sexta-feira, 9 de julho de 2010

[...] recentes o autismo leve também pode auxiliar em um desenvolvimento matemático aprimorado. Apenas por que você aparentemente não possui sintomas, infere que a comunidade intelectual de elite não possua a doença. Qual é a sua defesa?

Não é certo para a comunidade científica que Einstein e Newton sofressem síndrome de Asperger, que é uma modalidade de autismo. Isto é controverso. Auguns autores afirmam que sim (Helen Muir, Ioan James, Michael Fitzgerald) outros que não (Oliver Sacks). Veja este cotejo: http://en.wikipedia.org/wiki/Historical_figures_sometimes_considered_autistic . Ambos tinham interesses variados. O fato de possuir uma inteligência maior que a dos outros leva a pessoa a isolar-se por não achar muitos interlocutores à altura. Isto não é autismo.

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Você pessoalmente considera qual atividade de lazer como a mais nobre forma de escapismo? E quanto aos games de computador, incluindo os de categoria estratégica?

Meu lazer predileto é a leitura e o estudo, especialmente de história, cosmologia, neurociências e evolução. Mas também gosto muito de pintar quadros, cantar, escrever poesia e ensaios, assistir filmes, passear, namorar e, principalmente, conversar, além de acessar a internet. Não gosto de esportes e nem de jogos, incluindo os de computador. Jogo xadrez, mas não sou aficcionado, Detesto jogo de cartas.

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quarta-feira, 7 de julho de 2010

Você acha que o autismo pode ser importante para o desenvolvimento filosófico e científico, quero dizer, Einstein e Newton são diagonosticados como autistas, então não pode existir uma relação fundamental entre o Asperger e a genialidade?

Einstein e Newton não eram autistas. Nem sequer eram tímidos. Eram apenas introspectivos, o que é diferente. Os portadores de Síndrome de Asperger têm severas dificuldades de comunicação social sem compromentimento da capacidade cognitiva nem da linguagem. Mas isto não é correlacionado com genialidade, que pode ser encontrada em pessoas altamente comunicativas. O que ocorre é que a genialidade confere à pessoa uma personalidade muito incisiva, fazendo com que ela não siga normas sociais, bem como sinta-se confortável em estar solitária, não por rejeição ao contato mas por bastar-se a si mesma. Não depender de outros para se realizar não significa que não deseje contato humano.

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Você acha fundamental possuir um cérebro desenvolvido igualmente no hemisfério esquerdo e direito e porque.

O que se entende por cérebro desenvolvido? Grande volume? Muitos neurônios? Muitas sinapses? Imagino que o que se está querendo dizer seja um cérebro possuidor de faculdades operacionais mais desenvolvidas. Dentro de uma mesma espécie isto não depende do volume nem do número de neurônios nem do de sinapses, mas sim do número de específicas sinapses, que confiram habilidades especiais, como é o caso da inteligência, da sensibilidade, da habilidade motora ou outras. Associam-se a diferentes hemisférios cerebrais (bem como ao cerebelo, ao hipocampo, à amígdala e a outros componentes encefálicos) faculdades distintas. O pensamento lógico é atribuído ao hemisfério esquerdo, enquanto o pensamento simbólico e a criatividade ao direito, mas isto não é de forma exclusiva. De qualquer modo, um desenvolvimento mental superior é caracterizado por um "Fator Global" de inteligência, significando uma superioridade em todas as modalidades de inteligência: lógico-matemática, linguística, musical, espacial, cinestésica, intrapessoal, interpessoal, naturalista, existencial e emocional. Tais aspectos requerem o uso de ambos os hemisférios em maior ou menor grau, de forma que é importante que eles sejam desenvolvidos com o mesmo empenho. Entretanto é importante saber que a formação integral de uma pessoa envolve não só a inteligência mas também o caráter, que tem a ver com a educação da sensibilidade e da vontade, pela aquisição e introjeção de valores éticos e disposições elevadas de conduta e ação. Assim sendo a pessoa se torna alguém mais capaz de obter sucesso na condução de sua vida, tanto em proveito próprio, em termos de felicidade, quanto em proveito geral da coletividade em que se insere, incluindo, além de outras pessoas humanas, o próprio ambiente natural.

