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sexta-feira, 24 de agosto de 2012
quando um material pornográfico deixa de ser considerado normal pra ser considerado antiético?
Quando retrata ocorrências que se deem sem o consentimento das pessoas envolvidas ou que causem desprazer ou dor não solicitados a alguém. Além disso, não é ético exibir material pornográfico a crianças e adolescentes sem maturidade mental e emocional para absorvê-los sem danos, ou exibi-los sem o conhecimento e o consentimento dos que o estiverem vendo, ouvindo ou sentindo.
Existe uma explicação lógica em relação a interferência que o observador causa no experimento da dupla fenda?
Não existe explicação e, no meu entendimento, não existe essa interferência. Veja estes artigos:
http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=medicao-fraca-interpretacoes-mecanica-quantica
Observing the Average Trajectories of Single Photons in a Two-Slit Interferometer
Sacha Kocsis, Boris Braverman, Sylvain Ravets3, Martin J. Stevens, Richard P. Mirin, L. Krister Shalm, Aephraim M. Steinberg
Science
3 June 2011
Vol.: 332 no. 6034 pp. 1170-1173
http://www.sciencemag.org/content/332/6034/1170.abstract
http://www.sciencemag.org/content/332/6034/1170.full
http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=medicao-fraca-interpretacoes-mecanica-quantica
Observing the Average Trajectories of Single Photons in a Two-Slit Interferometer
Sacha Kocsis, Boris Braverman, Sylvain Ravets3, Martin J. Stevens, Richard P. Mirin, L. Krister Shalm, Aephraim M. Steinberg
Science
3 June 2011
Vol.: 332 no. 6034 pp. 1170-1173
http://www.sciencemag.org/content/332/6034/1170.abstract
http://www.sciencemag.org/content/332/6034/1170.full
Ciúme pode ser uma coisa boa num relacionamento? Como?
Jamais. Em hipótese nenhuma. Ciúme é uma prova de egoísmo e desamor. Quem ama quer a pessoa amada completamente livre, até mesmo para amar outra pessoa. Não se pode exigir reciprocidade no amor, apenas desejar e se empenhar em conquistar. Amor obrigado não é amor. Quem ama quer a felicidade do ser amado acima da própria e, portanto, fica contente quando ele está feliz, mesmo que seja com outro. Ciúme nunca é prova de amor e sim de egoísmo.
Como sua imaginação descreveria o eterno? De que maneira física você se vê nele? Está só ou acompanhado?
Não existe vida eterna, tampouco eternidade física e nem mundo sobrenatural. A morte biológica é total e definitiva, cessando completamente a consciência. O tempo física, num futuro de centenas de trilhões de anos, parará de passar por não haver mais nenhuma alteração no estado de nada, uma vez que tudo terá atingido o nível mais baixo de energia e a entropia total do Universo terá atingico o seu máximo. Assim não me vejo na eternidade. Quando eu morrer, deixarei de existir definitivamente. Como ter um sono profundo, inconsciente, sem sonhos, do qual não mais se acorda.
É a favor ou contra da eutanásia? Por quê?
A favor, mas consentida pelo paciente, exceto quando ele não tiver mais consciência. Não havendo mais possibilidade de manutenção de uma vida minimamente satisfatória, quando o sofrimento se tornar insuportável e atroz, sem chance de reversão, acho que a interrupção da vida é um ato de caridade.
O que você nos diz a respeito das drogas e da sua relação com a liberdade do ser humano?
Que as drogas sejam prejudiciais à saúde e à harmonia social é ponto pacífico. Resta saber se cada um tem o direito de fazer o que quiser de si mesmo, suicidando-se lentamente ou não. A liberdade que todos merecem ter diz que sim, que todos podem se matar como quiserem. Acontece que as drogas não prejudicam apenas seu usuário, mas sua família, amigos e o resto da sociedade também. Um drogado rouba de quem está contactado o presente de si mesmo, podendo, mesmo, prejudicar essas pessoas. Nesse sentido é que é lícito envidar esforços para que ninguém faça uso de drogas, combatendo sua produção e seu tráfico. Tanto quanto se tem que evitar que alguém seja morto ou seja roubado.
Diferencie orgulho (soberba) de amor próprio.
A diferença é que o amor próprio não exclui o amor pelos outros e nem considera que a pessoa seja melhor do que todo mundo, enquanto a soberba coloca os outros em inferioridade e a si como o único merecedor de todas as honras por suas altas qualidades.
Olá professor, o senhor já leu o livro The End of Faith do Sam Harris? Se já, o que acha do livro e do autor? Obrigado.
Sim. Aprecio muito o Harris. Considero-o mais ponderado e melhor argumentador que o Dawkins e o Hitchens. O Dennett também é bom. O Epílogo e o Posfácio desse livro de Harris sumula bem tudo o que ele quis dizer: que as religiões são um anacronismo nefasto de que a humanidade precisa se livrar para encetar seu caminho para um mundo melhor, mais digno, mais harmônico, mais fraterno, mais justo, mais pacífico, mais aprazível e mais feliz para todos. É claro que sua abolição não resolverá todos os problemas, mas boa parte sim.
Qual é a sua posição a respeito do vestibular?
Uma excrecência que devia acabar definitivamente. Para mim se deveria usar apenas o ENEM em todas as universidades, bem como o SESU. Mas o ENEM precisa de uma boa reforma. Primeiro, voltar ao esquema inicial de questões sem distinção de matéria. Todas misturadas e multidisciplinares, com um escore único, sem distinção de assunto. Acho que a entrada no Ensino Superior, em qualquer curso, de qualquer área, tem que ser medida pelo domínio dos conhecimentos, habilidades e competências de todos os assuntos do Nível Médio e Fundamental e, principalmente, da capacidade de percepção e de raciocínio. Outra coisa é que as questões têm sido muito fáceis, não sendo capazes de fazer uma diferenciação eficaz entre os mais e os menos capazes. Há textos cuja leitura não é necessária para a resolução da questão. Isso é um absurdo. Há toda uma formulação teórica muito boa para o ENEM, como a questão da resposta ao item, mas, na prática, os formuladores não estão sabendo usar essa teoria e não estão formulando questões interessantes e bem feitas. O "Novo ENEM" ficou pior do que o velho.
Usa alguma distribuição do Linux? Se sim, qual?
Às vezes faço uso do Ubuntu, para resolver alguns problemas que o Windows não consegue. Mas uso mais é o Windows 7, porque trabalho mais com o Excel e com o Corel Draw. Também uso o Encore e o Sound Blaster, sem contar o Word. O equivalente do OpenOffice não tem todos os recursos do Word que eu uso, como índice automático, onomástico e remissivo, bem como substituição de caracteres de controle.
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
O que acha de cursinhos para aprender inglês? não seria um desfavorecimento da nossa própria língua? você sabe falar em inglês?
Sim, sei inglês, razoavelmente. Não acho que saber outros idiomas desfavoreça o conhecimento do nosso. Pelo contrário, até ajuda. E Inglês é, hoje, um idioma fundamental para a comunicação internacional. Quem não o sabe não tira grande proveito da internet, por exemplo. Sugiro que, além de um bom domínio da Língua Portuguesa, se conheça não só um, mas dois ou três idiomas estrangeiros. E, ao longo da vida, ir sempre aprendendo outros, pois é um excelente meio de manter a inteligência em forma, como um treinamento atlético do cérebro.
O que acha dos aluns se preocuparem mais com a nota do que com o conhecimento?
Que estão completamente equivocados. Nota é só um instrumento de aferição do domínio dos conhecimentos e das habilidades. É melhor tirar nota ruim sabendo do que tirar nota boa sem saber. O importante não é a nota. Preocupar-se com nota mostra que se é uma pessoa que dá mais valor à aparência do que ao conteúdo. Isso é lamentável, porque, para a vida, não interessa a nota que se tira, mas o que se sabe. Claro que o bom é saber muito e tirar boa nota. Contudo, saber não é só ter conhecimento, mas também ter a habilidade de usá-lo na solução dos mais variados problemas de todos os assuntos. E é importante, também, que se desenvolva a inteligência e a sensibilidade, o que pode ser feito pelo enfrentamento de desafios. Sem contar que educar-se também é formar a personalidade e o caráter.
