Não mentir não significa estar dizendo a verdade, mas apenas estar dizendo o que se acha que seja verdade. Isto é uma "verdade subjetiva". Objetivamente a verdade é a adequação entre o que se diz e a realidade e não entre o que se diz e o que se pensa. Acredito na sinceridade dos testemunhos das pessoas que têm experiências espirituais consideradas por elas como sobrenaturais, mas considero que estão equivocadas em sua interpretação. A própria mente pode engendrar, como se fossem alucinações, essas sensações internas de uma origem sobrenatural dos pensamentos e sentimentos urdidos pelo inconsciente, que é responsável por 90% ou mais do processamento mental. Mas a mente é só uma ocorrência advinda da estrutura e do funcionamento do organismo, especialmente (mas não só) do cérebro. O fato de cientistas crerem em Deus não prova que ele exista, da mesma forma que o fato de cientistas não crerem em Deus (e são maioria) não prova que ele não exista. Aliás, não há prova nenhuma, nem da existência nem da inexistência de Deus. O que há são indícios, na minha opinião, mais fortes no sentido da inexistência.
Postagens do pensamento, textos, poemas, fotos, musicas, atividades, comentarios e o que mais for de interesse filosófico, científico, cultural, artístico ou pessoal de Ernesto von Rückert.
sábado, 9 de outubro de 2010
Vivemos em um culto a ignorância?
Não creio que chegue a tanto, mas que a ignorância seja o resultado de um culto à preguiça. Não se deseja a ignorância mas é só ela que se obtém se não se dispõe a fazer nenhum esforço. Enquanto não se insuflar na juventude o desejo de superar a ignorância pelo esforço, sem preguiça, estaremos condenados a uma regressão cultural e tecnológica de graves consequências. Isto, paradoxalmente, é o resultado da própria tecnologia que, facilitando a vida (veja-se o controle remoto) tirou das pessoas a disposição de trabalhar para conseguir benefícios, pois estes lhes foram dados de mão beijada. Fico preocupado com o que vai ocorrer quando os últimos representantes da geração que ainda tem conhecimento e disposição para trabalhar vierem a falecer. Quem conduzirá a humanidade para o progresso? Possivelmente ainda haverá alguns, mas então, eles serão detentores de tanto poder que isto é extremamente preocupante. Será que as elites inteligentes serão déspotas esclarecidos? Ou escravizarão as massas a seus desígnios? Isto tem que ser alertado para que inteligência e conhecimentos sejam bens uniformemente distribuídos para permitir a sustentação da democracia, pois burro e ignorante não tem discernimento para ir contra as manobras dos espertos. E é preciso que a educação prime por formar pessoas inteligentes, informadas, habilidosas, competentes, cultas e, principalmente, de caráter. Não basta investir PESADAMENTE em educação. É preciso educar de forma correta, em todos os aspectos que mencionei.
O que separa o antigo do novo testamento?
Jesus Cristo. A partir dele a mensagem é outra. A Bíblia deixa de ser a escritura sagrada dos judeus e passa a ser de todo o mundo. A principal diferença de concepção é esta. Deus não é mais o Jeová ou Iavé do povo judeu mas o Deus do Universo, especialmente de toda a humanidade. Outras diferenças se referem à maior importância dada às atitudes do que aos ritos. Note-se que Jesus não era cristão, mas um judeu. O que ele pretendia era uma reforma dentro do judaismo, valorizando a fé e as atitudes. Como o que se deu com Francisco de Assis. Paulo de Tarso e Lutero, ao contrário, concebiam um cisma, como o judaismo e com o catolicismo, em cada caso. Todavia Jesus ainda se aferrava aos mitos do pecado original e da redenção. Acho que, de fato, ele mesmo se considerava o Messias e até pode ser que achava que era Deus. Há controvérsias, contudo. Quando ele se referia a Deus como "meu pai", poderia estar considerando isto como significando que Deus é o pai de todos os seres e não que ele próprio era Deus também. Penso que Buda, 600 anos antes de Jesus, fez uma reforma no hinduísmo muito mais radical do que a de Jesus no Judaísmo, porque não mudou a postura do homem perante a divindade, mas excluiu a divindade das considerações espirituais. Mas ainda manteve a crença em espíritos. Seria pedir demais a Jesus que fizesse tal coisa, isto é, que fundasse uma religião da humanidade, da paz e da concórdia, excluindo Deus das considerações.
O desprezo de tudo que a humanidade preza como "bom", mas não passa de superficial idades...Nietzsche disse isso no prefacio do anti-cristo, concorda?
Acho desprezo uma palavra muito forte para tudo que for apenas superficialidade na humanidade. Desprezo é preciso se ter para com atitudes verdadeiramente malévolas, egoístas, vís, criminosas. Estas têm que ser combatidas com energia e bravura. Vaidades, mau gosto, presunção e outras que tais devem ser sobranceiramente ignoradas. Por outro lado, ignorância e burrice devem ser caridosamente remediadas, levando às pessoas a luz do conhecimento e vigor da inteligência, se for possível.
o inferno sempre é os "outros"?
