sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

"Nada é, mas está sendo. Para que algo fosse, não poderia haver passagem de tempo." "Eu sou aquele que é." Javé -> imaterial, atemporal.

Só que não existe!

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Oque significa o natal para você ?

Veja o cartão de natal que eu coloquei em meu site:
www.ruckert.pro.br

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Comprovar que as ideias de uma pessoa estão erradas e depois chamá-la, por exemplo, de "safada", é usar argumentum ad hominem? Pelo que eu entendo, ad hominem é quando primeiro chamaríamos a pessoa de safado para depois tratar de suas ideias. Está certo?

Sim, está certo. Se você comprovou que os argumentos não valem e que a pessoa foi desonesta ao propô-los como verdades, ela, de fato, é safada. No entanto, considero que não seja educado chamar ninguém de safado, mesmo que ele seja safado. É só uma questão de finesse.

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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Por que quando um religioso recebe alguma resposta após questionar o ateísmo (chamar de à toa, dizer que ateu tem fé ou é revoltado) acusa o ateu de radical ou estar "pregando"? Concorda que o ateísmo deve ser guardado para si?

Não, de forma nenhuma. Deve ser proclamado em alto e bom tom e anunciado para ser seguido da mesma forma que os cristãos proclamam e anunciam o evangelho e que os muçulmanos proclamam e concitam a todos a seguir as palavras do profeta, submetendo-se à vontade de Allah, o misericordioso. Ou como os seguidores de Krishna ou de Buddah o fazem. Ateus têm que agir como os primitivos cristãos, porque sua mensagem é a mensagem da verdade. O ateísmo deve ser pregado sim, com bons argumentos, com conhecimento de causa, mas com cortesia e educação, sem ofender os religiosos, mas mostrando, por A mais B, como estão equivocados. Sem, contudo, usar de recursos erísticos nem ser enjoado como muitos pregadores evangélicos. É preciso muita calma, muita paciência, muito controle, mas muita firmeza e muita perseverança, porque sabemos que estamos fazendo um bem para a humanidade e para as pessoas ao mostrar que não existe Deus nenhum e que a responsabilidade pela erradicação do mal, o prevalecimento do bem, a cura das mazelas, o estabelecimento da justiça e tudo isso está inteiramente nas nossas mãos.

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Por que quando um religioso recebe alguma resposta após questionar o ateísmo (chamar de à toa, dizer que ateu tem fé ou é revoltado) acusa o ateu de radical ou estar "pregando"? Concorda que o ateísmo deve ser guardado para si?

Não, de forma nenhuma. Deve ser proclamado em alto e bom tom e anunciado para ser seguido da mesma forma que os cristãos proclamam e anunciam o evangelho e que os muçulmanos proclamam e concitam a todos a seguir as palavras do profeta, submetendo-se à vontade de Allah, o misericordioso. Ou como os seguidores de Krishna ou de Buddah o fazem. Ateus têm que agir como os primitivos cristãos, porque sua mensagem é a mensagem da verdade. O ateísmo deve ser pregado sim, com bons argumentos, com conhecimento de causa, mas com cortesia e educação, sem ofender os religiosos, mas mostrando, por A mais B, como estão equivocados. Sem, contudo, usar de recursos erísticos nem ser enjoado como muitos pregadores evangélicos.

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Aceita a possibilidade de um Cristo histórico? Claro que não me refiro a um mágico que andava sobre as águas, mas a um homem comum, que por ignorância do povo foi considerado um messias, como aconteceu com Apolônio de Tiana.

Sim. Penso que Jesus, de fato, foi uma pessoa existente. Mas não um Deus, nem o Messias. Inclusive se, de fato, ele pregava as lições que os evangelhos dizem, sou um discípulo de seus ensinamentos, apesar de ateu. E me esforço por cumprí-los, como dispor de todos os meus bens, amar ao próximo como a mim mesmo etc.

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O senhor possui o livro (ou sabe onde posso encontrar) O Sr está brincando sr Feynman? (o título pode estar ligeiramente diferente dependendo da tradução)

Já li este livro, mas peguei emprestado. Li a versão original, em inglês: "Are you joking, Mr. Feynman?"

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Em um universo de incerteza quântica é possível a onisciência?

Onisciência não é possível nem num Universo determinista, ainda mais numa incerteza quântica. Isto mostra que a idéia de Deus não é realizável. Muito cientistas não aceitam o indeterminismo quântico porque ele acarreta esta impossibilidade. Então eles se aferram ao determinismo, sem ver, também, que isto torna todos os seres zumbis, que não têm poder de escolha sobre coisa nenhuma. O livre arbítrio é algo incompatível com a existência de um Deus onisciente, mas não com a de um Deus que abdicasse da onisciência. Mas será que ilo seria Deus?

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P/ vc, competir por esporte não seria uma ótima forma d canalizar uma energia intrínseca do homem (a competição) num contexto ond isso possa ser interpretado c/o saudável? (ou seja, não é melhor competir por brincadeira doq na vida real?)

Pode ser, mas eu não aprecio. Pode-se canalizar a energia para atividades que levem a pessoa a superar apenas a si mesma e não a outras. Que a disputa seja com suas próprias dificuldades e fraquezas, não com as de outras pessoas. Não gosto da idéia de "vencer", "derrotar", "competir", "lutar", "brigar". Acho este tipo de coisa apenas admissível se for para competir, lutar e brigar para vencer e derrotar o mal, a injustiça, a iniquidade e fazer prevalecer o bem, a justiça, a equidade, a paz.

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suponhamos que deus existisse, porque ele criaria um anjo que ele (o senhor do passado ,presente e futuro) ja sabia que iria inveja-lo e o permitiu entrar no eden e logo após corromper a sua criação ?

Pois é, esta é uma das contradições do conceito de Deus que indicam que ilo não existe. Este conceito é cheio de incoerências. Não é possível haver um ser que preencha os requisitos atribuídos a Deus de forma inteiramente coerente.

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@Th_NF Concedendo ao Homem o Livre-Arbitrio, o livrando do Determinismo, esta liberdade não seria ilusória? pois sendo tudo criação dEle, nossa liberdade não estaria presa ao já criado e assim retornaria ao Determinismo?

Não. Mesmo considerando isto como verdadeiro (o que não é, pois não fomos criados e sim "surgimos"), se tivéssemos sido criados com livre arbítrio, o criador (que não existe), teria concedido a nós a liberdade de escolha diante das alternativas apresentadas a cada momento. Isto é o que, de fato, ocorre, não por concessão de criador nenhum, mas porque é assim que a natureza funciona, desde o nível subatômico. Isto é, a cada momento, dadas as condições apresentadas a um sistema (que pode ser o Universo todo), não há nada que determine como será o próximo momento. Há inúmeras possibilidades. Nos sistemas mais simples a evolução é fortuita, mas a medida que a complexidade aumenta, as probabilidades passam a ter uma concentração em algum ponto. Nos sistemas com algoritmo decisório, como os animais, escolhas se apresentam (mesmo para uma formiga) e ele pode decidir de forma não determinista a ação a tomar. Isto é um comportamento quântico da natureza, que é o que se chama de "livre arbítrio".

