sábado, 11 de setembro de 2010

Ernesto, como você acha que seria um mundo ateu?

O mundo descrito pela canção "Imagine" de John Lennon:


Imagine que não há paraíso
É fácil se você tentar
Nenhum inferno abaixo de nós
Acima de nós apenas o céu
Imagine todas as pessoas
Vivendo para o hoje

Imagine não existir países
Não é difícil de fazê-lo
Nada pelo que matar ou morrer
E nenhuma religião também
Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz

Você pode dizer
Que eu sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Espero que um dia
você se junte a nós
E o mundo, então, será como um só

Imagine não existir posses
Me pergunto se você consegue
Sem necessidade de ganância ou fome
Uma irmandade de homens
Imagine todas as pessoas
Compartilhando todo o mundo

Você pode dizer
Que eu sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Espero que um dia
Você se juntará a nós
E o mundo, então, será como um só

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O que o senhor toma por Justiça?

Justiça é a ação de conceder a cada uma o que se lhe é devido, o que ele merece, o que é dele mesmo, desde que legitimamente obtido. É não punir quem não merece, não roubar nem furtar, não enganar. Também não é justo premiar sem merecimento, privilegiar alguém, conceder benesses diferenciadamente, mesmo que quem não a tenha recebido também não seja merecedor. Porque justiça também é equidade, entendida como tratar a todos de acordo com seu merecimento e não igualmente. Assim, uma política salarial justa não pode igualar competentes e incompetentes, diligentes e preguiçosos, dedicados e relapsos.
A justiça apenas, porém, não é suficiente para se construir uma sociedade ideal. Além da justiça é preciso que haja benevolência e generosidade, isto é, que se vá além do que é devido e se conceda mais, mesmo não merecidamente, mas pela necessidade de cada um, promovendo a redistribuição de renda. Todavia isto tem que ser feito de modo a não incentivar o acomodamento e a preguiça, portanto não pode ser institucional nem permanente, mas ocasional.

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Como pode-se saber se uma teoria é falseável? É simples ou é mais complicado do que aparenta? a descrição de algo pode ser falseável? tipo: a Antropologia?

Não é simples. Ao se construir uma hipótese explicativa de um fenômeno, muitos experimentos são feitos, capazes de induzir uma proposta de lei científica. Mas ela só pode ser aceita como verdadeira se se puder encontrar algum teste que possa produzir um "diagnóstico diferencial", ou seja, que só possa ser explicado pela aceitação de tal lei, isto é, algum particular aspecto que, se não se verificar de fato, numa ocorrência real, invalide a hipótese proposta. Se isto não for possível, a hipótese não é falseável. Isto não significa que seja errada, mas que não pode ser aceita como verdade científica. Muitos discordam dessa exigência, mas a maior parte da comunidade científica a aceita. Uma hipótese que passe por um teste desse tipo fica aceita como a "teoria" explicativa do fenômeno, até que surja algum fato que a contradiga, quando nova hipótese precisa ser proposta para dar conta da explicação do fato e, então, ser testada. Caso aprovada, passa a substituir a anterior, no que se chama de "corte epistemológico", pelo qual, a cada momento, apenas uma teoria é considerada como "a explicação". Em casos em que isto não se dá, convive-se com hipóteses alternativas simultâneas, às vezes até contradizentes. Isto acontece em algumas ciências ainda não bem estabelecidas como tal, como a psicologia, a sociologia, a economia, a história e outras. Neste caso são formadas as "Escolas de Pensamento", uma vez que essas explicações pode ser consideradas apenas "opiniões". São "doxas" e não "epistemes".

Descrições não são explicações, na acepção crua da palavra. Contudo, em antropologia, história, geografia, e outras ciências, grande parte do conhecimento (talvez a maior) seja descritiva e não explicativa. Mas é possível se cogitar da veracidade ou não da descrição e, inclusive, haver descrições alternativas, uma vez que são feitas, muitas vezes, com base em indícios, e não em evidências. Daí ser possível, em princípio, elaborar algum "teste de falseabilidade" que pudesse indicar a escolha da descrição correta, face a algum aspecto que só uma desse conta de estar de acordo. Nem sempre isto é possível, daí se haver, também, a formação de escolas de opinião.

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O que o senhor pensa a respeito da obra de Fiódor Dostoiévski?

Uma das melhores análises psicológicas das motivações humanas e dos conflitos pessoais e sociais. Tudo tratado com genial competência literária. Muitos escritores são melhores filósofos do que os filósofos e Dostoiévski é um deles, talvez o maior. Além de ser capaz de transitar entre o suspense, o lírico, o cômico e o épico sem problema nenhum. Poucos filósofos foram tão literatos quanto ele foi filósofo. Concedo este galardão a Platão, Hume, Nietzsche e Russell, que até ganhou o prêmio Nobel de literatura. E, na literatura, só Shakespeare o ombreou.

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http://blogdasciam.blog.uol.com.br/ Particularmente, eu discordo do Capozzoli. Acho que a discussão sobre a ideia de Deus é importante e passível de opiniões tanto científicas quanto religiosas. Mas, e o senhor, o que acha do texto dele? :D