Como se preparar para o vestibular de medicina? Meu professor falou que tenho que estudar 4 horas por dia
Se você faz cursinho, isso basta, mas nos fins de semana tem que ser mais. Se você estuda sozinho é bom estudar, pelo menos, 6 horas por dia por um semestre. É importante que você domine bem os conceitos e a teoria, porque assim você resolve qualquer aplicação que aparecer. Se você só treinar responder questões e resolver problemas, você só saberá fazer os que forem do tipo, mas não terá criatividade para resolver outros tipos que surgirem.
No seu período cursando física na faculdade, você reprovou quantas vezes?
Nenhuma. Nunca fui reprovado em nenhuma matéria na vida toda.
O conhecimento é determinado pela realidade ou pela consciência que reflecte sobre ela ?
Pela consciência. A realidade em si não é passível de apreensão, apenas o que se é capaz de perceber sobre ela.
Evitar entrega maior por medo de sofrer é por racionalidade, preucação, fragilidade ou covardia?
Covardia, sem dúvida nenhuma. Não há razão que mostre que deixar de amar para não sofrer seja sensato, pois, assim, está se abdicando da vida e optando apenas pela sobrevivência. Ninguém é frágil bastante que não possa amar e ser precavido é só estar advertido do que possa ocorrer, mas não deixar de correr o risco. Sem riscos a vida é totalmente insipida, incolor, morna, sem música, sem perfume, sem graça nenhuma.
Qual é a sua mais poderosa fonte de inspiração?
A maravilha que é o Universo, a natureza, a vida, o ser humano, a sociedade. Mesmo com todos as falhas que tudo isso possui, e possui muitas, no geral é maravilhoso que exista, se estruture e funcione como o faz. Conhecer, entender e compreender tudo isso é uma fonte muito grande de inspiração. E usar disso todo para melhor o mundo é um grande objetivo a que vale dedicar a vida, para lhe dar significado. Arte, ciência, filosofia, educação, cultura, são os motes que me levam a fazer o que faço. Sem contar, e claro, o que é o mais importante: amar e ser amado. Há outras coisas importantes também, sem dúvida, como os empreendimentos econômicos. Mas não são nada que me motive.
Num debate, como você reage quando fica sem argumentos?
Digo que tenho a convicção do que acho mas que, no momento, não disponho de argumentos para defendê-lo. É preferível perder um debate do que enganar o opositor e a platéia pelo uso de recursos erísticos. Mas é preciso conhecê-los para identificá-los no oponente e desmascará-lo.
Se tudo é relativo, o próprio facto de tudo ser relativo também é relativo a algo, sendo o tudo algo particular? Justifique.
Não é verdade que tudo seja relativo. Há o que não seja. É preciso saber o que é e o que não é. Por exemplo, a Moral é relativa, mas a Ética não. Em Física, a Teoria da Relatividade busca, exatamente, achar o que não seja relativo. Todavia, quase tudo é relativo mesmo. Há muito pouco que seja absoluto e não dependa do contexto. Em Lógica, há as tautologias, que são proposições verdadeiras em qualquer circunstância. Por isso é que todo mundo tem que saber filosofia, matemática, lógica e as ciências físicas, biológicas e sociais, no nível do Ensino Médio, qualquer que seja a sua atividade profissional. Para mim todo adulto teria que ter o Ensino Médio, atue no que atuar: lavradores, serviçais, trabalhadores braçais... Todo mundo. E o Ensino Básico, além de propiciar conhecimentos, tinha que desenvolver múltiplas habilidades, aprimorar a inteligência e a sensibilidade e formar a personalidade e o caráter, como itens curriculares obrigatórios e programados, objeto de avaliação não só do conhecimento mas da atuação. Escola é um ensaio para a vida e não um treinamento para o Vestibular.
Na sua opinião, qual é o lado adoecido da "moral"?
Moral, como um sistema de prescrições do que seja permitido ou proibido, deveria seguir a ética, que mostra o que é certo e o que é errado. Todavia, acaba seguindo o desejo das pessoas que detêm o poder, para que todos ajam de modo a lhes facilitar os desígnios e para que todos se sintam atemorizados quando descumprirem suas normas. A Moral é relativa ao contexto, ao local, à época e ao estrato social. Mas sempre é determinada pelos detentores do poder, político ou religioso, que, quase sempre, se mancomunam. O ideal é que a Moral fosse sempre ética. Todavia há moralidades que não são éticas e imoralidades que não são anti-éticas. Cumpre afrontá-las escandalosamente, demonstrando seu absurdo, para que a situação se reverta.
Na percepção de vida você é matemático, lógico, artístico ou filósofo? Não falo a respeito de profissão mas sim no sentido da vida.
Filósofo, sem dúvida, mas com um tempero de artista. Apesar de ser formado em Matemática e Física e ter sido professor de Lógica no Curso de Informática.
Dê uma dica para o governo, para ajudá-los a diminuir a violência:
No curto prazo: aumentar o policiamento e endurecer as penas.
No médio prazo: aumentar a oferta de emprego e melhorar o salário.
No longo prazo: investir maciçamente na educação para que todos tenham, pelo menos, o nível médio e de boa qualidade.
No médio prazo: aumentar a oferta de emprego e melhorar o salário.
No longo prazo: investir maciçamente na educação para que todos tenham, pelo menos, o nível médio e de boa qualidade.
Se tivesse o poder de escolher entre não amar nunca mais (e não sofrer mais por amor) ou continuar amando (e correndo o risco de sofrer), o que você escolheria?
Amar, mesmo que sofra, sem dúvida nenhuma. Viver sem amor é só sobreviver. A maior parte do significado que se pode atribuir à vida é colocado no amor, pois ela não tem significado extrínseco em si mesma, mas só nela própria, isto é, a vida existe apenas para ser vivida. Todas as modalidades de amor, sem restrições e sem limitações. Não existe nada que possa dizer que tal ou qual amor não se possa ter. Todo amor é bom e desejável, mesmo que possa provocar sofrimento. Mas o sofrimento não está no amor que se tem e sim na possível falta de retribuição ou falta de exclusividade, já que muitas pessoas não admitem que quem as ame também ame a outrem.
quais critérios você usa pra classificar uma música como boa ou ruim?
Uma música é boa (só a música, não a sua letra, se houver) se ela provoca no ouvinte sensações prazerosas, tanto faz que seja calma ou agitada. Para mim essas sensações têm a ver com uma melodia que expresse sequências sonoras coerentes, sejam melodiosas, sejam abruptas. Que o ritmo tenha uma cadência pulsante periódica ou que a mudança da periodicidade rítmica não seja caótica, Que a harmonização, mesmo que apresente dissonâncias, elas o sejam numa dose comedida e que a distribuição de timbres tenha um efeito combinado não destoante. De preferência, para mim, que a melodia, a harmonia, o ritmo e os timbres tenham variações não caóticas, o que redundaria em mero ruído. Se houver letra, que ela seja poética, numa leitura fora da música. Isto é, que sua estética não fira a sensibilidade e nem seja por demais vulgar.
Professor, o que é a Teoria da Relatividade?
É a teoria física de que os valores das grandezas que medem os atributos dos sistemas e das interações entre eles dependem da situação de quem faz essas medidas em relação ao que se está medindo, isto é, se se está parado ou se movendo e como está se movendo enquanto procede à medição. O que a relatividade estabelece é a correlação entre os resultados das medidas nas diferentes circunstâncias de modo que se possa preservar as relações entre as medidas, expressas pelas equações. Busca também que forma devem ter as equações para serem invariantes, isto é, serem sempre as mesmas, qualquer que seja a situação em que as medidas sejam tomadas. No caso da relatividade restrita, essa correlação é feita apenas para as situações em que a medida seja efetuada com o observador em velocidade constante com respeito ao que vai medir e a relatividade geral considera que possa haver velocidade variável. Mas, uma vez que se verificou que um referencial acelerado é localmente indistinguível de um campo gravitacional, em razão da equivalência entre as massas inercial e gravitacional, e como as acelerações dependem das massas inerciais, a relatividade geral se tornou, também, uma teoria da gravitação, que, no caso, passou a ser considerada, não uma interação, mas um efeito da geometria do espaço-tempo.
Você é anarquista individualista ou coletivista?