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"A poesia é obra da insanidade". Qual é a lógica que você vê na poesia?

Claro que não! Poesia não tem lógica, mas nem por isto é insana. Apesar de aparentemente serem sinônimos, poesia e poema possuem nuances de significância distintas. Enquanto poema é a forma literária em que o texto é composto em versos, implicando um ritmo, poesia é a qualidade do texto que provoca uma impressão estética com maior apelo à emoção, geralmente ligada à sua beleza e sensibilidade. Assim pode-se ter poesia em um texto em prosa e um poema pode não ter poesia nenhuma.

O ofício do poeta é levar ao leitor a magia da palavra em provocar emoção, tanto sensorial, quanto intelectual. Não pretende ele convencer de nenhuma tese nem fazer proselitismo ou moralizar. O único compromisso da poesia é com ela mesma, com sua beleza íntrínseca, que emana não só do tema mas, principalmente, da forma com que é colocado, da melodia do som das palavras, do ritmo de sua silabação, da estrutura gráfica, das conotações semânticas, do duplo sentido, das alegorias e tudo o mais que se faça uso. Nisso o poeta se vale de sua sensibilidade e seu talento mas, principalmente de seu esforço e trabalho, calcado em seu cabedal de conhecimeto da língua, de seu rico vocabulário, de sua memória (de tudo o que já leu de poesia) e de seu agudo senso de análise psicológica do ser humano, de sua fina percepção das nuances capazes de fazer o leitor rir, sorrir, chorar, enfurecer, enfim, de provocar o estado de comoção e prazer estético na leitura do poema.
Para conseguir tal proeza não basta que tenha (mas é preciso também) traquejo linguístico e fluência em escrever. Há que se ter uma centelha mágica de gênio, uma sensibilidade entranhada no ser, uma inspiração profunda e, principalmente, um ardor nunca arrefecido de proclamar ao mundo tudo o que de dentro de sí transborda, num furor insano de labor poético.

Se o homem vivesse apenas para produzir o que seja útil não haveria civilização. É claro que o engenho humano se volta, com proveito, para desenvolver inúmeras utilidades e nisto consiste o progresso. Mas, em verdade, o homem persegue o progresso para conseguir tempo livre para se dedicar àquilo que lhe dá simplesmente prazer. Assim, a arte, a ciência e a filosofia desenvolveram-se porque o homem aprecia o belo, tem uma curiosidade incansável e deseja doar de si mesmo sem recompensa. Que utilidade tem uma poesia? Ou uma sinfonia, ou uma escultura? Ou saber a orígem do Universo, ou a prova do Teorema de Fermat? Para que saborear um vinho Bourgogne se só a água é necessária para matar a sede? Sim, são os supérfluos, as inutilidades que fazem a vida ter sabor e é para isso que se batalha. A visão que se tem do Paraíso é a de um lugar em que se vive em êxtase contemplativo, fruindo-se a máxima felicidade sem esforço para sobreviver. É o sonho do homem. Assim quando se luta por um ideal, e por ele dá-se até a vida, este ideal, como o próprio nome diz, não é nada de útil ou prático. É um valor transcedental, como a liberdade, a justiça, a felicidade. A vida só vale a pena ser vivida se, ao encerrá-la, tivermos a certeza de que, por causa dela, o mundo ficou melhor, mais fraterno, mais justo, mais harmonioso, mais igual para todos. O que vale na vida é a doação de si, fazer o bem pelo bem e não por nehuma recompensa, nem mesmo a salvação eterna. A super-valorização do que é útil e do que é prático, em relação ao que é certo e verdadeiro, é uma inversão sem cabimento.

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terça-feira, 6 de julho de 2010

PRIMEIRA CLASSE de 7 de julho de 2010



Robert Schumann (1810-1856):

Sinfonia nº 4, em ré menor, op.120

Concerto para Piano e Orquestra em lá menor, op. 54

Sinfonia nº 2, em dó maior, op. 61

Ouça o programa PRIMEIRA CLASSE das 20 às 22 horas das quartas feiras em:

http://www.rtv.ufv.br

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