quarta-feira, 24 de julho de 2013

Como o senhor diferenciaria espiritualidade de religiosidade?

Considero que espiritualidade seja um conceito desvinculado de crenças e religiões. Trata-se de um conceito filosófico, entendido como atitude de vida. É aquela atitude de se priorizar os valores mais elevados e nobres da humanidade, como bondade, solidariedade, cordialidade, gentileza, altruísmo, compaixão, abnegação, diligência, nobreza de caráter, justiça, honestidade, lealdade, sinceridade, coragem e bravura na defesa do bem, da virtude e de todos os valores mencionados, bem como a beleza, o conhecimento, a prudência, a sabedoria e tudo que seja edificante, enlevante e capaz de fomentar a paz, a harmonia, a alegria e a felicidade de todos os seres. Trata-se de uma disposição de viver virtuosamente e em prol do outro, da coletividade, da humanidade e de toda a natureza, despido de todo e qualquer egoísmo, orgulho, soberba, inveja, avareza, maledicência, vaidade, ambição, mesquinhez, desonestidade, prepotência, enfim, de todos os vícios. É um desejo de fazer prevalecer o bem, a virtude, o conhecimento e a sabedoria sobre o mal, a ignorância e o vício.
Isto é independente de qualquer crença em Deus e na existência de espíritos e de uma alma imortal.
Já a religiosidade considera a espiritualidade mas a coloca em um contexto de atendimento às prescrições da divindade para a vida reta, bem como de louvor a essa divindade e, especialmente, de obtenção de graças e méritos para conseguir a salvação eterna de sua alma, pois considera a existência de um prolongamento da vida após a morte, por parte da alma. Além do mais se associa a uma série de práticas rituais como orações, liturgias, sacrifícios e outras. Uma espiritualidade não religiosa prescinde dessas práticas e não se vincula ao louvor nem às súplicas a nenhuma divindade. Tampouco vincula as práticas elevadas a qualquer recompensa em termos de uma vida depois da morte, ou mesmo nesta vida.

Uma pessoa que é esforçada nos estudos e tem como objetivo a carreira de medicina, mas tem limitações financeiras como não poder trabalhar, mas o grande sonho dessa pessoa é ser médico, o que o senhor recomendaria para ela?‎

Quem tem dificuldades financeiras e não pode trabalhar, realmente está com um grande problema. O que eu recomendaria é que a pessoa fizesse o curso de medicina em uma universidade pública, que é de graça, enquanto trabalharia para se manter. Claro que é mais difícil. Mas eu fiz isso e sobrevivi. Mas, sem poder trabalhar, não vejo como. A humanidade precisa muito de médicos, especialmente dos competentes e abnegados, que fazem da medicina um serviço e não uma fonte de enriquecimento.

A Universidade de Harvard separa a inteligência em três grandes campos, todos (deveriam ser) igualmente valorizados, a saber: cognitivo, psicomotor e emocional. O que acha dessa ideia? Considera-se inteligente por completo?‎

Concordo. Não acho que seja inteligente por completo. No aspecto cognitivo, acho que tenho uma boa inteligência lógico-matemática, linguística, musical e espacial. No aspecto psicomotor acho que me dou bem na sintonia fina, como trabalhos manuais de precisão, desenho, pintura. Mas sou ruim em práticas esportivas de qualquer tipo (exceto Xadrez e Dama). Nem adianta eu tentar que faço tudo errado. Bem como em dançar. No aspecto emocional acho que não tenho boa percepção do estado emocional dos outros. Também não tenho boa percepção de sinais não linguísticos, como os corporais. Mesmo os linguísticos, não entendo muito as indiretas, as ironias e os sarcasmos. Talvez porque nunca faça uso deles, tenho a tendência de entender quase tudo "ao pé da letra", pois é assim que sempre digo tudo. Quanto à memória, a minha é muito boa para tudo o que eu estudo e aprendo, mas é péssima para os fatos da vida cotidiana. Talvez porque eu viva sempre "no mundo da Lua" e "sem os pés no chão", eu não dê importância às atividades da vida cotidiana, como não ligo para o aspecto financeiro da vida. Dessas coisa práticas eu sou muito desligado. Sou eminentemente "teórico". Não ligo para eficiência, mas ligo para a perfeição, não importa o trabalho, a dificuldade, o custo e o tempo que gaste. Daí, também, não seu nem um pouco econômico. Não que eu tenha muito dinheiro, mas não consigo me preocupar com o custo das coisas.

O que o sr pensa de ateus que participam de rituais místicos por se sentirem bem?

É um direito deles que eu respeito, mas acho uma incoerência. A espiritualidade pode ser cultivada mesmo sem a crença em Deuse em espíritos, por meio de atividades enobrecedoras e pela dedicação aos aspectos mais culturalmente sofisticados e elevados, com a música clássica, a prática da caridade anônima e desinteressada, a dedicação a causas nobres e outras similares, a aplicação em refletir filosoficamente sobre o significado da realidade, do bem e coisas assim. O misticismo, contudo, me parece conter uma contradição com a concepção ateísta, que inclui a descrença na alma e em espíritos. Pelo que me consta, o misticismo é a busca de um encontro efetivo com alguma realidade transnatural, absolutamente não admitida no ateísmo. Uma pessoa que tenha algum pendor místico, sendo atéia, pode sentir alguma emoção na contemplação da beleza de um por de Sol, por exemplo. Mas ela sabe que não tem nada a ver com espíritos ou divindades. Já a participação em rituais, que são especialmente preparados para provocar algum tipo de comunicação com algo transnatural, uma vez que um ateu sabe que tal coisa não existe, para mim, é uma incoerência.

Se pudesse viver em qualquer época histórica e mudar algo para o bem geral, onde estaria e o que mudaria?‎

A época que eu mais aprecio é a "Belle Epoque", que vai de 1871 a 1914 na Europa, especialmente Paris, Viena e Berlin. Acho que foi uma época de profundas transformações culturais e científicas, que moldaram o século XX e o atual. Se eu pudesse eu faria surgir, já então, algo como a ONU ou a Comunidade Européia, que impedisse a eclosão da primeira guerra, e portanto, da segunda, depois. Bem como, se pudesse, acabaria com as monarquias e transformava todos os países da Europa em repúblicas social-democratas. Talvez isso evitasse a revolução russa e pudesse fazer com que o século XX tivesse sido mais pacífico e, ao mesmo tempo, mais produtivo para eliminar a pobreza e a desigualdade social. Sem as despesas das guerras, certamente que a prosperidade seria muito maior. Como fazer isso? Tentando, por meio de artigos e livros mudar a mentalidade.

