadores. Em relação à espécie, tem-se que acrescentar a necessidade de conseguir fazer sexo.

As leis da conservação são apenas constatações empíricas acerca do Universo, correto?‎

Sim. Mesmo que se considere que há princípios mais básicos dos quais elas podem ser deduzidas, isso é um arcabouço teórico. O fato físico fundamental é a conservação de certas grandezas que se constata acontecer no Universo. Em alguns casos, inclusive, já se encontrou situações em que algumas não se conservam, como a paridade das funções de onda. Os físicos sempre verificam se, em novos fenômenos observados, as conservações são preservadas ou não. Quando se tem uma situação em que, para dado fenômeno, ainda não se encontrou ocorrência nenhuma que contrarie alguma conservação, ela é admitida com segurança para aquele fenômeno. Sempre, contudo, é preciso entender que se tratam de leis empíricas, ou seja, induzidas e não deduzidas. Assim elas não são garantidas. Pode ser que alguma categoria de fenômeno venha a ser descoberta que contrarie alguma lei de conservação.

Ernesto ainda sobre campo elétrico: Quando tem dois corpos com cargas opostas, o campo elétrico delas também se estende ao infinito? Aquelas curvas de atração entre elas tem um limite?

O campo de um dipolo elétrico também se estende ao infinito, mas decresce em intensidade mais rapidamente do que o campo de um monopolo. O de um quadrupolo decresce mais rapidamente ainda.

Por que a Igreja Católica é adversa ao comunismo?

Por várias razões. Para começar, o que se considera como comunismo não é, de fato, comunismo e sim o socialismo de estado que vigorou na União Soviética e que era anti-religioso. Esse comunismo, a Igreja Católica, naturalmente tem que ser contra mesmo. Eu mesmo, sendo comunista, sou contra esse comunismo, porque sou contra regimes totalitários e contra a falta de liberdade religiosa, mesmo sendo ateu. Outra razão é que, historicamente, o catolicismo se aliou ao poder estabelecido, especialmente o aristocrático. E o comunismo é contra o poder da aristocracia, da burguesia e das elites, admitindo apenas o poder do proletariado, representado pelos membros do partido comunista. Todavia, há, dentro do catolicismo, correntes que também não concordam com o poder da aristocracia ou da burguesia, mesmo que também não concordem com o poder totalitário do partido comunista. Outra razão é que o dito comunismo, tal qual aconteceu, postula a abolição da propriedade privada, com sua apropriação pelo estado, do qual todos são empregados. E, ainda, cerceia as liberdades de locomoção, de expressão, de escolha de residência, de trabalho. Esses são aspectos condenados pela Igreja Católica e por mim também. Mas note que essas são características do socialismo de estado, impropriamente chamado de comunismo, e não do verdadeiro comunismo.

Ernesto, estou dando uma revisada em campo elétrico (Ensino Médio) e fiquei numa duvida: O campo elétrico tem um limite? Por exemplo, após 3cm do centro não ocorre mais nenhuma interação. Ou ele vai diminuindo gradativamente? É possível descobrir esse raio? Valeu professor

Ele não tem limite. Estende-se infinitamente, diminuindo cada vez mais. Todavia, a partir de certa distância, ele fica tão fraco que algum detector não o consegue perceber. Mas isso vai depender da sensibilidade do detector. Não dá para se estabelecer uma distância a partir da qual não se detecta o campo elétrico.

Escreva um recado/carta para todos aqueles que um dia duvidaram de você:‎

Cumprimento-os pela saudável atitude de terem duvidado de tudo o que disse. Isso é que é bom, para que, duvidando, se empenhe em conferir as razões pelas quais o que tenha sido dito foi dito e, com isso, confirmar ou negar as assertivas. Peço que, tendo concluído pela negação, que me apresentem os argumentos para que eu possa rever minhas convicções ou refutá-los.

Mas o cursinho é um caso diferente. Em um espaço de tempo limitado até o vestibular o aluno precisa de qualquer coisa que o ajude a se dar bem na prova. Os truques e macetes sempre entram em demanda nessas situações. Em um curso regular é diferente

A existência de cursinhos, para mim, é uma excrecência. A entrada nos cursos superiores teria que ser feita por uma avaliação do desempenho ao longo do Ensino Médio, por meio de uma prova nacional tipo ENEM a ser aplicada a cada semestre ao longo do curso todo. E essa prova teria que ser elaborada por pessoas muito entendidas em avaliação que formulassem questões impossíveis de serem respondidas por quem só domine macetes. Isto é, questões que exijam entendimento mesmo dos conteúdos e cujas respostas dependam de boa habilidade de raciocínio. Veja esses exemplos, no caso de Física:
https://pt.scribd.com/doc/165109910/FisicaFDV

Por que você acha que o filósofo deve ser um polímata?‎

Porque a Filosofia cuida de tudo o que a humanidade já produziu ou venha a produzir em termos de conhecimentos, quer declarativos, quer procedurais. E só é possível se discutir a validade de cada um e as relações entre eles se se entender, razoavelmente, de todos. Claro que não é preciso ser um esperto em tudo. Mas é preciso ter noções não tão elementares. Em alguns casos o conhecimento tem que ser, inclusive de boa abrangência e profundidade. Como em matemática, física, biologia, cosmologia, psicologia, história, política, economia. Para mim, o curso de bacharelado em Filosofia precisaria de seis anos de duração. E a pós-graduação não poderia se ater apenas a um trabalho de comentário e cotejo entre filosofias existentes mas sim, na formulação de uma proposta inédita de escola filosófica.