De fato, os outros costumam ser um estorvo para nossa vida, em muitas circunstâncias. Parodiando Vinícius, posso dizer "Se todos fossem iguais a mim... que maravilha viver". Mas não são, e com isto temos que nos acostumar. Aliás, para falar a verdade, seria tedioso não houvesse diferenças entre as pessoas. Temos que saber encarar de forma tolerante e produtiva esta realidade, unindo os esforços para superar divergências na construção de um mundo aprazível para todos.
sentir ou pensar?
Não há como pensar sem sentir nem sentir sem pensar. Ambos fatos psíquicos ocorrem conjuntamente. Pensamentos e sentimentos (que são emoções conscientizadas) são processos mentais que usam mesmos recursos do cérebro, apenas diferindo na intensidade do sentir ou do pensar, um sobre o o outro. Não existe doutor Spock na humanidade e nem nos outros animais que pensam e sentem. A neurologia já provou isto sobejamente e o António Damásio tem um livro, "O Erro de Descartes" sobre o assunto. A questão que se pode por é sobre o processo de decisão, se deve ser tomado racional ou emocionalmente. Acontece que, mesmo que se queira ser racional, inconscientemente o cérebro provê argumentos racionais para as decisões que já tomou emocionalmente, também de forma inconsciente. O caráter emocional é muito mais forte que o racional. São os afetos que governam nossa vida. O que a razão pode é fazer com que nos afeiçoemos àquilo que racionalmente tomamos como o melhor. Mas não é fácil, se estiver envolvido, especialmente, afetos a pessoas. Mas não só a pessoas. Temos também afetos por idéias. A fé religiosa, por exemplo, é um afeto por uma crença irracional. E isto é muito difícil de ser removido. Ela, inclusive, busca racionalizar esta crença, como o fizeram São Tomás de Aquino e outros teólogos, e, mesmo hoje, o faz um Willian Craig, aliás com brilhantismo. Ou um Olavo de Carvalho, sem brilhantismo. Por mais que queiramos ser racionais, nosso cérebro é emocional em sua raiz. Considero uma pessoa racional aquela que, nos momentos serenos, pois no calor de uma discussão não há como, reflete sobre suas idéias, convicções e posições e busca convencer-se daquelas que tenham um embasamento lógico, para que possa sobre elas depositar seus afetos e, então, nos momentos acalorados defendê-las com conhecimento de causa.
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
O que é a atual burguesia?
Os profissionais liberais, pequenos empresários, professores universitários, funcionários públicos de médio escalão para cima, gerentes, supervisores, pequenos investidores ou proprietários. Eu diria que o grupo cuja renda familiar mensal bruta se situe na casa de poucas dezenas de milhares de reais (de cinco a cinquenta mil reais). Isto também depende da história familiar. Quem provém de uma família tradicionalmente burguesa, mesmo que tenha se empobrecido, socialmente ainda conserva seu "status". Por outro lado, quem se enriqueceu recentemente, em geral, não será aceito no meio social burguês, mesmo sendo até mais rico. Isto é uma questão mais social do que econômica. Tem a ver com o nível de educação. Não estou dizendo de escolaridade, mas de cultura mesmo. Do tipo de roupa que veste, do tipo de mobília que tem em casa, do tipo de comida que come, do modo de falar e de se portar. Da "finesse", eu diria. Ricos, realmente, já têm um padrão de hábitos de consumo muito mais dispendiosos, casas suntuosas, hábitos perdulários, gastos exorbitantes. Há que se distinguir, contudo, riqueza de aristocracia, que também tem origem econômica, mas hoje é mais cultural. Um aristocrata já é uma pessoa que pode não ser mais tão rica, mas herdou propriedades de grande valor, não só monetário, mas, principalmente, até mesmo, histórico. É alguém que tem uma árvore genealógica com ancestrais pertencentes à nobreza de algum país ou a famílias tradicionalmente ricas, senhores de terras, industriais ou políticos influentes há muitas gerações. Possuem, em geral, uma cultura e uma erudição superiores, um modo de ser e viver refinados. São, inclusive, avessos ao convívio com os "nouveau-riches", como certos artistas de cinema, estrelas da música popular ou desportistas famosos. Estes, por sua vez, adoram a companhia de aristocratas autênticos, o que parece validar seu "status" social. No meu entendimento, tudo isso não passa de vaidade e vaidade é uma coisa muito mesquinha, vulgar e idiota. O valor de uma pessoa não está em sua fortuna, em sua cultura, em seu poder, em sua fama ou em seu sucesso, mas em seu caráter, em sua personalidade, em sua sabedoria.
A educação atual serve, em sua maioria, aos anseios burgueses?