Você tem medo de morrer? Como o senhor vê a morte?‎

Nenhum. Temo apenas que eu passe por algum sofrimento nos momentos finais. Mas a morte, em si mesma, para mim, é tranquila. Porque a morte nada mais é do que uma espécie de anestesia definitiva. Você acaba totalmente. Não sente mais nada, não pensa mais nada, não vê mais nada. Simplesmente porque você não existe mais. Todo mundo experimenta uma espécie de morte todo dia quando dorme, na fase profunda e sem sonhos do sono. A morte é assim. Você não sabe de si. Não é boa nem é ruim. É nada. Como era você antes de existir. O que você sentia? Nada, pois não havia você. Depois de sua morte também não haverá mais você.

Você tem alguma dica para eu me concentrar no estudos? Estou no 3º ano e simplesmente estou exausto, não consigo estudar nem assuntos que me interessam muito.‎

Você vai precisar de fazer uma terapia para se livrar da fadiga. Passe uns dois dias sem estudar nada, vá para uma praia, para a piscina ou para o campo e fique só à toa. Não leia nem veja televisão. Faça caminhadas, durma bem, namore, cante. Mas não se esgote com altas farras. Isso vai te revigorar e, então, você poderá começar a estudar de novo.

A beleza é subjetiva ou objetiva?

Em parte subjetiva, em parte objetiva. Existem padrões gerais de beleza que são aceitos de modo geral por todos os humanos, de diferentes culturas e épocas. Eles se reportam a critérios de simetria, suavidade, contraste. Isso tanto se aplica à beleza natural, como a de uma pessoa ou de uma paisagem, quanto às artes, tanto as plásticas quanto à música, literatura, poesia, teatro, dança, cinema. Com base nesses critérios é possível fazer um programa de computador que valorize a beleza de um rosto, de uma música, de um prédio. Todavia, sobreposto a esses padrões genéricos, existem os padrões pessoais subjetivos. Cada um, dentro do critério genérico, tem a sua preferência por certos detalhes. Daí não haver unanimidade nas escolhas feitas por corpos de jurados em concursos de beleza, ou de dança, de música. Todavia, há uma certa tendência e pode se dizer que algo que seja, mesmo, muito belo, assim o será considerado por quase todos, bem como algo que seja considerado muito feio também. Nos casos intermediários é que há opiniões diversas.

Você acredita em astrologia, oráculos, alma gêmea, mapa astral, vidas passadas ? Dê sua opinião crítica sobre tais.‎

Absolutamente em nada disso. É tudo baboseira. Não tem a menor fundamentação, não é comprovado e não dá resultado nenhum. Uma perda fabulosa de tempo e dinheiro. Tem muito mais desse tipo: numerologia, quiromancia, quiropraxia, reiki, feng-shui, homeopatia, radiestesia, psicocinese, grafologia, medicina antroposófica e outras. Veja esta lista: http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_pseudoci%C3%AAncias.
O que vale é apenas a ciência dura e seca. A medicina de evidências e resultados. O resto é bobeira.

As ONG's de proteção animal geralmente estão muito sobrecarregadas com despesas e quase nenhum auxilio do governo. Algumas resolveram realizar churrascaria e feijoada para arrecadar fundos e continuar protegendo os animais. Vc participaria do banquete ou não precisaria de algo em troca para ajudar?‎

Não vejo a menor necessidade de promoções como feijoadas ou shows para arrecadar fundos para o que quer que seja. Basta uma campanha. De nossa parte, minha mulher e eu já acolhemos cachorros vadios da rua, vacinamos, castramos, cuidamos da saúde e arranjamos a quem doar que vá gostar e cuidar deles. São todos vira-latas. Os que não conseguimos achar donos vamos ficando com eles em casa e, atualmente, estamos com sete cadelas e três cães, dois gatos e uma gata. Como já ficaram adultos, é mais difícil achar quem os queira. Mas já arranjamos lugar para mais de uns vinte. Isso tudo fazemos com despesas e trabalho por nossa conta, sem ajuda de ninguém.

O que acha da Lei da Maria da Penha?‎

Desnecessária. Basta cumprir a constituição e a legislação penal já existente, sem tergiversações. Senão teria que ter, também, uma lei "José da Penha". Como não acho necessária nenhuma lei especial para combater preconceito racial ou qualquer outro. Como eles ferem os direitos constitucionais, já existe a constituição para isso. Par mim as leis devem ser no menor número possivel e o mais amplas e genéricas possível. Quando elas começa a ser detalhistas pecam porque não conseguem contemplar todos os detalhes e possibilidades. Então, o que não contemplam, fica de fora. Melhor que fossem abrangentes e incluíssem o máximo de possibilidades.

Prof., o que acha do 'voto distrital'?‎

Sou a favor, de modo misto. Bem como do fim das coalizões partidárias, do voto proporcional, do financiamento privado de campanhas eleitorais e a favor da candidatura independente (sem filiação partidária). Note que isso se configura, apenas, em uma reforma eleitoral e não em uma reforma política. Esta teria que contemplar as atribuições dos poderes das república, ou a mudança para o regime parlamentarista, que também defendo, com também a composição numérica da Câmara dos Deputados. Além disso acho necessária uma reforma administrativa, com a fusão e extinção de vários ministérios e um grande, grande mesmo, enxugamento da administração, com o corte de cargos comissionados e a redução do funcionalismo burocrático, para permitir a contratação de médicos e professores.

Olá professor, bom dia. Poderia me dar sua opinião em relação a nova 'lei' para recém formados em medicina, de ser obrigatório trabalhar por 2 anos no SUS?‎

Acho muito bom. Vai dar a todo médico uma vivência da realidade nacional da saúde e a oportunidade de trabalharem em plantões de emergência, o que é essencial para a formação médica. Além disso vai propiciar à população um atendimento melhorado, em termos de número de médicos disponível e de tempo de dedicação deles. No meu entendimento, inclusive, a carreira médica deveria ser uma carreira de estado, isto é, não existir, em absoluto, medicina particular. Todos os hospitais serem públicos e todo mundo, não importa a sua fortuna, contar apenas com o atendimento do SUS. Isso faria com que esse atendimento fosse de qualidade e qualquer um tivesse que se submeter a marcação de consultas em filas na madrugada e coisas assim. Quando as pessoas ricas forem obrigadas e comparecer pessoalmente para marcar consultas e entrar na fila com todo mundo, elas darão um jeito de melhorar o atendimento. Saúde e educação, para mim, deveriam ser profissões de estado, como a defesa nacional, a diplomacia, a tributação, a segurança pública e a justiça. Isto é, como não existem juízes particulares nem embaixadores particulares, não deveriam haver médicos particulares e nem professores particulares.