Por que você acha que a filosofia não deveria ser enquadrada na área de humanas? Por que então ela é erroneamente categorizada dessa maneira? Como deveria ser?‎

Por que a Filosofia paira sobre todo o conjunto de conhecimentos. A Filosofia não só cuida dos aspectos humanos e sociais, mas também dos psicológicos (por exemplo, a lógica é intimamente ligada ao processamento cerebral), dos biológicos e físicos (por exemplo, o indeterminismo e a incausalidade foram revelados a partir de experimentos físicos). Como saber se algo seja metafísico ou não se não se sabe o que seja físico? Como entender estética se não se conhecer arte? Como discutir a existência ou não de Deus e da alma se não se conhecer cosmologia e biologia? Para começar, a Filosofia não é uma ciência e nem uma arte ou um ofício. Então, na categorização dos conhecimentos ela possui uma posição única, só ocupada por ela. Filosofia é Filosofia. Pronto.

Os macetes facilitam o aprendizado. Por exemplo, muitos professores de cursinho ensinam músicas e frases adaptadas para que os alunos gravem de vez o conteúdo, sem esquecer.

Esse tipo de aprendizado não é significativo. Fórmulas e frases não são para serem decoradas. São para serem entendidas de modo que, a cada momento que sejam necessárias, o próprio estudante as deduzam. Se forem feitos exercícios bem preparados (inventados pelo professor e não tirados de outros livros), contextualizados adequadamente, se aprenderão as relações existentes entre os conceitos naquela situação e, com isso, quando preciso, a mente reconstruirá a fórmula ou a frase que declare o que se pretende. Para isso o aprendizado tem que ser feito pela redescoberta, isto é, fazendo o estudante ser, ele mesmo, um cientista que descubra as leis da natureza ou um investigador que, pelas pistas, conclua o que se pretende saber a respeito de fatos históricos, geográficos, filosóficos, sociológicos, biológicos, psicológicos. Isso é que é um aprendizado significativo. Porque o professor não ensina. Ele provoca o aprendizado,

Professor, você acha que o mercado de trabalho para professor pode entrar em decadência por falta de profissionais para trabalhar? Acha q a profissão será devidamente valorizada num futuro próximo?

Realmente acho que vai começar a acontecer escassez de professores, tanto pelo baixo salário quanto pelo caráter estressante do trabalho. Acho bom que isso ocorra, para que a profissão passe a ser valorizada como precisa e, então, as pessoas mais capazes escolham ser professores, como é preciso que aconteça. Com a valorização salarial da profissão, então, se poderá, também, valorizar os cursos de licenciatura, de modo a que tenham maior procura e, com isso, selecionem melhor os candidatos, permitindo uma elevação do nível de exigência para aprovação nas matérias do curso e, assim, formando professores mais bem qualificados. Bons professores pressionarão as escolas a serem mais exigentes para aprovar os alunos. Os professores precisavam fazer greve, além de ser por reivindicações salariais, por exigir aumento da qualidade do ensino, o que se obtém, também, por um rigor bem maior nas exigências por aprovação dos alunos.

Por que você é contra mudanças sociais e políticas revolucionárias?‎

Porque as revoluções não mudam mentalidades. Podem fazer pessoas agir contra a própria vontade, mas não por que queiram. E as verdadeiras mudanças têm que acontecer por adesão voluntária. Como a conversão de um pessoa para outra religião. Nas revoluções sempre há vencedores e vencidos e os vencedores precisam conter os vencidos à força para que eles não retornem ao poder. No caso da anarquia, como não há poder, isso não pode acontecer. A anarquia só pode ser atingida por evolução. Claro que se pode fazer uma revolução para acabar com injustiças, mas essa revolução não estabelecerá nenhuma anarquia. O objetivo é atingir uma sociedade sem poder. Sem mando e sem obediência. Isso só pode acontecer por evolução. Por crescimento da civilização. Além do mais as revoluções cruentas sempre cometem injustiças. E não se pode compensar uma injustiça por outra injustiça.

Você se considera uma pessoa organizada, ou é apenas mais um brasileiro procrastinador, que deixa tudo para última hora?

Sou razoavelmente organizado, mas um pouco procrastinador. Mas não sou muito desorganizado e nem completamente procrastinador. Numa escala de zero a dez, em que zero seja totalmente desorganizado e procrastinador e dez seja totalmente organizado e nada procrastinador eu me situo em um nível sete.

Você ensinava macetes para os seus alunos de terceiro ano, na preparação para o vestibular?‎

De jeito nenhum. Sou inimigo figadal de macetes. Não ensino mesmo. Primeiro porque macetes não produzem aprendizado e quem, realmente, passa nos exames vestibulares e outros são as pessoas que, de fato, "sabem" os conteúdos e dominam as habilidades em usá-los e não quem conhece "macetes". Segundo porque, se alguém é aprovado em um exame, sem saber a matéria, porque faz uso de macetes, essa pessoa não merece ter sido aprovada e não deveria ter sido aprovada, pois está tirando o lugar de outra que poderia saber mais do que ela mas não conhece "macetes". Isso é uma injustiça do tipo dois, isto é, conceder merecimento a quem não merece. A do tipo um é negar merecimento a quem mereça. Não acho que seja correto alguém entrar para uma universidade por meio de truques, sem estar mesmo sabendo a matéria. Quem não sabe, que não seja aprovado. O objetivo do estudo não é a aprovação e sim o aprendizado. Que, em decorrência, possibilita a aprovação. Mas aprovação sem aprendizado é imoral.