Sou um anarquista coletivista, porque é a modalidade em que tanto os esforços quanto os benefícios são compartilhados por todos. Assim o bem coletivo redunda no bem de cada um. No anarquismo individualista também não há governo, mas cada um pensa no seu próprio benefício e trabalha por isso. Mas isso pode ser prejudicial a outros, que não tenham a mesma capacidade, em termos de diligência e inteligência. A princípio, pode parecer injusto que os menos capazes sejam beneficiados pelo trabalho dos mais capazes, mas não é, pois assim o grupo é beneficiado e, com isso, todos o são. Se uns o forem e outros não, pode haver motivo para disputas que inviabilizem o anarquismo. Como se está numa sociedade sem governo, como obrigar a uns trabalharem pelos outros? Como evitar que preguiçosos seja indevidamente beneficiados, mesmo sendo capazes? Não se obriga ninguém a nada. A questão é toda de uma mudança de mentalidade. O anarquismo é, principalmente, fruto de uma visão de mundo colaborativa, cooperativa, solidária e altruísta e não competitiva, gananciosa e egoísta de todos. Um anarquismo individualista apenas favoreceria a desigualdade social. O anarquismo coletivista só se alcança por meio de um processo educativo intenso e prolongado que mude a mentalidade de todo mundo. O anarquismo não pode ser imposto. Tem que surgir espontaneamente. Se o processo educativo começar agora, se chegará lá só em algumas centenas de anos.
Oque o senhor conhece acerca do absoluto?
Não existe "O Absoluto" como algo substantivo. Absoluto é a propriedade de algo ser completo em si mesmo, independente de tudo o mais, auto-suficiente. Por exemplo, Deus, se existisse, seria absoluto. Absolutamente é o modo de algo ser que o faça absoluto. Verdade absoluta, por exemplo, seria uma afirmação completamente incontestável, da qual não fosse possível admitir a menor dúvida. Tal característica, para mim, não se consegue encontrar em nada, exceto, no Universo como um todo, pois ele não depende de nada fora dele, uma vez que tudo o que existe pertence a ele. Não depende nem de um criador, pois não foi criado. Ou sempre existiu ou surgiu sem razão, causa, origem nem propósito. Ser absoluto, todavia, não implica em ser imutável, como se pensa. As alterações internas em algo que fosse absoluto podem se dar sem influência externa nenhuma. Um sistema absoluto teria que ser totalmente fechado e isolado. Se interagir com algo fora dele já não é absoluto. Assim Deus, na concepção teísta, sendo absoluto, não poderia ter criado o Universo, pois isso provocaria uma reação da criatura sobre o criador, provocando uma alteração de origem externa. A não ser na concepção panteísta.
Acreditas em justiça Divina? Se sim, o que achas que acontece com quem é mau?
Claro que não, pois Deus não existe. Quem é mau e se der bem, fica por isso mesmo. Por isso é que a sociedade tem que se articular para impedir o sucesso do mal, já que é prejudicial á harmonia, à paz, á concórdia, à felicidade, à fraternidade, ao bem estar, à prosperidade de todos.
Você gosta de ficar só, pensando, ou seus pensamentos são "ruins"?
Adoro pensar. Para mim é a segunda coisa mais gratificante a se fazer na vida, depois de amar e antes de estudar, comer e beber, que também gosto muito. Penso muito, o tempo todo e, realmente, dedico vários momentos do dia a ficar só pensando, sem fazer mais nada. É uma delícia. Penso em tudo: na origem, estrutura e evolução do Universo, no significado, no surgimento e na evolução da vida, na sociedade, em sua estrutura, nos modelos políticos, no funcionamento da mente, nos relacionamentos humanos, na minha própria vida, no que fazer, no que escrever, em música, em poesia, em que quadro pintar, em argumentos para defender meus pontos de vista, no que fazer para melhorar o mundo... Enfim, em milhares de assuntos. O que, em geral, não penso é em como ganhar dinheiro e nas coisas práticas da vida.
"Tudo vive em constante mudança. Não há nada permanente." Isso tá certo?
Na atualidade sim. O estado do Universo e de seus subconjuntos, face as diferenças de níveis de densidade de energia, está sempre se alterando. Isso se estende desde a evolução das galáxias até os eventos sociais e a vida cotidiana de cada um. Todavia não será sempre assim. Dentro de umas centenas de trilhões de anos, tudo estará no nível mais baixo de densidade de energia e a entropia total terá atingido o seu máximo, de modo que nada mais mudará e o tempo parará de passar. Claro que muitíssimo antes a humanidade, toda a vida na Terra e, até, a própria Terra, não existirão mais.
Todas as pessoas já tiveram um momento de reflexão sobre o dia da sua morte,embora ela seja um fato, preferiríamos que não existisse, diante dessa situação de impotência, os homens recorrem a religião,na ideia de vida mesmo após a morte, o que acha disso?
Fato, mas escapista e covarde. Muito mais digno, nobre e corajoso encarar a finitude total da morte de frente e não pautar a vida pelo que poderá sofrer de castigo ou ganhar de prêmio numa pretensa vida eterna, mas sim pela ética humanista que coloca o bem como ideal e o mal como execrável, simplesmente porque é o que faz com que o mundo possa ser aprazível, harmônico, pacífico e fraterno para todos.
Culpar a bebida por ter feito alguma merda é válido? E culpar estar sob efeito de drogas?
A responsabilidade de tudo o que se fizer estando bêbado ou drogado é totalmente da pessoa que se embebedou ou se drogou. Ela tem sempre a opção de não fazer isso e se o faz, faz com a consciência de que, estando nesse estado, pode fazer coisas que, normalmente, não faria, pois a auto-censura fica suspensa. Logo, não é desculpa nenhuma o estado transtornado pelo álcool ou drogas para qualquer má ação, exceto se a pessoa tenha sido embebedada ou drogada por outro à revelia de sua vontade.
Se acham que o ateismo é tão bom assim, pq nunca vimos ninguem falar "o ateismo me tirou das drogas"?
Porque o ateísmo ainda não é abraçado por um contingente volumoso de pessoas que se dediquem ao humanismo secular, que é, justamente, a atividade filantrópica, solidária, cooperativa e assistencial feita sem apelo a nenhum respaldo religioso, mas apenas como algo humanitário, como deve ser. Fazer o bem pensando na salvação da alma não tem valor, porque é algo interesseiro. O ateu que seja humanista secular faz o bem sem almejar nenhuma recompensa. Pode haver humanistas seculares que creiam em Deus também, mas eles fazem o bem pelo próprio bem, mesmo que, com isso, fossem para o inferno. Por isso é que concito aos ateus que se declarem como tal socialmente e se engajem em atividades assistenciais desvinculadas de qualquer instituição, por iniciativa privada de algum grupo sem denominação, adrede constituído. Isso é muito mais válido do que apelar para a interveniência de alguma entidade fictícia como causadora da mudança de comportamento do drogado que se recupera, quando o mérito é apenas dele mesmo e das pessoas que o auxiliarem. Inventar influências sobrenaturais ou prêmios e castigos numa pretensa vida eterna é uma mentira e uma crueldade.
Você acha que ainda vivemos em uma sociedade muito machista? Me dê exemplos.
Sem dúvida nenhuma. Veja a proporção de motos em que andam um homem e uma mulher em que a mulher é que pilota. O mesmo em relação a casais que estão num carro. Em quantas casas é a mulher que trabalha fora e o homem é o "dono de casa", que faz os serviços domésticos? Porque você nunca diz que vai "chamar uma mulher" para fazer um serviço de pedreiro, eletricista, encanador, carpinteiro? Ou porque você nunca diz que vai "chamar um homem" para fazer um serviço de babá, faxineira, empregada doméstica, passadeira, lavadeira? Para mim a igualdade só existirá quanto toda e qualquer atividade for exercida metade por homens, metade por mulheres. Porque ainda há mulheres que adotam o sobrenome do marido quando casam e nenhum homem adota o sobrenome da mulher quando casa? Porque há uma licença maternidade de quatro meses e não há uma licença paternidade igual? Porque ainda há atividades restritas a homens, como sacerdotes católicos? Porque as mulheres também não fazem serviço militar obrigatório? Porque as mulheres não podem cursar as academias militares para as armas de combate? Porque as escolas preparatórias das três armas não aceitam mulheres? Porque se tem mais homens do que mulheres na maioria das profissões braçais? Porque há mais homens do que mulheres exercendo cargos políticos? Porque há mais empresários do que empresárias? Falta muito mesmo para se dizer que existe uma verdadeira igualdade entre os sexos na sociedade. Para mim, isso é um absurdo. Exceto gestar, parir e aleitar, exclusividade feminina, ambos os sexos são capazes de fazer exatamente as mesmas coisas. E, para mim, devem fazê-lo. Porque não é vergonhoso que uma mulher não trabalhe para ganhar dinheiro e viva sustentada pelos pais ou pelo marido depois de adulta mas o é para um homem? Para mim, todo direito do homem tem que ser da mulher; todo dever da mulher tem que ser do homem; todo direito da mulher tem que ser do homem e todo dever do homem tem que ser da mulher. Sem a mínima exceção A diferença entre os sexos se restringe apenas ao aspecto estritamente ginecológico.
