domingo, 22 de setembro de 2013

Professor, o que acha da justificativa de alguns católicos que dizem que sem o catolicismo não haveria a "moral cristã" (Não matarás, não roubarás, bem ou mal) que, de acordo com eles, deixou a sociedade melhor.

A dita "moral cristã", não é cristã coisa nenhuma. É judaica. E a moral judaica é igual à moral babilônica, hinduísta, egípcia, grega, romana e todas as outras. A moral é um construto social humano e não religioso. As religiões é que se apoderaram dela. A falta de religião não compromete a moral, em absoluto. Não é porque se teria um castigo ou um prêmio depois da morte que se vá agir pelo bem ou pelo mal. A própria sociedade é que premia ou pune, nesta vida mesmo, o comportamento moral ou imoral das pessoas. E depois, a moral cristã não é a moral católica. Catolicismo é um conceito medieval e não do cristianismo inicial. Aliás, os ortodoxos é que se consideram católicos, achando que os católicos são os cismáticos.

Se pudesse escolher uma época da existência da humanidade para nascer e construir sua vida, que época escolheria?‎

A Belle Epoque, em Paris, entre 1871 e 1914. Para tal eu teria que ter nascido em torno de 1845.

Eu estava no movimento estudantil e sai justamente por isso... não concordar 100% com a proposta de nenhuma união. Fora que a maioria é massa de manobra de algum partido. Fico triste com isso.‎

O problema é que todos os partidos, de direita, centro ou esquerda, só querem a promoção de seus políticos e não o bem do povo. Política não é carreira. Político deveria fazer política de graça e se manter com outro trabalho. Se alguém pugna pelo verdadeiro bem do povo, é rechaçado pelos políticos. Minha mãe fazia trabalho filantrópico voluntário e o que ela mais odiava eram padres e políticos. Todos só queriam aparecer de benfeitores, mas trabalho duro pra valer ninguém encarava. E minha mãe só aceitava colaboração se ficasse inteiramente anônima. E nada de dinheiro. Só trabalho ou doação de bens em espécie (roupas etc). Mas sem nada de festas e solenidades. Tudo na surdina. Nem quem recebia a doação sabia quem dava, para não ter que agradecer.

Me aponte fatos comprovados da Não existência de Deus. Estou em duvida em ser cristão ou ateu então por favor, ilumine-me!‎

Não há fatos comprovados de que Deus exista e nem de que não exista. O que existem são indícios e eu considero que os contrários à sua existências são mais fortes. Para começar, não é preciso supor a existência de Deus para explicar o surgimento do Universo e da Vida. Isso pode surgir de modo completamente fortuito e incausado. Não há necessidade de haver causa nenhuma. Supor que algo extra natural tenha provocado esse surgimento é completamente desnecessário. Outro fator é que não existem milagres e nem prece nenhuma é atendida. Se se fizer um levantamento estatístico, pode-se ver que, na maioria dos casos, as preces não são atendidas e, quando são, a proporção é a mesma que se teria para resultados aleatórios. No caso do cristianismo, então, é que a situação piora. Considerar que Jesus seja Deus e que sua morte tenha sido para redimir a humanidade do pecado original requer a suposição de que tenha havido tal pecado, cometido por Adão e Eva. Ora, não existiu nenhum Adão e nenhuma Eva. Além do mais, o fato de Deus exigir o sacrifício atroz de seu próprio filho para aplacar sua ira pelo pecado revela uma crueldade insana de Deus, inteiramente em desacordo com a concepção de santidade que se lhe é imputada. Outro grande problema é que, como criador, Deus se revelou completamente incompetente, tal é a quantidade de imperfeições que o Universo apresenta, a começar pela existência de doenças. Dizer que elas são produto do pecado não convence, pois animais também ficam doentes e não são pecadores. Outra questão é a da existência da alma. Não há nada que implique na necessidade dessa suposição para explicar a vida psíquica. Os efeitos mentais de drogas e de acidentes cerebrais mostram que a mente é, apenas, o produto do funcionamento do cérebro. Além disso, não existem manifestações nenhuma da sobrevivência de algum espírito depois da morte do organismo que, supostamente, o acolhia.