Professor, como otimizar o tempo de estudo fora das aulas? A leitura da apostila é suficiente para que o aprendizado ocorra?‎

De modo nenhum. É pouco. Ainda mais apostila, que é super resumida. Não confie em quem seja uma pessoa de um livro só. Todo assunto tem que ser coletado de várias fontes, de preferência que sejam conflitantes. Isso faz com que a pessoa tenha que pensar para decidir qual é a correta. Para se aprender qualquer assunto o ideal e ensiná-lo. Se não der, pelo menos aja como se fosse um professor e prepara aulas do que quer aprender, escrevendo uma apostila sobre o assunto. Mas não uma apostila fajuta. Uma apostila boa mesmo, daquelas que levem a quem a leia entender e aprender o que está se ensinando. E nas aulas, seja muito crica. Encha o professor de perguntas e não consinta em sair da aula sem ter entendido mesmo tudo o que foi passado. O professor está lá para isso. Pague todos os micos que tiver que pagar mas aprenda. E não se importe com os colegas. Seja você mesmo, dane-se quem não gostar.

Professor, quando você tirava nota baixa - se é que tirava - no ensino médio/fundamental, você ficava muito chateado?‎

Em verdade nunca tirei nota baixa. Mas, se tirasse, acho que ficaria chateado sim. Por não ter sido capaz de assimilar o conteúdo de modo satisfatório. Mas não colocaria a culpa em ninguém a não ser em mim mesmo. Não acho que maus professores sejam desculpa para não se aprender as matérias. O professor, para mim, é só um guia que me indica o que devo estudar. Mas o estudo e o aprendizado é responsabilidade minha. Eu é que tenho que meter a cara e me valer de uma pluralidade de meios de informação e fontes de treinamento para aprender. E usar o professor para esclarecer minhas dúvidas. Se ele não souber, procuro outras fontes, outros professores, outras pessoas, outros livros e, agora, outros sites da internet. Não acho que nada fora a própria pessoa possa ser desculpa por algum mau desempenho acadêmico. Além de que eu nunca me satisfiz apenas com o que era exigido nas matérias. Sempre achei muito pouco. Sempre ia bem além, porque minha curiosidade é imensa. Não só nos assuntos das matérias escolares mas em vários outros que nem eram cogitados na escola. Alguns, contudo, não me despertavam interesse nenhum. Como esportes, por exemplo.

"Influenciar uma pessoa é emprestar-lhe a nossa alma. Essa pessoa deixa de ter ideias próprias, de vibrar com as suas paixões naturais. Suas qualidades não são verdadeiras. Ela se torna o eco da música e outra pessoa, intérprete de um papel que não foi escrito para ela." (Wilde) - O que pensa?

Discordo totalmente. Acho muito importante influenciar as pessoas. Se você está convencido de algo, então é seu dever buscar convencer os outros daquilo também. Se os outros não forem suficientemente críticos para sopesar o que você diz em confronto com as convicções que possuam e acatarem as suas sem ressalvas, isso é um problema deles. Aliás, é importante que, ao se difundir qualquer ideia, se difunda também a ideia de que toda ideia é para ser discutida e não aceita de pronto.Todavia, se a pessoa for crítica, é muito bom que ela se abra para receber toda e qualquer influência. Eu, por exemplo, quero que me convençam de tudo. De todas as religiões, de todas as filosofias, de todas as ideologias políticas, de todos os sistemas econômicos, de todas as teorias científicas, de todas as concepções sociais. Isso é que eu acho uma beleza. Porque, assim, posso cotejar todas as propostas e, delas, extrair minha própria convicção. Que, em absoluto, não é o eco de nenhuma delas, mas a minha mesmo. Meu anarquismo, meu ateísmo, meu ceticismo, minhas convicções científicas, minha postura filosófica em metafísica, ética, epistemologia, lógica, minhas concepções psicológicas, sociológicas, cosmológicas e assim por diante, não são alinhadas a nenhuma escola de pensamento em particular. São a minha própria síntese de tudo o que absorvi e digeri. Do mesmo modo que adoro ser influenciado, adoro influenciar, porque, assim, passo para os outros aquilo de que estou convencido, para que eles se convençam também ou me refutem, caso em que, quem sabe, eu mesmo mude meu modo de pensar.

O senhor me aconselha estudar filosofia assim como se estuda matemática, isto é, começando do mais básico e do primeiro filósofo para muito depois ler esses modernos? Ou não posso perder tempo e devo partir logo para Foucault?

Acho que a melhor forma de se estudar filosofia não é pegando os filósofos e sim os temas e, em cada um, vendo os diversos filósofos. À noite, em casa, vou passar alguns livros em que essa abordagem é feita. O mais importante, contudo, é, depois que se tomou conhecimento do assunto e se viu a opinião das diferentes escolas sobre ele, que se faça uma boa reflexão e se tire a proposta pessoal, que pode coincidir com alguma já existente ou ser inteiramente nova. Então é preciso articular os argumentos para defendê-la. Isso é que é fazer um treinamento para ser um filósofo e não apenas um entendido em filosofia ou um mero comentador de filósofos. Não tenha medo de ousar e de errar. Com o tempo, o acúmulo de novos conhecimentos e a realização de novas reflexões é possível que se mude de opinião e isso é perfeitamente normal e saudável.

Ernesto, vc acredita no Princípio antrópico? Por que?