O que mais cai em Física e matemática na Fuvest? =)
Não sei, porque não me preocupo com isso. Considero que o ensino médio tem que preparar o estudante para a vida e não para o vestibular. Tem que fazê-lo adquirir conhecimentos, desenvolver habilidades, aprimorar a inteligência e a sensibilidade, enriquecer a cultura e formar a personalidade e o caráter para a vida. O vestibular é só um episódio. Quem lograr alcançar esses objetivos nem precisa se preocupar com o que cai no vestibular e no ENEM porque, certamente, o que cair ele acertará. Esquece o que cai mais e se empenhe em saber tudo. Isso tem que ser algo introjetado no comportamento estudantil desde a mais tenra idade. Os pais e professores têm que fomentar o amor pelo saber. Só gostando de estudar é que se aprende. A escola não ensina, ela estimula a que se aprenda. Se, até hoje, você não foi um estudante fissurado em conhecimento e em saber usá-lo, é difícil resolver isso em pouco tempo. Mas... os cursinhos existem para isso. Só que eu não acho que seja válido alguém entrar no ensino superior sem base, apenas porque ficou treinado em acertar o tipo de questão que cai. Isso é desonesto para com o povo que custeia os gastos do ensino público e, mesmo no privado, o povo é que vai se valar dos serviços profissionais de quem faz curso superior. Dar um diploma a quem não o merece, porque não sabe o que precisa, é uma indecência. Então, não sou a favor de cursinhos pré-vestibulares. Quem não sabe que aprenda de fato, cursando de novo.
Para você, o que é ser intelectual?
Considero que intelectual não seja apenas uma pessoa que domine vastos conhecimentos. Um médico, um engenheiro, um empresário podem dominar vastos conhecimentos sem serem intelectuais. O intelectual é aquele que tem conhecimentos mais teóricos e humanísticos e consegue correlacionar o saber de sua área específica com as demais áreas do conhecimento humano. O passo seguinte é ser um erudito, isto é, que domina seu campo de saber em profundidade e abrangência superlativas. Já o filósofo se caracteriza principalmente por ser uma pessoa que reflete e questiona. Normalmente ele deve ter conhecimento de filosofia e história da filosofia, e, portanto, ser um intelectual, mas não necessariamente. Alquem pode ser um filósofo sem que seja intelectual e nem todo intelectual será um filósofo. Uma característica do filósofo é seu amor e sua busca pelo saber e, mais que o saber, pela sabedoria. Erudição e sabedoria são, certamente, conceitos bem distintos. Existem dois conceitos de filósofo. Um amplo e um restrito. Segundo o amplo, filósofo é todo aquele que se debruça sobre a realidade para refletir, questionando e buscando respostas (mesmo que não as ache). Assim, não se requer nenhum tipo formal de estudo para ser-se filósofo, na concepção ampla. Na concepção restrita, um filósofo é um profissional, com diploma universitário, mestrado e doutorado na área, detentor de um amplo e profundo conhecimento de tudo o que trata a filosofia e do que disseram os grandes filósofos, aliado à habilidade de, ele próprio, fazer uso das ferramentas de raciocínio para construir sua visão da realidade, com a devida competência retórica e pedagógica para expô-la didatica e convincentemente ao público.
Embeber-se de conhecimento é um fator que, para quem tenha suficiente talento, estimula a criatividade e a inovação. Conhecer as múltiplas facetas da realidade abre os horizontes e espanca os preconceitos. Dá uma visão abrangente da multiplicidade das possibilidades a respeito de tudo e impede o fechamento em estruturas amarradas e inflexíveis. Por isso acho importantíssimo o ensino da filosofia no nível médio, para abrir a mente da juventude e criar um espírito de crítica e reflexão sobre o mundo, sem adesão incondicional aos modismos de ocasião e nem aferroamento a tradições irremovíveis. É falsa a noção de que o erudito ou o intelectual não seja uma pessoa de mente arejada e aberta a novidades ou ao inusitado. Mas certamente é uma pessoa ponderada que cotejará o novo com o que já existe e filtrará o que é válido do que seja mera vaidade. Assim estará agindo com sabedoria.
A coisa mais importante para uma correta conduta intelectual é o espírito livre-pensador, inteiramente dissociado de qualquer dogmatismo mas também aberto a todas as possibilidades. O dogmatismo ateísta, bem como o marxismo dogmático são extremamente nocivos, do mesmo modo que o fanatismo religioso de muitos muçulmanos e mesmo de certas facções cristãs. A postura cética correta é a postura da dúvida, jamais levada a um plano dogmático. A dúvida é um dos instrumentos da busca do conhecimento, e, portanto, da verdade. A verdade é um valor superior a qualquer crença.
Tenho observado no meio cultural uma impressão de que a ciência é alguma coisa refratária à cultura. E percebo que grande parte da intelectualidade é refratária à ciência. Assim, parece que saber matemática não é condizente com fazer poesia, que compor música é incompatível com entender de física, que um artista plástico não pode ter interesse por química ou biologia. Que filosofia não se casa com informática. Todas essas posturas me parecem inteiramente descabidas. Para mim tudo é cultura, inclusive a ciência. São construtos intelectuais do homem. Acho inadmissível um engenheiro não saber português, história e geografia; um médico não entender de artes e de música; um físico não conhecer filosofia. Do mesmo modo não entendo um advogado que não saiba matemática, um economista que não conheça química, um poeta que não saiba nada de física. Não no nível superior de um profissional da área. Mas, no nível do ensino médio, todo mundo tem que saber de tudo. Se não fica por fora do contexto global da sociedade e da civilização. Como criticar, com conhecimento de causa, as posturas anti-ecológicas? Como julgar os problemas envolvidos pela engenharia genética? Como ponderar os problemas energéticos? Como avaliar as vantagens de um ou de outro sistema de TV digital? Não há escapatória. O mundo é cada vez mais científico. E os técnicos e cientistas não podem se eximir de entender o contexto político e social em que estão inseridos. Cultura é tudo.
Costuma-se entender por cultura (não na acepção antropológica) um cabedal de erudição linguística, literária, poética, histórica, filosófica, psicológica, sociológica, econômica, política, administrativa, empresarial, jurídica, religiosa, musical, teatral, cinematográfica, artística ou de outras áreas das ditas “humanidades”. A pessoa culta, ou “intelectual” é considerada ser alguém versado, fluente, articulado e capaz de bem argumentar sobre esses temas em qualquer discussão. Todavia não lhe é exigido e nem lhe é imputado como demérito, na qualidade de intelectual, não entender de ciências como matemática, estatística, física, química, cosmologia, astronomia, geologia, meteorologia, geografia, biologia, genética, evolução, medicina, neurociências, agronomia, zootecnia, mecânica, eletrônica, engenharias e tecnologias em geral.
Para mim esta é uma terrível inversão de valores, que leva a sociedade a ter uma visão incompleta e, até mesmo, distorcida, da realidade do mundo em que se encontra inserida. Pelo menos no nível do Ensino Médio, é preciso que advogados, negociantes e todos que lidam com as humanidades tenham sólidos conhecimentos de ciências exatas e biológicas, que médicos, dentistas e quem mexa com ciências biológicas o tenham em exatas e humanidades da mesma forma que engenheiros, físicos e técnicos da área de ciências exatas transitem facilmente nas humanas e biológica (repetindo, no nível do Ensino Médio, que é simplesmente o básico para todo mundo). Sem mencionar que a fluência retórica, dialética e textual precisa ser um domínio comum a todo cidadão.
Não sendo assim, como poderá alguém emitir uma opinião embasada sobre qualquer tema candente que envolva conhecimento fora de sua área específica? Como saber se o desvio do Rio São Francisco é bom ou mal? E o uso de células tronco embrionárias? E a responsabilidade humana pelo aquecimento global? Quem não entenda o básico desses assuntos ficará à mercê das opiniões de especialistas ou oportunistas, que defendem, muitas vezes eristicamente, sua posições numa babel desconcertante de possibilidades.