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O que é que é?

Nada é, mas está sendo. Para que algo fosse, não poderia haver passagem de tempo, pois o tempo advém de que o estado do Universo mude. Assim, tudo não permanece como é, mas, a cada momento, torna-se diferente. O verbo ser significa permanência, o que não existe. A essência de um ser (substantivo), portanto, não é aquilo que ele é, mas o que, dentro de suas alterações, pode caracterizá-lo como uma individualidade dentro de sua mutabilidade. Você continua sendo você, mas a cada momento suas células se transformam, umas morrem, outras surgem. Suas memórias se modificam a todo instante. Mas você continua sendo você, pela continuidade histórica de seu ser.

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Há algum esporte que prefira acompanhar?

Em geral, não aprecio esporte nenhum. Mas, às vezes, gosto de ver ginástica olímpica, equitação, fórmula 1 ou outros esportes que apresentem uma variedade maior de desafios que acabam funcionando como uma espécie de coreografia. Mas não gosto de nenhum esporte que envolva bola ou que seja coletivo, isto é, que tenha times. Não tenho nada contra, mas não aprecio. Gosto mais de esportes que não tenham competição, que ninguém tenha que vencer ou perder, como alpinismo, montanhismo ou outros assim. Esporte que não seja desporto.

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É possível fazer um paralelo entre a energia e a matéria escura como o éter?

Não. O éter seria um meio que preencheria todo o espaço para a propagação das ondas eletromagnéticas, cujas vibrações seriam essas ondas. Isto não existe. As ondas eletromagnéticas são campos elétricos e magnéticos autopropelentes, quantizados em fótons que se propagam no próprio vácuo. A matéria escura é matéria, só que não emite luz, ficando invisível. Além de gás e poeira atômicas e moleculares, consiste de planetas, estrelas apagadas, buracos negros, e, principalmente, partículas exóticas, como axions e outras. A, impropriamente chamada, "energia escura" ainda não é bem conhecida, mas, certamente, é uma espécie de campo que preenche todo o espaço. Isto é o que mais se parece com o conceito de éter, mas não são suas vibrações que constituem as ondas eletromagnéticas. Aliás, tratar-se-ia de um campo não oscilatório. A impropriedade da denominação da "energia escura" reside em que energia não é uma entidade e sim um atributo de entidades.

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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Ernesto, como seria um legislativo unicameral ?

Como os parlamentos dos países parlamentaristas unitários. Só a câmara dos deputados, sem o senado. O senado só tem significado nos países federalistas, mas, para ser equilibrado, as unidades federativas deveriam ter, mais ou menos, a mesma população e o mesmo PIB. No Brasil isto não existe.

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http://www.formspring.me/LHAyan/q/1925063089 , ?

Eu já não me importo com o que diz o Luciano Ayan. Tudo o que ele condena nos ateus, comunistas, anarquistas e liberais de todo tipo também se aplica aos religiosos de qualquer religião, aos intolerantes, nazistas, preconceituosos etc. Eu, pelo menos, sou cortez e respeitoso com os religiosos, não só porque já o fui, mas também porque muitas pessoas a quem quero bem o são, além de vários amigos. E como o meu ateísmo é cético, e não dogmático, estou aberto a mudar de opinião, caso convencido. Este não é o caso dele. Quando faço minhas observações sobre ateísmo e anarquismo em minhas aulas, é sempre no contexto do assunto ou então quando sou chamado por outros professores para apresentar minhas idéias em um esquema em que outras também o são, como já fiz várias vezes sobre cosmologia, evolução, anarquismo, a convite, inclusive, de outros colégios e faculdades. Isto é um procedimento salutar: apresentar aos alunos várias cosmovisões, para que eles as conheçam e possam fazer sua escolha conscientes. E os alunos, mesmo os que não concordam comigo, gostam de minha abordagem do assunto. Nenhum pai de aluno é lesado por mim em nada. Pelo contrário, contribuo para a conscientização dos filhos deles. Nunca sou dogmático nem apresento minhas concepções como doutrinas absolutas e inquestionáveis, como as religiões o fazem. Se há que se investigar a ação de ateus e comunistas, há que se o fazer também de religiosos de todas os matizes, não só cristãos, mas qualquer outro.

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http://www.formspring.me/LHAyan/q/1925063089 , ?

Eu já não me importo com o que diz o Luciano Ayan. Tudo o que ele condena nos ateus, comunistas, anarquistas e liberais de todo tipo também se aplica aos religiosos de qualquer religião, aos intolerantes, nazistas, preconceituosos etc. Eu, pelo menos, sou cortez e respeitoso com os religiosos, não só porque já o fui, mas também porque muitas pessoas a quem quero bem o são, além de vários amigos. E como o meu ateísmo é cético, e não dogmático, estou aberto a mudar de opinião, caso convencido. Este não é o caso dele. Quando faço minhas observações sobre ateísmo e anarquismo em minhas aulas é sempre no contexto do assunto ou então quando sou chamado por outros professores para apresentar minhas idéias em um esquema em que outras também o são, como já fiz várias vezes sobre cosmologia, evolução, anarquismo, a convite, inclusive, de outros colégios e faculdades. Isto é um procedimento salutar: apresentar aos alunos várias cosmovisões, para que ele as conheça e possa fazer sua escolha consciente. E os alunos, mesmo os que não concordam comigo, gostam de minha abordagem do assunto. Nenhum pai de aluno é lesado por mim em nada. Pelo contrário, contribuo para a conscientização dos filhos deles. Nunca sou dogmático nem apresento minhas concepções como doutrinas absolutas e inquestionáveis, como as religiões o fazem. Se há que se investigar a ação de ateus e comunistas, há que se o fazer também de religiosos de todas as matizes, não só cristãs, mas qualquer outra.

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@Th_NF Não teria Deus corrompido sua própria criação com a distinção do certo/errado? Já que Deus o criou, as ações do ser humano não estariam limitados a aquela inteligência criadora?

Não, porque Deus não existe. Supondo que exista, o que se diz é que ilo (3ª pessoa do pronome pessoal do caso reto, no gênero neutro) concedeu ao homem o "livre Arbítrio", ficando livre do determinismo.

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Ernesto, quais as implicações disso? http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2010/12/18/64137-mundo-visivel-tambem-se-sujeita-as-regras-quanticas-descobrem-fisicos-americanos.html Grato

De fato, desde o início da Física Quântica, sabe-se que a Física é sempre quântica (e relativística), apenas não apresentando esse comportamento por causa do pequeno valor da constante de Planck e o grande valor da velocidade da luz. Mas eles estão sempre presentes. Para objetos macroscópicos, vale o "Princípio da Correspondência". O objeto do experimento em questão é grande em termos atômicos e pequeno em termos humanos, pois tem um mícron de extensão. A observação direta de estados superpostos, realmente, é uma excelente confirmação direta da Física Quãntica.