A idéia de que o surgimento do Universo dispensa a interveniência de algum Deus não é uma discussão sem sentido, pelo contrário, este tema é de capital importância quer para cientistas, filósofos e intelectuais, quer para o público em geral. Um dos papéis do cientista é, justamente, contribuir para esclarecer a questão, de forma acessível. Abordar questão de tal magnitude faz parte do arcabouço da ciência sim! Para tal é preciso conhecimento vasto, eclético e profundo, bem como capacidade de traduzí-lo em linguagem compreensível. Isto Hawking e Dawkins têm feito com sucesso em seus livros. A ciência não existe para diminuir o sofrimento humano, mas para explicar o mundo. As aplicações práticas são um subproduto. A ciência veio da curiosidade e do espanto e não da necessidade, esta mãe da técnica, que só depois se valeu da ciência. O relato inteligível que a ciência faz tem relação a ver com a existência ou não de Deus sim, e as conversas daí advindas têm uma finalidade válida e útil.
Os escritos de Schrödinger, como os de Einstein, Bohm, Penrose e outros cientistas que abordaram uma temática tanscedental não se validam pela contribuição deles à ciência. Muitos cometeram grandes equívocos, como Fritjof Kapra, Amit Goswami e Derek Chopra. Hawking, Sagan e Dawkins, por seguirem linhas opostas àqueles, não devem ser considerados menores por isto, e não o são em outros aspectos. A "mania de grandeza" de Dawkins não é menor que a de Einstein. A consideração de que a ciência e a filosofia sejam as únicas capazes de dar respostas satisfatórias às questões básicas não é nenhum "fundamentalismo científico", pois não é dogmática, mas fruto de um sensato ceticismo. Deixar de acreditar em Deus não leva a crer em "qualquer besteira", como disse com infelicidade Chesterton, pelo contrário, leva a descrer de outras besteiras também. E a discussão sobre esse tema, quando travada entre mentes brilhantes, como Dawkins e Craig, por exemplo, é muito inteligente.

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é possível elevar a própia inteligência até que ponto?

Bastante, como se sabe hoje. Inteligência é parcialmente nata, parcialmente adquirida. Depende da formação de conexões sinápticas, que se dão por estímulos intersencoriais e desafios motores, sensores e cognitivos. Para melhorá-la é preciso seguir a "Lei do Maior Esforço", isto é, complicar tudo, fazer sempre diferente e de caso pensado, não adquirir hábitos, não ter preguiça, usar sentidos incomuns para reconhecimento, usar músculos incomuns para movimentos, aprender sempre algo novo, desafira o raciocínio. É como o treinamento de um atleta olímpico, só que mental, mas envolve o corpo todo. Pensar diferente, sentir diferente, fazer diferente, sempre mudando. Não sei exatamente o quanto este treinamento aumenta percentualmente o QI. Inclusive porque o QI não é o único indicativo da inteligência. Professores precisam ser treinados, nas licenciaturas, nas aulas de didática, a estimular o aumento da inteligência dos alunos. Isto só se faz com desafios, com projetos inteligente de ensino-aprendizagem, que sejam interdisciplinares, multisensoriais, psico-motores. É preciso por os alunos para dar aulas, construir modelos e aparelhos, sair à rua etc. Uma aprendizagem bem dinâmica. Esquecer o que cai no Vestibular. Esquecer de macetes. Isto é besteira. Passa no vestibular que sabe mesmo. Quem é capaz de ensinar o que sabe. Deve-se ensinar o aluno a ensinar, desde cedo. Só é burro quem quer ou quem não sabe que pode deixar de sê-lo. E os professores tem que saber como desemburrar os alunos.

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sexta-feira, 10 de setembro de 2010

http://www.youtube.com/watch?v=vuhzbykvMDo&feature=related A atitude covarde dele de refutar seus argumentos só não é pior que a voz dele, não é? ô coisinha chata... Ah, e parabéns pelos argumentos (:

Obrigado. Veja também minha réplica:
http://www.youtube.com/watch?v=UuNhRaTQ8zM

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Qual é o propósito da vida do ser humano? Caso exista algum..

Não há propósito para nada que exista no Universo, nem o próprio, nem a vida, nem a vida humana, de um ponto de vista extrínseco. No entanto, como seres que adquirimos consciência, queremos encontrar um significado, uma razão de ser, um propósito para nossa vida, para que não nos sintamos aniquilados pela arrasadora verdade, de que não importa nada para o Universo que existamos ou não. Assim, é válido e salutar, somática e psiquicamente, que busquemos uma razão para nossa vida. Isto tem que ser feito individualmente. Cada um que ache o motivo para dar valor a sua própria vida, em algo a que possa se dedicar com empenho e que lhe traga recompensa, em termos de satisfação por sua realização. Melhor que seja uma coisa nobre e elevada e não algo mesquinho e egoísta, pois não trará o conforto pretendido. Para mim, coloquei como razão de vida, e por isso tenho lutado, deixar este mundo melhor por ter eu vivido, no sentido de levar ao maior número de pessoas, em minhas atividades profissionais e pessoais, a luz do conhecimento, da ciência, da filosofia, para que possam ter esclarecimento suficiente para pautar suas vidas com sabedoria e se realizarem pessoalmente. Isto é o que me move e me realiza. Dentre tudo o que posso fazer a respeito, além do magistério a que me dedico, está, justamente, participar dessas comunidades da internet, nas quais exponho minhas concepções, que considero verdadeiras, até que me convençam de estar errado, e proveitosas para a vida de todos.

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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

o que faria para erradicar a fome na África?

Reduziria pelo menos pela metade todos os investimentos militares no mundo e carrearia este recurso para a produção de alimentos em todos os países, a serem enviados para a África, sob um rígido controle da ONU. Parte desse dinheiro, contudo, seria paralelamente investido na capacitação educacional e tecnológica dos povos africanos para que venham a se libertar dessa ajuda e possam prosperar por conta própria. É claro que juntamente com a erradicação da corrupção em todas as instâncias envolvidas.

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Você pode garantir que Deus não existe?