Sem a existência do sol, não viveríamos. Não deveríamos louva-lo, como os antigos egípcios costumavam fazer? Pois, todo o amanhecer ele leva embora a escuridão (naquela época temia-se).‎

Não há porque louvá-lo pois o fato de nascer e se por, advindo da rotação da Terra, não é nada que o Sol faça porque queira, portanto não é motivo de mérito nenhum. Da mesma forma todas as ocorrências da natureza se dão sem nenhuma intenção. Então não há qu Sem a existência do sol, não viveríamos. Não deveríamos louva-lo, como os antigos egípcios costumavam fazer? Pois, todo o amanhecer ele leva embora a escuridão (naquela época temia-se).‎ e se louvar ou agradecer a ninguém por elas.

Enquanto os dois cérebros estão funcionando simultaneamente, o que acontece com a consciência da pessoa? O que eu experimentaria se passasse por um processo desses?‎

A partir do momento em que se fizesse a transferência do conteúdo de informação do cérebro biológico para o virtual, eles passariam a ser dois cérebros independentes com a mesma memória. Mas que, a partir de então, passariam a se diferenciar. Seriam duas consciências distintas que teriam em comum suas memórias até aquele momento. Como se fossem dois vocês. Só que, a partir de então, cada um seria um.

Se uma pessoa cria um cérebro virtual idêntico ao dela (incluindo memórias), e conecta o dela a este, de forma que ambos passam a processar em paralelo, e a pessoa morre durante o processo, a consciência dela seria continuada pelo cérebro virtual?‎

Se um cérebro virtual for desenvolvido de forma a contemplar todos os atributos de um cérebro biológico, então ele também possuirá consciência e auto-consciência. Caso o conteúdo de um cérebro biológico seja transferido para ele e o outro parar de funcionar, este conterá a consciência do primeiro, até o momento da transferência e poderá, se continuar funcionando, conservá-la daí para frente. Todavia também precisaria ter acesso a todas entradas sensoriais que o cérebro biológico tinha, pois a consciência também se faz disso. Isto é, teria que continuar a ver, ouvir, cheirar, sentir gosto, ter tato, sentir frio, calor, fome, sede e ter todas as percepções de todos os outros sentidos, que são mais de vinte. Para ter emoções, teria que perceber as descargas hormonais que se fazem na corrente sanguínea e a percepção das alterações dos batimentos cardíacos, da sudorese e de tudo o que significa sentir uma emoção, pois as emoções são psico-somáticas e não só psíquicas. Em suma, teria que estar conectado a um corpo, como o biológico o é.

Há 150 anos atrás era inimaginável para o homem viajar da América do Norte à Europa em 8 horas. Talvez vejamos o teletransporte hoje assim como o homem de um século e meio atrás via o transporte a jato...‎

Não. É completamente diferente. Todos os meios de transporte, desde andar a pé até ir à lua em um foguete são transportes do próprio corpo da pessoa. O teletransporte não. O que se manda no teletransporte é a informação para se reconstruir a pessoa no destino. Ela mesmo não vai. O processo é totalmente diferente e envolve uma complexidade incrivelmente maior do que meramente se aumentar a velocidade do veículo.

Ernesto, eu acho que não seja besteira e sim consequência do que você fez no passado! http://ask.fm/wolfedler/answer/53371948061‎

Claro que não. Tudo o que você possa ter feito pode ter consequências em razão de que provocaram disposições favoráveis ou contrárias das pessoas em relação a você. Ou porque criaram favorecimentos ou dificuldades para a realização de seus objetivos. Mas, de modo nenhum, causam alguma influência, digamos assim, misteriosa, sobre as ocorrências de sua vida. Isso não existe. Não há destino nenhum, nem sorte nem azar

Um engenheiro elétrico pode trabalhar com pesquisa?‎

Certamente que sim e, de fato, eles trabalham, tanto no desenvolvimento de novos dispositivos, processos e controle de fenômenos como em equipes de outros pesquisadores, como físicos, no apoio ao desenvolvimento e instalação dos equipamentos.

