sábado, 5 de fevereiro de 2011

http://www.formspring.me/wolfedler/q/2170555612 No final o sr. fala : "Este surgimento incausado..." Então não havia nada? Nada mesmo? o.õ'

Sim, certamente. Se houvesse algo, então o Universo já existia. Ou ele sempre existiu ou, quando surgiu, surgiu sem provir de nada. Ambas as alternativas são possíveis. Resta saber qual, de fato, ocorreu. Isto só se pode saber a partir das observações cosmológicas. Até o presente tudo indica que houve um surgimento do Universo. Há, contudo, propostas de um Universo sempre existente, sem confirmação observacional.

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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Claro, não só humanas e arte, mas é o mais importante. E é, aliás, uma grande besteira que matérias de exatas sirvam como porteira de acesso ao ensino superior. Devem ser sim incentivadas no ensino fundamental, mas no médio o aluno já sabe o que quer.

Não é besteira não. Os conhecimentos no Ensino Médio, em todas as áreas, são elementares e necessários para qualquer pessoa se colocar no mundo, entendendo-o. No Ensino Médio o aluno não sabe o que quer ainda não. É preciso inteirar-se de tudo, inclusive mais ainda do que é dado nas escolas, que deixam de fora muita coisa importante para a vida da pessoa, como uma cultura geral sobre literatura universal, artes plásticas e música clássica, por exemplo, além de habilidades práticas, como eletrotécnica, eletrônica, marcenaria, hidráulica, mecânica, construções, corte e costura, culinária, jardinagem, horticultura, primeiros socorros, contabilidade, direito, administração, economia, informática. Outras coisas que ficam de fora são astronomia, cosmologia, geologia, meteorologia, que poderiam ser abordadas em uma disciplina de geociências. Psicologia também é importante, além da sociologia e da filosofia. Em suma, o Ensino Médio tem que formar a pessoa para a vida. E isto inclui, certamente, matemática, física, química e biologia. Para todo mundo. Teria que ser dado em tempo integral, sem esquecer os esportes, dança, teatro, natação, direção de veículos e coisas assim. Sem esquecer que é essencial dar uma proficiência completa em inglês e, se possível, em outra língua estrangeira também. Com os modernos recursos pedagógicos, em um projeto semelhante à "Escola da Ponte" de Portugal, tudo isso pode ser visto nos doze anos da Educação Básica, sem problemas e sem dispêndio de muito tempo e esforço. Mas, é claro, com algum esforço e gasto de tempo.

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Seu livro já foi lançado? Em que site posso comprar-lo?

Ainda não. Estou amarrado com a elaboração do índice remissivo e do glossário. Como tive que parar para organizar o Colégio para o início das aulas, só lá para o dia 15 é que vou poder pegar de novo. Aguarde. Vai sair pela editora "Clube de Autores", que vende pela internet. Avisarei logo que estiver disponível. Acho que custará uns 40 reais.

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"Até o nível do ensino médio, toda pessoa culta tem que saber matemática"- Discordo. A matemática é uma disciplina vocacional, alguns têm, outros não, e ninguém é melhor ou mais culto por isso. Pra mim, o culto tem conhecimento em áreas de humanas e arte.

Discordo totalmente de sua opinião. De jeito nenhum! Cultura é a totalidade dos saberes humanos. No nível do Ensino Médio, que é elementar, toda pessoa que possua nível superior, não importa em que área, tem a obrigação de ter conhecimentos das ciências exatas, biológicas e humanas, bem como de artes. No nível superior cada um que entenda do seu metier, mas no nível básico não há como desculpar alguém que tenha nível superior de sua falta de conhecimento nas áreas que não são de sua especialidade. Imagine um engenheiro que não conheça história e geografia. Será uma pessoa sem a mínima condição de entender sua inserção no mundo. Da mesma forma, um advogado que não conheça biologia, química, física e matemática será uma pessoa incapaz de fazer juízo sobre as ocorrências naturais do mundo à sua volta. Por isso é que, sabiamente, os vestibulares de todas as instituições de ensino superior, por determinação do Ministério da Educação, têm que aplicar um exame de conhecimentos gerais. Em minha opinião, inclusive, não deveria haver distinção nenhuma nos exames vestibulares para os cursos superiores de qualquer área. O ideal é que fosse apenas o ENEM, e nada mais. Só me preocupa o fato de se admitir o acesso a quem obtenha o ridículo escore de 30% de acertos, como fazem algumas instituições, inclusive a minha UFV.