De modo nenhum. O surgimento da vida e, especialmente, da vida humana é mera coincidência. Poderia não ter surgido e o Universo nem seria perturbado. Nada há que indique que o fato do Universo ser de modo a ter possibilitado esse surgimento não seja totalmente fortuito. Na natureza não existem explicações teleológicas (não confundir com teológicas, que também não existem, mas são outras). O motivo nunca é o propósito de nada. O "porquê" nunca é o "para que". Não é possível que algo seja motivado pelo que vá produzir de consequência, dentro da natureza irracional. Somente seres dotados de razão são capazes de planejamento. O Universo surgiu e evolui sem planejamento nenhum. Sem razão e nem propósito. Tudo foi acontecendo por acasos e coincidências. Se calhou de ter feito surgir o ser humano, melhor: estamos aqui. Mas poderíamos não estar. Poderia não haver vida, poderia não haver planetas, poderia não haver estrelas, poderia não haver, sequer, matéria.

(Baseada em uma pergunta que recebi) Em sua opinião, a que se deve a fama de romances adolescentes como Crepúsculo e Jogos Vorazes?‎

Não li esses livros e nem alguma análise sobre eles para poder fazer uma apreciação. De qualquer modo acho bom que a juventude se dedique à leitura para pegar gosto. Quem sabe com isso se acostuma e encare alguma literatura mais substanciosa.

Tem como provar a mudança de uma espécie para outra, assim confirmando a teoria da evolução das espécies?‎

A mudança de uma espécie para outra é muito lenta para ser observada diretamente. Mesmo as bactérias, que evoluem rapidamente, a olhos vistos, ainda não apresentaram especiação observável. Para se observar especiação em seres pluricelulares seria preciso esperar centenas de milhares ou milhões de anos. Todavia é possível comprovar que a evolução ocorre por meio dos registros fósseis e de outras indicações indiretas. Leia isto:
http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2014/05/26/cinco-provas-da-evolucao-das-especies/

Entre CEFET e UFMG, qual vc prefere?‎

Particularmente prefiro a UFMG porque sou uma pessoas teórica e não prática. Sou um filósofo, um cientista e um educador e não um engenheiro, um médico ou um administrador. Então a UFMG é o lugar melhor para que eu possa adquirir conhecimentos e habilidades para filosofar, para pesquisar o funcionamento do mundo, para saber ensinar isso tudo. Quem, por outro lado, seja prático e queira construir coisas concretas pode estudar no CEFET que é muito bom também. O mundo precisa tanto de uns quanto de outros. Mais dos práticos do que dos teóricos. Mas precisa dos teóricos também. Todavia a UFMG também é boa em formar práticos.

Professor, o amor é mesmo altruísta? Ou seria um egoísmo de sentir-se bem projetando na alteridade a vontade de se sentir bem? Algo como um bem estar vicário?

O altruísmo existe mesmo. Apesar de alguns psicólogos considerarem que seria um egoísmo despistado. Já foram feitos testes a respeito que confirmam a legitimidade do altruísmo. O amor verdadeiro é, realmente, altruísta, mesmo que também contenha o desejo de ser retribuído. Ou seja, quem ama quer ser amado em retribuição. Mas, se ama de verdade, não deixa de amar, mesmo que não obtenha a retribuição e nem tenha perspectiva de a obter. E mesmo que esse amor não retribuído seja fonte de sofrimento. Não estou falando de uma pessoa masoquista. Uma pessoa normal que não gosta de sofrer e sofre por não ter o seu amor retribuído, se ama, não deixa de amar para não sofrer.

Essa hipotese poderia dar base para para aqueles que acham que vivemos em uma matrix ?‎

Um Universo virtual não necessariamente seria holográfico, mas poderia ser, para ser mais convincente. Da mesma forma que um Universo holográfico não precisaria ser virtual. O holograma poderia ser a projeção de alguma realidade de outra dimensão ou de outro lugar do Universo que fosse real. A consideração de que o Universo seja virtual, contudo, é mais fantasiosa do que a de que seja holográfico. Tenho para mim que não é nem uma coisa nem outra.

essa hipótese de o universo ser um holograma,o q vc acha disso ? essa semana saiu um estudo dando base para essa hipótese,os misticos e religiosos gostam dessa hipótese,pq será ?

Não acho que seja isso não. Para mim o Universo é constituído de um conteúdo real de campo, matéria e radiação, preenchendo um espaço real e evolvendo num tempo real. Nada de hologramas. O que não significa que não possa ser. Mas, se o for, o que seria holograma seria o que se observa do Universo. Todavia, para se formar um holograma, é preciso haver uma radiação que o forme. E essa radiação teria que ser emitida por algo. Então a coisa toda fica como a hipótese da panspermia para a origem da vida. Só há uma transferência do problema. Os místicos adoram, porque isso seria como uma espécie de confirmação da existência de alguma realidade sobrenatural. Ainda não vi comprovação cabal nenhuma de que isso seja verdade.

Como posso saber se o que sinto é mera atração sexual, apreço, vontade de ter aquilo que não tenho ou amor? Se é que é possível distinguir e que haja uma forma objetiva de fazê-lo.‎

O amor, mesmo que envolva desejo, o suplanta. Fazendo com que, por amor, o desejo possa não ser realizado sem frustração, permanecendo o amor. O amor é um desejo de carinho, de ternura, de cuidado, de zelo, de proteção. O amor é altruísta, isto é, quer mais o bem de quem se ama do que o próprio. Quer mais a felicidade, a alegria e o prazer de quem se ama do que o próprio. Portanto, para distinguir é só verificar se quando o desejo não seja realizado isso aborreça ou não.