Sim, mas não inteiramente. Que seriam esses anseios? O que a burguesia quer, bem como o proletariado que almeja tornar-se burguesia, é que a educação lhe dê condições de prosperidade. Esta é a característica básica da concepção burguesa de vida. A finalidade da vida é ter dinheiro para satisfazer o desejo do supérfluo, enquanto o proletariado almeja o necessário para a sobrevivência. A educação, pelo menos no Brasil, em tese, prepara profissionais. Todo curso superior é um curso para uma profissão e o Ensino Básico, quando não é profissionalizante, é preparatório para o Ensino Superior. Só que isto não se faz bem feito. A educação brasileira ainda padece de um ranço aristocrático, isto é, uma educação para quem já é rico e não precisa de profissão nenhuma para ganhar dinheiro, pois é herdeiro de grandes fortunas e será um proprietário de terras, um industrial, um empresário de serviços ou um capitalista. O que esta pessoa quer da educação (pelo menos seus pais) é um lustro social, para não aparecer como ignorante ou burro. Ou mesmo para saber administrar seu patrimônio. Esse tipo de educação não serve para quem quer, de fato, se valer do trabalho para enriquecer, como os burgueses, ou para sobreviver, como os proletários. Até que se estabeleça o anarquismo, povo, burguesia e elites existirão. O objetivo de um estado comprometido com o bem estar social é minimizar as diferenças entre esses segmentos e abrir oportunidades de ascensão econômica e, em decorrência, social. A educação é um dos mais importantes fatores para tal. Ela só cumprirá esse papel se, de fato, consistir em um instrumento de aquisição de conhecimentos, habilidades e competência capazes de qualificar a pessoa a ter sucesso profissional no mercado de trabalho. Tanto para o povo quanto para a burguesia. Para a burguesia, precariamente, os cursos superiores formam profissionais, mas a competência média é sofrível. Para o povo seria preciso uma grande expansão do ensino básico profissionalizante, que, no Brasil, é muito pouco extenso e desenvolvido, levando muitas pessoas a fazer cursos superiores medíocres, que não lhes fornece colocação adequada no mercado pertinentee, ao mesmo tempo, não lhes qualifica para uma profissão de nível médio, deixando-as em ocupações que nem sequer requerem o nível médio. Como sempre digo, o importante é que os governos invistam, PESADAMENTE em educação, não só para isto, mas para transformar as pessoas em cidadãos conscientes e críticos.
Você poderia discorrer sobre efeitos distintos de uma mesma causa?
O exemplo mais notável é a difração de elétrons, em que um feixe de elétrons passa por um orifício e provoca um padrão de interferência no anteparo. Este padrão é formado pela incidência de elétrons que passam pelo mesmo orifício, nas mesmas condições e se dirigem a locais diferentes. Em física quântica, aliás, não existe o determinismo. O estado de um sistema é dado por probabilidades e qualquer situação, dentro do espectro de possibilidades, pode ser obtida quando se provoca o sistema a exibir seu estado. Isto é um fato fundamental da natureza, expresso magnificamente pelo princípio da incerteza de Heisenberg. O aparente determinismo dos fenômenos macroscópicos é uma decorrência da lei dos grandes números, quando um sistema é formado por um número muito grande de partículas, o que já ocorre, inclusive, com um vírus. O caráter probabilistico da natureza é, inclusive, o fundamento da possibilidade de se tomar decisões, isto é, do livre arbítrio. Se a natureza fosse determinista, como o entendia Laplace, o estado atual de tudo no mundo seria o resultado de um estado anterior e das leis dinâmicas do movimento, não havendo possibilidade nenhuma de escolhas. Isto não é o que ocorre. Até na vida cotidiana de pessoas, estímulos idênticos podem levar a respostas diferentes, senão a psicologia, a sociologia e a economia seria ciências exatas. E não é por desconhecimento de fatores, como o pretendia David Bohm com sua teoria das "Variáveis Ocultas", que se revelou incorreta. É uma situação intrínseca da natureza.
Não havia olhado por este lado, logo eu, o mais emburrado em relação a economia. Mas então Ernesto? Me dá uma força sobre que carreira seguir, pode dar palpites, observações, críticas, etc.. Pode partir para qualquer profissão, até moda, rs.
Cada pessoa deve fazer suas escolhas em função daquilo para que tem pendor, aptidão e, até mesmo, curtição e paixão. É um erro pautar a escolha de profissão, que se tornará um aspecto de extrema relevância para toda a vida, em razão do retorno financeiro que ela pode dar, porque, se você não estiver realizado em sua profissão viverá infeliz e a riqueza não é compensação suficiente para a infelicidade. Eu sempre quis e gostei de ser professor, mas poderia ser um cientista (físico, biólogo, antropólogo, historiador ou geólogo), um filósofo, um músico, um pintor, um escritor, um poeta, talvez um engenheiro. Mas nunca um médico, um advogado, um economista, um empresário, um fazendeiro, um publicitário. Sou um teórico, um intelectual. Não gosto de coisas práticas. Mas, cada um é do seu jeito. Sempre disse que, sendo professor de Física e Matemática, eu tenho condições de me sair bem nas áreas humanas e biológicas, mas a recíproca nem sempre é verdadeira. Como tenho interesse em muitos assuntos diferentes, inclusive até religião, sinto-me mais confortável por ter estudado Física e Matemática. Há pessoas, contudo, que não sentem a fascinação que eu sinto pelas ciências exatas e pelo conhecimento teórico em geral. Veja se você tem pendor para negócios, então faça administração. Quem sabe gosta de artes, jornalismo, publicidade, teatro... Ou medicina, direito. O importante é que você seja um vibrador com a sua profissão. Que adore trabalhar com o assunto que escolheu. Então você até pode ficar rico com ela.