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Por que acha que derivadas e integrais deveriam ser introduzidas logo no Ensino Médio? E em que série,especificamente?

O estudo da variação das funções, que é o que fazem as derivadas e integrais, é uma das mais poderosas ferramentas de análise matemática de dados para qualquer finalidade. Deixar este conhecimento apenas para quem for fazer algum curso superior da área de ciências exatas é subtrair aos outros um poderosíssimo recurso. Isto pode, com tranquilidade, ser visto no segundo semestre da terceira série do Ensino Médio. Sempre me batí por esta concepção, bem como pelo ensino da Física Moderna no nível médio. Outro fator que indica esta providência é o fato de que a fronteira do conhecimento, em todas as áreas, está cada vez mais avançando em abrangência e complexidade. Para que não se percam muitos anos da vida preparando-se para ela, até o nível de pós-doutorado, é imperativo que os conteúdos sejam apresentados em níveis mais elementares, passando o início do nível médio para o fim do fundamental, o início do superior para o fim do médio, o início do mestrado para o fim da graduação, o início do doutorado para o fim do mestrado e o pós-doutorado para o fim do doutorado, deixando o pós-doutorado para o que de novo está surgindo. Para isso estão aí os modernos recursos pedagógicos, neuróbicos e informáticos, que permitem maximizar a assimilação de conhecimentos e o domínio de habilidades em menor tempo e com melhor proveito, maior eficiência e máxima eficácia.

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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Seja honesto: existem pessoas sem aptidão para matemática, e que não possam compreende-la em um nível intermediário (ou avançado)?

Sim, isto é fato que eu já comprovei em meus 43 anos de magistério de física e matemática. Há pessoas que têm uma grande dificuldade em assimilar o tipo de raciocínio que se usa em matemática. Pelo que percebo, em parte isto seria algo genético, mas, principalmente é uma questão de aversão pela matemática surgida nas séries iniciais do ensino fundamental, por culpa dos professores e professoras de matemática. Parece que eles querem mostrar que são muito inteligentes por saberem matemática e amedrontam os alunos com uma dificuldade que a matemática não tem. Isto espanta e cria uma aversão. O professor tem que passar um entusiasmo pela matéria que ensina, especialmente a matemática das séries iniciais. De fato a matemática é algo fascinante. É maravilhosa e qualquer criança é capaz de entusiasmar-se por ela, se devidamente motivada. E quem toma gosto estuda e vai tendo boas notas, o que estimula a estudar mais ainda. Depois de grande, se não pegou gosto pela matemática, fica difícil. E o pior é que matemática é um conhecimento cumulativo, isto é, cada passo depende dos anteriores. Se a cadeia foi interrompida em algum elo, é quase impossível recuperar. É um problema sério, inclusive porque a falta de entendimento de matemática compromete seriamente a percepção do mundo que a pessoa é capaz de ter. Não resta dúvida sobre isto. Até o nível do ensino médio, toda pessoa culta tem que saber matemática e eu, inclusive, considero que derivadas e integrais deveriam ser introduzidas já no ensino médio. Advogados e médicos têm que saber logaritmos e trigonometria e não só engenheiros, do mesmo modo que engenheiros têm que saber história, geografia e biologia.

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Como descrever os fluidos não newtonianos através de equações diferenciais parciais?