A explicação para a lei da conservação da energia, da carga, da massa, etc se dá porque há um contrabalanceio entre as energias positivas e negativas, sendo as primeiras das partículas e as últimas da gravidade?‎

Não. No caso da carga, seu surgimento a partir do campo primordial que se quantizou em partículas, de fato, na origem, aconteceu de surgirem as positivas e negativas em simetria, sendo as cargas nada mais do que as fontes e sumidouros do campo elétrico que se diferenciou do campo primordial no início do Universo. Mas, no caso da massa-energia não se sabe se tenha sido assim, pois não se conhece se o surgimento de massa-energia tenha sido compensado, exatamente, pelo encurvamento correspondente do espaço tempo, que faz surgir uma energia gravitacional negativa equivalente à energia positiva da massa e das demais interações. Essa, contudo, é uma proposta já aventada, mas ainda não confirmada. Todavia, mesmo assim, existe a conservação do total de massa-energia. Isso, contudo, não implica que o total seja nulo. O que a teoria diz é que o tensor momento-energia do conteúdo do Universo, incluindo matéria, campo e radiação tem divergência covariante nula, ou seja, há conservação da energia e dos momentos lineares e angulares. Isso, na Relatividade Geral, é uma consequência da divergência covariante do tensor de Einstein da curvatura do espaço-tempo. Se o total de massa-energia do Universo for nulo, então, as leis de conservação ficam preservadas, inclusive, no evento de surgimento do Universo. Isso, contudo, não é uma exigência, pois esse evento, extremamente singular, não é abarcado por nenhuma lei física, já que elas se aplicam ao conteúdo existente e não a seu surgimento sem que seja proveniente de coisa alguma. Inclusive porque as leis de conservação se referem aos totais de alguma grandeza em dois momentos e, no surgimento do Universo, não havia o momento anterior, já que o tempo não existia.

Ao invés de um não como resposta, poderia ser mais apropriado um "depende do ponto de vista" talvez. Concorda?‎

Não concordo não. Considerar que o diabo seja um espelho do ser humano é completamente errado. O ser humano não é intrinsecamente mau, como seria se se considerasse que o conceito de diabo tivesse sido criado à imagem e semelhança do homem.

Estou lendo o livro "Convite à Filosofia" e, em certo momento a autora fala: "(...)O cético é, afinal, aquele que, no fundo, deseja uma razão absoluta (impossível) e por isso despreza a razão humana tal como ela existe, pois da forma como ela existe, ele, o cético, não pode conhecê-la." Concorda?‎

Não. Ela está com uma noção equivocada de ceticismo. O cético não deseja razão absoluta para nada e nem é incapaz de conhecer a razão humana tal qual é. Ele é, justamente, o arquétipo do filósofo. Não há como ser filósofo sem ser cético. Sabendo, justamente, como a razão humana é imperfeita, justamente por isso, o cético duvida. Não só da razão, mas dos sentidos, pois o conhecimento é construído pelo cérebro a partir do que os sentidos o municiam e sobre o que ele elabora com base nessas informações. Ora, tanto os sentidos quanto o raciocínio podem falhar e não se sabe quando é que estão falhos. Daí a necessidade incontornável de se duvidar, para, justamente, envidar esforços no sentido de se esclarecer, levando toda explicação a se aproximar assintoticamente cada vez mais da verdade.

Se o Diabo não existe, mas o homem o criou, ele o criou a partir de sua própria imagem e semelhança

Não. A ideia de diabo, como a de deus, foi inventada pela humanidade por razões distintas. Já comentei sobre o caso de deus. No caso do diabo, ou de um deus do mal, como Arimã, a ideia foi inventada para considerar que o mal que tenha sido feito por alguma pessoa não seria algo ideado por ela mesma, mas insuflado em sua mente por essa entidade. Justamente para preservar a ideia de que o ser humano seria naturalmente bom, mas que, por fraqueza, cairia em tentação e sucumbiria ao mal. O homem, de fato, tem capacidade tanto para o bem quanto para o mal. Nem é intrinsecamente bom nem intrinsecamente mau. Bondade e maldade existem na mente humana. Mesmo quem seja mau pode ser capaz de fazer alguma bondade quanto quem seja bom pode fazer alguma maldade.

http://ask.fm/wolfedler/answer/126777647645 E por que, na tua opinião, o estado não dá garantia a indivíduos que queiram quitar da vida, possam realizar isso dignamente, independente da idade?

Não vejo em que o estado deveria se intrometer em decisões pessoais. Quem quiser se suicidar, se suicide. O que você pensa que poderia o estado fazer?

Por que o suicídio digno, como acontece em países como a Suécia, ainda não é um direito garantido? Afinal, a vida é um dever perante quem?‎

A vida não é dever nenhum perante ninguém. O suicídio é um direito pleno de qualquer um. Todavia considero que a vida seja algo tão precioso que o suicídio se torna uma atitude totalmente descabida, exceto em situações extremas. Não recomendo, em absoluto, mas respeito quem assim o decida, sem condenar tal atitude.

(Viagem a lua) Deve ter sido um momento muito especial aquele. Naquela época você já gostava muito do assunto?‎

Sim, meu interesse por astronomia, astrofísica, cosmologia, aviação, astronáutica e temas correlatos vem desde quando eu teria menos de dez anos. E a conquista da Lua se deu quando eu tinha 19 anos, já estava no segundo ano do curso de Matemática e já era professor da EPCAR.

Um idioma que aprecias

Francês e, depois, italiano.

Professor qual a maneira mais fácil de aprender uma matéria?‎

Ensinando-a. Já disse muito sobre isso em respostas anteriores. Vá a meu blog (wolfedler.blogspot.com) onde deixo uma cópia de minhas respostas e, na caixa de busca, digite as palavras chaves (uma de cada vez) "estudar", "aprender", "estudo", "aprendizagem" (sem as aspas).