O fato de não ser da sua área não é desculpa para não entender análise sintática, logarítimos, progressões geométricas, termodinâmica, eletrônica, bioquímica, genética, oriente médio, “El niño”, mais valia, silogismo ou o que for. E quanto ao Inglês, não se pode admitir que alguém que possua nível superior, pelo menos, não seja capaz de ler sem problemas um texto em inglês, senão não vai conseguir fazer nenhuma busca relevante de conteúdo pela internet.
Para isto é que o ingresso nas Universidade pede uma exame geral do todos os conteúdos. Alíás, é o que bastaria, sendo inteiramente dispensável uma avaliação por área de estudo. O ingresso ao Nível Superior precisa apenas avaliar a saída do Nível Básico. Mas não pode se ater à exigência mínima de apenas 30%. Este mínimo teria que chegar, pelo menos, a 60%, sendo ideal uns 80% para capacitar alguém a fazer curso superior.
A Educação Básica, por sua vez, tanto no Nível Fundamental quanto no Médio, nas escolas públicas e privadas, precisa cumprir a sua parte e colocar na praça uma meninada com aproveitamento mínimo de 80% em todos os conteúdos, aferido de forma inteligente e honesta. Como fazer isto? Esquecendo o que cai nos vestibulares e praticando um processo de ensino-aprendizagem voltado para o que verdadeiramente seja necessário para a vida. Fazer o menino e a menina pegarem gosto pelo conhecimento de forma que eles queiram, de fato, aprender conteúdos e habilidades, para formar competências fortemente vinculadas às necessidades da vida, expurgando os conteúdos inúteis e fazendo da atividade discente uma coisa lúdica, excitante, tão prazerosa como um videogame ou tão gostosa quanto namorar.
Já polímata é o que entende de muitos assuntos (artes, ciências, ofícios, negócios etc.) em profundidade e não apenas razoavelmente. Isto todo filósofo tem que entender, pois Filosofia abarca a totalidade dos conhecimentos e fazeres humanos, discutindo-os e sistematizando-os. Um filósofo, além de conhecer Filosofia e sua história, tem que ter bons conhecimentos das ciências naturais (no tempo de Newton conhecidas como “Filosofia Natural”), especialmente Física e Biologia, das ciências sociais (Sociologia, História…), das artes, da Política e de todas as atividades humanas, além de saber escrever muito bem e dominar alguns idiomas, especialmente grego e alemão, e, é claro, saber Matemática. Sem esses conhecimentos o filósofo não consegue ter uma apreensão completa da realidade em todos os seus matizes, a respeito do que é seu mister debruçar-se para refletir e formular questões, para as quais deve propor respostas. Estou falando do filósofo profissional. Mas não precisa ser um matemático, nem físico, biólogo, historiador, músico, poeta, pintor, médico, engenheiro, político ou o que seja a respeito de que venha a filosofar. Mas tem que filosofar e não apenas entender de filosofia, como parece que os cursos de Filosofia no Brasil pretendem passar a seus alunos.
São conceitos distintos que podem ou não coexistir na mesma pessoa. E, é claro, filosofia não é ciência e seus métodos são distintos. O polimatismo, por outro lado, não se restringe apenas a conhecimentos, mas também a habilidades, como as artísticas, inventivas etc.
Uma distinção que achei interessante é entre polímatas ou filósofos ativos e passivos. Um cientista não é digno deste nome se não for ativo, ou seja, se não produzir novos conhecimentos. Em minhas aulas de Física para engenheiros eu sempre dizia que o verdadeiro engenheiro é o inventor, e não aquele que apenas faz o que já está estabelecido.
Em todas as atividades, só se trabalha de forma gratificante quando se procura mudar o mundo para melhor, naquilo que se faz.
Embeber-se de conhecimento é um fator que, para quem tenha suficiente talento, estimula a criatividade e a inovação. Conhecer as múltiplas facetas da realidade abre os horizontes e espanca os preconceitos. Dá uma visão abrangente da multiplicidade das possibilidades a respeito de tudo e impede o fechamento em estruturas amarradas e inflexíveis. Por isso acho importantíssimo o ensino da filosofia no nível médio, para abrir a mente da juventude e criar um espírito de crítica e reflexão sobre o mundo, sem adesão incondicional aos modismos de ocasião e nem aferroamento a tradições irremovíveis. É falsa a noção de que o erudito ou o intelectual não seja uma pessoa de mente arejada e aberta a novidades ou ao inusitado. Mas certamente é uma pessoa ponderada que cotejará o novo com o que já existe e filtrará o que é válido do que seja mera vaidade. Assim estará agindo com sabedoria.
A coisa mais importante para uma correta conduta intelectual é o espírito livre-pensador, inteiramente dissociado de qualquer dogmatismo mas também aberto a todas as possibilidades. O dogmatismo ateísta, bem como o marxismo dogmático são extremamente nocivos, do mesmo modo que o fanatismo religioso de muitos muçulmanos e mesmo de certas facções cristãs. A postura cética correta é a postura da dúvida, jamais levada a um plano dogmático. A dúvida é um dos instrumentos da busca do conhecimento, e, portanto, da verdade. A verdade é um valor superior a qualquer crença.
Tenho observado no meio cultural uma impressão de que a ciência é alguma coisa refratária à cultura. E percebo que grande parte da intelectualidade é refratária à ciência. Assim, parece que saber matemática não é condizente com fazer poesia, que compor música é incompatível com entender de física, que um artista plástico não pode ter interesse por química ou biologia. Que filosofia não se casa com informática. Todas essas posturas me parecem inteiramente descabidas. Para mim tudo é cultura, inclusive a ciência. São construtos intelectuais do homem. Acho inadmissível um engenheiro não saber português, história e geografia; um médico não entender de artes e de música; um físico não conhecer filosofia. Do mesmo modo não entendo um advogado que não saiba matemática, um economista que não conheça química, um poeta que não saiba nada de física. Não no nível superior de um profissional da área. Mas, no nível do ensino médio, todo mundo tem que saber de tudo. Se não fica por fora do contexto global da sociedade e da civilização. Como criticar, com conhecimento de causa, as posturas anti-ecológicas? Como julgar os problemas envolvidos pela engenharia genética? Como ponderar os problemas energéticos? Como avaliar as vantagens de um ou de outro sistema de TV digital? Não há escapatória. O mundo é cada vez mais científico. E os técnicos e cientistas não podem se eximir de entender o contexto político e social em que estão inseridos. Cultura é tudo.
Costuma-se entender por cultura (não na acepção antropológica) um cabedal de erudição linguística, literária, poética, histórica, filosófica, psicológica, sociológica, econômica, política, administrativa, empresarial, jurídica, religiosa, musical, teatral, cinematográfica, artística ou de outras áreas das ditas “humanidades”. A pessoa culta, ou “intelectual” é considerada ser alguém versado, fluente, articulado e capaz de bem argumentar sobre esses temas em qualquer discussão. Todavia não lhe é exigido e nem lhe é imputado como demérito, na qualidade de intelectual, não entender de ciências como matemática, estatística, física, química, cosmologia, astronomia, geologia, meteorologia, geografia, biologia, genética, evolução, medicina, neurociências, agronomia, zootecnia, mecânica, eletrônica, engenharias e tecnologias em geral.
Para mim esta é uma terrível inversão de valores, que leva a sociedade a ter uma visão incompleta e, até mesmo, distorcida, da realidade do mundo em que se encontra inserida. Pelo menos no nível do Ensino Médio, é preciso que advogados, negociantes e todos que lidam com as humanidades tenham sólidos conhecimentos de ciências exatas e biológicas, que médicos, dentistas e quem mexa com ciências biológicas o tenham em exatas e humanidades da mesma forma que engenheiros, físicos e técnicos da área de ciências exatas transitem facilmente nas humanas e biológica (repetindo, no nível do Ensino Médio, que é simplesmente o básico para todo mundo). Sem mencionar que a fluência retórica, dialética e textual precisa ser um domínio comum a todo cidadão.