A equação de transporte de Boltzmann é uma equação genérica que considera qualquer possibilidade, inclusive fluidos não newtonianos. Mas é bem difícil. Os fluidos newtonianos, mesmo compressíveis, são tratados pela equação de Navier-Stokes. Procure por essa equações na Wikipedia em inglês que você achará referências.

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O indeterminismo quântico refuta qualquer argumento de que Deus seria onisciente? Se não o for, decide o que acontece, e, portanto, não é bom?

O fato da natureza ser indeterminista impede o conhecimento do futuro a partir de dados do presente, sem dúvida nenhuma. Mas, se Deus existisse, pode ser que ele não pertencesse à natureza e, portanto, tivesse acesso, não sei como, a informações sobre momentos futuros, em todos os lugares. Se fosse ele que decidisse, em todos os eventos do Universo, o que iria acontecer, é claro que ele não seria bom, pois coisas más acontecem. E não são apenas provocadas por ações de seres conscientes, mas pela própria natureza. Esse tipo de dificuldade leva a considerar a existência de Deus como muito improvável.

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A consciência é necessária para o processo de medição da mecânica quântica?

Esta é uma questão mal entendida. O processo de medida tem que ser entendido como o fornecimento, por parte de um sistema, do valor de algum de seus atributos, expresso por meio de uma grandeza física. Mas isto não tem que ser feito para uma consciência. Basta que seja passado para outro sistema que o registre de algum modo, como uma chapa fotográfica ou qualquer tipo de sensor. No momento em que isto ocorre, o primeiro sistema passa a ocupar um auto-estado correspondente ao auto-valor que foi capturado pelo sistema sensor. Se o sistema não estiver sendo solicitado a fornecer o valor da grandeza, ele se encontrará em um estado misto de todos os auto-estados possíveis. Não há nenhum requerimento de consciência para que se dê a situação de colapso para um auto-estado, quando algum valor de grandeza for fornecido. Aliás, consciência é apenas uma propriedade de algum tipo de sistema e, quanticamente, não tem significado especial nenhum. A problemática se liga apenas à transferência de informação entre sistemas.

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Entendo Ernesto, minha dúvida se referia mais a aspectos conceituais, já que, E. O. Wilson possuia uma ideia de unificação das ciências e, como era de se esperar Ernst Mayr se ôpos argumentando que conceitos biológicos não poderia ser reduzidos. Cotinuaçã

O que Mayr pretende dizer é que a Biologia deve ser abordada de um modo próprio dela, não precisando ser reduzida à Física em toda a sua extensão para ser compreendida e ter valor epistemológico. Isto não significa que haja fenômenos biológicos que não consigam ser reduzidos, em última análise, a fenômenos físicos. Todos o são, sem escapatória. Mas não precisam ser estudados desta forma. É possível se construir um arcabouço científico para a Biologia sem se chegar a esse nível. Sem redução à química, contudo, é quase impossível. O mesmo acontece com a Psicologia, a Sociologia, a Economia, a História, a Política e outras. Já a Astronomia, a Cosmologia, a Geologia, estas não podem ser entendidas sem redução à Física.

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http://www.formspring.me/wolfedler/q/156904050829335892 Um bom livro para se entender um pouco sobre a história da filosofia é " O Mundo de Sofia". Recomendo a leitura, principalmente para crianças e adolescentes. É muito didático!

Sim, concordo. Mas acho muito romanceado. Gosto mais de pegar um texto mais teórico. Para quem não está acostumado, pode parecer árido, mas é mais exato. As palavras sempre têm um sentido bem preciso e a argumentação é estritamente lógica, sem fazer uso de figuras de linguagem, nem analogias, nem alegorias. Para mim, que me delicio com demonstrar teoremas matemáticos, acompanhar uma argumentação filosófica é quase como ler um romance. E é melhor para instigar a inteligência, pois a leitura, sendo difícil, isto é, exigindo atenção e acompanhamento do raciocínio, estimula a formação de conexões sinápticas. Tudo que facilita emburrece. Um texto denso, todavia, não precisa ser esteticamente feio nem enfadonho. Pode e deve, perfeitamente, ter uma boa qualidade literária. É o que acontece com Bertrand Russell. A precisão e exatidão têm que ser acompanhadas de clareza, concisão e coerência, objetividade, elegância e estilo.