Poderíamos afirmar a inexistência de Deus se pudessemos provar tal fato. A crença em sua inexistência, como na existência, não garante nem uma nem outra. Também poderíamos afirmar a existência de Deus se isto estivesse provado. Não se conseguiu, até hoje, provar que exista algum deus, mas também não se conseguiu provar que não exista. Isto é: Deus não é falseável. Nada exige um deus para ser explicado, mas também não proíbe. O conceito é fugidio. O que se pode dizer é que não há nada que justifique que exista, logo é mais sensato supor que não exista. A fé na inexistência de Deus é tão dogmática quanto a fé na sua existência. Assim eu considero que não existe e tomo isto como hipótese válida para tudo, como também considero que existe um mundo objetivo fora da minha mente sem que possa provar que existe.

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Quando vc conhece, adquire um saber. Ao expressar este saber verbalmente, coerentemente ou mesmo experimentá-lo, levará o seu interlocutor a ressignificar este conhecimento. Porque o que um conhece e sabe, não será o mesmo do outro.

Exato! Porque o conhecimento é uma interpretação e, portanto, vinculada a tudo o que já se assimilou a respeito do mundo. Cada pessoa possui um conjunto de vivências que lhe faz interpretar tudo o que se lhe é apresentado de forma inteiramente particular. É claro que existe um mar de consensos a respeito de muita coisa, mas sempre há detalhes específicos diferentes para cada um. A visão de mundo (weltanschauung) da pessoa lhe faz perceber, entender e compreender cada coisa e cada fato à sua própria maneira. O que se pretende com a construção de um conhecimento objetivo é, justamente, isolar os pontos em comum desses particulares entendimentos, para se dizer que aquilo é o que se considera o conhecimento a respeito do assunto. Mas é bom, também, ressaltar os viéses mais importantes. Em algumas áreas, eles se constituem em verdadeiras "escolas de pensamento", até mesmo antagônicas, como se dá em economia, sociologia, psicologia, filosofia, história. Em outras há, geralmente, um consenso na comunidade, como em matemática, física, química, astronomia, geologia e, mesmo, biologia. Nessas, quando novos fatos provocam uma revisão dos modelos descritivos, ocorre um "corte epistemológico", pelo qual o novo paradigma substitui o anterior, sem haver coexistência de interpretações conflitantes.

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"Eleger políticos comprometidos com a aprovação de leis que promovam a distribuição maior da renda" Aproveitando o gancho desta sua afirmação: Em quem o senhor votará para presidente(a)?

Votarei na Marina Silva para presidente, apesar dela ser crente e criacionista. Meu receio está em que assuntos que atinjam seu credo religioso possam influenciar suas decisões: pesquisa científica, posicionamentos que esbarrem na ética dita cristã, como células-tronco, pesquisas genéticas e doações de órgãos, por exemplo. Este é o senão que vejo nela. De qualquer modo, prefiro um crente honesto do que um ateu que não o seja. Para mim, Dilma e Serra não são confiáveis pelos compromissos assumidos com quem os apoiam e, mesmo, pelo que vejo de sua conduta política. É claro que podem até ser competentes, mas isto é uma segunda condição. A primeira, inescapável, é a honestidade e o compromisso com um governo fundamentalmente ético, antes de tudo. Quanto aos tópicos que mencionei, isto é mais da alçada do legislativo, apesar de poder haver o veto presidencial, que, inclusive, pode ser derrubado. Mas, nos outros aspectos, o programa da Marina é muito melhor e, o que é mais importante, Marina inspira a confiança de que, de fato, o cumprirá. Sinceramente, já votei no Lula e no PT em muitas eleições, mas estou inteiramente decepcionado com esse partido. O mesmo se dá com o PSDB. Aquele idealismo do tempo do MDB esvaiu-se completamente. E coisa que eu abomino é pragmatismo. Marina não é o presidente ideal, mas é preferível, especialmente porque também é mulher, mestiça de negra e de origem pobre. Mas não é ignorante como o Lula. É claro que um homem branco e rico poderia ser um bom presidente. Depende de sua ideologia e conduta. No contexto desta eleição, voto em Marina. Jamais faço uso do “voto útil”.

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Darth Vader era EMO ou é a versão gótica de Hitler?

A versão gótica de Hitler, sem dúvida. Hitler é que era EMO.

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Quais são as opiniões do senhor a respeito do budismo?

Tenho grande admiração pela filosofia de vida budista. Mas não acho que existe nada de metempsicose, carma, nem acho que a vida seja sofrimento causado pelo desejo a ser aplacado. Não vejo que seja interessante a negação do "eu" nem a busca do vazio pela meditação, como algo positivo. No entanto, aprecio o "Caminho Octuplo" como uma boa norma de conduta para uma vida pessoal e social gratificante, justa, harmônica e fraterna como desejo que seja. As noções de compaixão, bondade, serenidade, colaboração, compartilhamento e auxílio do budismo são extremamente válidas. Aprecio muito os pronunciamentos do Dalai Lama em seus vários livros, de um modo geral.

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1 bom livro, 10 bons filmes ou 100 boas músicas?

Um bom livro!

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Ensino conceitual e experimental de ciências.



Sempre me batí, nesses 42 anos de magistério que tenho, pela primazia do aspecto conceitual e experimental da Física, Química, Biologia e Geociências no nível médio, em relação às aplicações matemáticas e tecnológicas, sem deixar de considerá-las. Na EPCAR, onde lecionei Física de 1968 a 1975, tinhamos duas horas de laboratório por semana, com equipos suficientes para grupos de dois alunos, em quinze bancadas, realizarem o mesmo experimento. Usavamos o PSSC completo, com livro, filmes e laboratório. Na Química era o CBAC, na Biologia o BSCS. Um ensino de primeira. Mas agora não é mais, por causa da pressão dos vestibulares. O colégio em que sou Vice-Diretor não tem laboratório, por questão de economia. Como não sou sócio nem lido o aspecto financeiro, não posso decidir, mas insisto em recomendar. Saber ciência é fundamental para poder-se inserir conscientemente no mundo . Deploro intelectuais puramente humanistas, que não conhecem ciências nem matemática. Como também deploro técnicos que não sabem história, geografia, filosofia, sociologia e seu próprio idioma, além de não saberem inglês. Como podem ser profissionais de nível superior?