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Quero levantar uma pergunta que foi me enviada por um teólogo. Fala sobre a origem da crença no divino. Eis a pergunta: Se Deus não existe, então por que todo homem (ou em toda cultura) encontra-se um desejo intrínseco no homem como um senso do Div

Isto é simples. O homem, possuindo inteligência, percebe que a maioria das ações tem um agente animal dotado de vontade. Assim ele estende tal conclusão às ações puramente naturais, imaginando um autor invisível, também dotado de vontade, que seriam entidades espirituais ou deuses. Isto se aplica a chuvas, secas, avalanches, vulcões, terremotos, doenças, morte e assim por diante. Se existem tais seres, quem sabe ele não podem escutar as preces e, se têm esse poder todo, porque não resolvem fazer mágicas e alterar, a seu comando, o curso da natureza. Esta é a origem da crença em deuses. Quanto à alma, a percepção de que o pensamento não parece pairar no corpo, como uma coceira ou uma dor pairam, faz supor, quase de imediato, alguma entidade incorpórea para sediá-lo. Além disso, é muito confortante considerar que, pelo menos, parte de nós não morre. Outra coisa é sobre a justiça. Achar que, numa outra vida, a maldade seja punida e o bem recompensado também é muito agradável. Tudo isso faz supor que existam deuses ou um só deus e que existam espíritos, dentre eles a alma humana e que essa alma sobrevive ao corpo e perdura eternamente, no inferno ou no paraíso. Uma análise profunda dessas possibilidades, contudo, encontra sérias dificuldades, à luz dos conhecimentos científicos atuais.

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Torce para algum time de futebol?

Não. Não gosto de futebol. Não jogo nem assisto. Quando criança meu pai queria que eu me interessasse. Ele torcia para o Vasco e para o Cruzeiro. Me levava em jogos, mas eu só me interessava pela engenharia do estádio.

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O que o senhor acha da frase de Marx em que ele diz que a função dos filósofos até hoje foi a de entender o mundo, e a partir dele ela tem que ser a de mudar o mundo...

Não concordo. Tanto antes quanto depois de Marx os filósofos tanto pretenderam como pretendem, entender e mudar o mundo. Acho muita pretensão da parte dele, como também de Nietzsche, acharem que são divisores de águas. Ambos foram importantes, mas se inseriam em um contexto que possibilitou a sua emergência. Outros filósofos foram igualmente importantes como portavozes de mudanças de paradigmas, como Montaigne, Spinoza, Schopenhauer, Kant, Hume, Sartre e outros.

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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Quais livros o senhor recomenda para um conhecimento basico da piscologia e Psicanálise ?

Linda Davidoff - "Introdução à Psicologia" - Pearson
Manuel da Costa Pinto - "O Livro de Ouro da Psicanálise" - Ediouro
Vilela, Ferreira e Portugal - "História da Psicologia" - Nau
Krech & Crutchfield - "Elementos de Psicologia - 2 v. - Pioneira
Edna Heidbreder - "Psicologias do Século XX" - Mestre Jou
Paul Churchland - "Matéria e Consciência" - Unesp
Burrus Skinner - "Ciência e Comportamento Humano" - Martins
Fontes
Gazzaaniga, Ivry & Mangun - "Neurociência Cognitiva" - Artmed
Nicole Fiori - "As Neurociências Cognitivas" - Vozes
Steven Rose - "O Cérebro do Século XXI" - Globo
Maturana e Varela - "A Árvore do Conhecimento" - Palas Athena
Jean Piaget - "Biologia e Conhecimento" - Vozes
Steven Pinker - "Como a Mente Funciona" - Cia. das Letras
Steven Pinker - "De que é Feito o Pensamento" - Cia. das Letras
Joseph LeDoux - "O Cérebro Emocional" - Objetiva
António Damásio - "O Mistério da Consciência" - Cia. das Letras
António Damásio - "O Erro de Descartes" - Cia. das Letras
António Damásio - "Em busca de Espinosa" - Cioa. das Letras
António Damásio - "O Sentimento de Sí" - Europa - América
António Damásio - "O Livro da Consciência" - Círculo - Leitores

Recomendo, ainda, os nove fascículos especiais da revista "Mente e Cérebro" denominados "Memória da Psicanálise", dedicados a Freud, Jung, Ferenczi, Klein, Winnicott, Bion, Lacan, Contemporâneos e Fonteiras.

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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Você se preocupa com o futuro?

Se você se refere a meu próprio futuro, não. Não me importo com nada que me aconteça. Nem que eu fique completamente pobre ou vá para a cadeia ou seja assassinado. Qualquer coisa, para mim, não faz diferença. Mas se você fala do futuro da humanidade, sim. Para que esse futuro seja melhor é que tenho desenvolvido meu trabalho de esclarecimento em meu ofício de professor e, nos últimos anos, pela internet e por meio de palestras. Meu objetivo é conscientizar as pessoas de vários equívocos que compromentem o futuro da humanidade, como o paradigma do sucesso competitivo ao invés da colaboração e do auxílio mútuo; do trabalho voluntário e gratuito; da renúncia à preguiça; do desenvolvimento da inteligência; do esclarecimento científico e filosófico; da impropriedade da fé e das religiões; da ética sobre todas as coisas, inclusive o lucro e as vantagens; da necessidade da preservação ambiental; da progressiva anarquização da sociedade e muitas outras coisas que venho sempre falado nos meus blogs e comunidades de que participo.

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Ernesto, repeito sua postura ateíta, porém, eu me considero o que chamam de "medium" ,ou seja , vejo espíritos e em raras vezes intereajo com eles, isso é uma verdade pra mim e eu me considero são, o que o senhor acha disso?o que acha da mediunidade ?

Tenho uma irmã que é espírita, mas não é médium. Não acredito que isto aconteça. Só verificando diretamente e, mesmo assim, cercado de todas as cautelas. Para mim são alucinações, isto é, imagens geradas pelo próprio cérebro, mesmo estando a pessoa em estado de vigília. Acho que as pessoas que pensam que se comunicam com espíritos não estão mentindo, pois isto parece real para elas. Mas penso que estão equivocadas. Para que eu aceite a existência de espíritos tenho que presenciar um fato que comprove de modo inteiramente objetivo e sob o controle experimental de técnicos muito céticos e honestos, para que não paire a menor dúvida sobre a possibilidade de tudo não ter uma explicação puramente natural.

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o senhor sabe tocar violão?

Não, mas sei tocar um pouco de piano, que estudei três anos, dos 9 aos 12 anos. Mas estou destreinado.

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Como é que alguém pode acreditar que tomando drogas alucinógenas, como o daime, vai conseguir alcançar algum tipo de auto-conhecimento ou esclarecimento espiritual?