Mesmo sujeito aos acasos externos você é responsável pelo seu futuro e seu estado de felicidade. O que você faz para progredir, na vida ? Para tornar sua vida mais feliz e satisfatória conforme suas necessidades ?‎

Eu não sou responsável por meu futuro e sim por envidar esforços para alcançar o futuro que almejo. Porém ele não depende só de mim. Quanto aos esforços, eu os faço com todo denodo. O futuro que almejo para mim é o que almejo para o mundo. Ou seja, um mundo harmônico, fraterno, pacífico, próspero, igual, aprazível e feliz para todos e não só para alguns. Um mundo em que todo o mal seja erradicado. Nisso eu invisto meu tempo, minha energia, meu esforço, meus bens. E esse afã é que me realiza e dá significado à minha vida. É a missão que a mim mesmo me propus. Com isso construo minha felicidade. Amando ao máximo e sendo amado. Doando-me ao mundo. Meu trabalho, quanto a isso, é o trabalho educativo. Ao longo de toda a vida venho labutando para espancar a ignorância, tanto em minha docência escolar quanto, na última década e um pouco, pela internet.

Acredita que a morte do JK foi acidental, ou não?‎

Não tenho juízo formado a respeito, pois não examinei argumentos a favor e nem contra. Então minha opinião fica em suspenso. Tanto pode ter sido quanto não. Mas não estou disposto a dispender tempo para examinar isso.

https://scontent-gru.xx.fbcdn.net/hphotos-xfa1/v/t1.0-9/1510820_876844712343375_5830376290459338154_n.jpg?oh=f971784b5cdbfdc634953f9a7cedb572&oe=55E413BF Concorda com esta frase de Lênin?‎

Discordo. A sociologia não e tão simples quanto a matemática, a física e a química (e mesmo essas não são estritamente dicotômicas). Então a dialética marxista não é válida em todos os casos. O que existe é uma polialética não determinística que nem sempre conduz à mesma síntese. Pode, até, não levar a nenhuma. A lógica dos fatos sociais (o que inclui os políticos e os econômicos) é uma lógica policotômica, polidimensional e difusa. Quase se pode dizer que os fatos sociais não possuem lógica. Como os psicológicos.

Ernesto ,o que acha do Ballet , com as músicas clássicas e etc... ? sou uma bailarina , e vim tirar minha curiosidade‎

Gosto muito de ballet. Em Viçosa tem uma companhia cuja apresentação anual eu gosto sempre de assistir. Gosto muito de Stravinsky. Mas também gosto de Ravel, Delibes, Tchaikovsky, de Falla e outros. Quanto às coreografias, Petipa ainda é insuperável. Mas também gosto de dança moderna.

Na tua opinião, qual foi o melhor governo que o Brasil já teve? (ou menos pior)‎

Juscelino Kubitschek.

Por que o movimento translacional da terra em relação ao sol é em forma de elipse e não de uma circunferência?‎

Porque, ao ser formada, ela não o foi com a velocidade exatamente adequada para que sua órbita fosse circular. Da mesma forma que, ao se colocar um satélite artificial em órbita é preciso que isso seja feito com a velocidade exatamente necessária para aquela distância à Terra, para que ele fique em órbita circular. Ou seja, para que a força fornecida, que é a de gravidade, seja igual à força necessária que é a centrípeta. Se a velocidade for menor, no caso de ser perpendicular ao raio, o ponto de lançamento será o apogeu da órbita elíptica. Se for maior será o perigeu. O círculo é um caso particular de elipse. O fato das órbitas serem elípticas é consequência de que a força gravitacional seja uma força central que varie com o inverso do quadrado da distância. Aliás, o fato das órbitas serem elípticas é, justamente, uma comprovação da variação com o inverso do quadrado da distância. Isso pode ser matematicamente demonstrado e foi o que Newton fez, pela primeira vez. Para tal ele teve que inventar o cálculo diferencial e o integral. Notável esse rapaz, não?

Comente: "O cepticismo não é irrefutável mas patentemente absurdo, quando pretende duvidar onde não cabe perguntar." (L. Wittgenstein)‎

Discordo. Não acho que haja nada que não caiba ser perguntado. Portanto tudo é passível de ser duvidado.

Comente: "Sentimos que, mesmo que tôdas as possíveis questões científicas fôssem respondidas, nossos problemas vitais não teriam sido tocados. Sem dúvida não cabe mais pergunta alguma, e esta é precisamente a resposta."‎

O fato de que a ciência não dê resposta a todas as perguntas não invalida o fato de que ela dá resposta a muitas perguntas e nem que, por isso, não se deva fazer perguntas, para que muitas das perguntas cuja resposta ainda não se conheça passem a ter respostas, mesmo que nem todas.

Por que todo número elevado a zero é igual a um?‎

Porque (a^m)/(a^n) = a^(m-n). Se m = n fica (a^n)/(a^n) = a^(n-n) = a^0. Mas (a^n)/(a^n) = 1. Isso não vale, todavia, para 0^0, pois 0^n = 0 para todo n. Então 0^0 seria igual tanto a 0 quanto a 1, o que é um absurdo. 0^0 não é definido, isto é, não existe nenhum número que valha 0^0.

Olá. Vi que gosta de música clássica, pois eu amo. Quais cantores gosta?

Maria Callas, Giuseppe di Stefano, Kiri te Kanawa, Mario Lanza, Erna Sack, Plácido Domingo, Luciano Pavarotti, Dietrich Fischer-Dieskau, Julia Migenes, Renata Tebaldi, Barbara Hendricks, Sarah Brightman, Julie Andrews, Dalva de Oliveira, São os que me lembro, no momento.