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Ernesto, quais são as implicações do reducionismo no campo das ciências? em que pode ser expandido, por exemplo, já que de fato a biologia não pode fugir da física, mas há conceitos biológicos não aplicáveis a física ...

Não tem nada a ver. Isto não contraria a concepção reducionista. A Física é mais básica do que a Biologia. O fato de que todo fenômeno biológico seja físico não significa que todo fenômeno físico seja biológico. A Biologia é extremamente mais complexa do que a Física. Por isto se vale de construções teóricas e procedimentos próprios, elaborados sem menção à Física, pois a redução à Física se torna quase insolúvel. Mas reduz-se à química. Não conseguir descrever um fenômeno biológico, como a mitose, por exemplo, em termos de equações dinâmicas, como se faz na Física, não significa que isto não possa ser feito, mas apenas que a complexidade é absurdamente elevada. Então se lança mão de descrições textuais e pictóricas, em termos de blocos maiores de matéria e em termos de interações menos elementares.

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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Existe criacionismo científico?

Muitos criacionistas pretendem que sim, mas, em verdade, não. A verdadeira ciência não abona o criacionismo de forma nenhuma. O que eles fazem é arranjar situações particulares que aparentemente invalidam a evolução e, como isto, pretendem comprovar o criacionismo, já que há falhas na evolução. Isto, para mim, é ridículo.

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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Como o senhor aprendeu línguas estrangeiras?

Inglês e Francês eu aprendi no Colégio em que estudei (também estudei Latim). Foram sete anos de Inglês, quatro de Francês e quatro de Latim. Se você é um aluno bem interessado, aprende bastante. No mestrado eu tinha que estudar em livros de Física em Inglês e Francês (estes traduzidos do Russo), de modo que aperfeiçoei. Italiano eu aprendi traduzindo libretos de óperas, com o dicionário do lado. Não falo, só leio e escrevo. Espanhol é fácil. Só deploro não saber Alemão. Ainda vou aprender. A melhor maneira é pegar um livro na língua, um dicionário e uma gramática e ir lendo e traduzindo, enquanto vai estudando a gramática. É assim. Na força bruta. Você acaba aprendendo. Então tem que escrever textos na língua. Depois tentar falar, mesmo errando, mas tendo alguém que saiba para lhe corrigir. Sem medo. O mais difícil é entender o que falam. Gostaria de aprender Grego e Russo também. Meu avô era professor de Russo e Tcheco na Áustria e falava, além delas e do Alemão, sua língua natal, Inglês, Francês, Italiano, Espanhol e Português (de Portugal). Entender várias línguas abre muito a mente. Por exemplo, ao pesquisar um assunto na Wikipédia, além do Inglês, eu vejo o artigo em Espanhol, Francês e Italiano e, é claro, em Português. Geralmente em Inglês é mais completo, mas, dependendo do assunto, pode ser melhor em outra dessas línguas. Sem contar que a Literatura (especialmente a poesia) e a Filosofia, na tradução, perdem muito do sentido da mensagem.

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Por onde começar a estudar filosofia, por Sócrates ou pelos pré-socráticos?

Sugiro começar por um compêndio abrangente como o da Marilena Chauí, "Convite à Filosofia". Depois pegue uma história da Filosofia. Recomendo a do Bertrand Russell. Aí então você pode ler os próprios filósofos. Sócrates não escreveu nada. Leia Platão e Aristóteles. Sugiro "O Banquete" e "Categorias". Leia Descartes, Spinoza, Hume, Schopenhauer, Nietzsche, Russell. Depois que for acostumando, leia Kant, Heidegger, Wittgenstein. Bom, aí você já terá feito suas próprias preferências.