Sendo inteiramente ignorante a respeito de neurociências e bioquímica. Acho que é só uma justificativa para sua vontade de se drogar, sem ser considerado um viciado. Aliás, toda crença em entidades sobrenaturais ou em poderes esotéricos de amuletos, feitiçaria, sacrifícios propiciatórios e, mesmo, no valor transcendente de jejuns, mortificações, orações e coisas assim, revela a ânsia da humanidade em ultrapassar as limitações físicas e biológicas a que estamos sujeitos e tentar conseguir, num passe de mágica, que sejam possíveis ocorrências milagrosas à revelia das leis naturais. Aceitar nossa condição puramente animal e inteiramente mortal (sem vida eterna de espécie alguma), bem como de nossa total sujeição às leis da natureza, para muitos, é algo por demais humilhante. Assim as pessoas se consideram como membros de uma espécie privilegiada por possuir "alma" e ter sido criada à imagem e semelhança de Deus, quando, na verdade, Deus é que foi criado pelo homem à sua imagem e semelhança. Nenhuma oração e nenhuma droga é capaz de alterar o funcionamento da natureza ou de propiciar iluminação espiritual ou o que seja.

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O que você pensa a respeito da Neuropsicologia ?

Considero que seja o caminho correto da psicologia, para que possa se transformar em uma ciência epistemologicamente válida e se livre das "correntes de pensamento". Ou seja, que encontre uma fundamentação que seja capaz de sair vencedora de todas as tentativas de falseamento e que, assim, possa ser aceita por toda a comunidade psicológica. De fato, a psicologia é uma ciência fundamentalmente biológica, mesmo que se valha do concurso de ciências humanas, como a sociologia e a linguística, por exemplo. Os fatos psíquicos, todos, ocorrem em função dos fatos neurológicos, mesmo que tenham uma descrição em termos de conceitos alheios às neurociências. Não vejo escapatória para a psicologia senão sua fusão com a neurologia e a psiquiatria.

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Caro Ernesto, utilizei uma de suas pinturas em um blog que possuo, caso não tenha gostado é só me avisar que retirarei sem ficar de maneira alguma ressentido. Aqui:http://sacotragico.blogspot.com/ até.

Pode usar. Peço apenas que mencione a autoria. Não consegui acessar o seu blog.

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http://minilua.com/maiores-misterios-humanidade-7/ Muito intrigante. O que o senhor tem a dizer?

Porque tudo isso é apenas uma lenda e na lenda, não se relaciona o umbigo com o cordão umbilical, a gestação e o parto.

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Professor, o senhor é da opinião de que grandes escritores, como Shakespeare, Tolstoi e Dostoiévski, reinventaram o ser humano, fazendo emergir características despercebidas, influenciando tudo que veio depois?

Eles apenas explicitaram o que já existia, certamente influenciando, mas apenas a elite cultural, que, sem dúvida, é que tem poder para conduzir as massas. Mas não inventaram nada. De fato, o grande valor deles é a apurada capacidade de análise psicológica, muito maior do que a de muitos psicólogos. Assim desnudaram as verdadeiras razões que levam as pessoas a agir como agem. Na vivência social isso tudo é camuflado, pois a transparência das intenções é uma grande desvantagem pessoal para quem deseje levar vantagens. A mentira e a dissimulação são recursos que a própria inteligência desenvolve para facilitar a sobrevivência e a conquista de melhores condições de vida. Mas não é ética e desmascarar tais recursos é uma providência primordial para coibir o uso de meios desleais de ascenção pessoal. Para isto estão aí a neurolinguística e outras disciplinas semelhantes. Esses escritores deram uma grande contribuição à psicologia com suas finas análises da sordidez, mas também da beleza do comportamento humano.

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Qual é a 'teoria' que o senhor acredita em relação a formação do universo ?

A hipótese do surgimento incausado, sem que tenha sido proveniente de nada pré-existente, por acaso, sem a interveniência de nenhuma entidade extra-natural, como algum pretenso deus criador.

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Acredita que há vida em outro planeta, certo? Se sim, acha que as primeiras formas de vida do planeta Terra, vieram através de "meteoritos" de outros lugares do universo que já havia vida?

Não. Acho que surgiram aqui mesmo. As condições da Terra eram mais propícias ao surgimento da vida que a de outros planetas do sistema solar. Quanto a vir de outras estrelas, isto é quase certamente uma impossibilidade total.

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Se Adão foi criação de Deus, e Eva surgiu através da costela de Adão, por que nas pinturas de algumas igrejas católicas as figuras de "Adão e Eva" tem umbigos?

Porque tudo isso é apenas uma lenda e na lenda, não se relaciona o umbigo com o cordão umbilical, a gestação e o parto.

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domingo, 19 de dezembro de 2010

Quais livros o senhor recomenda para um leigo em sistemas políticos e economia e sobre conceitos básicos da física?

Yoav Ben-Dov - "Convite à Física" - Zahar
Richard P. Feynman - Física em 12 Lições - Ediouro
AntonioS. T. Pires - "Evolução das Idéias da Física" - Livraria da Física

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Professor, basicamente, que problemas o senhor vê na Filosofia de Nietzsche?