Vejo em algumas respostas suas que a Bíblia não pode ser considerada como fonte histórica, então o mesmo vale para Ilíada e Odisséia?

Claro que sim. Tanto essas obras quanto a Bíblia, o Ramaiana, o Mahabharata e outros épicos mitológicos contêm fatos históricos mesclados com ficção, o que não os abaliza como fonte histórica confiável. É preciso que suas afirmações sejam confirmadas por outras fontes documentais e arqueológicas para que se possa ter a descrição histórica mais fiel do que narram. O problema com a Bíblia é que, enquanto a Ilíada e a Odisséia, por exemplo, já se colocam como obras de ficção, a Bíblia não. Para muitos ela é tida como uma fonte fidedigna de informação histórica e, até, científica. Esse é um grande problema. Estudar a Bíblia sob uma perspectiva antropológica é muito válido, mas considerá-la como um depositório de verdades não há como admitir.

O que acha do Anarcoprimitivismo?

Discordo completamente. Não acho que a solução seja o retorno às condições primitivas, com a abolição da civilização e todos os seus requintes culturais e tecnológicos. Muito pelo contrário. Minha concepção anarquista contempla, inclusive, o incremento cada vez maior da cultura e da tecnologia, até um ponto em que todas as pessoas possam ter nível superior de instrução e sejam sofisticadas, bem como toda a sociedade extremamente desenvolvida tecnologicamente, com o acesso universal a todo e qualquer item de conforto tecnológico e a todos os bens culturais, sem a existência de nenhuma classe de proletários incultos e tecnologicamente analfabetizados. Em suma, em um mundo anarquista todos serão da alta burguesia, sem exceção. Tecnologia e cultura sofisticada não é nenhum mal, pelo contrário, é um grande bem. O mal está em que isso não seja acessível a todo mundo. Que alguns predem oportunidades e bens alheios para obtê-los exclusivamente para si ou para seu grupo. Tudo tem que ser abundante e compartilhado em plenitude, com acesso irrestrito de todos a tudo. Esse é o anarquismo ideal, pelo qual pugno e que confio que será alcançado pela humanidade em poucos milênios.

Achas que Deus é uma invenção dos humanos? Uma invenção para que os humanos tenham forças para seguir?‎

Sim, uma invenção. Mas acho que, a princípio, não para dar forças, mas para explicar o inexplicável. A observação mostra que quase toda ocorrência tem um agente provocador identificável. Quando ele não é achado, a mente imagina um invisível. Seriam os deuses. Eles seriam os responsáveis pelos fenômenos naturais, especialmente os catastróficos. E se eram entidades, foi fácil supor que fossem pessoas, possuídas, inclusive, por caprichos. Logo teriam que ser aplacados em sua ira, para não provocar catástrofes. Daí as preces e os sacrifícios propiciatórios. Posteriormente é que se refinou essa noção, para um deus único, para um deus bondoso, para um deus provedor, para um deus consolador. Mas algo dessa noção primitiva continuou, inclusive no cristianismo, que considera que a morte de Jesus foi um sacrifício expiatório, do tipo da imolação de ovelhas, para aplacar a ira de Deus pelo pecado original. Só que essa ira era tão grande que o sacrifício de simples animais não a aplacaria, mas apenas o sofrimento atroz de seu próprio filho sacrificado. Realmente uma tremenda demonstração de crueldade divina e não de bondade como se propala. Não é verdade que Deus tenha sido infinitamente bom ao mandar seu filho ser imolado para que a humanidade pudesse se salvar. Ele foi infinitamente cruel. Se fosse bom, simplesmente perdoava e pronto. Não iria exigir sacrifício de ninguém. A redenção, que é o centro da doutrina cristã, é algo completamente absurdo.

O que você acha da supervalorização da razão?‎

Um despropósito. A razão é um componente importantíssimo das atividades mentais, mas não o único. Além da razão, a emoção e a intuição são igualmente relevantes e têm que ser levados em consideração tanto quanto a razão nas tomadas de decisão. É o que o inconsciente faz, e ele é que cuida da maior parte (mais de 90%) do processamento mental. Mesmo que o consciente possa contrariar o inconsciente, normalmente o inconsciente decide e comunica ao consciente, que aprova (ou não) e delibera pela ação.

O que você acha daqueles teste de QI e QE? Já fez algum? Se sim, qual foi seu resultado?‎

São testes que medem aspectos da inteligência, como o lógico-matemático, o linguístico e a percepção espacial. Mas não outros, como o interpessoal, o cinestésico, musical, intrapessoal, criativa, emocional ou outras. Além disso é muito influenciado pelo nível de educação formal de quem faça o teste, bem como de seu treinamento em fazer tal tipo de teste. Mesmo assim é uma indicação válida, se não for tomada de forma exclusiva. Já fiz vários testes de QI e meu escore variou entre uns 135 e 145, mais ou menos. Nunca fiz um teste de QE.

humanos são insignificantes?

Claro que não. Pelo contrário. Dentre todas as espécies vivas atuais de nosso planeta, trata-se da mais importante, nem que seja pelo fato de que é aquela a que pertencemos. Mas, sem considerar isso, pode-se ver que é uma espécie capaz de provocar mais alterações no planeta do que qualquer outra. Logo é importante, no contexto terráqueo. Em relação ao Universo como um todo, já não é, pois o Universo não dá a mínima para o que aconteça na superfície desse "Pálido ponto azul".

acredito que a poligamia seria uma boa opção para a sociedade. Mas pensando em por isso na prática, a primeira coisa que me vem na cabeça é o ciúme que as pessoas sentiriam. Tenho a mesma visão que você sobre ciúme, tanto que já tive relacionamentos abertos, e prefiro. Como faríamos dar certo?

Isso é uma ideia que tem que ser propagada e difundida bastante para que as pessoas reflitam e vejam como ciume é besteira. Para começar não se pode ter ciume e nem dar a mínima importância para o ciúme que possam ter em relação a você. Quanto ao poliamor ou à não exclusividade amorosa, isso é uma questão que tem que ser consentida pelos envolvidos. Não pode ser unilateral. E requer a total independência de todos os adultos que se relacionem amorosamente. Independência em todos os sentidos, especialmente financeira. Grande parte do ciúme e da exigência de exclusividade se prende a questões econômicas. Ou seja, uma pessoa não quer que a outra gaste dinheiro a não ser com ela e sua prole. Para haver uma total liberdade de relacionamentos é preciso que haja, também, uma total independência financeira. Além, é claro, de outras liberdades, especialmente as de convicções de qualquer ordem.