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Gosta de documentários do Michael Moore?

Nunca assisti nenhum.

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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Professor, o dilema de Eutífron acaba com o conceito de moral vinda de Deus?

Sim. Os conceitos de certo, de bom, de justo, de honesto e todos os similares a que a moral se reporta para aprovar as ações das pessoas não o são porque Deus assim o estabeleceu mas sim porque, em si mesmos, humanamente falando, possuem essas características. O conceito de Deus é que foi inventado pelos homens em concordância com o que se entende por bom, justo, correto e assim por diante.

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O que o senhor acha de ideias conservadoras?

Não gosto de rótulos. Uma idéia conservadora pode ser boa ou ruim e uma idéia considerada progressista também pode ser boa ou ruim. Não acho que algo deva ser mantido só porque seja uma tradição nem que deva ser desprezado por isso. Da mesma forma não se deve considerar boa uma coisa por ser moderna e nem ruim por este fato. Depende do assunto e da proposta. Cada coisa tem que ser analisada individualmente para se ver se é benéfica ou maléfica e isto em relação ao maior número possível de envolvidos. Não se pode admitir uma postura conservadora em tudo nem uma postura progressista em tudo. Em geral, as idéias conservadoras são piores do que as progressistas. Mas podem ser boas.

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domingo, 30 de janeiro de 2011

Professor, que avanços e que retrocessos a experiência socialista no leste europeu, mais especificamente na URSS, trouxe para o mundo? Houve melhoria nas condições de vida de lá?

Em parte sim, pois a miséria generalizado do tempo do Czarismo foi banida e se conseguiu estabelecer um sistema educacional e de saúde razoavelmente bom. Além disso o país se fortaleceu econômicamente, mesmo que às custas da degradação do meio ambiente, como também o fizeram a Alemanha, a Inglaterra, a França a Itália e os Estados Unidos, inclusive em suas colônias (nas da Rússia tembém, pois a União Soviética nada mais foi do que a "Grande Rússia", com as outras repúblicas satélites como colônias). O que não posso concordar com o socialismo e o comunismo de estado é o seu caráter totalitário, de partido único, de estado policial. Nada disso é necessário para o progresso e para o bem estar do povo. Liberdade é tão essencial quanto comida no prato. Regimes ditatoriais levam à corrupção da classe governante, tão bem ilustrada pela "Nomenclatura" soviética. De certa forma os burocratas do Partido Comunista substituiram os aristocratas do Czarismo na opressão ao povo (não tão grande, contudo). Isto eu não posso admitir. Stálin foi uma peste. Um dos mais execráveis seres humanos que já existiram, ao lado de Hitler, Pol Pot, Mao Tse Tung, Mussolini, Josué (da Biblia) e outros que tais. Assassinos em massa. Nada justifica as matanças que perpetraram. Apesar disso, a ameaça do comunismo foi um fator positivo para a melhoria das condições trabalhistas no mundo democrático e capitalista, não há dúvida. Não sejamos maniqueístas, nem execrando o comunismo nem o capitalismo e nem glorificando um e outro. Há pontos positivos e negativos em ambos.

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O que é relativismo moral?

É a concepção de que toda norma moral seja relativa ao momento histórico, ao local geográfico e ao grupo social a que a pessoa pertença, sem que tenha nenhum valor mais elevado do que estabelecer normas convencionais de conduta para que se seja aceito na comunidade. Em suma, é uma moral que não é ética, pois a ética é que estabelece critérios universais e filosóficos para que as normas morais sejam baseadas nos conceitos de certo e errado de forma universal, dentro de uma concepção filosófica de bem e de mal, de justo e injusto e assim por diante. Mas isto não tem nada a ver com nenhuma prescrição divina. São considerações filosóficas puramente humanas.