Primeiramente a falta de rigor filosófico. Mas isto é secundário. Nem sempre o rigor é acompanhado da validade. Tomás de Aquino, Kant e Heidegger foram rigorosos, cada qual defendendo posições distintas. NIetzsche era literário, o que, realmente, lhe dá um certo charme. Acho que seria boa uma síntese dialética do rigor com a literatura na Filosofia. Bertrand Russell conseguiu isto.
Mas o que importa é a validade das propostas. Nisto Nietzsche peca por atirar a torto e a direito, muitas vezes em moinhos de vento. Concordo plenamente com sua oposição à religião como instrumento de dominação mental e castradora da expressão criativa do homem. Inclusive com sua crítica a Sócrates e Platão ao introduzirem noções éticas, estéticas, epistemológicas e metafísicas inadequadas ao bom filosofar. Há pontos que reputo grandes equívocos de Nietzsche e que são considerados os pontos fortes de seu pensamento.
O primeiro é o do "eterno retorno". Nada mais idiota e sem fundamento em fatos. Uma opinião completamente sem base. Não há retorno de coisa nenhuma. O fluxo dos acontecimentos segue sempre para frente sem repetir-se, exceto excepcionalmente. Podem haver componentes cíclicas de comportamentos em certos períodos limitados, como se dá com a moda, por exemplo. Mas apenas em intervalos curtos. Não há retorno à moda de mil anos atrás. Ele considerava que o Universo tinha que ser eterno para o passado, já que não há Deus para criá-lo e não pode surgir do nada. Errado! Pode surgir sem prover de coisa alguma sim.
Outro equívoco é a "vontade de potência", como fator propulsor das ações humanas. Isto é falso, pelo menos como um princípio. A vida é impulsionada pela "vontade de viver" como considerou Schopenhauer. Mas isto também não é propriamente uma "vontade". É simplesmente o que acontece sem razão de ser nenhuma. A estrutura da vida surgiu de forma a se replicar e perpetuar e faz isto sem razão nem propósito. Todo o organismo surgiu para perpetuar a vida, mas não com esse objetivo. As ações dos seres vivos se dirigem para a procriação e a sobrevivência, mas não porque este é o objetivo e sim porque é isso o que se dá. Nenhum ser pretende exercer poder sobre nada. O poder só é exercido, quando o é, pela necessidade da sobrevivência ou da procriação. Esta e a realidade. O homem tem capacidade de, por sua racionalidade, contornar essas pulsões naturais e agir altruisticamente, até mesmo por chegar à compreensão de que é beneficiando a humanidade como um todo que se é beneficiado a longo prazo. Isto o homem pode concluir, pois é capaz de fazer previsões futuras. Vontade de poder, até que pode existir e existe, mas não como princípio condutor das ações. Trata-se de um comportamento circunstancial.
Outro erro de Nietzsche, ainda, é considerar a moral altruísta como uma fraqueza. Para ele, ser compassivo, solidário, generoso, bondoso e coisas assim é ser inferior. Nada disso. Uma pessoa pode ser tudo isso com altivez, dignidade, nobreza, sem humildade e nem soberba, com modéstia, assertividade, fortaleza e bravura. O ser humano verdadeiramente humano é o virtuoso e a belicosidade não é uma virtude, nem vaidade, nem presunção. É com essas qualidades que se poderá construir uma verdadeira civilização, em que as pessoas viverão em um mundo próspero, justo, harmônico e fraterno e no qual alcançarão a felicidade e a realização de suas vidas.
Mesmo discordando desses pontos, tenho uma grande admiração por Nietzsche, por sua ousadia e firmeza em proclamar seu ateísmo e sua oposição às religiões e a todo comportamento mentiroso e de conveniência. Não considero que suas idéias sejam afinadas com o nazismo e o antijudaísmo, como se diz por aí. Assim como Marx, Darwin, Freud, Planck, Einstein e Sartre, Nietzsche foi um dos filósofos que moldaram o século XX e o espírito livre-pensador, irreligioso, democrático, liberalista e fisicalista que, felizmente, veio para substituir o obscurantismo religioso, dogmatista, absolutista e retrógrado que, infelizmente, ainda prevalece em certos lugares.

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O senhor conhece o Paulo Ghiraldelli Jr ? http://ghiraldelli.pro.br/

Como adversário do Olavo de Carvalho ele já conta pontos comigo. Considero-o um filósofo sério e, realmente, pensador. Concordo com sua tese de que o "eu" é o corpo. Mas não comungo com sua opção pelo pragmatismo e pelo marxismo e nem vejo sentido em sua síntese dialética do pragmatismo com a escola de Frankfurt. Sou um comunista não marxista e totalmente infenso ao pragmatismo.

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O que pensa em relação a Pagu ?

Uma mulher fantástica. Um ícone para um feminismo verdadeiro de engajamento da mulher na sociedade em pé de igualdade com o homem, sem ressentimentos. Ainda por cima uma batalhadora das causas comunistas de mais fibra que muitos homens. Admiro-lhe, principalmente, a opção pelo trotskysmo, mesmo que faça restrições ao bolchevismo marxista-leninista, uma vez que sou anarquista. É esse o tipo de mulher que eu admiro e respeito.

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Por favor Woolf, poderia dissertar mais sobre o teorema de incompletude de Godel, e se possível inserí-lo no seu livro - é um tema que acho importantíssimo-?

Os teoremas de incompletude de Gödel são teoremas lógicos que se referem a sistemas matemáticos, em particular, aritméticos, ou seja, numéricos, como é o caso dos números naturais, primos, inteiros, transfinitos, racionais, irracionais, reais, complexos, complexos hiperbólicos, hipercomplexos, quatérnios, quatérnios hiperbólicos, octônios, sedênios, vetores, tensores, matrizes etc. Esses conjuntos, munidos de operações, dependendo de suas propriedades, formam estruturas denominadas grupos, anéis, corpos, espaços vetoriais, etc. A respeito de tais estruturas e dos conjuntos numéricos associados são enunciadas proposições que, em conjunto, constituem a teoria aritmética a que obedece o sistema considerado.
A respeito disto, os teoremas de Gödel dizem que:
1º) Um conjunto completo de proposições sobre um sistema aritmético não consegue ser inteiramente consistente, ou seja, há pelo menos uma proposição que não pode ser confirmada nem negada pelo conjunto das demais.
2º) Não se consegue provar a consistência de um conjunto completo de proposições sobre um sistema aritmético a partir dele mesmo.
Isto foi sobejamente demonstrado por Gödel em 1931. Em 1963, Cohem desenvolveu um algoritmo de teste de proposições indecidíveis, isto é, que não se pode provar se são falsas ou verdadeiras.
Tal é o caso da "hipótese do contínuo" de Cantor, a respeito da cardinalidade dos números reais, que ele propôs que fosse igual à cardinalidade do conjunto dos subconjuntos dos números naturais. Cardinalidade é o número de elementos de um conjunto. Quando infinito, há um conjunto de possíveis cardinais, denominados transfinitos, dos quais o primeiro é o infinitos dos números naturais. Os números inteiros, pares, ímpares, primos e racionais têm a mesma cardinalidade dos naturais. O conjunto potência, isto é, o conjunto dos subconjuntos dos números naturais tem a segunda cardinalidade. O potência deste a terceira e assim por diante. A hipótese de Cantor é a de que os números irracionais, reais, complexos e hipercomplexos teriam a segunda cardinalidade, fato que ainda não conseguiu ser provado.
O segundo teorema não impede que a consistência de uma teoria possa ser provada de um ponto de vista exterior a ela, como é o caso dos axiomas de Peano que contróem os números naturais, cuja consistência é demonstrada pela teoria de Zermelo–Fraenkel dos conjuntos com o axioma de escolha.
Uma coisa importantíssima a se considerar é que os teoremas de incompletude só se aplicam a sistemas aritméticos e não geométricos ou topológicos, por exemplo. Nem tampouco a nenhuma lógica não matemática, como muitos consideram aplicável.
Certamente que se aplicam a processos computacionais, pois todos eles se baseiam em lógica aritmética, mesmo uma edição de texto que ora faço, pois o processador trabalha com portas aritméticas, que são máquinas que processam saídas a partir de entradas por combinações de adições, que é uma operação aritmética. Qualquer sistema computacional digital é aritmético, pois os dados sempre são convertidos em séries de dígitos binários, denominadas "palavras" que são engolidas pelo processador e nele convertidas em outras palavras, que, então, são expelidas. Toda a lógica computacional é, fundamentalmente, uma lógica aritimética e, portanto, governada pelos teoremas de incompletude. Mas a lógica humana, psíquica e social, não é aritmética, logo não está sujeita aos teoremas de incompletude.