Já pensou em ganhar dinheiro com a internet?‎

Não e nem pretendo. Penso que a internet seja, justamente, o veículo melhor para a propagação do anarquismo nesse aspecto, isto é, um lugar em que tudo deva ser gratuíto. Não me simpatiza a ideia de usar a internet para ganhar dinheiro. Começando pela internet, essa concepção se extenderia pelo resto das atividades. Penso em escrever um livro, justamente, pregando essa ideia, isto é, do trabalho gratuito. Logicamente esse livro não seria vendido, mas disponibilizado, de graça, na internet, como o fiz com o "Pergunte-me" e pretendo fazer com os outros que estou escrevendo. Sou uma pessoa avessa à existência do dinheiro. Infelizmente ainda preciso dele para viver, porque os outros não dão as coisas de graça para mim. Veja: http://pt.scribd.com/doc/76733718/Pergunte-me

Onde estava Deus antes da criação?‎

Se o Universo foi criado por algum Deus, ele não pertenceria ao Universo. E como o espaço faz parte do Universo, sem Universo não há espaço. Como o espaço é, justamente, a coleção dos lugares, não existe lugar sem haver espaço. Logo Deus não estava em lugar nenhum. Inclusive não "estava", pois estar significa permanência no tempo e, sem Universo, também não há tempo. Assim Deus, caso exista, tanto agora quanto antes do Universo (se bem que "antes" também não existia) não se situa em espaço nenhum e nem em tempo nenhum. Trata-se da algo completamente extrínseco a essas concepções. O que se considera a respeito de Deus é que ele apenas "seja", mas não "esteja" em lugar e momento nenhum. Dizer que Deus "é", é dizer que trata-se de um ser cuja existência seja a própria essência. Para mim, contudo, não existe esse tipo de entidade.

Qual a sua definição de Universo?‎

Universo é o conjunto de tudo o que existe, existiu e existirá de forma conectada, isto é, de modo que se possa ligar tudo entre si, indo de um lugar a outro ao longo dele todo. Se algo existir mas não for acessível, não pertencerá ao Universo, podendo estar em outro Universo ou em nenhum, como é o que se pensa que seja o Deus teísta, um ser extrínseco ao Universo (este ou qualquer outro). O Universo em que vivemos é constituido de matéria, radiação e campo, que preenchem um espaço e evoluem no tempo, formando estruturas e experimentando ocorrências. Nisso consiste a realidade natural. Além dela existe, tambem, uma realidade constituída de abstrações, que só existem em mentes que a concebam, mas não no mundo exterior, por si mesmas. É possível que exista, também, alguma realidade sobrenatural, mas não há evidências nem provas nenhuma de que exista. A existência de outros universos, desconectados deste, é hipotética, mas penso que este seja único. Ele pode ser finito ou infinito, mas parece que seja infinito. Mesmo sendo finito, não seria limitado por fronteira nenhuma. Além disso, não há espaço fora do Universo, nem mesmo vazio. Todo o espaço existente está dentro do Universo (ou dos universos, se houver mais de um). Da mesma forma o tempo só passa dentro do Universo. Sem universo não há espaço nem tempo. Antes que este existisse, não havia nada. Nem espaço vazio nem passagem de tempo. Isto é, nem havia "antes". E nem "o nada".

O que pensa sobre Ciúmes?‎

Ciúme (e não ciúmes) é um sentimento totalmente injustificado e completamente egoísta. Não é sinal de amor nenhum, pelo contrário. Representa o desejo de posse do ser amado. De controle de sua vida. Exatamente o oposto do amor. Amor é altruísta e libertário. Nada exige em troca. Não prende, não sufoca. Quem ama libera o amado para amar a quem queira. Claro que quer ser amado em retribuição. Mas não exige exclusividade. Amor não tem restrições. Uma pessoa pode, muito bem, amar a mais de uma outra. E quem a ama tem que entender isso. Ou seja, se rejubila em ser amado, mas não se entristece por não ser amado com exclusividade. Esperar ciúme como prova de amor é o cúmulo da mesquinharia.

O universo é infinito ?‎

Parece que sim. O que indica isso é a comparação entre a aceleração da expansão e a densidade média de massa e energia, que provoca a atração gravitacional que a refreia. O valor atualmente medido da expansão supera o que a gravidade pode conter. E, nesse caso, as equações relativísticas dão para o volume do Universo um valor infinito. Isso significa que ele sempre foi infinito, desde que surgiu. O que não é infinito é o "Universo Observável", porção dele que somos capazes de ver, uma vez que a luz teve tempo de chegar a nós desde que o Universo surgiu. Essa porção é que, no início do Big Bang, estava reduzida a um volume menor do que o de um elétron. Mas, então, tudo era apenas campo, sem matéria e nem radiação.

Existem civilizações inteligentes universo afora?‎

Pode ser que sim, mas, por ora, não há como saber, pois não há nenhuma mensagem inteligente já captada, nem visita de nenhum ser extra-terrestre. O projeto SETI, há anos, vém examinando toda radiação que incide na Terra, vinda do espaço, e ainda não achou nada que possa se atribuir a seres inteligentes. Um estudo das probabilidades mostrou que seria possível haver umas três civilizações inteligentes por galáxia. Imaginando uma distribuição equidistantes, as outras de nossa galáxia estariam afastadas de nós uns 140 mil anos-luz, o que inviabilizaria qualquer viagem entre elas. Como a galáxia mais próxima está a 2 milhões de anos-luz de distância, então é que não dá para ir lá mesmo. Ou eles virem cá. Mesmo assim, como existem centenas de bilhões de galáxias só no Universo Observável, o número de civilizações seria dessa ordem. Recomendo ler o livro "Sós no Universo", de Donald Brownlee e Peter Ward publicado pela Campus.

O que havia antes do Big Bang ?

Imediatamente antes havia todo o conteúdo atual do Universo que começou a se expandir, só que de uma forma diferente, consistindo apenas em campo, sem matéria e nem radiação. Mas esse conteúdo deve ter surgido então. Antes dele existir não havia coisa alguma, sequer espaço vazio nem tempo. Logo, não havia "antes".

Se o tempo é a divisão do deslocamento pela velocidade média de um corpo, então o tempo é "sinônimo" de movimento, certo? Disso, pode-se concluir que atemporalidade de um corpo é a ausência objetiva de movimento no mesmo? O tempo do estudo da cinemática é o mesmo dito na teoria da relatividade?‎

Essa definição não é correta para o tempo. Velocidade é que é definida como o percurso dividido pelo tempo, mas o percurso e o tempo são medidos de forma independente. O tempo advém das alterações no estado do sistema, não necessariamente de seu movimento, mas, também, dele. O tempo da relatividade é, exatamente, o tempo da cinemática, pois a relatividade é uma concepção cinemática, bem como dinâmica. Trata-se da relação entre as grandezas físicas quando medidas em diferentes referenciais, em razão de seu movimento relativo ou do campo gravitacional existente. O que precisa ser entendido é que o tempo não é um valor absoluto, idêntico para todos os referenciais. No caso de um referencial que se mova com a velocidade da luz em relação a outro (a própria luz), o tempo que se mede torna-se nulo no referencial movente, qualquer que seja o seu valor no outro, em relação ao qual ele esteja se movendo. Ou seja, para a própria luz, o tempo não passa. Nada, exceto a luz (e todas as ondas eletromagnéticas), pode se mover com a velocidade da luz. Exceto se for algo que não possua conteúdo massivo ou energético, como uma sombra, por exemplo.