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Por que coisas faceis e inúteis atraem mais do que estudar e pesquisar
Porque grande parte das pessoas é preguiçosa. Este é o grande mal, só superado pelo egoísmo. Acomodar-se com a mediocridade porque descortinar uma visão altaneira requer o trabalho de escalar a montanha é o prato do dia das multidões. Há uma aversão generalizada a tudo que seja difícil, complicado, trabalhoso, demorado para se aprender ou apenas apreciar. Com isto está se perdendo o melhor da arte, da ciência e da cultura por um padrão terra a terra, medíocre e, realmente, feio. Lutar contra esta tendência é um esforço ingente e, muitas vezes, infrutífero. Mas não há como esmorecer, se se pretende ainda deixar para a humanidade um legado de progresso, de beleza e de saber.
Ernesto, fique ciente que o seu formspring é o melhor de todos que eu já entrei na net.. Parabéns pelo brilhantismo!! Leandro Alves
Obrigado, caríssimo Leandro. Fico contente em ouvir este depoimento, pois considero que não posso me furtar de usar esses instrumentos para difundir a luz do conhecimento neste bosque tenebroso em que nos inserimos atualmente. Saber que isto está tendo resultado e sendo reconhecido, para mim, é uma grande alegria. Sei, então, que o significado que coloco em minha vida de educador antes de mais nada, está sendo preenchido. Um abraço.
mandaria um foda-se para a humanidade?
De jeito nenhum! A humanidade é, para mim, a coisa mais preciosa de que dispomos, pois é a vida coletiva de todos nós e a vida é um bem inestimável. Assim como somos ciosos de nossa saúde e bem estar, também temos que o ser da saúde e bem estar coletivos de todos nós humanos. Não há como se realizar nesta vida à revelia ou mesmo, em detrimento do resto dos seres humanos. O bem e a felicidade de cada um são umbilicalmente ligados ao bem e à felicidade de todos. Não vivemos para nosso proveito a qualquer custo, mas apenas quando ele advém da melhoria da condição de vida global. É nisso que podemos colocar um significado para nossas vidas, já que não há um significado extrínseco para elas. Vivamos para que, por nossa causa, o mundo se torne melhor, mais justo, mais acolhedor, mais harmônico, mais fraterno e seja fonte de maior felicidade para todos os seres, mesmo não humanos. Isto dá significado à vida e permite que enfrentemos os reveses e as vicissitudes com galhardia e possamos ser pessoas respeitadas, honradas, reconhecidas e amadas. É isto que faz de cada pessoa um exemplo, um marco, um farol a luzir para conduzir os outros pela luz do conhecimento, da verdade, da justiça e, principalmente, da bondade, pois ser bom é mais do que ser justo ou sábio, uma vez que o bom e sempre justo, mas o justo pode não ser bom e sábio é o que reconhece isto.
Há tempos não trabalho com um Java ou coisa do tipo, eu gostaria de ser analista de sistemas, de preferencia, de um banco, o do brasil. O que acha? Fiz meu blog todinho em xml, com toques de php e muita orientação ao objeto. Preciso estudar.. mesmo.
Não gosto muito das aplicações administrativas da informática, especialmente as financeiras. Detesto mexer com dinheiro, mesmo em cálculos. Por isto é que gosto de trabalhar de graça. Gosto mais de aplicações científicas e da estatística aplicada a fenômenos naturais ou sociais, mas não econômicos. Tenho uma certa birra de economia, mas é só uma coisa idiossincrática. Não tenho reservas filosóficas contra a economia. Só que não gosto do assunto, muito menos se for a parte monetária. Gosto de analisar dados meteorológicos, astronômicos, biológicos, geológicos e até geográficos, não econômicos. Gosto de aplicar funções especiais, funções de Bessel, polinômios de Legendre, transformadas de Fourier e coisas do tipo. Isto também se aplica à análise harmônica de sons, por exemplo, para transformar um som wave em uma sequência midi. Acho isto muito interessante, como um programa para extrair a voz de uma música e deixar só os intrumentos. Resolver equações diferenciais para desenhar perfís de pás de turbinas, dentes de engrenagens, hélice de navios ou bocais de foguetes. Ou calcular órbitas de satélites e trajetórias de foguetes. Isso tudo é muito interessante.
Ernesto, grande Ernesto, vô, rs, tenha uma excelente, excepcional, incrivel e produtiva tarde viu? Um grande abraço.