Não sendo assim, como poderá alguém emitir uma opinião embasada sobre qualquer tema candente que envolva conhecimento fora de sua área específica? Como saber se o desvio do Rio São Francisco é bom ou mal? E o uso de células tronco embrionárias? E a responsabilidade humana pelo aquecimento global? Quem não entenda o básico desses assuntos ficará à mercê das opiniões de especialistas ou oportunistas, que defendem, muitas vezes eristicamente, sua posições numa babel desconcertante de possibilidades.
O fato de não ser da sua área não é desculpa para não entender análise sintática, logarítimos, progressões geométricas, termodinâmica, eletrônica, bioquímica, genética, oriente médio, “El niño”, mais valia, silogismo ou o que for. E quanto ao Inglês, não se pode admitir que alguém que possua nível superior, pelo menos, não seja capaz de ler sem problemas um texto em inglês, senão não vai conseguir fazer nenhuma busca relevante de conteúdo pela internet.
Para isto é que o ingresso nas Universidade pede uma exame geral do todos os conteúdos. Alíás, é o que bastaria, sendo inteiramente dispensável uma avaliação por área de estudo. O ingresso ao Nível Superior precisa apenas avaliar a saída do Nível Básico. Mas não pode se ater à exigência mínima de apenas 30%. Este mínimo teria que chegar, pelo menos, a 60%, sendo ideal uns 80% para capacitar alguém a fazer curso superior.
A Educação Básica, por sua vez, tanto no Nível Fundamental quanto no Médio, nas escolas públicas e privadas, precisa cumprir a sua parte e colocar na praça uma meninada com aproveitamento mínimo de 80% em todos os conteúdos, aferido de forma inteligente e honesta. Como fazer isto? Esquecendo o que cai nos vestibulares e praticando um processo de ensino-aprendizagem voltado para o que verdadeiramente seja necessário para a vida. Fazer o menino e a menina pegarem gosto pelo conhecimento de forma que eles queiram, de fato, aprender conteúdos e habilidades, para formar competências fortemente vinculadas às necessidades da vida, expurgando os conteúdos inúteis e fazendo da atividade discente uma coisa lúdica, excitante, tão prazerosa como um videogame ou tão gostosa quanto namorar.
Já polímata é o que entende de muitos assuntos (artes, ciências, ofícios, negócios etc.) em profundidade e não apenas razoavelmente. Isto todo filósofo tem que entender, pois Filosofia abarca a totalidade dos conhecimentos e fazeres humanos, discutindo-os e sistematizando-os. Um filósofo, além de conhecer Filosofia e sua história, tem que ter bons conhecimentos das ciências naturais (no tempo de Newton conhecidas como “Filosofia Natural”), especialmente Física e Biologia, das ciências sociais (Sociologia, História…), das artes, da Política e de todas as atividades humanas, além de saber escrever muito bem e dominar alguns idiomas, especialmente grego e alemão, e, é claro, saber Matemática. Sem esses conhecimentos o filósofo não consegue ter uma apreensão completa da realidade em todos os seus matizes, a respeito do que é seu mister debruçar-se para refletir e formular questões, para as quais deve propor respostas. Estou falando do filósofo profissional. Mas não precisa ser um matemático, nem físico, biólogo, historiador, músico, poeta, pintor, médico, engenheiro, político ou o que seja a respeito de que venha a filosofar. Mas tem que filosofar e não apenas entender de filosofia, como parece que os cursos de Filosofia no Brasil pretendem passar a seus alunos.
São conceitos distintos que podem ou não coexistir na mesma pessoa. E, é claro, filosofia não é ciência e seus métodos são distintos. O polimatismo, por outro lado, não se restringe apenas a conhecimentos, mas também a habilidades, como as artísticas, inventivas etc.
Uma distinção que achei interessante é entre polímatas ou filósofos ativos e passivos. Um cientista não é digno deste nome se não for ativo, ou seja, se não produzir novos conhecimentos. Em minhas aulas de Física para engenheiros eu sempre dizia que o verdadeiro engenheiro é o inventor, e não aquele que apenas faz o que já está estabelecido.
Em todas as atividades, só se trabalha de forma gratificante quando se procura mudar o mundo para melhor, naquilo que se faz.
Uma pessoa que procura outras apenas para satisfazer seus desejos sexuais, sem nenhum sentimento, é, necessariamente, promiscua?
Claro que não. Promíscua é a pessoa que mantém relacionamentos sexuais com muitas pessoas (não necessariamente com todas no mesmo momento). Uma pessoa que mantenha uma relação estável com outra, apenas para o prazer sexual, sem que estejam se amando, não é promíscua. Mesmo que esse relacionamento seja plurívoco. O que caracteriza a promiscuidade é a efemeridade, ou seja, o sexo é feito sem o estabelecimento de nenhum relacionamento estabelecido, mesmo que não seja amoroso.
Professor, por que a fórmula v = d/t não pode ser aplicada em casos de Movimento Uniformemente Variado?
Porque, enquanto o corpo se move, a velocidade não é sempre a mesma, mudando a todo momento. O valor que se encontra dividindo a distância pelo tempo seria a velocidade em que momento? O que se encontra não é a velocidade em algum momento, mas sim um valor denominado "velocidade média". É claro que, se a velocidade é sempre a mesma, como no movimento uniforme, seu valor médio é exatamente o valor que sempre se tem. Em outros casos não. Em particular, para o movimento uniformemente variado, isto é, com aceleração constante, a velocidade média coincide com a média aritmética das velocidades inicial e final do intervalo de tempo considerado, bem como com o valor da velocidade exatamente na metade do intervalo de tempo. Mas só nesse caso.
Qual é realmente os grandes segredos escondidos a 7 chaves pela maçonaria. Porque tanto misterio por tantas decadas.
Se eu ou algum outro que também não seja maçon soubéssemos, não seria segredo. E nem sei se há mesmo algum segredo.
Professor, no experimento da fenda dupla o que influencia o resultado é o instrumento de medição ou a vontade do observador? Hoje vi um professor de física dizendo que era a vontade do observador, mas eu sempre havia lido que eram os instrumentos de mediç
A vontade do observador não influencia resultado de experimento nenhum. Isso é uma balela. É uma interpretação errônea que alguns físicos fizeram, a partir da própria opinião de Bohr e Schrödinger, especialmente difundida pelas obras de Fritjof Capra e Amit Goswami. O resultado pode ser observado por instrumentos detectores sem nenhuma consciência presente ao experimento. Mas também não é devido ao instrumento de medição. Trata-se de um comportamento intrínseco da natureza, que é a dualidade onda-partícula. Todo sistema se comporta como partícula na interação com outro e como onda em sua propagação pelo espaço. Simplesmente é assim. Tentativas de explicação que pretendem preservar a noção da causalidade como uma necessidade, como a hipóteses das variáveis ocultas, de Bohn, se mostraram errôneas. Não se sabe a razão pela qual a natureza é como é e não de outro modo.
Já leu o livro "Dawkins vs. Gould: Survival of the Fittest", por Kim Sterelny; você é adepto de qual visão de mundo no(s) tópico(s) do livro? E, quem ganha a "batalha", Dawkins ou Gould?
Ainda não li, mas anotei para procurar. Acho que a evolução tanto se dá tanto gradativamente (Dawkins), quanto por saltos (Gould), dependendo do caso. Quanto à visão de Gould de que pode haver conciliação entre a fé e a ciência, discordo. Estou com Dawkins na opinião de que são inconciliáveis.
Qual é a importância do centro de massa?
O movimento translacional de todo sistema (subconjunto do Universo) devido a suas interações com o resto do Universo, se dá como se sua massa estivesse toda concentrada em seu centro de massa e esse se movesse como se uma única força agisse sobre ele, equivalente à soma vetorial de todas as forças que medem a intensidade de todas as interações do sistema com o que está fora dele. Isso é, justamente, o que estatui a chamada "segunda lei de Newton", uma das afirmações empíricas mais amplas do modelo físico descritivo do comportamento da natureza. Tal assertiva é válida no domínio das velocidades pequenas em comparação com a velocidade da luz e das interações gravitacionais pequenas em comparação com a que acontece na superfície de um buraco negro de mesma massa que o sistema considerado, bem como para sistemas com energia cinética grande em comparação com o produto da constante de Planck pela velocidade da luz, dividido pela maior dimensão linear do sistema. Caso contrário saímos da mecânica clássica e caímos na relatividade restrita, na relatividade geral ou na mecânica quântica, que possuem outros modelos teóricos descritivos do comportamento da natureza em seus domínios de validade.