Professor, já ouvi dizer que os ateus cometeram o maior genocídio da história na ex-União Soviética. Essa notícia é verdadeira?‎

Não se pode imputar a matança perpetrada na União Soviética a ateus, como tal, mas sim ao governo soviético, que se proclamava ateu, mas não só isso. A matança se deveu a vários motivos, tanto de cunho religioso quanto de econômico, étnico e político e, até mesmo, vinganças pessoais. Ela não foi feita em nome do ateísmo e sim em nome do comunismo que eles consideravam que fosse o seu regime. O mesmo se pode dizer da China comunista, do Cambodja. Ao que consta, Mao Tse Tung matou 77 milhões, Stálin 43 milhões e Hitler 21 milhões.

Existe algum tutorial na internet de paisagens cósmicas ? Vi as suas e me encantei, são muito bonitas e inspiradoras.‎

Essas paisagens foram pintadas por mim de modo intuitivo. Não tenho curso de pintura nenhum, mas sempre pintei, aprendendo sozinho e inventando minhas técnicas. Não conheço tutorial sobre o assunto. Se você quiser pintar algo do tipo, é só ir tentando e ir vendo no que dá. Eu usei tinta acrílica sobre tela, pincel chato duro para os fundos e bucha vegetal para as texturas de relevo que parecem um chapisco. Em alguns lugares do fundo eu raleei a tinta e em outros usei como vem. Geralmente eu não uso misturar as cores em paleta ou godês, mas sim na própria tela, passando pinceladas superpostas de várias cores.

Vendo sua resposta sobre "ser ou não um filosofo" questiono sobre a origem da filosofia. Os filósofos antigos também não tinham formação na área de filosofia, mas sim em outros ramos de conhecimento, o fato de os mesmos serem os "pensadores" de suas épocas lhes rendeu o titulo de filósofos. Descorda‎

Até o século XVIII não havia curso universitário específico, de modo que os filósofos eram pensadores que estudavam algum curso. A partir de então é que se profissionalizou a ocupação de filósofo como uma carreira acadêmica específica. Mesmo assim, muitos considerados filósofos não possuíram o estudo formal de filosofia. Nietzsche, por exemplo, era linguista. Hoje em dia, para se dizer um filósofo, é preciso ter doutorado específico, como para ser um físico ou um biólogo. Todavia, um acadêmico de outra área que se dedique a filosofia, como um legista ou um economista, pode ser considerado filósofo se suas publicações forem nessa área. Do mesmo modo que um economista pode ser um engenheiro, como o foi o Simonsen. Isso não é estritamente rigoroso, como um Médico, que não pode exercer a profissão sem diploma na área. Ou um engenheiro ou um advogado. Mas um matemático pode ser formado em engenharia. O importante, nesses casos, é que seus trabalhos de pesquisa sejam aceitos para publicação em revistas conceituadas da área. Eu, inclusive, sou contra a regulamentação da profissão de físico, por exemplo. Isso também se aplica às de filósofo e de historiador. Quem descobrir algo de novo nessas disciplinas, está descoberto. Não precisa ser formado nelas. Qualquer um que tenha o conhecimento necessário pode fazer pesquisa em física, filosofia ou história. Para ser professor é que é preciso uma formação específica.

Você é um filósofo?‎

Fiz esta pergunta para mim mesmo pois ela me foi feita fora do Ask e eu quero responder aqui.
Não, eu não sou um filósofo, pois, para tal, teria que ter a formação adequada: bacharelado, mestrado e doutorado em Filosofia. Sou licenciado em Matemática e mestre em Física, na área de Cosmologia. Isto é, sou um professor de Matemática e Física do Ensino Médio e Superior, nos quais já dei quase vinte mil aulas para mais de cinco mil alunos, em quarenta anos. Quase conclui o bacharelado em Matemática, se não tivesse interrompido para fazer o mestrado. Filosofia, contudo, sempre foi um assunto de grande interesse para mim, que eu tenho estudado diuturnamente desde a adolescência. Posso dizer que me considero um pensador, porque, inclusive, reflito sobre tudo o que estudo e sobre o que observo e tenho, nos últimos dez anos, escrito muito a respeito em meus blogs, há pouco mais de três anos, no Formspring e, agora, neste Ask, sem contar o orkut, ao qual me filiei desde 2005 e sempre participei ativamente das comunidades de Filosofia, discutindo bastante. Meu trabalho em blogs, inclusive, me valeu a eleição para membro da Academia de Letras de Viçosa, sendo, o primeiro e, até agora, único, membro com publicação exclusiva pela internet, que já chega quase à marca de doze mil postagens em blog, equivalentes a umas cinco mil laudas de texto. Visitem meu site www.ruckert.pro.br para conferir. Em setembro moderarei um encontro de escritores mineiros em Viçosa sobre o tema de publicação literária (incluindo ensaios) pela internet, na Universidade Federal de Viçosa, promovido pela Academia de Letras de Viçosa. Além de Física, Cosmologia, Matemática e Filosofia, tenho me interessado muito por Neurociência, que venho estudado há alguns anos, inclusive em livros de Medicina mesmo. Da mesma forma, não posso me denominar um neurocientista, mas tenho bagagem para discutir esse assunto, permeado de considerações sobre Filosofia da Mente e Psicologia. Meu interesse intelectual se estende, também, à musica, à literatura e à pintura.
Essa pergunta me foi feita no contexto do questionamento ao Olavo de Carvalho, que se intitula filósofo, sem ter a qualificação acadêmica correspondente. Certamente que não é um filósofo, mas pensador ele pode ser considerado, mesmo que eu discorde de quase tudo o que ele diz, além de constatar que ele revela total desconhecimento de temas que se mete a falar, como Física, por exemplo. Por outro lado, há quem tenha a qualificação formal mas não possua gabarito e bagagem intelectual suficiente para ser um verdadeiro filósofo.