Considero que o nível médio regular geral, etapa final do Ensino Básico, que se espera seja atingida pela totalidade da população, deva dar uma visão ampla, sem se aprofundar, de todos os aspectos dos conhecimentos, bem como habilitar a pessoa a comunicar-se e interagir em sociedade, prática, técnica, cientifica, cultural, economica e filosoficamente, dando condições para seguir estudos em nível superior ou a se profissionalizar em nível médio, em qualquer área. Assim, precisa abranger a universalidade dos conhecimentos e habilidades, não sendo específico para exatas, biológicas ou humanas. Precisa também propiciar a aquisição de múltiplas habilidades, como expressão oral e escrita, inclusive proficiência em uma língua estrangeira, execução artística musical e plástica, domínio de informática e conhecimentos e habilidades técnicas rudimentares de agricultura, primeiros socorros, mecânica, eletricidade, hidráulica, edificações, marcenaria, cozinha, costura,  condução de veículos e educação esportiva, ecológica, moral, psíquica, intelectual, social, econômica e sexual. Tudo isto pode muito bem ser atingido em um regime de escola de tempo integral e mais equitativamente distribuído entre os assuntos, visando a educação para a vida e não para o vestibular, num processo inteiramente interdisciplinar e integrado por esses temas transversais.

Neste contexto, o ensino das ciências precisa fazer ver que elas são o código que decifra a natureza, o homem, sua cultura e a sociedade. Código este essencial para que a pessoa possa viver em plenitude e alcançar sua realização pessoal e social. Para compreender isto, profunda e vivenciadamente, é imprescindível que se trabalhem experimentalmente os conhecimentos científicos, bem como se façam aplicações concretas dos princípios em artefatos reais que se venham a produzir e em situações cotidianas da vida. Os assuntos têm que ser apresentados, primeiro experimentalmente, a seguir conceitualmente, depois teoricamente em termos matemáticos ou sistematizados e, por fim, praticamente, em aplicações concretas (não só simulações em papel). Assim o estudante introjeta as noções em suas vivências, aprendendo solidamente para o resto da vida.

Isto não exclui um treinamento para exames. Mas ele só pode ser feito após os conteúdos e habilidades terem sido apreendidos. Preferencialmente num contexto de autoavaliação sem consequência em termos de aprovação ou reprovação. Aliás, esta questão da avaliação da aprendizagem é outra que quero discutir em breve. De uma coisa estou inteiramente seguro, a partir de minha experiência de doze mil horas de aula no ensino médio e oito mil no superior: Quem passa nos vestibulares e vence o curso superior não é quem estuda para as provas e exames, mas quem quer "saber" o assunto e o aprende, inclusive muito além do que é exigido. Certamente que isto requer dedicação, entusiasmo, esforço e inteligência, mas estas também são coisas que se cultiva e adquire.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Você já leu "A Essência da Realidade" ("Fabric of Reality"), de David Deutsch? Caso tenha lido, quais suas impressões? Se não tiver lido, sugiro que o faça. Recomendo entusiasticamente o livro, não dou maiores detalhes por causa do limite de caracteres.

Já comprei o livro (em inglês) e está em minha fila de leitura, pois sempre estou lendo uns quatro livros de cada vez, com a média de um por semana. Mas ainda tem uma meia dúzia na frente.

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Também sou anarquista. Mas considero o mundo atual muito conturbado para o anarquismo. Seria possivel? Você acha o anarquismo utopico?

Se se entender por utópico algo irrealizável, o anarquismo não é utópico. Mas o mundo atual tem que ser muito modificado para aceitar o anarquismo. Isto pode ser conseguido a longo prazo, de várias centenas de anos. Para isto é preciso promover uma educação anarquista. Estou para escrever um opúsculo sobre este tema. Quem tem este ideal deve lutar por ele mesmo sabendo que só vai ser realizado daquí a séculos. Como? Difundindo seu conhecimento e realizando ações anarquistas, como trabalhar de graça uma parte do tempo, distribuindo seus bens para empreendimentos comunitários não vinculados a nenhuma organização, fazendo tudo por fora dos controles burocráticos do governo, incentivando iniciativas particulares para resolver problemas coletivos, sem buscar ajuda do governo e sem envolver dinheiro. Educar a juventude para a colaboração e não a competição, promover a tolerância entre religiões, raças ou outras características distintivas, até que essas diferenças não signifiquem mais nada. Eleger políticos comprometidos com a aprovação de leis que promovam a distribuição maior da renda, como a participação societária dos empregados nas empresas e outras do tipo. Também vale criar comunidades anarquistas de consumo e vivência coletiva, em grupos da ordem de umas vinte pessoas numa mesma casa grande, promovendo uma enorme economia de recursos, se todos compartilharem de tudo e fizerem a maior parte dos trabalhos. Chegará um momento em que o anarquismo aflorará espontâneamente e o dinheiro e o governo deixarão de existir por falta de necessidade.

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O que você entende por felicidade?