Você é capaz de conviver com a verdade?
Claro que sim, pois não há escapatória. Aliás, todo mundo que está vivo é porque convive com a verdade, porque a verdade é inevitável. O que é, é, de qualquer jeito, mesmo que se diga que não é. E se não se convive com o que é, morre-se. O que se pode é mentir e dizer que o que é seja outra coisa. Mas sempre se sabe que não é essa outra coisa. A pergunta seria: Você é capaz de conviver com a revelação da verdade? Isso é que alguns não conseguem e sucumbem.
Compreender é tolerar?
Não só e nem sempre. Compreender é entender, isto é, saber a razão, do que se trata, como ocorre, para que serve e, além disso, relacionar como o resto do que se sabe a respeito de tudo no mundo. Compreender uma pessoa é saber se colocar no lugar dela, entendendo suas razões e seu propósito, de forma contextualizada com sua atual situação de vida. Isso leva à tolerância se se concluir, de forma honesta, que sua atitude é aceitável segundo os padrões éticos de um bom caráter. Mas pode não levar a essa tolerância se se ver que a pessoa age por uma motivação equivocada, egoísta e injustificada face a tudo o que se percebeu nas circunstâncias daquela atitude.
1-Vc é a favor da legalização da venda de rins e sangue?Seria imoral termos pessoas salvando a vida de outras por dinheiro?2-Vc é a favor da venda de alma?3-Vc é a favor q medicamentos tarja preta possam ser vendidos sem receita medica?4-Proíbe as drogas?
1. Acho que órgãos devam ser doados e não vendidos. Para isso sou um doador. Mas acho que, no caso de necessidade, para que a pessoa não venha a morrer, que se recorra à sua compra. Se o vendedor o fez por uma situação de extrema carência, como para não deixar os filhos morrerem de fome, não posso reprová-lo. Não acho que seja anti-ético, mesmo que possa ser considerado imoral.
2. Quanto à alma, não vejo como vendê-la e nem comprá-la, uma vez que não existe.
3. Não acho que medicamentos de tarja negra possam ser vendidos sem receita e, acho mesmo, que muitos que não a têm deveriam tê-la. Só que seria preciso que a saúde pública fosse exemplarmente disponibilizada para o povo, em postos de bairros e com equipes de atendimento domiciliar, com paramédicos para fazer uma triagem. Aliás, acho que a medicina toda só poderia ser exercida como uma atividade pública, sem a existência de atendimento particular, nem em consultórios, nem em ambulatórios, nem em hospitais. Assim, ricos e pobres só teriam o SUS e pronto. Aí ele se tornaria eficiente e eficaz. Os médicos todos seriam funcionários públicos, em um sistema de saúde do tipo militar. O mesmo acho que teria que acontecer com a educação.
4. A princípio sim. Talvez a maconha não. Mas ainda não estudei profundamente o assunto. Quanto ao tabaco, para mim deveria ser fortemente desencorajado por um preço exorbitante e pela cessação de todo financiamento à plantação de fumo, à pesquisa de sua melhoria agronômica, por uma sobretaxação escandalosa ao produto, de modo que as indústrias de cigarro, charuto e fumo para cachimbo mudassem de ramo, bem como os fazendeiros que plantassem tabaco. Paralelamente o contrabando teria que ser fortemente reprimido, com um rigor extremo. Aliás, todo contrabando. Com punições rigorosíssimas, especialmente de agentes governamentais envolvidos.
2. Quanto à alma, não vejo como vendê-la e nem comprá-la, uma vez que não existe.
3. Não acho que medicamentos de tarja negra possam ser vendidos sem receita e, acho mesmo, que muitos que não a têm deveriam tê-la. Só que seria preciso que a saúde pública fosse exemplarmente disponibilizada para o povo, em postos de bairros e com equipes de atendimento domiciliar, com paramédicos para fazer uma triagem. Aliás, acho que a medicina toda só poderia ser exercida como uma atividade pública, sem a existência de atendimento particular, nem em consultórios, nem em ambulatórios, nem em hospitais. Assim, ricos e pobres só teriam o SUS e pronto. Aí ele se tornaria eficiente e eficaz. Os médicos todos seriam funcionários públicos, em um sistema de saúde do tipo militar. O mesmo acho que teria que acontecer com a educação.
4. A princípio sim. Talvez a maconha não. Mas ainda não estudei profundamente o assunto. Quanto ao tabaco, para mim deveria ser fortemente desencorajado por um preço exorbitante e pela cessação de todo financiamento à plantação de fumo, à pesquisa de sua melhoria agronômica, por uma sobretaxação escandalosa ao produto, de modo que as indústrias de cigarro, charuto e fumo para cachimbo mudassem de ramo, bem como os fazendeiros que plantassem tabaco. Paralelamente o contrabando teria que ser fortemente reprimido, com um rigor extremo. Aliás, todo contrabando. Com punições rigorosíssimas, especialmente de agentes governamentais envolvidos.
há uma certa tendência para meninos muito bonitos tornarem-se gays?
De modo nenhum. De onde você tirou tal ideia? A homossexualidade não tem correlação nenhuma com a beleza física, nem de homens nem de mulheres. É uma propensão nata. Pode ser que algum heterossexual bonito se dedique à prostituição masculina, como alguma moça hetero se dedique à prostituição feminina, como meio de vida fácil e não por inclinação. Mas isso já é um desvio de caráter e não uma orientação biopsicológica. Não possuo estatísticas a respeito, mas não acho que tal fato seja mais encontradiço entre pessoas bonitas do que em feias.
Por que tanta gente acha que é melhor "sofrer calado" do que compartilhar os problemas com alguém? Como você prefere?
Prefiro compartilhar com quem seja um amigo ou amiga de confiança. Isso dá alívio, permite que se seja confortado e até abre a oportunidade de que surjam conselhos que podem ser valiosos, no sentido em que, se seguidos, acabem com o sofrimento.
Se você soubesse previamente que uma pessoa mataria alguém que você gosta muito, mataria essa pessoa antes? /ailatt
Claro que não. Mas impediria que ela o fizesse e alertaria a possível vítima. Matar só é legítimo em legítima defesa no momento da agressão. Não há legítima defesa prévia.
Can you name the eight colors of the rainbow?
The rainbow has only six colours: red, orange, yellow, green, blue and violet. The others are only tints. The difference are due to the frequency of the light: red is the minor and violet is the higher.
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
Por que as perguntas mais bem elaboradas e reflexivas são as que obtêm menos respostas?
Porque há uma fobia por tudo o que seja complicado, elaborado, trabalhoso, demorado. Isso resulta da preguiça, de falta de cultura e da burrice. Trata-se de uma concepção totalmente errônea de que a simplicidade seja preferível à complexidade. Mentira! É a complexidade que faz com que o ser humano seja mais capaz do que uma minhoca, por exemplo. Todas as grandes proezas da humanidade, como levar uma nave robótica a pousar em um lugar pré-determinado de uma lua de Saturno, por exemplo, são extremamente complexas. A decodificação do DNA também o é. A fobia da complexidade levará a uma decadência geral da humanidade, que ficará refém dos poucos que se dispõem a encará-la e, com isso, terem o poder de dominar o conhecimento e as habilidades difíceis. Há 42 anos que, como professor, luto para que os estudantes encarem com prazer os desafios da complexidade e a dominem. Pensar e saber, para mim, são os segundos maiores prazeres do ser humano, atrás apenas de amar e ser amado. Até uns cem anos atrás, ainda se valorizava e se buscava, exatamente, ser capaz de fazer o que fosse difícil, trabalhoso, demorado, complicado, tanto nas artes quanto nos ofícios. Móveis, prédios, roupas, música, tudo era intrincado e muito elaborado. O culto da simplicidade e do despojamento surgiu após a primeira guerra mundial e vem aumentando dia a dia. Mas, para tal, é preciso que alguns dominem a complexidade, para projetarem dispositivos que facilitem a vida das pessoas comuns, como computadores, eletrodomésticos e vários outros. Essa facilitação das atividades cotidianas levou a que a maioria, em outros aspectos também, adquirissem ojeriza pelas dificuldades e, com isso, embotassem a sua inteligência. É uma grande lástima. Como professor, sempre induzi o aprimoramento da inteligência, exatamente, complicando. É o que precisa ser feito para que a humanidade deixe de descer a ladeira da burrice e da ignorância que vem fazendo e pare de ser cooptada por espertalhões de várias correntes, como religiões e ideologias políticas, que, em verdade, não querem o bem de ninguém exceto o deles mesmos. Claro que há religiosos e políticos bem intencionados, mas as pessoas, por terem ficado burras e incultas, não sabem distinguir o joio de trigo.