Obrigado, meu mais novo neto. Estou batalhando com minhas planilhas de cálculo de notas dos alunos do meu colégio, cujos programas eu desenvolvo. Em informática me especializei em programação aplicada a planilhas de cálculo e em computação algébrica (Derive, Mathematica, Maple, Maxima, Xcas). Também gosto de trabalhar com imagens vetoriais (CorelDraw), bitmaps (Photo Shop) e sequenciadores de som MIDI (Encore, Finale, Sibelius). Gosto de criar logotipos e cartazes de propagando. Já dei cursos sobre essas coisas e até fiz apostilas, mas estão desatualizadas, pois foi há mais de dez anos atrás. Naquele tempo eu também fazia páginas da internet em HTML, mas hoje já estou por fora de CMS, Flash, XHTML, PHP, Java, ASP e o que está se usando. Outra coisa que tenho feito é editoração de livros para publicação, incluindo capas, índices, ficha catalográfica e o que for necessário.
se toda causa tem um efeito, todo ser humano existe porque pensa ou pensa porque existe?
Dizer que toda causa tem um efeito é uma tautologia, pois é a própria definição de causa, como aquilo que provoca um efeito. Causa e efeito são propriedades de eventos e ações e não de seres. Inclusive nem todo evento é efeito de alguma causa e uma causa não determina sempre o mesmo efeito. O fato de existir não é efeito do fato de pensar, de modo nenhum. Mas, para pensar, é preciso existir, mesmo que se possa existir sem se pensar. Não há pensamento puro. Pensamento é uma ocorrência que se dá em um cérebro em funcionamento, de um animal vivo. Vegetais e minerais não pensam, nem animais mortos. Aliás, nem todo animal. Possivelmente o pensamento só ocorre quando o nível de complexidade do sistema nervoso permita a existência da consciência no animal.
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Como você ver a lei que obriga todas as escolas adotarem música como disciplina? Acho que a escola mais 'necessitada' é a pública. Se o ensino básico já é precário, como será em relação a música? Vai ser um processo lento? Obrigada.
Quando eu estudei, em escola pública, nos anos 50 e 60, música era obrigatório, bem como artes, desenho, trabalhos manuais e outras coisas, como francês e latim. Nós aprendíamos tudo, em menos aulas por semana. Acho perfeitamente viável e desejável que a juventude tenha conhecimentos e desenvolva habilidades nas artes, tanto quanto nas ciências e nas humanidades. E também em coisas práticas, como culinária, costura, mecânica, eletrotécnica, eletrônica, digitação, informática, marcenaria, edificações e coisas assim. O ideal seria a escola de tempo integral. O ensino só é precário porque não se tem a vontade politica de se inverstir PESADAMENTE na educação. Estou dizendo muito mesmo. Construir escolas de horário integral para toda a população e melhorar o salário dos professores de forma que a profissão se torne atrativa. Estou falando de salários de cinco mil reais para um professor primário em tempo integral. Em compensação, vereadores não precisam ter salário e muitas obras faraônicas, como o Centro Administrativo do Governo de Minas, em Confins, nem precisariam ser feitas. É claro que se se conter o desvio de verbas com superfaturamentos e outras do tipo, muito dinheiro vai sobrar para a educação, que teria que receber, DE FATO, um quarto dos recursos arrecadados por todos os impostos, a serem geridos com probidade, eficiência e eficácia. Sou a favor da música obrigatória sim e de muitas medidas que faça da educação a primeiríssima prioridade dos governos. Acima da Saúde, da Habitação, do Emprego, da Segurança, de tudo. Com educação tudo o mais vem por acréscimo.
Os fins justificam os meios ou, os meios são feitos para conquistar um fim?
Os fins jamais podem justificar os meios, que, de fato, são usados para se conquistar um fim. Mas precisam se adequar a critérios éticos em relação às consequências e efeitos colaterais que podem produzir nas pessoas e na natureza. Em circunstâncias excepcionais, é possível se admitir o uso de um meio que cause algum dano, dor, prejuízo, sofrimento, tristeza ou outro mal, se o fim almejado seja um bem compensador de grande monta, para os próprios alvos desses males. Como, por exemplo, suportar a dor de um tratamento dentário ou de uma cirurgia. O problema é que muitos infligem males a outros justificando-os pelo bem que advirá para sí. Isto é intolerável.
Não há fatos eternos e nem verdades absolutas?
Fatos que já ocorreram não se pode mais alterar, logo são eternos, na memória, enquanto existir o tempo. Fatos continuados, que prosseguem para o futuro, não podem ser garantidamente eternos, pois mudanças sempre podem ocorrer, nada garantido a perenidade de coisa alguma. Além do mais, nem a eternidade é algo garantido, pois pode ser que o tempo também termine no futuro, cessando de passar e, logo, nada perduraria eternamente, pois isto significaria que permaneceria por um tempo indefinido, mas isto não se daria se o tempo se encerrasse.
Verdade, sendo a adequação entre a realidade e o que se diz a respeito dela, deixará de ser verdade quando a realidade se modificar. Nada garante que a realidade permaneça imutável, assim, as verdades podem deixar de o ser.