Felicidade é um estado de satisfação de viver na maior parte do tempo. Isto é, estar alegre, desfrutar prazer, sentir-se benquisto, amado, admirado, reconhecido, respeitado. Orgulhar-se dos próprios feitos, considerar que sua vida tem um sentido e que ele está sendo realizado. Não sentir dores físicas nem morais, nem tristezas ou sofrimentos. Não sofrer prejuízos, humilhações, perseguições, difamações, injustiças. Ou, quando acontecerem, enfrentàr com firmeza e serenidade. Gozar de paz, entusiasmar-se pela vida, ser otimista. Para isto há que se ter um comportamento honesto, benevolente, generoso, justo, tolerante, pacificador, altruísta, diligente, frugal, moderado, em suma, virtuoso. O egoísta, avarento, belicoso, cruel, desonesto, preguiçoso ou devasso não consegue ser feliz. Felicidade é fruir o prazer de viver praticando o bem. Isto inclui, também, a bravura e a fortaleza para enfrentar e erradicar o mal, a injustiça, a corrupção, a iniquidade de modo geral, sem esmorecer. Viver de forma assertiva e sobranceira, sem soberba, pernosticismo, vaidade ou gabolice. É claro que se pode passar por momentos de sofrimento face as ocorrências desagradáveis da vida. Mas a pessoa feliz aceita, suporta, assimila e transpõe esses reveses de forma construtiva, saindo-se revigorada e pronta para outros enfrentamentos, pois é uma lutadora de fibra. Felicidade é algo que pode ser conquistado pessoalmente, pois depende mais das atitudes frente a vida do que das ocorrências em sí. É preciso uma "educação para a felicidade", e isto é um dos papéis da Filosofia. Por outro lado, a sociedade precisa garantir a felicidade de seus membros e isto é, na verdade, o mais importante quesito a ser considerado pela política. Pois a felicidade, mesmo não sendo o bem mais elevado possível, é aquele que não é condição para a obtenção de nenhum outro, os demais sim, é que são condição para se ter felicidade, como educação, saúde, prosperidade, paz. O supremo bem, contudo, é o próprio bem, para o qual se pode, até, sacrificar a felicidade.

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Capitalismo, socialismo científico ou socialismo utópico? Qual o senhor prefere e porquê?

Nenhum dos três. Sou anarquista, o que se aproxima do socialismo utópico, mas vai além. O problema do socialismo é que ele ainda supõe a existência do dinheiro e do estado, mesmo que a propriedade seja coletivizada. Além disso, o estágio intermediário da ditadura do proletariado não se justifica, como não se justifica ditadura nenhuma. Nem as revoluções cruentas. Quanto ao capitalismo, se levado ao extremo, isto é, inteiramente pulverizado, de forma que toda pessoa seja capitalista e ninguém seja empregado (mas todos são trabalhadores, só que não assalariados, mas sócios das empresas em que trabalham), e se conseguir promover a distribuição equitativa da renda, ele se converterá espontaneamente em anarquismo e este é o caminho que vejo para chegar lá. O problema do socialismo é ser planejado, centralizado, controlado. Assim ele se torna uma tirania dos mandatários. A sociedade tem que ser libertária econômica e politicamente. O crescimento de mercados comuns, como o europeu, fatalmente levará à abolição das fronteiras e a governos globais, que, também, quando tudo estiver funcionando perfeitamente sem o governo, deixarão de existir por falta de necessidade. Por enquanto acho que o capitalismo é preferível, porque possibilita mais o enriquecimento da população e é menos controlado. Mas os governos ainda precisarão exercer algum controle para conter os abusos. Para isto é preciso democracia e democracia efetiva, ou seja, representantes legitimos do povo com força para conter os arroubos dos detentores do capital, até que ele se dilua por todo o povo. Democracia também supões um judiciário isento, atuante e forte. Tudo isso o povo pode obter votando conscientemente. Chegar lá é um processo bem demorado, da ordem de centenas de anos, mas é possível.

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Para ser científico um conhecimento deve ser capaz de fazer previsão?

Não necessariamente. O conhecimento é científico se ele passou pelos testes de verificação de sua validade, especialmente de falseabilidade, isto é, se sua negação foi verificada ,de forma lógica ou empírica, ser falsa. Há conhecimentos que não levam a prever nada, sendo apenas descritivos.

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Ernesto, poderia falar-me alguma coisa sobre o materialismo filosófico, principalmente sobre o que você não concorda?

Materialismo é uma concepção ultrapassada. Prefiro o Fisicalismo, que é a concepção de que a realidade substancial objetiva, isto é, independente das mentes e possuindo conteúdo, é puramente natural ou física. Em outras palavras, tudo é feito de matéria, radiação e campos, que são os constituintes substanciais do Universo (mas não de energia, que não é um constituinte e sim um atributo deles), e se estrutura e evolve no espaço e no tempo, que são seus constituintes geométricos (entendendo como a geometria física do espaço-tempo e não puramente matemática). Isto significa que não existem entidades sobrenaturais, como alma, espíritos, deuses, anjos, demônios, gênios e assim por diante. O fisicalismo implica no ateísmo, mas o ateísmo não implica no fisicalismo, pois pode admitir espíritos, mas não deuses. Isto não exclui as abstrações, os conceitos, as idéias, os valores, as normas e as entidades institucionais, como pessoas jurídicas. Só que entende que estas não existem por si mesmas, mas apenas como concepções de mentes, que podem lhe dar objetividade por meio de um consenso entre mentes, mas que não existiriam se não houvesse mente alguma. Assim as próprias mentes não possuem um caráter dualista (corpo e alma), mas são uma ocorrência, advinda da estrutura e do funcionamento do organismo, especialmente do cérebro. É importante frisar que a abolição do sobrenatural não acarreta no niilismo moral, que é a concepção de que, sem nenhum deus, não há como se estabelecer parâmetros éticos e tudo seria permitido. A ética advém da convivência social das pessoas e estabelece padrões de comportamento que visam propiciar uma vida social vantajosa para todos, em termos da realização pessoal, sem prejuízo do outro.
O materialismo seria a concepção de que a realidade é puramente material, mas existe conteúdo substancial natural não material no Universo, que são os campos e a radiação.
O que eu não concordo é com a extensão marxista da concepção fisicalista aos domínios lógico e histórico. Considerar que a única força motora da sociedade seja a produção é um erro do marxismo. A superestrutura da sociedade possui uma dinâmica própria capaz de gerar concepções não advindas da economia. Reduzir todos os conflitos a relações econômicas não é verdadeiro.
Quanto à dialética materialista, significando que as relações lógicas provem da realidade física, em parte é verdade, pois a lógica é uma formulação psicológica e o funcionamento da mente é natural. Mas, uma vez estabelecidas as idéias e conceitos a mente pode formular relações não correspondentes à realidade natural, como é o caso de algumas geometrias. Além do mais, a tríade tese-antítese-síntese, não é o único modo de funcionamento nem da natureza, nem da sociedade, nem do pensamento.