Sobre os problemas filosóficos da mente, acredita que um dia a humanidade chegará a respostas conclusivas sobre o funcionamento e sobre a essência da consciência assim como temos sobre outras áreas ou mesmo que haja avanços, essa questão permanecerá sempre como um mistério?‎

Nada há que impeça se conhecer como a consciência seja produzida pelo funcionamento do cérebro. Isso, inclusive, é objeto de estudo intenso e amplo por parte da comunidade de neurocientistas. António Damásio é um deles e tem escrito vários livros sobre o tema. A expectativa é de que, em algumas décadas ou poucos séculos, a explicação será disponível.

Professor, você acredita que algum dia os seres humanos criarão o teletransporte?

Sinceramente, acho muito difícil. Mesmo que se consiga codificar totalmente uma pessoa, com a especificação de cada um dos seus átomo e o lugar em que está, para recompor a pessoa totalmente, e, mandar essa mensagem por uma transmissão de onda eletromagnética, ainda haveria o problema de se reconstruir a pessoa no destino. Essa é uma fase dificílima. Haveria de ter algo como uma impressora 3D, mas que fosse imprimindo cada átomo da substância certa e não de uma só. Depois teria que por o resultado para funcionar, isto é, conferir vida, pois não somos apenas os nossos átomos, cada um em seu lugar, mas isso tudo, "funcionando". A complexidade é pavorosa. E o número de bits de informação, fantástico. Pense que uma pessoa tenha 60 kg. Como um próton tem 1,7E-27 kg, ela equivale a 3,5E28 prótons. Considera que cada um requeira uma informação de sua localização com uma precisão de 1E-15 metros para cada coordenada. Isso demandaria 45 dígitos decimais, mais um para dizer se é próton ou nêutron. Ou seja 152 bits. Para todos os nucleons, seriam 5E30 bits, ou 7E29 bytes. Numa banda de 1 Tb/s, isso levaria 169 bilhões de anos para ser enviado.

Como chegar a resposta dessa questão? Eu cheguei a descobrir apenas que 2013 é o milésimo sétimo termo...e nem sei se está certo: https://fbcdn-sphotos-h-a.akamaihd.net/hphotos-ak-prn1/s403x403/1011927_480646032029932_1108710339_n.jpg‎

Note, por inspeção, que o primeiro número da linha "n", vale n² - n +1 e o último vale n² + n -1. Então é preciso achar n para que n² - n + 1 <= 2013 <= n² + n -1. Usando a primeira desigualdade temos n(n - 1) <= 2012. Usando a igualdade e resolvendo a equação do segundo grau, acha-se n = 45,36. Como n tem que ser inteiro, se usarmos 45, teremos o primeiro e o último da linha como 1981 e 2069, mostrando que 2013 está na 45ª linha.

Suas respostas residem em bases filosóficas mais oque a filosofia por si tem de concreto? Sendo que suas teorias baseiam-se em homens, ou seja ideias aristotélicas, socráticas e etc.‎

A Filosofia não tem nada de concreto, pois trata de abstrações. O que não significa que não sejam reais. Pode-se dizer que a Filosofia trata dos aspectos da realidade do mundo que as ciências ainda não foram capazes de estudar. À medida que se tornam capazes, os assuntos vão passando do âmbito filosófico para o científico. Um exemplo típico é a Cosmologia, que antes era filosófica e agora é científica. Do mesmo modo a Psicologia. As concepções filosóficas são fruto de reflexões e de definições de conceitos para representarem aspectos da realidade. Diferentes interpretações do comportamento da realidade conduzem a diferentes escolas filosóficas. Isso é um grande problema da filosofia, ou seja, não haver um padrão único, aceito por toda a comunidade. Algumas ciências também exibem esse tipo de problema, como a Economia, a Psicologia, a Sociologia. O ideal é que se possa chegar a um consenso, mas é difícil. Minha proposta é no sentido da cientificização da Filosofia, com a adoção do "Corte Epistemológico", pelo qual, a cada momento, apenas uma concepção seja considerada válida por toda a comunidade, até que venha a ser substituída. E que ela seja validada por testes de falseabilidade, como ocorre com as ciências. Isso evitaria o aspecto opinativo das concepções filosóficas, que passariam a ser um conhecimento tão válido quanto os científicos. Meu modo de conceber a Filosofia é esse e eu procuro adotar as concepções que se revelem válidas e comprovadas. Mas isso ainda não é um comportamento padrão na Filosofia. Não gosto de nenhuma rotulação em Filosofia, mas apenas, "Filosofia", sem adjetivos.