Ernesto, se eu sair do terceiro ano do curso de medicina para cursar física, ainda estarei apto a ter uma carreira plena e bem sucedida no meio acadêmico/ científico?

Certamente que sim, dependendo de como você se sair no bacharelado e no doutorado. Para ter sucesso no meio acadêmico é preciso ser não só um bom aluno, mas um excelente aluno, que não se contente apenas com o que seja ensinado, mas vá bem além, em abrangência e profundidade. Uma pessoa que viva a Física em todos os momentos do dia. Uma pessoa criativa, inventiva, muito dedicada, muito diligente, de muita iniciativa. Uma pessoa que participe de tudo, que dê pitaco em tudo, que interaja com os pesquisadores, que esteja sempre presente. Uma pessoa inteligente e estudiosa. Uma pessoa ousada, assertiva. Mas uma pessoa que aceite as admoestações de quem tenha mais experiência e se corrija em seus arroubos sem fundamento. Tem que ter traquejo e saber se relacionar bem. Tem que saber exibir suas qualidades sem arrogância nem prepotência. Não pode ser submisso e nem rapina. Tem que se afirmar, mas não humilhar ninguém. Tem que lutar por seus direitos, mas não tapear e nem prejudicar ninguém. Assim será reconhecido e conquistará o sucesso, seja no que for.

O que impede de uma teoria se tornar um fato? Vejam bem gps's existem!‎

São categorias diferentes. Teoria é uma explicação, um modelo abstrato. Fato é uma ocorrência havida no mundo. O que pode acontecer é que alguma teoria preveja que algum fato deva ocorrer e ele ocorra. Alíás é assim que as teorias são testadas e verificadas. É preciso achar alguma ocorrência que a teoria preveja, em circunstâncias que só por meio do que a teoria considere venha a acontecer. Se acontecer, a teoria fica confirmada. No caso da Relatividade Geral, a comprovação se deu com a verificação do desvio da luz de estrelas quando passam rasante ao Sol, o que só se pode observar em eclipses do Sol e pela medição do grau de precessão do periélio de Mercúrio, cujo valor coincidiu com o previsto pela Relatividade Geral, que é o dobro do previsto pela Mecânica Newtoniana. A Relatividade Restrita foi confirmada pela contagem de müons produzidos na alta atmosfera por raios cósmicos em comparação com os detectados no chão. Além, é claro, da experiência negativa de Michelson-Morley. Depois foi feita uma medida da dilatação do tempo em um voo de avião que levava um relógio atômico, comparado com outro que ficava na Terra. Isso é fantástico:
http://www.fflch.usp.br/df/opessoa/TR-Exp-2-Avioes.pdf
Atualmente um grande número de dispositivos tecnológicos funcionam com base na Teoria da Relatividade, tanto a especial quanto a geral, como aceleradores de partículas, GPS e outros.

Sobre a viagem a lua em 1969: Muitas pessoas acham que aquilo tudo foi uma farsa, e que foi gravado em um estúdio de cinema em Hollywood. Outras nem dão a mínima para isso... Ernesto, você acha que foi real? Você viu pela TV na época?‎

Claro que foi real. Se não tivesse sido, os russos teriam denunciado a farsa, pois eles tinham como acompanhar a órbita da nave. E eles também conseguiam captar os sinais de rádio. Mesmo que fossem codificados, algum sinal provindo da Lua mostraria que os americanos estavam transmitindo de lá. Como havia uma disputa entre eles os americanos não poderiam fingir. Na época eu tinha 19 anos e vi tudo pela televisão em preto e branco.

Ernesto você não acha que com novas armas tecnológicas como nanotecnologia entre várias outras o futuro da humanidade não está bem ameaçado ? será que pode ser esse um dos últimos séculos da humanidade ? sua ideia de a humanidade viver mais 15 milhoes de anos leva isso em consideração ?‎

De modo nenhum. As novas tecnologias, pelo contrário, é que possibilitarão, em parte, à humanidade resolver seus problemas de doenças, fome, superpopulação, ignorância e, até, guerras e desavenças. Elas podem colaborar para acabar com as desigualdades, com os crimes, com a desonestidade. Com isso elas garantiram à humanidade um futuro mais prolongado neste planeta. Saúdo todas as novas tecnologias como altamente alvissareiras. Quanto mais progresso melhor. Claro que o progresso tecnológico tem que ser acompanhado pelo progresso cultural e ético. Mas ele, em si, é uma ótima coisa e deve ser inteiramente fomentado.

Como é que as pessoas se divertiam há 200 anos?

Lendo, conversando, cantando, tocando instrumentos musicais, dançando, pintando, bordando, namorando, passeando, escrevendo, jogando, praticando esportes, lutando, comendo, bebendo, copulando, fazendo visitas etc.

O que te impede de ter uma relação mais física, mais presencial com os usuários que você troca ideias nesse site?

O fato de que a maioria mora bem longe de mim. Mas tenho vários aqui de Viçosa mesmo que conheço pessoalmente. Mesmo alguns amigos de outras cidades.

Ernesto, boa noite, qual é a sua opinião a respeito da homeopatia? Já fez uso dela? Acha que a homeopatia é uma ofensa ao que já é de fato comprovado?