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A televisão aliena?

Depende da atitude do telespectador. Se for uma pessoa consciente e crítica, que assiste a tudo de uma forma lúcida, ela não aliena. Uma pessoa assim, contudo, rejeitará a maior parte do que é passado. Quem assiste a televisão deixando que o conteúdo jorre para dentro de sua mente sem filtrá-lo, ficará alienado mesmo, pois a maior parte do que é mostrado não possui o menor valor nem como conhecimento nem como arte. É lixo mesmo.

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Professor, qual seria a diferença entre "decorar" e "memorizar" um assunto?

Memorizar é registrar na memória entendendo e compreendendo enquanto decorar é registrar sem entender nem compreender. Entender é saber o como, o porque e o para que do que se sabe e compreender é, além disso, fazer uma ligação da coisa que se entendeu com todo o resto de conhecimento que se tem a respeito de tudo.

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O que você responde quando te chamam de utópico?

Que sou mesmo, mas considero que minha utopias não são situações impossíveis mas apenas muito difíceis. Todavia não acho que o mundo ideal que vislumbro seja factível para breve nem que seja alcançado facilmente. É para um futuro a várias centenas de anos. Mas perfeitamente possível se nos dedicarmos a isso. Não é tão difícil assim assumir a visão de mundo anarquista e viver de acordo com ela, mesmo que, provisoriamente, se precise de dinheiro. Mas que se faça uso dele sem apego, de modo desprendido, generoso. Que se o aplique para o bem de todos e não só de si mesmo. Se muitas pessoas começarem a agir assim o anarquismo virá em menos tempo, talvez menos de meio milênio. Tem-se que, também, convencer as pessoas de abrirem mão de suas convicções religiosas, pois isto atrapalha muito a construção de um mundo fraterno. Pode-se até crer em Deus, mas nunca considerar que a sua versão de crença seja a única correta.

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Não acha que seria melhor se, ao invés da completa falta de Estado, houvesse um Estado não como autoridade, mas como "uma associação voluntária de organização do trabalho, e produtor e distribuidor dos bens necessários.", como disse Oscar Wilde?

Não. Acho que isto deve acontecer de modo espontâneo, sem ser institucionalizado. Isto é, para cada empreendimento de âmbito coletivo a sociedade se organiza para realizá-lo e esta organização é desfeita com o seu término. Como para construir uma hidroelétrica, uma ferrovia, uma estação espacial, uma fábrica de automóveis, um estaleiro naval, uma olimpíada internacional, o que quer que seja.

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http://www.formspring.me/wolfedler/q/155848136189836008 Todas as perguntas estão no blog? Foi uma idéia genial!, fica bem mais fácil buscar lá as perguntas e diminui o nº de perguntas repetidas. O sr. poderia colocar isso na "Bio", alertando as pessoas

Sim. Mas não só elas. Há outros textos que redigi também. Colocando a palavra chave na caixa de busca (no alto, à esquerda) serão apresentadas as postagens que a contém. As do Formspring tem escrito em baixo: "Ask me anything".

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Por qual mito grego você mais se interessa?

Me interesso pelo mito da caverna de Platão, justamente para desconstruí-lo, isto é, para mostrar que, ao contrário do que ele supunha, é o mundo concreto que gera, nas mentes, as idéias e não elas que são a realidade maior do Universo.

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O que o senhor acha dos anarquistas que pregam o imediato fim do estado?