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terça-feira, 7 de setembro de 2010

Você escreve de maneira clara e não vulgar. Qualidades necessárias a quem deseja comunicar alguma informação.Já pensou em escrever livros de divulgação de temas científicos/filosóficos, ou sobre a apreciação 'estética' na ciência para leigos e/ou entend?

Sim. Este é um grande interesse meu. Já estou escrevendo uma "Física para Filósofos". Estou no quarto capítulo de um total de onze. Também estou compilando as postagens do meu blog www.ruckert.pro.br/blog (quase três mil, que montam 1800 páginas) em uma série temática de ensaios, sobre cosmologia, ateísmo, neuropsicologia, filosofia e outros temas. Cada livro deve ter entre 200 e 300 páginas, para não ficar muito caro e nem afastar leitores. O que me falta é tempo, pois trabalho umas sessenta horas por semana. Preciso também cortar o meu tempo dedicado à internet para isto. Pelo menos não vejo televisão e durmo pouco. Miro-me no Marcelo Gleiser. Aguarde.

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Sou formado em matemática, mas não trabalho na área, estou no 2° semestre de ciências sociais (por gostar de filosofia e afins), o problema é que os professores do curso estão tão empenhados na desconstrução pós-moderna que eu não sei o que fazer!

Talvez fosse melhor você fazer o curso de Filosofia propriamente dito. Esta questão do pós-modernismo não existe. O modernismo, para a classe média da sociedade ocidental, no aspecto socio-econômico-cultural, caracteriza-se pela democracia, o libertarismo, o mercado livre, o livre-pensamento, o individualismo, a globalização. Mas ainda existem nações, propriedade, dinheiro, religiões, família. Em muitos países há governos tirânicos. As liberdades fundamentais, os direitos humanos e a igualdade de gêneros, raças, credos e outras ainda não são coisa obedecida no mundo todo. Nos dias atuais, na sociedade ocidental e na classe média, vivenciamos uma exacerbação da modernidade, que poderia se chamar hiper-modernidade, com um crescimento da licenciosidade. Mas nada disso é pós-modernismo. O anarquismo é que é o pós-modernismo, pois é uma ruptura total com os paradigmas estabelecidos para a sociedade. Trata-se de um comunitarismo individualista, sem fronteiras, propriedade, dinheiro, governo, religião e família, mas com muita responsabilidade, solidariedade, diligência, altruísmo. Isto ainda não existe, mas poderá acontecer - e acredito que acontecerá - mas só daqui a umas centenas de anos.
Se você não for mudar de curso, meu conselho é que siga o curso estudando minimamente só para obter notas e aprofunde-se em estudos filosóficos autodidaticamente. Se for mudar para Filosofia, é importante saber que, mesmo lá, há um grande problema entre os professores que é o de pretenderem formar um "entendido em Filosofia", mas não um filósofo. O único remédio é meter a cara em outros livros e não se contentar só com o que a faculdade passa nas aulas. Senão vai ser uma mediocridade que dá gosto. Se discordar dos professoeres, nas provas, primeiro responda o que eles querem que você diga e depois retruque, argumentando porque não concorda com eles. Mas leve sempre as discussões de modo cordial, para não criar inimizades. Nem seja irônico, sarcástico, debochado ou prepotente. Mas não seja humilde. Seja assertivo!

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O que é conhecimento?

Conhecimento é a tradução de fatos e coisas da realidade em relações conceituais. Pode ser obtido de uma forma vulgar, por uma apreensão direta dos sentidos e a formação de juízos empíricos em que, muitas vezes, se faz apelo à interveniência de entidades extra-naturais, personificantes de alguma força da natureza. Ou então será um corpo de assertivas correlacionadas e sistematizadas, devidamente verificadas por meio de uma metodologia estabelecida, que possa validá-los empírica ou racionalmente. Neste caso tem-se o conhecimento científico ou filosófico, dependendo do método de validação.

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O filosofar é natural ao homem?

Sim e não, dependendo como se interpreta o ato de filosofar. Intuitivamente, filosofar é refletir sobre o mundo e si mesmo, formulando questões e buscando as respostas. Isto é natural ao homem e foi o que deu origem aos mitos. Pelo que se tem notícia, o ser humano, por enquanto, é o único animal com estrutura mental suficientemente sofisticada para tais elucubrações. De uma forma mais elaborada, contudo, filosofar é um questionamento articulado, inserido em algum sistema de conhecimentos, que faz uso de alguma metodologia de busca da resposta. Isto, sem deixar de ser próprio do homem, já não é algo espontâneo, mas aprendido. É o modo de filosofar dos filósofos, cientistas e pensadores, a partir do qual se construiu o edifício da ciência e da filosofia, isto é, dos saberes epistemicos, ou verificados.

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Poderia apenas deixar um excerto de como voce concebe a metafisica? Boa noite Ernesto, que seja excepcional.