Não acho que a homeopatia seja uma prática eficaz em grande parte dos casos. Pode ser que ela funcione em alguns, ou como efeito placebo, ou como indutor da produção de anticorpos, no caso de se tentar curar um mal pela administração do fator que o provoque, em doses baixas, como nas vacinas. O que eu vejo que não tem validade é aquele princípio homeopático da diluição ser um fator reforçador do efeito. Uma concepção homeopática que considero válida é a de tratar do doente e não da doença. O organismo é um conjunto em que tudo interage, de modo que se tem que tratar o todo. A excessiva especialização hoje vigente na medicina não é tão boa, porque se perdeu a figura do "Clínico Geral". Aliás, atualmente, antes de se consultar, o paciente tem que adivinhar qual a sua doença para escolher que médico consultar. E se não adivinhar e consultar o médico errado, ele poderá dizer que a pessoa tem mesmo a doença de que ele é especialista e passar um tratamento que não levará à cura, pois a doença é outra.

desculpe, com corpos celestes eu quis dizer asteroides‎

Asteroides que caiam na Terra, como meteoritos, certamente aumentam sua massa. Mas isso é muito pouco. Imperceptível. O que pode acontecer é que, no futuro, com a perda de massa do Sol, todo o Sistema Solar se altere e a Terra possa vir a penetrar no cinturão de asteroides, o que aumentaria o fluxo de meteoritos. Mesmo assim o aumento da Terra seria pequeno. Mas isso ainda demoraria uns bilhões de anos.

Mas esse treinamento matemático acompanha um entendimento do significado dele? Não é como nos cursos de engenharia, em que os alunos meramente aprendem "algoritmos" para se resolver problemas de física nas provas?‎

A matemática que se usa em física é toda contextualizada. Isto é, ela é introduzida com o propósito de se resolver alguma questão física e isso fica claramente explicitado. Na disciplina "Métodos Matemáticos da Física" essas ferramentas são introduzidas e justificadas. Todavia, mesmo nos cursos de Engenharia, a física tem que ser dada de modo que a matemática que se usa seja completamente integrada ao contexto, com plena consciência de sua razão de ser. A não ser que o professor não seja um bom professor. Aliás, tem um livro de Cálculo, do Willie Alfredo Maurer que faz exatamente isso. Ele introduz o cálculo como uma ferramenta para resolver problemas de física e geometria. Daí o aluno percebe a sua necessidade e utilidade. Os livros de física, especialmente o do Nussenzveig de física básica, vão explicando a matemática necessária à medida que seja preciso usá-la.

é possível que a terra aumente de tamanho (muito) com o tempo devido a atração de corpos celestes?‎

Não, absolutamente. Nem o Sol nem a Lua, que são os astros que exercem maior força gravitacional sobre a Terra, podem alterar o seu tamanho. O que poderia alterar o tamanho da Terra seria o fato dela atrair matéria do espaço para si, se por acaso o Sistema Solar, em sua volta pela Galáxia, penetrar em uma região com maior densidade de gases ou poeira. Ou se a Terra se chocar com algum planeta vagabundo (que tenha se desprendido de alguma estrela) que penetrar no Sistema Solar e os dois vierem a se fundir. Ou a colisão arrancar parte dela, como deve ter acontecido quando da formação da Lua.

Por que humanos parecem naturalmente gostarem de música?‎

Não apenas humanos gostam de música. Animais mais inteligentes também gostam. Parece que a música, por sua harmonia, isto é, serem sons formados por superposição de ondas senoidais, entra em ressonância com as ondas internas do cérebro, provocando liberação de endorfinas, dopamina e serotonina, especialmente no núcleo de recompensa. Isto é, dá prazer. Mas o prazer da música também tem a ver com as idiossincrasias individuais. Há quem adore música sacra e quem adore funk. Ou que deteste um ou outro. Entre os animais, parece que vacas gostam de Mozart e macacos de rock. No caso dos humanos a música também dá o prazer de criá-la e executá-la, além de ouvi-la. E, até mesmo, de contemplar a leitura da partitura, sem ouvir.

O que você pensa a respeito de prever o futuro a longo prazo ? Sem abordagem fantasiosa ou sobrenatural a respeito, mais por um critério de dedução assertiva.‎

Certamente que não existem profecias. Mas é possível, sim, fazer conjecturas bem fundamentadas, por análise estatísticas de tendências, que permitem alguma previsão com certa confiança. Todavia a sociedade não é determinística e essas previsões são como as meteorológicas. Quanto mais afastado for o futuro mais incertas elas se tornam. Todavia, para algumas décadas é possível traçar algum cenário previsível. Sem garantia, contudo. Para tempos mais remotos as previsões são ditadas, principalmente, pelas concepções e anseios das pessoas.

Ernesto, a espécie humana ainda vai evoluir?

Já está evoluindo e evoluirá mais ainda. Só que a evolução humana não se dá mais pela seleção natural, uma vez que a medicina a impede, bem como a globalização. Mas as mutações continuam acontecendo e, não só podem, como certamente virão a ser artificialmente provocadas.

Ernesto, o curso de física é adequado para quem busca explicações fundamentais? Sei que esse é o propósito da física; contudo, vendo páginas de disciplinas do curso, vejo que há um foco muito grande em exercícios matemáticos, o que me põe em dúvida quanto ao curso propiciar tal entendimento teórico.‎

Acontece que não se consegue investigar o comportamento da natureza sem o uso da matemática. E não é nenhuma matemática elementar. É matemática puxada mesmo. Não tem escapatória. A física é a ciência que, realmente, dá conta de modelar o comportamento fundamental da natureza. Só pela física se alcançará uma explicação para a origem, estrutura, evolução e destino do Universo, bem com compreender como os componentes do Universo são e se comportam. E isso demanda muita matemática. Muita mesmo.

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