Consirando o formato fechado do circuito magnético de uma bobina, e o sentido do fluxo, como se "locomoveriam" os fótons por ela emitidos? Qual seria seu percurso? E qual é o formato do fluxo magnético gerado pela emissão de fótons por elétrons?

Os fótons existem na onda, interpenetrados uns aos outros. Sua propagação no espaço é, justamente, a propagação da onda. Sua realidade advém de que, na emissão e na absorção, apenas são admitidas quantidades inteiras da energia de um fóton. Isto é, não há como ser absorvido, por um receptor, meio fóton. O movimento dos fótons é, simplesmente, o movimento da onda. Isso pode ser calculado por meio da resolução da equação diferencial da onda, considerando as condições de contorno dadas pela forma da antena emissora (a bobina no caso). Tais soluções existem nos livros de Engenharia Elétrica. A onda eletromagnética possui campos elétricos e magnéticos perpendiculares à direção de sua propagação. No caso de uma bobina, os campos elétricos são círculos paralelos à própria bobina e os magnéticos em forma de anéis em torno do campo elétrico. A propagação deles se dá perpendicularmente a ambos, isto é no sentido divergente da bobina para o espaço.

O que o senhor acha sobre o Panteísmo?‎

Acho incoerente, pois a noção de Deus sempre requer a consideração de que seja uma entidade com capacidade de agir sobre o Universo, à revelia de suas leis. Ora, sendo Deus o próprio Universo, não atuará sobre ele à revelia de suas leis. Além do mais, não teria uma consciência, uma inteligência, uma vontade que seriam necessárias para a afirmação de seu poder a partir de deliberações que tomasse. Mesmo que Deus, caso existisse, não fosse providente, como o considera o teísmo, mas, apenas, criador, como o quer o deísmo, teria que ser uma entidade extrínseca ao Universo, para ser considerada como Deus. Sendo o próprio Universo, lhe faltariam essas características de poder. Além do mais, não teria uma mente, para ter conhecimento de tudo. O panenteísmo pretende contornar essas dificuldades, considerando Deus não apenas imanente, como o panteísmo, mas também transcendente. Isto é, o Universo seria uma emanação de Deus, que seria maior do que ele, com essas características divinas. Outra concepção é a de Pandeísmo, parecida com a panenteísta, mas diferindo no aspecto que o Universo, tendo surgido como parte de Deus, foi por ele abandonado à própria sorte. Em verdade, todas essas concepções, incluindo a teísta e a deísta, carecem de qualquer fundamentação que as suporte como verdadeiras.

Como iniciar meus estudos filosóficos? Por onde? Poderiam me guiar?‎

Enquanto você ainda está no nível médio, sugiro que vá lendo uns livros de filosofia, para se acostumar, como os listados aqui:
http://wolfedler.blogspot.com.br/2011/02/thnf-o-sr-sempre-indica-um-livro.html
http://wolfedler.blogspot.com.br/2011/07/professor-me-indica-livros-sobre.html
Depois deve fazer um curso de graduação em Filosofia, que tem na Universidade Federal de Campina Grande.
Depois você deve fazer mestrado e doutorado, para se tornar um verdadeiro filósofo.
Boa Sorte!

Ja tentou resolver o ultimo teorema de fremat?‎

Não. É preciso se dedicar muito ao assunto para resolver. Isto é, anos e anos de estudo diário. Não tenho essa disponibilidade e nem interesse. Mas ele já foi demonstrado por Andrew Wiles, de Princeton, em 1995. Há um livro de Simon Singh "O Último Teorema de Fermat" (Record) que conta a sua história. O que ele diz é que não existe solução inteira para a equação x^n + y^n = z^n, para n>2.