Alguns pensam assim, mas isto é inviável. Se acabarmos o estado de repente, cairemos em um vazio, pois não se desenvolveu um modo orgânico de conduzir a sociedade e os fazeres humanos sem ele. A queda do estado tem que vir de modo espontâneo, isto é, ele deixará de existir por absoluta falta de necessidade. O mesmo se dará com o dinheiro, a propriedade, a família, as fronteiras, os exércitos, a polícia, o judiciário, as penitenciárias. Para se chegar a esse ponto é preciso um processo educativo gradual e persistente, mas muito demorado, da ordem de várias centenas de anos. Mas é preciso começar e, cada vez mais, ampliar. Como? Trabalhando de graça, parte do tempo, para benefício comunitário, disponibilizando os bens para proveito de todos, fazendo por conta própria o que seria função do poder público, sem pedir licença, desenvolvento o espírito comunitarista, falando muito a respeito das vantagens do anarquismo. Mostrando que não é nada bagunçado, pelo contrário, extremamente organizado, senão não se mantém sem governo. Assim, aos poucos, a necessidade do dinheiro vai diminuindo, a propriedade vai desaparecendo, pois tudo passa a ser de todos, mas de ninguém em particular. É preciso cultivar a tolerância para com as diferenças de todas as ordens, e uma grande disposição de dedicação ao trabalho sem esperar retorno, abolindo de todo a preguiça e a cobiça. Se o estado e seus controles forem abolidos sem que essas concepções estejam arraigadas no seio da sociedade, poderá haver, e certamente haverá, grande desordem, com a ocorrência de crimes, como se vê em catástrofes em que o aparato coercivo do estado se torna ausente. Ele só pode desaparecer depois que a sociedade se autoconduzir de forma que o dispense, isto é, quando não houver mais crime nenhum por muito tempo, nem desonestidade e nada disso. Então se poderá dispensar isso tudo e a humanidade viverá em paz e harmonia.

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Você gostaria de viver para sempre?

Sim, pelo menos bastante tempo, isto é, alguns milhões de anos. Queria poder saber tudo a respeito de todas as coisas, ler todos os livros que foram escritos, ver todos os filmes, ouvir todas as músicas, ver todas as obras de arte, conhecer todos os lugares do Universo, conhecer e amar todas as pessoas, humanas ou não, estudar tudo o que existir para ser estudado, experimentar todas as sensações. Talvez precise não de milhões, mas de trilhões ou mais de anos.

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As perguntas chegam em maior número do que eu consigo responder, pois tenho outras ocupações. Já estão em 350 à espera.

Paciência...

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O que acha do especismo?

Achar que ser humano e melhor do que ser outro ser vivo é mais ou menos como achar que ser branco vale mais do que ser negro ou outra raça. Uma completa estupidez. Somos todos parte integrante da natureza. Temos direito de nos proteger do ataque de outras espécies, como de outras pessoas. Mas não de fazermos uso de outros seres para proveito ou prazer. Isto é como se fosse uma escravidão. Não acho válido criar animais para comer ou usar a pele. Caçar menos ainda. Apesar de isto acontecer normalmente na natureza, entre os predadores e suas presas, não gosto dessa idéia, se podemos nos alimentar de vegetais. Isto é algo que ainda estou pensando mais, para me tornar inteiramente vegetariano. Mas ainda como carne.

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O transplante de cérebros seria possível?

Em princípo sim, mas não há competência médica suficiente para isto, por enquanto. Só que não seria um transplante de cérebros, mas um transplante de corpos, pois a pessoa é a do cérebro, que, então, trocaria de corpo. Para todos os efeitos psicológicos, éticos e jurídicos, a identidade do sujeito transplantado é a do dono do cérebro e não do do corpo.

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A emergência da algo simples(ou menos complexos) de componentes mais complexos não seria um óbice a análise reducionista?