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Professor Rückert, eu já vi alguns exemplos de que a bíblia não é o guia moral que as pessoas acham que ela é. Que guias se poderia usar pra construir uma moral de verdade?

A moral não é vinculada a religião nenhuma. É uma prescrição humana para que se possa ter uma convivência social sem problemas. As religiões se apossaram da moral e passaram a normatizar o comportamento relacionando-o com premiações e punições da divindade, nesta e na outra vida. Toda prescrição moral, para ser válida, tem que atender a critérios éticos, que é a disciplina filosófica que os estuda. Que critérios são esses? Ética não é fácil, mas pode-se dizer que há três critérios: Que a ação maximize a felicidade para o maior número de seres, que possa ser erigida como norma universal e que se deseje ser alvo dela. Normalmente o atendimento a esses três critérios valida uma ação com eticamente permitida, caso contrário seria condenável, ou seja, imoral. Nem sempre a moral acompanha a ética, pois a moral reflete os costumes de um estrato social em certa época e lugar. Poligamia é imoral mas não é antiética. Ablação do clítoris é antiética, mas moralmente aceita em certos lugares. O ideal seria que a moral sempre aconpanhasse a ética. No caso de conflito, prefira-se a ética.

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http://www.formspring.me/lhayan . Professor, se tiveres um tempo para estudar os argumentos deste cara, gostaria que me desce um parecer sobre o assunto, parecem-me dotados de erística muitas vezes ignorando a busca da verdade. Agradeço desde já, abraço.

Já tive contato com ele em discussões do orkut e percebo que é uma pessoa que, realmente, faz uso de argumentos "ad hominem", que repudio. Já concluí que não vale a pena perder tempo em argumentar contra essas pessoas que estão cristalizadas em seus posicionamentos. Então desisti e não vou atender a seu pedido, pois é só comprar aborrecimento. Sempre estou disposto a rever meus pontos de vista, se convencido, e isto já ocorreu várias vezes. Com isto eu aprendo e me aperfeiçoo. Mas tem gente que é irredutível a qualquer argumentação. Desse eu já desisti.

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Algo que não é fisicamente impossível de existir (como wormholes e buracos brancos) necessariamente existem?

Não! O que seja teoricamente possível não necessariamente existe. Aliás esta é a grande superioridade da ciência em relação às crenças. Tudo tem que ser verificado para ser aceito como verdade. Senão, são apenas hipóteses ou conjecturas. Assim são os buracos brancos, as hipercordas, as p-branas, os universos paralelos, a energia escura, a existência de Deus e vários outros temas. No entanto, o Big Bang, os buracos negros, a evolução das espécies, a matéria escura, a curvatura do espaço, a relatividade do tempo e do espaço, o indeterminismo quântico e muitos outros temas já possuem evidências, mesmo indiretas, de sua veracidade, mesmo que alguns contestem.

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Xerox é ilegal, certo. Mas os livros da faculdade são caríssimos e inacessíveis aos alunos até de renda "média".

Só faço xerox de livros esgotados. Acho que dá para rachar o preço dos livros por um grupo de alunos que comprariam vários pelo preço de um. Por exemplo, entre cinco alunos que comprariam cinco livros, que ficariam em rodízio com eles, até que cada um pudesse comprar o seu. Tudo é uma questão de prioridade. Eu, por exemplo, priorizo livros, mas meu carro tem 15 anos e minhas roupas e sapatos duram muito tempo.

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Indica algum livro para ler? Para adiquirir conhecimento mesmo..

Um livro só é difícil que abranja conhecimentos de vários assuntos, a não ser que se leia uma enciclopédia. Para um primeira abordagem introdutória aos assuntos de meu interesse e conhecimento, eu recomendo, para quem tenha o nível médio de instrução:
Filosofia: David Papineau - "Filosofia" - Publifolha; Nigel Warburton - "O básico da Filosofia" - José Oympio;
Psicologia: Edna Heidbreder - "Psicologias do Século XX" - Mestre Jou;
Religião: Victor Hellern, Henry Notaker & Jostein Gaarder - "O Livro das Religiões" - Cia. Das Letras;
Ciências: Bill Bryson - "Breve história de quase tudo" - Cia. das Letras; Alan Chalmers - "A fabricação da Ciência" - Unesp;
Matemática: Richard Courant & Herbert Robbins - "O que é a Matemática" - Ciência Moderna;
Física: Antonio S. T. Pires - "Evolução das Idéias da Física" - Livraria da Física;
Biologia: Ernst Mayr - "Isto é Biologia" - Companhia das Letras;
Cosmologia: Fred Adams e Greg Laughlin - "Uma Biografia do Universo" - Zahar;
Música: Keith Spende - "O livro da Música" - Círculo do Livro;
Arte: Maria Clara Prette - "Para entender a Arte" - Globo.
Estes são livros que eu já li, pelo menos em parte. Há inúmeros outros assuntos, que, todavia, não tenho como recomendar, pois não são de meu conhecimento. E, é claro, existe uma imensa bibliografia mais aprofundada sobre tudo isso. Para ter conhecimento, como você diz, é preciso estar disposto(a) a ler e estudar umas horas por dia, a vida toda. Posso dizer que, neste meus 61 anos de idade, já li quase umas quarenta e cinco mil horas, num total de quase três mil livros.

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Professor, porque o decaimento radioativo é um evento sem causa? A causa não seria a instabilidade do átomo?

Não! A instabilidade não determina o decaimento, apenas o possibilita. O que possibilita é uma condição. Causa é o que determina. A radioatividade alfa é um decaimento do núcleo e a beta dos nêutrons. Um núcleo instável pode permanecer indefinidamente assim ou decair a qualquer momento, sem que nada o determine. O mesmo se dá com as partículas subatômicas e com os átomos, moléculas e outros sistemas atômicos com elétrons excitados, que podem emitir fótons ou não. A excitação é só uma condição e não uma causa.

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Como se formam os buracos negros? Existem "buracos brancos"?

