sábado, 2 de maio de 2020

SOBRE O IGUALITARISMO

Há quem considere que o igualitarismo pretenda que todos sejam iguais. Não é isso. As pessoas são diferentes em raça, sexo, estatura, peso, força, agilidade, inteligência, beleza, saúde, paternidade, nacionalidade, idioma e outros aspectos, muitos genéticos e outros ambientais. Não há como contornar isso e nem se pretende. O que tem que ser igual, no igualitarismo, são os direitos, os deveres, as oportunidades e as responsabilidades que a sociedade há de imputar às pessoas. Esses têm que ser independentes de todos os aspectos acima mencionados. Para tal é necessário, primeiramente, que as pessoas sejam livres, isto é, que possam fazer suas escolhas em tudo, desde que elas não sejam maléficas para os outros e para a natureza. Mas elas precisam dispor de opções para escolher. Ou seja, oportunidades que a sociedade lhes ofereça. Então, se tiverem capacidade, as abraçarem e se esforçarem, obterão o que desejam, não lhes sendo obstado por razão outra que não a incapacidade. Uma vez que todos poderão ser o que quiserem e terão possibilidade disso, lhes é imputada, correspondentemente a responsabilidade em fazer uso das oportunidades para o bem geral, o que inclui o próprio bem, mas, nunca, às custas do prejuízo a outrem. O que também tem que ser igual para todos são os direitos e os deveres. As únicas restrições a que alguém possa fazer algo legítimo, ou seja, não danoso, não criminoso, são de idade para alguns aspectos (como dirigir veículos) ou de incapacidade física ou mental. Certamente aos direitos correspondem os deveres. Todos têm obrigação de colaborar para o bem geral. Essa concepção igualitária é que, fundamentalmente, significa a opção política de "esquerda". Outros aspectos, como a estatização da economia, não são o que caracteriza o esquerdismo. Por outro lado a "direita" é a concepção de que as desigualdades sejam justas e, até, desejáveis e necessárias. Certamente que a esquerda é eticamente muito superior à direita. Desigualdades existem, mas o que se precisa é minimizá-las ao máximo. Daí a sociedade organizada, enquanto o mundo não for anarquista, ter que estabelecer leis que garantam essas igualdades de direitos, deveres, oportunidades e responsabilidades.

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