O que você acha do sexo sem compromisso? O que ele pode nos propor? E quais seus benefícios e malefícios?‎

Perfeitamente válido, desde que seja algo assumido explicitamente e com a concordância de todos que se relacionem com a pessoa, Isto é, namorados, namoradas e cônjuges. Isto o tornaria uma atividade totalmente decente. Não acho que ninguém que faça sexo recreativo seja menos ético por isso. Mas quem o faz de modo oculto não é ético. Os benefícios de uma atitude assim são relativos à maior felicidade de vida que propicia, pois sexo é um componente essencial da vida e não precisa ser atrelado a outros tipos de compromisso que não a fruição de seu prazer. É importante frisar que sexo com sexo se paga. Não se pode usar o sexo como moeda de troca por nenhum outro tipo de retribuição. No entanto, é sempre melhor se fazer sexo com envolvimento amoroso. Da mesma forma, amor com amor se paga. Também tem que se observar que, mesmo o envolvimento amoroso, não precisa ser exclusivista. Isto é, uma pessoa é capaz, perfeitamente, de amar, sincera e profundamente, a mais de uma outra. As inconveniências do sexo sem compromisso só acontecem se ele envolver alguma necessidade de ocultação. Sendo inteiramente às claras, não tem inconveniente nenhum. Supondo, é claro, que se tenham os devidos cuidados relativos às doenças sexualmente transmissíveis, bem como em relação à possibilidade de gravidez. No entanto, se a pessoa tem um relacionamento amoroso e sexual com outra que lhe satisfaz plenamente, os relacionamentos adicionais não se fazem preciso. Mas podem ocorrer, se os envolvidos se derem, mutuamente, essa liberdade.

Conhece os ensinos das Testemunhas de Jeová? o que acha sobre a religião?‎

Já recebi alguns folhetos deles e li. Certamente que suas concepções e crenças não são válidas, porque se baseiam, fundamentalmente, na existência de Deus, o que não é garantido, de modo nenhum. Se fosse, até que seria interessante a instauração de um "Paraíso na Terra". Só que não acho que as prescrições deles para o funcionamento desse paraíso sejam as mais corretas. Eles são muito restritivos à liberdade. O paraíso terrestre é a anarquia. E ela pode ser estabelecida sem o menor apelo a nenhuma divindade.

Acredita nos livros de Nostradamus?‎

De modo nenhum. Tratam-se de meras opiniões sem fundamento. Profecia não existe. É impossível prever o futuro. Apenas se podem fazer conjecturas com base em tendências gerais. Mas isso para prazos curtos e de forma estatística.

As leis da física são imutáveis ? Tem possibilidades de alguma não se aplicar em certa parte do universo?

As leis descrevem (e não "prescrevem") o comportamento da natureza. A natureza funciona por si própria, sem dar a menor bola para as leis. Em razão do conhecimento incompleto, muitas leis vão sendo modificadas, aperfeiçoadas e, mesmo, mudadas, à medida que o conhecimento cresce. Além disso são feitas suposições, nem sempre garantidas. Uma delas é a de que o comportamento da natureza seja o mesmo em todos os lugares do Universo. Pode ser que não seja, mas não há como saber. Assim, é possível que alguma lei cuja validade esteja confirmada em nossas cercanias, não descreva como o mundo funciona em lugares remotos. Mas isso é bem improvável. Note que não estou me referindo aos valores numéricos das constantes e parâmetros, como velocidade da luz ou carga do elétron. Esses podem ser diferentes sem que as leis sejam outras. Estou falando das leis em si mesmas.

Um campo variável de 2Mhz gerado por uma bobina gera ondas que se comportam como onda/partícula? Gera fótons? Qual a diferença entre ondas eletromagnéticas geradas por saltos quânticos, e as geradas em campos variáveis?‎

Toda onda eletromagnética se comporta como onda na propagação e como partícula na emissão e absorção. Qualquer que seja a frequência da onda, ela é emitida e absorvida em fótons. A questão dos saltos quânticos é que, nos elétrons ligados aos átomos, só são permitidos certos valores de energia. Quando ele captura a energia de uma onda eletromagnética, isso só acontece se o valor da energia for igual à diferença de energias de algum nível existente. Caso contrário a onda não transfere energia nenhuma para o elétron. Da mesma forma, se o elétron estiver em um nível excitado de energia, ao decair, ele emite um fóton com a energia igual à diferença das energias dos níveis. E o valor das diferenças de energias dos níveis atômicos corresponde a fótons das frequências da luz visível. Frequências menores (infravermelho) correspondem às energias dos sistemas de vários átomos e frequências maiores (ultravioleta e raios X) aos elétrons das camadas mais internas ou aos núcleos atômicos. Osciladores elétricos têm frequências menores ainda (micro-ondas ou ondas de rádio), que são as que conseguem ser geradas por dispositivos. Para se ter uma ideia, uma torre transmissora de rádio FM, de 10kW e 100MHz, digamos, emite 1,5E29 fótons por segundo.