Os buracos negros se formam pelo colapso gravitacional de estrelas que perderam sua capacidade de produzir energia por reações de fusão nuclear em seus núcleos e não podem mais gerar temperatura e pressão que contenham a tendência da gravidade de comprimir sua massa. Então ela se comprime subitamente, causando uma onda de choque, que resulta numa explosão de "nova" ou "supernova", que faz com que o envelope da estrala seja ejetado para o espaço, dando origem às nebulosas planetárias, como a do caranguejo e várias outras belíssimas. O núcleo remanescente, dependendo de sua massa, pode ter três destinos. Abaixo de 1,4 massa solares (limite de Chandrasekhar) o núcleo se transforma em uma estrela "anã branca", que é como uma brasa em extinção, sendo uma estrutura de hidrogênio metálico com traços de outros metais, com a gravidade sendo contida pela força advinda do princípio de exclusão de Pauli do gás de elétrons livres que envolve os núcleos. Acima disto e até 2,7 massas solares (limite de Tolman–Oppenheimer–Volkoff) o núcleo se transforma em uma "estrela de nêutrons" que é como um único núcleo atômico com a massa da estrela toda. Nesta situação a gravidade vence a exclusão de Pauli e injeta todos os elétrons dentro dos prótons, formando nêutrons, que se mantêm separados pela exclusão de Pauli dos próprios nêutrons. Estes são os "pulsares". Acima disto a gravidade funde os nêutrons em uma única hiperpartícula, cujo raio se torna menor que o "raio de Schwarzschild" do "horizonte de eventos", transformando o núcleo em um "buraco negro". Dele não há como nada escapar, nem a luz. Quanto aos "buracos brancos", trata-se de uma extensão matemática da solução das equações de Einstein para um buraco negro com rotação e, possivelmente, carga elétrica, que admite outro lugar do Universo em que a matéria colapsada emergeria num jorro. O buraco branco seria conectado ao negro por um túnel que seria um atalho por fora do espaço para levar um ao outro. Todavia não há indício nenhum da realidade desta possibilidade, muito explorada na ficção científica, como no livro e filme "Contato" de Carl Sagan ou no filme, "Portal das Estrelas". Mas é só ficção. Mesmo que existisse, tudo que mergulhasse no buraco negro sairia no buraco branco completamente destruído pela intensa gravidade, na forma de um plasma de partículas elementares, sem estrutura nenhuma.

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Toda ideologia "neo" possui conotação negativa?

Claro que não! O próprio neoateísmo não é algo negativo, apenas os abusos de alguns de seus seguidores. Ser "neo" qualquer coisa, como ser tradicional na mesma coisa, não é bom nem ruim só por ser "neo" ou tradicional. Depende do assunto. Os neo-pentecostais, para mim, são uma vertente piorada do cristianismo. Cada caso é um caso.

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Professor, qual é a diferença entre ontologia e metafísica?

Ontologia é uma parte da Metafísica. Esta estuda tudo o que não pode ser considerado como natural, ou seja, as abstrações puras, os conceitos e as relações entre eles. A ontologia faz uma categorização de tudo, conceituando e limitando cada idéia. Noções de ente, ser, objeto, coisa, existência, essência, realidade, valor, atributo, divindade, necessidade e outras desse tipo são noções ontológicas. Além da Ontologia, a Metafísica cuida, também, de investigar e estabelecer a existência e realidade dos conceitos ontológicos, bem como as relações existentes entre esses conceitos. Dizer que todo evento possui uma causa é uma proposição metafísica ou que o mundo exterior à nossa mente é real. A Metafísica, de forma diferente da ciência, não tem como se valer da experimentação para validar suas proposições, recorrendo apenas à razão, pois os objetos de que trata não têm existência no mundo natural. A Metafísica se socorre da Lógica e da Epistemologia para seu trabalho, que são a arte de bem raciocinar e de conferir a validade do conhecimento. Uma confusão muito grande é supor que a Metafísica cuida de entidades sobrenaturais. Se elas existissem, pertenceria ao domínio da Metafísica, mas, mesmo não existindo, há muito assunto a ser tratado pela Metafísica que não tem nada a ver com sobrenatural, mas que é abstrato. A Metafísica é o âmago da própria Filosofia. Decidir entre existencialismo, realismo, empirismo, racionalismo, positivismo, pragmatismo, idealismo e outros "ismos" é uma questão metafísica. E para se discutir Metafísica, antes de tudo, é preciso concordar sobre o significado dos conceitos usados, o que é dado pela ontologia, uma espécie de semântica da Filosofia, enquanto a Metafísica é a gramática.

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As divergências que existem nas "revelações" das religiões abraâmicas existem por quê? Não teriam sido concebidas por um autor comum e perfeito?

Exatamente por não terem sido "revelações" de nenhum autor perfeito é que possuem discrepâncias. Seus textos sagrados foram escritos por pessoas humanas, que até poderiam estar convencidas de que exaravam uma revelação divina, mas, acredito, nem isso elas supunham, em seu foro íntimo. O que escreviam era o que pretendiam que o povo considerasse como revelação, e assim fizeram-no crer. Os redatores do torá, o "gênesis" da Bíblia cristã, inclusive fizeram crer que era da lavra de Moisés. Maomé, ditava as suras do Corão como se fossem-lhe passadas pelo arcanjo Gabriel. Todas as religiões, mesmo as não abrahãmicas, possuem livros considerados "sagrados", mas que foram obras de pessoas comuns.

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Professor, como que se calcula com tanta precisão que um cometa pode se chocar contra a Terra, dada sua pequenez frente aos corpos maiores como o sol, ou Plutão... Calcula-se o desvio causado pelos campos gravitacionais destes?

O movimento de um cometa é governado por sua interação gravitacional principalmente com o Sol e, secundariamente, com os outros planetas. A influência é tanto maior quanto maior for a massa do planeta e menor for dele o afastamento do cometa. O órbita solar é facilmente calculada e as outras influências são consideradas perturbações, que também podem ser calculadas, mesmo sem computadores (só que mais demoradamente), como aconteceu com as descobertas dos planetas Urano, Netuno e do ex-planeta Plutão, que não são visíveis a olho nú. A Mecânica Celeste é uma disciplina muito bem estabelecida há séculos, e usada todo dia no lançamento de satélites artificiais. Só que não é nada fácil. Alíás, é bem complicada mesmo. Mas não impossível de entender e usar. Quando o cometa passa dentro do cinturão de asteróides, o grande número deles e o desconhecimento de suas verdadeiras posições e velocidades individuais, provoca um efeito caótico que pode desviar o cometa de forma imprevisível. O movimento do próprio cinturão de asteróides, e não de cada um individualmente, pode ser previsto pela Teoria do Caos aplicada à gravitação.

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E como ocorreria a contração até o Big Crunch? Há a possibilidade do tempo "voltar" com a contração? O Stephen propos isso se não me engano...

Não. Haveria contração se a aceleração de expansão do Universo fosse negativa. Então, num dado momento, como quando uma pedra jogada para cima atinge o ápice da trajetória, o expansão cessaria e começaria uma contração, por efeito da gravidade do Universo inteiro. Mas o tempo continuaria a prosseguir, e, inclusive, a contração não seria equivalente a uma reversão da expansão, porque a entropia continuaria a aumentar. O Big Crunch seria atingido quando a densidade retornasse aos valores que tinha no Big Bang. Aí as equaçõea cosmológicas não mais prevalecem, pois suas hipóteses não se aplicam. Mas elas prevêem que, quando isto ocorrer, haveria o início de uma nova expansão, isto é, um novo Big Bang. Todavia isto não se pode garantir, pois, então, seria como se um novo Universo estivesse surgindo, com outro tempo, outro espaço, outro conteúdo, outras leis físicas e outras constantes fundamentais. Poderia ser tudo diferente e, mesmo, não acontecer mais nada. Isto seria um fim real do Universo, com a cessação da existência de tudo, inclusive do tempo e do espaço, nem vazio.