Metafísica é a disciplina que trata dos conceitos concernentes a uma realidade não natural, isto é, puramente abstrata, especialmente quanto à categorização de tudo o que possa ser concebido, dos conceitos genéricos e das relações que o que eles representam guardam entre si. Certamente que isto não tem nada a ver com entidades sobrenaturais, mas pode, até, levá-las em consideração. Dentro da Metafísica, a Ontologia cuida dos conceitos, como o de "algo", "coisa", "ente", "ser", "objeto", "valor", "existência", "essência", "atributo", "fenômeno", "ocorrência", "evento", "tempo", "espaço", "matéria", "substância", "acidente", "realidade", "concreto", "abstrato", "necessidade", "suficiência", "contingência". "causa", "condição", "efeito" e outros que tais. De certa forma faz uma ligação entre a filosofia e a linguística, em particular a semântica. Já a Metafísica propriamente, investiga as relações entre o que esses conceitos representam na realidade em sí, por exemplo, qual a essência de alguma coisa, se algum ente existe ou não, em que categoria algo se enquadra, quais as condições de causalidade para dado evento. Em suma, trata de juízos a serem feitos, e, como tal, faz uma relação entre a filosofia e a gramática, pois os juízos são, normalmente, expressos por proposições verbais. Com o uso da lógica e da epistemologia, podem-se tirar inferências de juízos metafísicos que se constituirão em outros juízos metafísicos. A Fenomenologia também acode a Metafísica na verificação fatual da validade de algum juízo, como por exemplo: "Todo evento é um efeito".

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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Esse "no máximo 3 vidas inteligentes" diferentes por galáxia você chegou através da equação de Drake? Porque ela é muito imprecisa!

Veja o livro: "Sós no Universo" de Ward e Brownlee

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Poderia dissertar sobre metafísica amigo?

Isto é assunto para um livro inteiro, ou, pelo menos, para um ensaio de várias páginas. Procure nos meus blogs, nas caixas de busca, o que já falei a respeito. Acesse pelo meu site: www.ruckert.pro.br

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Sugestões para o Brasil e o resto dos países para resolver os problemas que tem se tornado comuns como disseminação de drogas e terrorismo e construção de armas nucleares:

Educação, educação, educação... Mas não este modelo frouxo e permissivo. Mas também nada de autoritarismo e prepotência. Educação assertiva e filosófica. Educação para a vida e não para o vestibular. Educação ética, tolerante, abrangente, universalista, cooperativa e não competitiva, responsável, consequente, exigente, diligente. Educação da inteligência, da vontade, da sensibilidade e do caráter. Informação, conhecimento, habilidades, competências, formação, erudição, cordialidade, civilidade, solidariedade. É isso... os problemas serão resolvidos em poucas gerações, se se começar agora.

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Ola Ernesto! Quanto a pergunta que procura encontrar um paralelismo entre Nietzsche e Hitler eu digo que NAO. NAO existe nem em parte nem em todo. O que Hitler fez ou foi nao eh fruto de Nietzsche mas da Elisabeth. A propria Vontade de Potencia em Nietzsc

Vou estudar isto mais a fundo.

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Já assistiu o documentário Zeitgeist Addendum?Se sim, qual sua opinião?

Sim. Concordo com muita coisa dita alí. Outras há que se verificar. Gosto da idéia.

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Presupondo-se que sejas ateu, qual o argumento mais forte e claro em favor do ateísmo?

A existência do mal.

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Quando temos a crença daquele que diz: Amem seus inimigos, retribua o mal com o bem. Não vejo sinceramente um mundo sem Deus que seja capaz de abster-se de si mesmo e praticar tais coisas ditas.Pq recusar um Deus que se torna homem, para salvá-lo?

É claro que o comportamento altruísta é possível sem a noção de Deus. Até animais o exibem. Quanto a essa história da encarnação e da redenção, isto é o mais completo atestado da perversidade do Deus judaico-cristão. Para que exigir o sacrifício de seu filho (aliás ele mesmo) para perdoar o pecado original? Porque simplesmente não perdoá-lo?

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Se não conseguimos o provar o metafísico ou o imaterial, atemporal, por nossas limitações de pensamento e nossos conceitos de um deus ideal material, é por isso que devemos deixar de crer?Acho q nao, continua...

Para mim, crer, ou seja, admitir como verdade proposições não comprovadas, só se admite quando os indícios de plausibilidade forem fortíssimos e, mesmo assim, sempre de modo provisório. O fato de não se conseguir provar a existência do sobrenatural, além de que ele não é uma evidência, indica claramente que não deve existir. Ter fé é um despropósito. Não afirmo categoricamente que não existe o sobrenatural, nem deuses, nem espíritos, mas considero que seja muito provável que não.

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Acredita em vida fora da Terra? E vida inteligente? Acredita que eles já tiveram intenso contato com a humanidade na Antiguidade? Acredita que podem ser verídicos relatos modernos de contato?

Sim, acho possível haver vida fora da Terra, principalmente primitiva, como bactérias. Vida superior, eucariota e metazoária já é bem mais difícil, mas pode haver. Inteligente... se houver será muito rara. No máximo uns três planetas por galáxia, acho eu. Quanto aos contatos, considero extremamente improváveis em qualquer tempo, passado ou futuro. Para mim os relatos de OVNIS e de contatos, ou são fraudes ou são enganos e ilusões. Nenhum indício é suficientemente esclarecedor para garantir.

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Ernesto, em sua opinião qual o caminho mais propício à um aluno recém concluente do ensino médio públio, que apresentar defasagem no ensino de disciplinas da área de Exatas? E como se é possível suprimi-lás, se o mesmo não tem condições socio-econômicas?

Isto é um grande problema, pois as exatas são sequenciais, cada coisa dependendo do conhecimento anterior. Os cursinhos não ensinam nada, só dão macetes para passar no vestibular, mas depois, não se sabe nada, para a vida e a profissão. No caso, o interessante é fazer um cursinho (existem gratuitos), para saber o assunto a ser estudado, e pegar livros em bibliotecas para se aprofundar. Mas tem que renunciar a sono, baladas, TV, namoro e muita coisa. Não tem outro jeito.