Em termos não científicos, acho mais bonitinho o big crunch. Porque poderíamos ter um ciclo eterno de bangs e crunchs e isso sustentaria uma lógica cíclica de eternidade no universo. Como algo que explode, expande, (algo acontece), retrai, comprime, explode‎

O aspecto estético não significa nada em ciência. O que se tem que ver é o que acontece de verdade, seja belo ou seja feio. Quanto a haver ciclos, isso não seria mais lógico do que não haver. Ambas as possibilidades são lógicas, pois decorrem de considerações matemáticas advindas da Relatividade Geral. O que faz a diferença são os valores dos parâmetros observáveis, como a densidade de massa e energia do Universo e a aceleração de sua expansão.

O que ocorreia ao alimentar uma bobina com corrente elétrica alternada com mesma frequência da luz visível? Você veria o campo magnético gerado por ela? Ela emitiria fótons? Como seria o comportamento da onda criada por ela? Obrigado

A frequência da luz visível é da ordem de 10^14 Hz., enquanto o dispositivo eletrônico capaz de produzir uma corrente oscilante só chega a 10^11 Hz. Logo não dá para emitir luz por meios eletro-eletrônicos. A questão é que a luz visível não é emitida por oscilações de elétrons, mas por saltos quânticos. Se fosse possível, sim, a onda emitida seria visível e a bobina se iluminaria como uma lâmpada.

sempre me interessei por astronomia e assuntos relacionados, mas tenho medo de cursar e não ter áreas para atuação. O que o senhor me sugeriria nesse caso?‎

Um cosmologista só consegue atuar como pesquisador de Universidades e Institutos de Pesquisa. Para entrar é por concurso, quando abrir vaga. Mas é possível ir trabalhando como professor de Física, enquanto não consegue vaga e aprovação. Enquanto isso vai estudando, pesquisando e publicando para enriquecer o currículo.

Você acredita na influencia do pensamento positivo/negativo na realidade?‎

De modo nenhum. O que o pensamento positivo pode fazer é criar disposição para trabalhar. Mas o resultado é do trabalho e não do pensamento. O mesmo se dá com o negativo. Diretamente não influencia em nada. Mas pode provocar desânimo.

O senhor poderia falar um pouco mais sobre "É preciso saber que muitas das leis que se estudam na Física do Ensino Médio não são de Física mas de Engenharia. [...] As físicas são só as básicas."?‎

Engenharia é Física aplicada. Física mesmo é a parte fundamental, que estuda o comportamento básico da natureza. Isso inclui os conceitos cinemáticos de tempo, espaço, velocidade, aceleração. Os conceitos dinâmicos de inércia e interação, e as grandezas que os medem, como massa, força, impulso, trabalho, bem como os atributos dos sistemas, das interações e dos movimentos, como energia, quantidade de movimento, momento angular. Também os conceitos de calor, temperatura, carga, corrente elétrica, campo elétrico, potencial elétrico, fluxo de campo, campo magnético. Gravitação e fluidos. Oscilações, ondas, som, luz e suas propriedades. E, principalmente, as leis (e suas equações) que relacionam essas grandezas, bem como os teoremas delas deduzidos. Mas não inclui as aplicações práticas. Isso já é engenharia. Como os problemas de equilíbrio, resistores, capacitores, lentes, espelhos, motores, geradores e outros. Não digo que isso não deva ser visto, mas que não deva se dispender muito tempo com aplicações. No lugar delas se deveria estudar muitos temas que não são vistos no nível médio e que são importantíssimos para a compreensão do funcionamento do mundo, como a teoria da relatividade, a física quântica, a física atômica, a física nuclear, as partículas elementares. Mesmo na parte clássica, não se estuda momento angular e sua conservação, Não se estuda fluxo de campo elétrico e sua relação com a carga. Não se estuda circuitação de campo magnético, ondas eletromagnéticas, grandezas fotométricas. Não se estuda física estatística. Tudo isso pode ser visto no nível médio e fornece uma compreensão imensa de como é a natureza.