Se colhemos tudo que plantamos, o que significa colhermos o que outros plantaram? Seria estar presente em uma história que na verdade não é nossa ou é puramente destino?
Não é verdade que colhamos tudo o que plantamos. Podemos plantar e não colher, como podemos colher o que outros plantaram. E quando se colhe algo, não se colhe, necessariamente, tudo. Pode ser que outros também colham da mesma plantação. Quanto à história, é claro que estamos presentes na história dos outros como outros estão presentes na nossa história. Destino é que é algo que não existe. Não há nada que seja predeterminado. Os fatos vão ocorrendo à medida que as influências e os acasos vão surgindo. O futuro é incognoscível não só em razão do indeterminismo intrínseco da natureza, mas também em função da extrema complexidade das inter-relações, das causações e da aleatoriedade das ocorrências.
Dizem que existe uma falha em tudo. Onde então estaria a falha na sabedoria?
Não é verdade que exista uma falha em tudo. Não só sabedoria é algo que não tem falhas. Bondade, honestidade, virtudes em geral, não têm falhas.
Vc já foi em algum restaurante vegetariano em sua cidade? Vc sabe se é verdade se a comida vegetariana é saborosa?
Eu sei pela comida que como em minha casa. Minha mulher, Fátima, é uma exímia cozinheira vegetariana. Tudo o que ela faz é muito bem feito e muito gostoso, sem o uso de carne. Mas ela também faz pratos com carne muito bons. Pelo que como em casa posso ver que a comida vegetariana pode ser muito saborosa. Mas não é vegana, isto é, usa ovo e leite, especialmente na forma de queijo. Alguns pratos são veganos e também são bons. Uma omelete com queijos e vegetais é uma delícia. O uso de vários tipos de nozes e de passas de diversas frutas também faz o papel da carne com muita propriedade. Bem como o uso de frutas frescas na comida salgada, como banana e maçã. Não é por falta de sabor que não se é vegetariano. Há também a opção de se abster de carne da mamíferos, aves e répteis e comer peixes e frutos do mar (exceto lagostas cozidas vivas). Há que se analisar as razões pró e contra o vegetarianismo. Eu ainda não cheguei a uma conclusão cabal, como sobre a ingestão de ovos e leite, tomar café e chá, comer chocolate e vários itens controversos.
Você acredita que um dia o Brasil fará filmes com a mesma qualidade dos de Hollywood? ☠
Para mim, não. Hollywood é o que é por causa de uma longa história em que muito dinheiro foi investido em uma indústria do porte da automobilística, por exemplo. Os grandes estúdios foram como as grandes montadoras de automóveis. Hollywood foi para os USA o mesmo que Detroit, em termos de fixação do poderio Norte Americano no mundo. Isso não acontece com o cinema brasileiro, nem numa mísera porcentagem. Nem o cinema francês nem o italiano, que também são fortes, se emparelham ao norte-americano.
Quem é mais importante na história do rock: os Beatles ou os Rolling Stones? ☠
Acho que os Rolling Stones influenciaram mais outras bandas do que os Beatles. Mas os Beatles foram melhores eles mesmos. E deixaram um legado mais significativo em termos da beleza das melodias. Foram únicos.
Como ser realista, sem ser pessimista? E como ser otimista, sem fugir da realidade? Qual a medida entre ambos?
Entre o otimismo e o pessimismo, prefira o primeiro, a bem da saúde. Mas é possível ser realista sem ser pessimista. É uma questão de "Visão de Mundo". Para obtê-la há que se dedicar bastante a coletar o máximo de informações sobre tudo o que nos cerca. Diretamente, pela observação da vida de todos os que contactamos e indiretamente, pelos noticiários e pelo estudo de história, geografia, antropologia, sociologia. Mas é preciso vencer a tendência instintiva pelo otimismo ou pelo pessimismo e abordar a vertente oposta à que nosso temperamento sugere. Assim se tem a medida justa, que eu sugiro temperar com otimismo, para se motivar a lutar pela melhoria do que não está bom. Hoje mesmo, vi pela televisão que acreditar em amuletos dá à mente confiança e disposição para ser bem sucedido no que se faça. É claro que uma pessoa esclarecida sabe que amuletos, como orações, em si mesmos, não adiantam nada. É só psicológico. O otimismo também é psicológico, mas leva a confiar e a se ter mais empenho em trabalhar para melhorar o mundo. Se todos se empenharem nisso, certamente ele melhorará.
O espaço e a matéria são eternos, já que fórmulas como as da área, densidade e volume, não envolem a grandeza tempo?
O não envolvimento do tempo numa fórmula não significa que o que se está calculando seja eterno, mas apenas que se está calculando no momento em que os dados usados são os que existem. Saber se o espaço, o tempo e o conteúdo substancial do Universo (matéria, radiação e campos), com todos os seus atributos (extensão, duração, movimento, massa, energia, carga etc) sempre existirão e existiram ou se houve um momento em que começaram a existir e haverá um momento em que deixarão de existir é uma investigação bem complexa que envolve tanto levantamento de dados observacionais quanto formulação de modelos teóricos descritivos e preditivos de tal fato. Ainda não se tem uma resposta definitiva para isso, e pode ser que nunca se tenha. Mas, no estágio atual dos conhecimentos cosmológicos, o que se sabe é que o Universo teve um momento inicial, antes do qual não existia (nem espaço, nem tempo, nem campo, nem radiação, nem matéria) e que ele permanecerá existindo indefinidamente, mesmo que, no futuro, a matéria e a radiação possam deixar de existir e o tempo vá ralentando sua passagem assintoticamente até que se possa dizer que não passa mais. O espaço e o campo, contudo, persistiriam. Mas não há uma garantia cabal de que tudo não possa deixar de existir, incluindo o espaço e o campo, não restando nada, sequer "o nada".
Sua formação parece ter sido bem esmerada. Por que você não fez doutorado? O que acha da qualidade dos atuais programas de pós-graduação?
Quando eu ia sair para o doutorado o Reitor da UFV me convidou para assumir o cargo então equivalente ao de Pró-Reitor de Graduação e eu achei que nele eu poderia dar até mais contribuição do que fazendo doutorado. Depois eu fiquei para trás na fila de saída do Departamento de Física. Aí eu fui eleito Chefe do Departamento (antes eu fora Coordenador do Curso de Física), Depois fui convidado por outro Reitor para ser seu Chefe de Gabinete. Assim eu me enveredei pela administração acadêmica até me aposentar da Universidade. Foi quando fui convidado para substituir um professor de Física que falecera, no Colégio Anglo e acabei como Vice-Diretor do colégio, cargo que ocupo há 13 anos.
E quanto à 'Religião da Humanidade' ou 'Religião Positivista', criada por Augusto Comte. Qual a sua opinião?
Não acho válido nenhuma religião, seja qual for. O problema é que as religiões tolhem o livre pensamento e engessam a mente em um padrão rígido de convicções e condutas. Isso é muito mau. Mesmo que a proposta conceitual de Augusto Comte fosse válida (e eu tenho algumas restrições), colocá-la na forma de uma religião é uma temeridade. É preciso se estar sempre aberto a todas as possibilidades com um senso cético, inclusive em relação ao próprio ceticismo. Quase todo filósofo julga que sua proposta seja a definitiva. Mas sempre tem um novo que faz uma nova proposta para derrubar a anterior. Para mim o que vale é considerar que nada é definitivo. Nenhuma doutrina é dona da verdade. Ela tem que ser sempre buscada, mas nunca se consegue saber se já se a encontrou. Então se aceita o que se pensa ser a verdade como tal, provisoriamente, ciente disso. Não se pode congelar nenhuma doutrina. E é isso que as religiões fazem. Por isso são más, aprioristicamente, não importa o quanto de bem elas possam fazer. Todo o bem que porventura alguma religião seja capaz de fazer, e elas o fazem, pode ser feito melhor ainda sem elas. E sem outros tipos de instituições similares, como maçonaria, rosacrucismo, partidos políticos, clubes de serviço e outros que tais.
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