Por outro lado, teoricamente toda verdade seria absoluta, mas, nem sempre se tem a garantia de que o que se considera como verdade, de fato o seja. Mesmo que a realidade não se modifique, nossa informação sobre ela pode ser alterada, em razão de novos dados ou novas interpretações. Assim a verdade muda, não porque a realidade mudou, mas porque o que se pensava que fosse a realidade já não é mais. Desta forma, não há como se ter verdades absolutas, em hipótese nenhuma.
Isto não nos leva, contudo, ao ceticismo pirrônico, que é a concepção filosófica de que o conhecimento da verdade seja uma impossibilidade total. O correto é se trabalhar como o ceticismo metodológico, que considera que é possível saber a verdade a respeito de alguma coisa, mas muito difícil de ter a garantia de que se a possua. Então, usa-se a dúvida metódica, para se aplicar os mais exaustivos testes de verificação da veracidade de qualquer assertiva, e se toma o resultado obtido como verdade, sempre considerando que seja provisória e passível de correções em razão de novas informações.
O senhor vai votar em quem no segundo turno? O PV parece que vai apoiar o Serra. Já a Marina..
Ainda não decidi, pois não queria nenhum dos dois. Minha decisão não dependerá de quem seja apoiado pelo PV ou pela Marina. Não sou alinhado com partido ou pessoa nenhuma. Vou analisar qual deles deverá ser preferível, para o bem do povo brasileiro. Pesará muito a idoneidade, a ideologia, a história de vida, a competência, a capacidade, os interesses que defende e o programa de governo. Não pesará quem ou que partido apoia o candidato ou candidata, se ele ou ela tem maioria no congresso, que ministros vai escolher, que pessoas vai nomear ou se a coligação fez mais ou menos governadores. Vou pensar bem e, quando decidir, comunicarei na internet.
Qual o significado de Allegro, Andante e Presto ? Obrigada.
São andamentos de uma composição musical, isto é, o quão rapidamente as notas devem ser tocadas. Nas partituras o tempo de execução das notas é dado pelas figuras, que, na sequência seguinte, cada uma dura metade do tempo da anterior:
breve - semibreve - mínima - semínima - colcheia - semicolcheia - fusa - semifusa.
Tomando como referência a semínima, os andamentos contemplam a seguinte tabela de execuções da semínima por minuto (entre parêntesis), fazendo-se as correspondências para as outras figuras:
Gravissimo(<40)Extremamente lento
Grave(40)Muito vagarosamente e solene
Larghissimo(40-60)Muito largo e severo
Largo(40-60)Largo e severo
Larghetto(60-66)Mais suave e ligeiro que o Largo
Lento(60-66)Lento
Adágio(66-76)Vagarosamente, de expressão terna e patética
Adagietto(66-76)Vagarosamente, pouco mais rápido que Adagio
Andante(76-108)Velocidade do andar humano, amável e elegante
Andantino(84-112)Mais ligeiro que o Andante, agradável e compassado
Moderato(108-120)Moderadamente (nem rápido, nem lento)
Allegretto(112-120)Nem tão ligeiro como o Allegro;
também chamado de Allegro ma non troppo
Allegro(120-168)Ligeiro e alegre
Vivace(152-168)Rápido e vivo
Vivacissimo(168-180)Mais rápido e vivo que o Vivace;
também chamado de molto vivace
Presto(168-200)Veloz e animado
Prestissimo(200-208)Muito rapidamente, com toda a velocidade e presteza
Ernesto, o senhor acha que a beleza física é algo essencial em uma mulher?
Claro que não é essencial, mas é um dos fatores que a tornam cativante e desejável. Todavia pode ser sobrepujado por outros, como a simpatia, a vivacidade, a inteligência, o porte, a elegância, a cultura, a educação, a bondade e, até mesmo, a sensualidade, que não é diretamente correlacionada com a beleza.
terça-feira, 5 de outubro de 2010
O que pensas da obra de William Shakespeare?
Um dos maiores escritores de todos os tempos, ao lado de Dostoievski, Dante, Cervantes, Tolstoi, Flaubert, Homero, Goethe, Molière, Dickens. Um fino analisador da alma humana e suas paixões, bem como da sociedade e suas mazelas. E um excepcional cultor da língua, que domina com maestria e elegância.
As pesquisas de satisfação prejudicam a prática da democracia nas eleições?Que reformas políticas imediatas deveriam ocorrer na sua opinião?