A hipótese do big rip é plausível? Existem evidências que a corroboram?

Sim. A maior evidência é o resultado mais recente da medida da aceleração da expansão do Universo. Ela indica que nada conterá essa expansão e, portanto, chegará a um ponto em que o espaço se esgarçará tanto que rasgará a estrutura das partículas subatômicas (quarks e léptons) destruindo-as. Antes disso os átomos já teriam sido todos rasgados. Depois desse "rip" o Universo conterá apenas campo de matéria não quantizado que se tornará cada vez menos denso, indefinidamente. Os próprios fótons se alargarão tanto que corresponderão a comprimentos de onda cada vez mais colossais (trilhões de anos luz), tendendo a infinito e correspondendo a luz de frequência nula.

Júpiter é o maior planeta do nosso sistema solar e ele é um gigante gasoso, é possível que um cometa pode atravessar o solo de Júpiter ?‎

A estrutura de Júpiter não é completamente gasosa. Ele tem um núcleo rochoso, envolvido por hidrogênio metálico. Por cima um oceano de hidrogênio líquido e, depois, a atmosfera. Devido às condições de pressão na base da atmosfera, não há interface entre as fases líquida e gasosa. O raio de Júpiter é de 71.500 km (11 vezes maior do que o da Terra) e sua atmosfera tem uns 1000 km de profundidade, sendo bem densa. Assim, um cometa que caia nele irá se destruir na atmosfera, possivelmente nem sobrando nada para cair no oceano. Veja isto: http://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%BApiter_(planeta). Interessante que Júpiter, em volume, é mil vezes menor do que o Sol e mil vezes maior do que a Terra (mais ou menos).

O que significa exatamente 'quantizações' de campo?‎

Quantização de um campo é uma concentração de densidade dele em uma região espacial em que se estabelecem valores de certos atributos do campo, como energia, spin, carga, paridade, momentum e outros, de forma indivudualizada e conservada, caracterizando aquela concentração como uma "partícula" identificável por esses atributos mensuráveis. Há dois tipos de quantizações, a bosônica e a fermiônica. Na primeira há a possibilidadade da quantização ser formada e destruída em interações, de modo que seus atributos sejam transferidos para outras quantizações. Na segunda há a "conservação de número", de modo que elas são impossíveis de serem formadas ou destruídas, mas apenas transformadas em outras semelhantes com atributos alterados. Todavia, em todas as reações entre partículas, bosônicas ou fermiônicas, existe a conservação dos valores totais desses atributos. As quantizações fermiônicas são as partículas constitutivas da matéria e as bosônicas da radiação. Essas duas entidades, ao lado dos campos não quantizados, são os únicos constituintes substanciais do Universo.

Oque e Campo ?

Campo é algo que ocupa espaço, possui energia e outros atributos e promove interações. Também é o constituinte de todo o conteúdo substancial do Universo. Isto é, é aquilo de que tudo é feito, incluindo a matéria e a radiação. Não é feito de nada mais primitivo do que ele. É o componente básico. Matéria é um conglomerado de férmions, que são partículas de dois tipos: quarks e leptons. Tanto uns quanto os outros são quantizações do "campo da matéria", isto é regiões de concentração de densidade de campo com a propriedade de se tornarem individualizadas e conservadas. Quarks são confinados em grupamentos de dois ou três, formando os mésons e o bárions (prótons e nêutrons) que constituem os núcleos atômicos. Léptons são os elétrons e seus companheiros pesados, como o müon e o tau. A radiação (fótons), são quantizações de campo eletromagnético. Ainda há os gluons, propagador da interação nuclear forte e as partículas W e Z, propagadoras da interação nuclear fraca, que são bósons, quantizações do campo dessas interações.

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