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A interpretação determinista da física quântica feita por David Bohm não procede?

No meu entendimento, não. Acho que Bohm e outros não aceitam, aprioristicamente, o caráter indeterministico e acausal dos fenômenos quânticos por um preconceito filosófico. Então procuram meios de contorná-lo, reestabelecendo o determinismo, com o uso de artifícios variados, como as "variáveis ocultas" e os "muitos mundos", por exemplo. Estes artifícios nunca foram comprovados. Isto não é a mesma coisa que a "Função de Onda", que também não é observável, sendo apenas um artifício de cálculo, que, inclusive, em certas formulações, pode ser dispensado. Mas as variáveis ocultas seriam observáveis ocultas e os muitos mundos seriam reais. Isto tudo é dispensável se se admitir o caráter intrinsecamente probabilistico, indeterminístico e acausal da natureza. Porque não? Não há nada que requeira o prevalecimento do determinismo e da causalidade. Considerá-los necessários é um preconceito. Determinismo significa que uma causa, dentro das mesmas condições, produz sempre o mesmo efeito e causalidade que todo evento tenha que ser efeito de uma causa. Nada disso é verdade. Há muitos casos em que a mesma causa, nas mesmas condições e circunstâncias, produz efeitos distintos, como se vê no fenômeno de difração, tanto da luz quanto de partículas, como elétrons. E há inúmeros eventos que não são efeitos de causa nenhuma, como o decaimento radioativo e a emissão de fótons por sistemas excitados. Dizer que a causa ainda não foi detectada é só uma crença, sem fundamento, pois a existência de causa para eventos é uma conclusão induzida, que não tem garantia de validade. Mesmo que se ache a causa de algum evento que se considere incausado, isto não significa que fica estabelecida a necessidade de causa para todo evento.

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Se um indivíduo, independente do que conjectura, sente-se culpado pela existência, o que o senhor lhe projectaria como o caminho mais adequado a se seguir?

Filosofar. Submeter-se a um tratamento clínico filosófico e psicológico, ou, até mesmo, psiquiátrico. Sentir-se culpado pela existència é produto de um mal entendimento filosófico da existência e de seu sentido para cada um. Ou seja: é uma ignorância filosófica que pode perfeitamente ser sanada por uma orientação adequada. Para isto existe a filosofia clínica, que, muitas vezes, tem que ser acessorada por um acompanhamento psicológico.

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Wolf, qual é sua opinião sobre isso? http://cafecomciencia.wordpress.com/2010/06/01/a-seriedade-da-pesquisa-em-astrologia/ Eu considerava um bom site, mas depois dessa fiquei um pouco aturdido.

Realmente é desalentador considerar seriamente a Astrologia e se ver verbas destinadas a pesquisa serem aplicadas nas pseudociências. Astrologia pode ser pesquisada em sociologia ou psicologia, como um fenômeno de massa ou pessoal que vem a ser a crença em suas propostas sem fundamento. Nessa pesquisa até que se pode, também, adentrar para a verificação da falta de fundamento que mencionei. Mas pesquisar a astrologia propriamente dita é um contrasenso inimaginável. Não resta dúvida, está cabalmente comprovado, que astrologia é uma embromação. Não estou sendo preconceituoso sobre isto, de forma alguma. Tenho a mente aberta para qualquer possibilidade, mas esta já está descartada há muito tempo. Quem acredita em astrologia só pode ser por ignorância mesmo. E quem a propaga, ou também é ignorante ou se trata de alguém malévolo que quer se locupletar em razão da ignorância dos outros. Deplorável!

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O senhor acredita no Big Rip ou Big Crunch? Por quê?

Isto não é uma questão de acreditar, mas de verificar qual destas hipóteses é mais plausível, face as teorias e os dados observacionais disponíveis. Atualmente o Big Rip é o destino mais provável para o Universo, uma vez que os dados indicam que ele seja infinito e que se expandirá indefinidamente, sem nenhum ponto de inflexão e um subsequente período de contração até o Big Crunch. O Big Rip não é um fim propriamente, pois, nesta concepção, o Universo seria eterno. Trata-se de uma situação em que o inchamento do espaço se tornará tão grande que a matéria se "rasgará", destruindo todas as estruturas atômicas e nucleares e, até mesmo, a estrutura interna das partículas elementares, transformando tudo em campos indiferenciados. Isto não terá limite, ultrapassando, até mesmo, a situação em que um único elétron seria maior do que todo o atual Universo observável.

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O que acha do Brasil sediar a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos num espaço de dois anos?

Uma temeridade e um grande risco de fracasso, não só nos dois eventos juntos, mas, mesmo, em cada um, se fosse sozinho. É claro que, se tudo der certo, seria ótimo para o país em muitos aspectos, mas não em outros. O ruim é o fator "panem et circenses", ou seja, ocultar as mazelas com os feitos esportivos, em verdade, não tão importantes assim. Outro problema, de ordem conjuntural, é que todos os grandes investimentos no Brasil são seara para a corrupção desenfreada e, então, lá se vão pelo ralo o dinheiro que tanto é necessário para a educação, a saúde, o saneamento, o combate à criminalidade, a conservação das estradas e muitas outras coisas. Oxalá eu esteja errado, mas como Alá não existe, oxalá não vale de nada.

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Professor, nestes tempos de interesse, de pessoas mesquinhas e sovinas, ainda é possível ser amigo de alguém sem que não haja nenhum tipo interesse envolvido? Amizade verdadeira é possível?

Claro que sim! Nem todas as pessoas são mesquinhas, mesmo que muitas o sejam. Existe honra, existe caráter, existe virtude, existe bondade, existe altruísmo. Mas também existe fingimento de tudo isto, de modo que é preciso ser cauteloso. Mas a verdade acaba sendo revelada. De fato, eu mesmo não tenho tais cautelas e confio em todo mundo, o que me causa muitos prejuízos. Mas considero preferível ter prejuízo do que prejudicar alguém ou ter que ficar desconfiando da sinceridade de todos. Realmente, não me importo de ser prejudicado. Muitos dizem que, por isto, sou bobo. Sim, sou bobo, tenho consciência de que o sou e não me importo com tal fato. Tapear-me é muito fácil, porque eu, de fato, sou crédulo, além de leal e honrado em respeitar a palavra que dou e a confiança que em mim é depositada, mesmo que, para tal, seja prejudicado. Quando, contudo, vejo que alguém traiu a confiança que nele eu depositava, esta decepção me faz desprezar a pessoa e dedicar-lhe toda a minha indiferença e repugnância. Mas não ódio, pois este é um veneno que mais envenena quem o sente do que quem dele é objeto.

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