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O que é mais importante: O ato de questionamento constante ou a inquietude em pensamentos?!

Inquietude de pensamentos não é algo a ser cultivado, mas uma situação inevitável de certas mentes. O ideal é atingir um estado de paz interior, de modo a poder considerar todos os pensamentos com tranquilidade. Questionar, sim, é uma atitude a ser cultivada, não necessariamente para se contrapor, mas para sopesar tudo, num ceticismo metódico extremamente salutar. Nada deve ser aceito por argumento de autoridade, de tradição ou de maioria. Se se concluir que é certo ou bom, concorda-se, caso contrário, luta-se contra, mesmo que em prejuízo pessoal. Isto é integridade e caráter.

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Luan Santana ou suicídio?

Terrível dilema! Ainda bem que se tem sempre a opção de desligar o som ou a TV, ou, ainda, ir para outro lugar.

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a alegria é para os espiritos nobres e sábios, pois é algo muito refinado para qualquer alma mediocre?

Não é bem assim... Qualquer pessoa pode experimentar alegria e sua intensidade não está correlacionada com seu refinamento. Felicidade não é privilégio de pessoas instruídas, nem sequer inteligentes. Mas é algo que deve ser assegurado a todos. Quem for inteligente e instruído tem uma grande responsabilidade, pois é esclarecido e consegue ver quem se aproveita da ingenuidade alheia para se locupletar, reduzindo a felicidade global do mundo. Estes não podem passar impunes e a sociedade tem que coibí-los de agir assim, por ação dos esclarecidos. Espíritos nobres e sábios só o serão quando se despirem de toda vaidade e presunção. Então, poderão, de fato, gozar de alegrias refinadas, especialmente as que advém da prática do bem e da virtude, que não é nada aborrecido, como uma visão distorcida faz crer. Ser virtuoso é uma imensa alegria, porque, mais do que todas, a suprema virtude é amar, e amar e ser amado é a maior fonte de alegria possível. Todavia o prazer refinado não exclui as alegrias prosaicas que se pode compartilhar com o povo inculto, muitas vezes mais autêntico, sincero e generoso do que muita gente erudita.

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domingo, 5 de setembro de 2010

Para que valores reais de m, a função f(x)= 2x²+5x+m+3 admite duas raízes reais e distintas?

menores do que um oitavo.

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Qual é o seu autor favorito?

Dostoievsky

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O senhor já leu a obra "O mundo de Sofia"? Se sim, qual sua opinião sobre as idéias e os assuntos discutidos no livro?

Comprei o livro mas ainda não li. Mas sei qual o seu conteúdo e considero que filosofar seja uma das coisas mais importantes da vida, só abaixo de amar e, inclusive, acima de sobreviver.

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A vida humana vale mais do que a vida dos outros seres vivos?

Sim. Mas isto não significa que a vida dos outros seres vivos não tenha valor, mas apenas que, no caso em que se seja obrigado a escolher, escolhe-se a humana.

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O lucro de uma loja pela venda diária de x peças é dado por L(x)=100(10-x)(x-4). O lucro máximo, por dia, é obtido com a venda de quantas peças?

Derivando em relação a x, tem-se L'(x) = 100(10 - x) - 100(x - 4). Igualando a zero tem-se: (10 - x) = (x - 4), cuja solução é 7, que é o ponto de inflexão (máximo, pois a segunda derivada, L''(x) = -200 é negativa). Levando na função original obtém-se L(7) = 900.

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O custo C para produzir x unidades de certo produto é dado por C=x2-80x+300. Qual será a quantidade de unidades produzidas para que o custo seja mínimo? Qual sera o valor mínimo do custo?

Derivando-se em relação a x, tem-se C'(x) = 2x - 80. Igualando-se a zero, tem-se x = 40 (ponto mínimo, pois a segunda derivada, C''(x) = 2 é positica). Logo o custo mínimo se dá com a produção de 40 unidades.

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Para que valores de t a função f(x)=-3x²-2x+(t-4) não admite raízes reais?

Se o discriminante (-2)² - 4(-3)(t-4) for negativo, isto é, 4 + 12t - 48 < 0, ou seja, 12t < 44, isto é, t < 11/3.

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Pra você que se diz ateu, QUEM VOCÊ ACHA QUE INVENTOU O DORITOS?

O fato de que haja algum agente para inventar qualquer artefato não implica que seja necessário um agente para criar o Universo, pois este é natural e não artificial. Coisas naturais podem surgir sem terem sido criadas, mas as artificiais precisam de um elaborador. Uma diferença é que as coisas naturais são formadas por deposição (as inorgânicas) ou crescimento de dentro para fora (as orgânicas). As artificiais são "montadas" por uma agente construtor e planejador. Coisas naturais surgem sem projeto, sem propósito, sem motivo e sem causa. No caso do Universo, que é a primeira coisa a surgir, sem ter do que provir também. Não há impedimento lógico, nem ontoógico, nem epistemológico e nem fenomenológico para que assim aconteça. Mas pode ser que tenha havido um agente extrínseco criador, só que isto não é necessário. Todavia, isto traz uma série de problemas. Se o Universo é o conjunto de tudo, então este agente seria parte dele. Como poderia criar a si mesmo? Outra alternativa é que o Universo sempre existiu e Deus é o próprio Universo. Para que, então, considerar Deus?

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Universo infinito? Mas se ele tá em expansão, como pode ser infinito?

Claro que pode! A expansão cósmica não significa um aumento do tamanho do Universo e sim um inchamento do espaço, isto é, da separação entre pontos, sem que eles se movam. Isto não fará com que o Universo seja maior do que infinito. Se ele já o é, continuará a sê-lo, pois qualquer múltiplo de infinito continua sendo infinito.

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