É certo usar a bíblia como fonte para refutar algum argumento científico?‎

Claro que não! A Bíblia não tem argumentos. Ela apresenta suas proposições como se fossem um recado de Deus, sem explicações. Um argumento científico sempre se baseia em explicações testáveis. Para que seja refutado é preciso que se façam testes que mostrem a sua falsidade. Assim é que a ciência progride. Sempre considerando que suas proposições não sejam definitivas, mas apenas o melhor que se pode obter no momento. Que pode e deve ser corrigido e aprimorado sempre. Os dogmas religiosos não são passíveis de revisão, senão não seriam dogmas. O que se revê nas religiões são, apenas, as considerações disciplinares, litúrgicas ou devocionais. Jamais o cristianismo vai rever sua concepção de que Jesus seja o verbo de Deus encarnado. Ou o islamismo de que Maomé recebeu o Corão do Arcanjo Gabriel. Ou o judaísmo que Moisés tenha recebido as Tábuas da Lei diretamente de Deus. Ou o hinduísmo de que tudo no Universo seja uma emanação de Brahmam (não confundir com Brahma). Dizer que algo seja verdade porque consta da Bíblia é uma ingenuidade. Mesmo que se creia em Deus e, até, que se ache que Jesus seja Deus, é preciso entender que a Bíblia foi escrita por muitas pessoas, em muitas épocas e que o que ela diz apenas expressa as convicções de seus autores naquele lugar e momento. Só que eles não dispunham de conhecimentos que possam abalizar a Bíblia como um tratado científico ou histórico. Ela vale, apenas, por sua mensagem moral e teológica, para quem a aceite. Mas, nunca, histórica nem científica.

Poderia dar dicas para compreensão e entendimento da Matemática àqueles que tem imensa dificuldade de assimilação da mesma? (dificuldade esta que concerne até mesmo aos seus conteúdos mais básicos) Tenho imensa admiração pelas exatas, porém pareço ter uma limitação natural para o seu entendimento.‎

Admiração não basta, mas já ajuda. Para entender matemática, como qualquer coisa, tem que gostar. E só se gosta quando se mexe com aquilo. Mas muito mesmo. Várias horas por dia. Comece lendo livros de divulgação em matemática e, então, vá incluindo um estudo mais formal e fazendo exercícios. Mas não se contente só com o que é dado em aulas do colégio. É pouco. Vá alem e force a barra, mesmo com dificuldade. Com a insistência, as dificuldades vão acabando. Eis uma lista de livros interessantes:
Instinto Matemático - Keith Devlin - Record
O Diabo dos Números - Hans Enzensberger - Cia. das Leras
Alex no País dos Números - Alex Bellos - Cia. das Letras
A Janela de Euclides - Leonard Mlodinow - Geração Editorial
O Livro dos Números - Peter Bentley - Zahar
Incríveis Passatempos Matemáticos - Ian Stewart - Zahar
Almanaque de Curiosidades Matemáticas - Ian Stewart - Zahar
Deus é Matemático - Mário Lívio - Record
Uma História da Simetria na Matemática - Ian Stewart - Zahar
As Grandes Equações - Robert Crease - Zahar
História da Matemática - Tatiana Roque - Zahar
O Teorema do Papagaio - Denis Guedj - Cia. das Letras
O que é a Matemática - Courant & Robbins - Ciência Moderna

Nada é mais criativo ou destrutivo do que uma mente brilhante com um propósito?‎

Realmente. Se uma mente tem capacidade de conceber, de planejar e de executar qualquer coisa com determinação, ela é capaz de operar maravilhas, porque é capaz de congregar pessoas em torno de uma ideia e fazê-las agir para concretizá-la. Mentes assim podem levar o mundo a píncaros sublimes ou afundá-lo em abismos profundos. Assim o foram os grandes líderes do bem, como Buddah, mas também os da infâmia, como Hitler. Tudo o que acontece, exceto as ocorrências naturais, provém de alguma concepção gestada pela mente de uma pessoa. O poder dessa ideia em se difundir depende do poder da mente de seu criador, pois sua atratividade será fruto de sua concepção inteligente. Daí a grande verdade de que inteligência e conhecimento sejam um poder maior do que força e dinheiro, pois são capazes de controlar os cordões que movem estes. Um país que abdica de formar inteligências está se entregando. Inteligência, criatividade, percepção, informação, conhecimento, habilidades, cultura e sabedoria são os grandes tesouros que se precisa buscar pela educação. É a partir desses que se consegue obter prosperidade, saúde, harmonia, paz e felicidade. Daí ser a sua consecução o maior empreendimento de uma nação, a primeira prioridade de qualquer governo. Infelizmente, em nosso Brasil, inteligência e erudição são valores desprezados pelos governantes e, até mesmo, pela sociedade, que só quer saber de conseguir vantagens sem esforços e se gaba de sua burrice e ignorância. Alunos "nerds", que deveriam ser invejados e imitados pelos colegas são hostilizados e defenestrados. Uma pena mesmo. Vaticino um triste final para essa história: depois que a atual geração que ainda tem alguns cultos e inteligentes vier a morrer, seus substitutos não vão ter a menor chance de fazer face aos mais capazes que nos dominarão como a uma criança pequena.

http://ask.fm/TsidkenuYaveh/answer/55644302916 ele tá certo?‎

Concordo. Apenas discordo quando ele fala que isso foi obra de Deus e quando diz que haverá um "Juízo Final". No resto, o significado da palavra "alma" é simplesmente esse: animação, movimento, vida. O que faz diferença entre um ser vivo vivo e um ser vivo morto é o funcionamento. Pode-se dizer que o primeiro está "animado", isto é, "tem alma". Mas isso se dá com todos os animais, inclusive o nome "animal", significa que "tem alma", isto é, tem movimento. A noção de que a alma seja um espírito, isto é, uma entidade e não uma ocorrência, é grega e não judaica. Provém da concepção egípcia. O cristianismo, com Paulo de Tarso e, depois, Agostinho de Hipona, promoveu a fusão das concepções judaicas e gregas, especialmente platônicas e pariu essa ideia de alma imortal e espiritual.Podemos entender que "alma" seja, simplesmente, "vida", isto é, funcionamento do organismo. Nesse entendimento, não há relação nenhuma de "alma" com "mente", exceto que, para haver mente, o cérebro tem que estar vivo.

O fato de existir acaso interfere ou não na existência de um livre-arbítrio?