Não, desde que sejam honestas. O problema é sua manipulação interesseira. É preciso mecanismos de controle dessas pesquisas e o melhor é a existência de vários institutos, ligados às múltiplas tendências políticas. Considero que seja importante que os partidos políticos tenham uma definição ideológica e programática bem clara e que seja exigido de todos os candidatos o alinhamento ao programa partidário, sob pena de perda de mandato ou de cassação da candidatura. Essa questão da ficha limpa é essencial. Além disso, todo político que tenha sido condenado judicialmente deveria ter seus direitos políticos cassados por toda a vida (a não ser que um novo julgamento o absolva). Sou a favor do voto distrital misto e do regime parlamentarista. Também acho que o Senado poderia ser extinto. Não gosto da existência de medidas provisórias. Seria preciso, também, aumentar as exigências para a formação de partidos, pois os temos em demasia. Considero que uns cinco, no máximo oito, dariam para cobrir todo o espectro de possibilidades políticas. Não concordo com a existência de coligações partidárias. Cada candidato teria que ser exclusivamente do seu partido. Nem concordo com o coeficiente eleitoral. Seriam eleitos os candidatos pelo número de votos individuais obtidos, sem que seus votos pudessem eleger outros candidatos. Considero que deveria ser exigido um exame de suficiência em conhecimentos, incluindo políticos, para que uma candidatura pudesse ser aceita, tipo um exame de motorista. Para ser político seria preciso ter uma espécie de carteira de habilitação política. E, finalmente, acho que deveria ser permitido a existência de candidato sem partido.
A ciência é a unica forma segura de se buscar e encontrar verdades?
Não. A ciência é uma das formas de se buscar a verdade. Mas ela também pode ser buscada pela filosofia e, até mesmo, pelo senso comum. A ciência, contudo, por sua metodologia, tem condições melhores de verificar a veritação de suas assertivas ou, pelo menos, de que sejam o mais próximo possível da verdade, que nada mais é do que a adequação entre a realidade e o que se diz a respeito dela. Onde não se pode pretender encontrar a verdade é nos mitos, que são explicações da realidade em termos fantasiosos, provindos de tradições ancestrais, transmitidas oralmente até que tenham sido corporificadas em textos, considerados sagrados pelas religiões. Tais explicações, em sua origem, não têm nenhum compromisso em serem verdadeiras. Tratam-se de lendas e fábulas, inventadas para dar conta de explicar o que era considerado inexplicável. Não é por serem antigas nem por serem transmitidas por pessoas de autoridade que elas devem ser consideradas verdadeiras, o que pode até ser, se passarem pelo crivo de uma verificação rigorosa e cética de sua validade.
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
O senhor já leu algo de Marx, Engels e Lenin? Se sim, o que achou? Segue uma de Engels sobre o uso da autoridade: http://www.marxists.org/portugues/marx/1873/03/autoridade-pt.htm . Se puder comentá-la, seria ótimo. Grato.
Não concordo com Engels. Considero que o objetivo final do anarquismo seja, de fato, a abolição da autoridade. Mas isto não seria o resultado de nenhuma revolução, como penso que deva ser atingido o anarquismo, mas sim de uma progressiva conscientização das pessoas, que devem entender que a realização de projetos sociais de qualquer ordem precisa ter uma coordenação, escolhida por consenso e atuante a cada momento ou circunstância. Note que a ação de coordenar não é autoritária, pois não possui nenhum recurso de coação a quem a ela não se submeta. É a conscientização que fará com que as pessoas coordenadas cumpram as determinações dos coordenadores. Isto é algo muito difícil de se obter. Por isto é que dito que o anarquismo é uma situação ideal, de extrema educação e senso de ordem, dever, diligência e dedicação, só alcançada ao fim de vários séculos de educação. Mas não pode ser por meio de revolução nenhuma, pois, nesse caso, pessoas ainda mandarão umas nas outras, só ocorrendo a substituição de quem seja a autoridade. O socialismo e o comunismo ainda são regimes que pressupõe governo e autoridade, não sendo, pois, anarquistas. Acho que não são boa coisa e que o anarquismo será atingido não pela via socialista, mas, pelo contrário, por uma exacerbação do liberalismo capitalista até que toda pessoa seja patrão e ninguém seja empregado de ninguém, nem do governo, mesmo que seja operário. A abolição do dinheiro e da propriedade também precisam vir de forma tal que eles deixarão de existir por absoluta falta de necessidade.
Por que a umbanda é tão discriminada?
domingo, 3 de outubro de 2010
PRIMEIRA CLASSE de 6 de outubro de 2010
Tchaikovski - Abertura 1812
Tchaikovski - Concerto para piano nº 3
Borodin - Príncipe Igor - Abertura - Danças Polovtzianas
Tchaikovski - Abertura Romeu e Julieta
Tchaikovski - Capricho Italiano
Rimsky-Korsakov - Capricho Espanhol
Tchaikovski - Suite Mozartiana
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Que livros e/ou documentários você me indica para o estudo de Métodos Matemáticos, Cosmologia e Física Geral? Obrigado.