De forma nenhuma. O fato de que algo mais complexo possa gerar algo mais simples não significa que o que foi gerado não se explique a partir de seus componentes mais simples, o que consiste no reducionismo. Ele não diz que o simples gera o complexo, mas sim que qualquer coisa pode ter o seu funcionamento explicado a partir de um nível mais básico da realidade. Assim, todo fenômeno químico se reduz a fenômenos físicos, os biológicos aos químicos, os psicológicos aos biológicos, os sociológicos aos psicológicos e os políticos e econômicas aos sociológicos. Reducinismo é uma concepção epistemológica e fenomenológica. Note-se que ela não significa, como se costuma dizer, que "o todo é a soma das partes". Nada disso. Significa que o todo é produzido pelas partes, mas não necessariamente pela "soma", o que seria uma simplificação não correspondente à realidade. Há características no todo que suplantam a soma das contribuições das partes, mas que requerem sempre as partes para ocorrer. Isto é o que se chama de "reducionismo não linear", que contempla o que costuma ser denominado de "holismo", ou seja, uma concepção de que um nível mais elevado da realidade possua características que não possam ser reduzidas àquelas de seus extratos mais baixos. Se se considerar as contribuições cruzadas, as retroalimentações e os termos de ordem superior, sempre se pode reduzir o todo às partes, desde que, sem elas, ele não existe. Não existe política nem economia sem uma sociedade, não existe sociedade sem pessoas, não existem pessoas sem corpo, não existem corpos sem células, não existem células vivas sem reações químicas, não existem reações químicas sem interações físicas entre os átomos e moléculas. Portanto a política, o amor, a poesia, a música, advém das interações eletromagnéticas entre elétrons de átomos partícipes das reações que produzem a vida. Sem estas, aquelas não existem. Logo o reducionismo não tem escapatória.

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O que você acha desse protesto 10:23 sobre a homeopatia?

Muito válido. De fato, a dinamização que as drogas homeopáticas são submetidas eliminam todo resquício da substância original. Até que há fundamento no fato de que a ingestão de doses pequenas de agentes causadores de certas moléstias ativam o sistema imunológico a combatê-las. É o princípio das vacinas. Mas com a dinamização, nada resta para ativar o sistema imunológico. Os homeopatas asseguram que fica a "energia" do princípio ativo na água, e isto é suficiente para excitar o sistema imunológico. Não sei o que vem a ser esta noção que eles chamam de "energia", pois, certamente não é a noção física de energia. Nem como verificar sua existência. Não há provas de que isto existe e nem de que seja eficaz para o que for. É importante esclarecer a população de inocuidade dos remédios homeopáticos, para que não confie neles e não deixe de se valer dos recursos da "medicina baseada em evidências", ou seja, da alopática, para, de fato, obter resultado nos tratamentos.

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Qual o problema da homeopatia, já que não é prejudicial, e se quando funciona é só pelo efeito placebo?

O problema da homeopatia é que, muitas vezes, achando erroneamente que se está tratando de um mal de forma eficaz, deixa-se de usar recursos que, de fato, levariam à erradicação do mal, e ele não é curado, prejudicando a saúde do paciente.

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Você não tem medo da morte?

Nem um pouco. Acho que a morte é algo inteiramente normal. Morrer é como dormir um sono de que não se acorda mais. É a perda total da consciência, sem retorno. O vazio mental completo, pois a mente deixa de existir. O único inconveniente é se a morte for precedida de grande sofrimento, o que não é nada agradável.

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Você disse: "Uma pessoa em busca da verdade." O que é a verdade? Será que a nossa interpretação do mundo corresponde a verdade? Mesmo que haja um consenso universal podemos dizer o que é e o que não é verdade? Abraço!

Se eu já soubesse qual é a verdade não estaria à sua procura. Esta busca nunca chega ao fim, pois não há como se saber que se obteve a verdade. Mas, enquanto se busca, usando todas as ferramentas de validação, vai se eliminando o que não seja a verdade e se pode considerar que se vai aproximando de seu conhecimento. A interpretação do mundo que a ciência faz, cada dia mais aprimorada, mas nunca definitiva, é o que mais próximo da verdade se pode ter, pois outras concepções pecam exatamente por supor que já se a tem, enquanto a ciência nunca sabe se a atingiu. Esta é a sua virtude. Mesmo um consenso universal, ou, pelo menos, mundial, não garante que seja a verdade, isto é, a adequação perfeita entre o discurso e a realidade.

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