Certamente que sim. Se o Universo fosse determinista tudo estaria já previsto e sua ocorrência seria inevitável, Não haveria o que se escolher. É o que disse Laplace: "Une intelligence qui, pour un instant donné, connaîtrait toutes les forces dont la nature est animée, et la situation respective des êtres qui la composent, si d’ailleurs elle était assez vaste pour soumettre ces données à l’Analyse, embrasserait dans la même formule les mouvements des plus grands corps de l’univers et ceux du plus léger atome : rien ne serait incertain pour elle et l’avenir, comme le passé serait présent à ses yeux."
Isso, contudo, não é o que acontece. O advento da Física Quântica mostrou que a natureza é probabilística. A cada momento, o futuro reserva uma coleção de possibilidades. Não houvera isso, seria impossível se fazer qualquer escolha. O desenrolar dos fatos ao longo de todo o Universo advém de três modos de ocorrência: os puramente aleatórios, isto é, as coincidências casuais; os determinados por suas causas, que nada mais são do que probabiiidades extremamente concentradas e os que resultam de decisões voluntárias de algum ser com tal capacidade, como os humanos. Destino não existe. Nesse últimos entra o livre-arbítrio, mesmo que seja extremamente influenciado pelas circunstâncias e, especialmente, pelo inconsciente, sempre se tem uma margem de discordância em relação a essas fortes influências. Mesmo que se diga que é o inconsciente que resolve e comunica à consciência o resultado de sua decisão, ele pode fazer suas escolhas, sem que tenhamos consciência de como procede. Afinal a racionalidade não é a única feição da inteligência. A emoção e a intuição são fatores tão importantes quanto a razão e atuam no sentido de propiciar a melhor resposta em termos da preservação do organismo. Mas a consciência tem o poder de contrariar e agir em sentido oposto. Isso tudo seria impossível em uma natureza determinista.

Vou começar o bac. em física dentro de 2 meses e pretendo me especializar em física teórica(TQC,cordas). É uma boa ideia estudar Topologia pelo livro do Glen E. Bredon, "Topology and Geometry" por conta própria paralelamente à graduação?Será útil para a minha carreira? Porque gosto muito do assunto.‎

Claro que é importante topologia para estudar a Teoria das Cordas. Não conheço esse livro, mas deve ser bom. Estude por conta própria mas, se tiver chance, matricule em uma disciplina dessa do Curso de Matemática. Vale a pena, porque a exigência de ser aprovado obriga a estudar. Um físico teórico deve saber o máximo de matemática possível. Não se preocupe muito com a utilidade. Conhecimento é sempre importante, mesmo que inútil. E, sendo da área, sempre será útil para formar o modo de pensar. É bom, também, estudar geometrias não euclidianas e geometria diferencial, bem como espaços de muitas dimensões e variedades diferenciáveis. Para entender bem de Teoria Quântica de Campos é interessante, também, estudar Relatividade Geral. Nunca ache que nenhum conhecimento seja supérfluo. Ou melhor, nunca ache que o conhecimento supérfluo seja indesejável.

Boa noite professor Ernesto von Rückert, o que te parece este artigo? http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832013000300007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt ("O eterno retorno do materialismo: padrões recorrentes de explicações materialistas dos fenômenos mentais").‎

Vou ler, mas te adianto que a ciência moderna não é mais materialista, mesmo que, em sua maioria, não admita a existência de realidades sobrenaturais, como deuses e espíritos. A realidade física não é mais concebida como apenas material. Além da matéria o Universo é substancialmente constituído de duas outras categorias de entidades: campo e radiação. E além dos constituintes substanciais, o Universo também é constituído das entidades formais espaço e tempo, bem como das estruturas que as entidades substanciais exibem dentro do espaço e das ocorrências que se dão com essas estruturas ao longo do tempo. Estruturas e ocorrências são categorias importantíssimas que fazem uma grande diferença ao se conceber as entidades existentes no mundo, em especial do tipo da mente e suas propriedades, como a consciência. Com esse tipo de concepção, pode-se, perfeitamente, verificar que a mente não é, simplesmente, material, mas também que não contém nenhuma entidade trans-natural como o que se chama de "alma" ou "espírito". Trata-se de algo completamente natural, isto é, físico, mesmo que não seja material, apenas. Essa concepção veio suplantar a velha noção de "materialismo", substituindo-a pela noção de "fisicalismo", que não é a mesma, mas, também, exclui todo o sobrenatural. O que me parece é que as pessoas que possuem a crença na existência do sobrenatural querem considerar que ela seja coberta pela ciência, pois a ciência não é capaz de explicar tudo em termos da matéria. Não é mesmo, Mas ir além da matéria não significa admitir o sobrenatural. Este não encontra guarida na ciência. Não há essa dicotomia entre matéria e espírito. A realidade não é uma coisa e nem a outra.

http://ask.fm/wolfedler/answer/51712751645 Não devemos ter direito à privacidade do pensamento?‎

Acho que sim, mas, no caso de se estar apurando um crime, acho válido se escanear o pensamento do suspeito para saber se ele é ou não o criminoso, uma vez que só ele mesmo sabe isso sem sombra de dúvida.

O Universo é muito grande, ou nós é que somos muito pequenos?

Grande ou pequeno é uma referência que sempre se faz em relação às nossas dimensões. Nós não somos pequenos nem grandes. Nós somos o referencial, a unidade de medida. O Universo, como um todo, mesmo apenas a parte dele que podemos observar, é muitíssimo grande em comparação a nós. Mas o Universo também contém o muito pequeno, se investigarmos os elementos básicos de que tudo é feito, como as subpartículas elementares. O diâmetro do Universo Observável é cerca de 10^26 vezes maior do que uma pessoa, enquanto um neutrino é cerca de 10^19 vezes menor.
Veja isto: http://en.wikipedia.org/wiki/Orders_of_magnitude_(length)

Se tudo é matematica e numeros, então tudo é um Jogo ?‎

Só que não é verdade que tudo seja matemática e números. Quanto algo possa ser colocado em termos quantitativos é muito bom, mas nem tudo se consegue, como muitos sentimentos e disposições mentais ou vários valores não quantificáveis. E, mesmo os que assim possam ser colocados, o fato de serem quantificados não significa que se tornem um jogo. Nos jogos há fatores matemáticos, no caso, estatísticos, capazes de descrever as ocorrências. Isso não significa que tudo que seja passível de descrição estatística seja um jogo. E, mesmo, há muitas descrições matemáticas que não são estatísticas, mas determinísticas. O cálculo da órbita de uma nave que vá pousar em uma lua de Saturno não tem nada de estatístico, mas é matemático. E há estatísticas que não são jogos, como as que se usam em medicina, farmacologia, agronomia e nas ciências biológicas em geral. Do mesmo modo que em economia e sociologia. Ou em meteorologia. O que caracteriza um evento como sendo um jogo não é só o fato de ser aleatório. Aliás há jogos que não são aleatórios, como Xadrez e os esportes, por exemplo. Um jogo sempre envolve disputa em que há vencedor e vencido, além de certas regras, de modo que trata-se de um trabalho em que nem sempre se obtém sucesso. Muitas coisas se dão sem que se trabalhe contra nenhum opositor do qual se possa ser vencido. Logo, mesmo que haja aleatoriedade, não se trata de um jogo.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Será que em algum dia poderemos aperfeiçoar o eletroencefalograma para podermos visualizar nossos sonhos em vídeos, até mesmo também em tempo real? Será que algum dia poderemos ''assistir'' o sonho de outra pessoa enquanto ela dorme?‎

Talvez, mas não seria o eletroencefalograma, mas algum outro sistema de escaneamento cerebral mais rigoroso, inclusive do que a Ressonância Magnética Funcional. Isso possibilitaria, até mesmo acordado, a leitura de todo pensamento, sendo um valiosíssimo instrumento para a justiça criminal. Todavia ainda está longe a obtenção dessa tecnologia. Coisa para mais de cem anos, penso eu.