Isto é trabalho para se dedicar fazendo um Curso de Física e um mestrado e doutorado em Cosmologia. Métodos Matemáticos da Física requer que se saiba, antes, tudo sobre cálculo diferencial e integral, de uma e várias variáveis, além de equações diferenciais ordinárias e álgebra linear. Só depois é que se pode começar a estudar Métodos. Cosmologia requer conhecimento de Mecânica Clássica (newtoniana, lagrangeana e hamiltoniana), Eletromagnetismo, Termodinâmica, Ótica, Física Quântica, Mecânica Quântica, Física Estatística e Teoria da Relatividade, tanto especial quanto geral . Isto só se estuda depois de se estudar Física Geral e Experimental, que são quatro semestres. Não é um empreendimento impossível de se fazer autodaticamente, mas é bem puxado. Recomendo os livros (dentre outros):
Cálculo Diferencial e Integral: Leithold (2 vols)
Álgebra Linear: Steinbruch & Winterle
Física Geral: Knight (4 vols)
Mecânica: Symon
Eletromagnetismo: Reitz & Milford
Termodinâmica: Zemansky*
Ótica: Jenkins & White*
Física Quântica: Eisberg & Halliday
Mecânica Quântica: Cohen-Tannoudji* (2 vols)
Relatividade: Ohanian* (Gravitation and Spacetime)
Métodos Matemáticos: Arfken*
Cosmologia: Weinberg*
Os livros marcados com * não existem em português, os mencionados são em inglês.
Na Wikipédia (em inglês) é possível se fazer um bom apanhado de artigos sobre esses assuntos, mas são resumidos.
Como vencer uma paixão sem sentido?
Para mim uma paixão tem sempre um sentido. Se nos apaixonamos é porque algo na outra pessoa tangeu as fibras mais profundas no nosso ser. Então, porque vencê-la e não se entregar a ela? Paixão é para ser vivida, com plenitude e intensidade. Não importa que não seja para se construir o resta da vida com a pessoa. Mesmo que seja só enquanto durar, é para ser vivida. Se já se tem outro compromisso é preciso que se abra para a possibilidade de relacionamentos múltiplos, é claro, sem trair o primeiro compromisso, que precisa estar a par do segundo. Se, contudo, o primeiro compromisso não for aberto a relacionamentos múltiplos e se não se deseja romper com ele, então a paixão não pode ser realizada de forma carnal. Mas pode ser vivida de modo platônico, o que não é tão gratificante, mas também pode ser bom. Negar a si mesmo a paixão é que é ruim, até para a saúde. Quando ela arrefecer, transformar-se-á em um doce amor não realizado. Mas não precisa fazer como o Werther. É possível se conviver com o amor platônico. Contudo, é bom ter um amor efetivo também. O que não se pode é viver sem amor. E amor nunca foi algo necessariamente exclusivo. Pode-se perfeitamente amar e amar profunda e lealmente a mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Todavia, se a nova paixão se revelar algo avassalador, que se rompa com todo o resto e se entregue inteiramente a ela, sem se preocupar com as consequencias, especialmente as econômicas. Não estou sendo sensato no que digo, mas acho que ser sensato pode levar a se jogar os maiores valores da vida fora por causa de coisas como a prosperidade. Sou um louco, mas prefiro ser um pobre afetivamente realizado do que um rico que amarga a tristeza da falta de amor em seu coração. Quem for prudente ou sensato, não siga os meus conselhos.
Voltaria no tempo para mudar algo em sua vida?
Nossa vida é o resultado de um acúmulo de decisões, em muitos momentos em que fizemos uma escolha e deixamos de lado inúmeras outras possibilidades. Escolhas de outros também interferem em nossas vidas, da mesma forma que ocorrências meramente casuais. Assim, somos o que somos agora não exclusivamente por nossas decisões, mas por toda uma trama de ocorrências interatuantes. Pensamos que a mudança de alguma escolha, em algum momento, se alterada pudesse ser, traria a nossas vidas algo que percebemos estar faltando. Isto não é garantido. A trama da vida é tão complexa que uma alteração apenas não é determinante para o resultado. É claro que ele seria outro, mas nunca se pode saber se melhor. Estou certo de que, em cada momento, fiz a melhor escolha que poderia ter feito então, com base em tudo o que tinha conhecimento. Se eu voltasse àquele momento, certamente a faria de novo. Todavia não posso deixar de dizer que lamento não ter feito meu doutorado, mesmo sabendo que não é certo de que isto resultaria em uma vida melhor para mim hoje. Nunca pautei minhas decisões por vantagem econômica, mas sempre pela maximização dos benefícios a todos os que fossem ligados a mim, especialmente minha família. Acho que agi da forma correta e, talvez por isso, não tenha acumulado riqueza alguma. Isto não me abate, mas eu gostaria de poder ter feito todos os que amo e amei mais felizes.
o que faria se fosse do sexo oposto por um dia?
Isto seria muito interessante, assim penso. Como homens e amantes, não somos capazes de ter o sentimento feminino de amar e ser amada. Então não sabemos dar a quem amamos o amor da forma que possa alcançar, em plenitude, seus anseios. Se pudéssemos, por um dia, experimentarmos sermos femininos, poderíamos saber como amar uma mulher e como ela nos ama. Assim estaríamos contribuindo para o aumento da felicidade, pelo menos de dois seres, mas, certamente, de todo o mundo, pois a maior fonte de felicidade é o amor e quanto mais pessoas felizes houver, mais felizes serão todas as pessoas.