Quais livros de Neurociência poderia me recomendar, Ernesto? E sobre Biologia do Sono, conhece algum?

Sobre Biologia do Sono, não sei.
Sobre Neurociências, em nível elementar, recomendo todos os da Suzana Herculano-Houzel:
Fique de Bem com o seu Cérebro - Sextante
O Cérebro em Transformação - Objetiva
Pílulas de Neurociência - Sextante
O Cérebro Nosso de Cada Dia - Vieira & Lent
Sexo, Drogas, Rock'n'Roll e Chocolate - Vieria & Lent
Porque o Bocejo é Contagioso - Zahar
Em nível um pouco mais avançado recomendo:
Em busca de Espinoza - António Damásio -Cia. das Letras
O Mistério da Consciência - António Damásio - Cia. das Letras
O Erro de Descartes - António Damásio - Cia. das Letras
E o Cérebro Criou o Homem - António Damásio - Cia. das Letras
O Livro da Consciência - António Damásio - Círculo Leitores
O Sentimento de Si - António Damásio - Europa-América
Como a Mente Funciona - Steven Pinker - Cia. das Letras
Do que é Feito o Pensamento - Steven Pinker - Cia. das Letras
Tábula Rasa - Steven Pinker - Cia das Letras
Incógnito - David Eagleman - Rocco
Subliminar - Leonard Mlodinow - Zahar
O Cérebro que se Transforma - Norman Doidje - Record
Em Busca da Memória - Eric. R. Kandel - Cia. das Letras
O Cérebro do Século XXI - Steven Rose - Globo
The Conscious Mind - David J. Chalmers - Oxford U. P.
O Cérebro Emocional - Joseph LeDoux - Objetiva
Matéria e Consciência - Paul M. Churchland - Unesp
Viagem a Partir de Lugar Nenhum - Thomas Nagel - Martins Fontes
A Redescoberta da Mente - John R. Searle - Martins Fontes
Em nível avançado (curso de Medicina):
Neuroanatomia Funcional - Angelo Machado - Ateneu
Cem Bilhões de Neurônios - Roberto Lent - Atheneu
Neurociências - Mark Bear, Barry Connors & Michael Paradiso - Artmed
Neurociência Cognifiva - Michael Gazzaniga, Richard Ivry & George Mangun - Artmed
Princípios da Neurociência - Eric Kandel, Thomas Jessell & James Schwartz - Manole (o melhor).

Em termos filosóficos, deve ser agradável abster-se da complexidade da existência. Ao mesmo tempo que infelizmente nos livramos da inspiradora beleza do micro e do macrocosmos, abandonamos também as dores existenciais e os problemas que enfrentamos em vida, vamos a um eterno descanso silencioso...‎

Não acho não. Acho que o bom é, justamente, mergulhar na complexidade e explorá-la ao extremo, buscando o máximo de conhecimento e atuando o mais que se consiga para promover a mudança do mundo para melhor. Por mais que isso seja cansativo e cause transtornos e aborrecimentos. Uma vida tranquila, sem preocupações e sem ações é completamente vazia, idiota e monótona. Não compensa nem um pouco. É melhor sofrer as dores existenciais pela compensação em termos de beleza, de conhecimento, de satisfação intelectual e moral que se obtém de uma vida engajada e ativa. Descanso não é nada gratificante, mesmo que necessário, mas apenas para restaurar as forças para prosseguir o combate. Como objetivo, é medíocre.

Qual é o sentido da nossa existência ??

Em si mesma, nenhum. A vida existe apenas pela própria vida, isto é, seu objetivo é só viver. Todavia, como adquirimos, pela evolução, inteligência e consciência, sentimos necessidade de achar um sentido para ela. Cada um que busque o seu, descobrindo algo a que se dedicar e que possa apaziguar a mente, fazendo com que se sinta que a própria vida está sendo significativa, isto é, que o mundo fica melhor pelo fato de estarmos vivendo.

Rückert, por que "Wolf Edler"?

Em homenagem a meu avô Wolfgang Anton Ferdinand Ernst Ginzel Edler von Rückert, que veio da Áustria para o Brasil em 1906 para não ser preso e, até, condenado à morte por traição, por defender a libertação da Hungria e da Tchecoslováquia do Império Austríaco. Ele também defendia idéias republicanas e anarquistas. Como o pai dele era da nobreza, conseguiu que ele viesse para o Brasil como emigrante. Wolf Edler pode ser traduzido mais ou menos como "Cavaleiro Lobo".

Ernesto, você se aproxima cada vez mais da inexistência. Como você imagina que é a não-consciência, ou seja, o pós-morte inexistente e vazio? Como será que é o Nada, o não-existir?‎

Simplesmente não será. É como um sono profundo, sem sonhos e sem retorno. Nada mais é percebido. Nenhum pensamento existe. Quanto você está dormindo na fase profunda (não na REM), você nem sabe que existe. Assim é a morte. Tipo uma anestesia geral, só que definitiva. Meu corpo vai ser colocado em algum lugar para apodrecer ou será cremado, a não ser que eu morra comido por algum predador. Eu mesmo desaparecerei por completo, não indo para lugar nenhum.

Oi Ernesto, o senhor acredita na teoria dos "buracos brancos". Se acredita, por que acredita?

Isso não é uma questão de acreditar. Os buracos brancos são uma suposição teórica advinda da extensão da solução matemática do Buraco Negro de Kerr. Nada, na solução, indica que tal tipo de coisa deva existir, mas, apenas, que poderia existir. Para saber tem-se que verificar. Até o momento não existe nenhuma confirmação da existência desse tipo de coisa, como existe para os buracos negros. Veja o que escrevi sobre isso em:
http://pt.scribd.com/doc/144079482/Buracos-Negros (Item 10, pg. 50)

Professor, o que achas da Hipótese Gaia?

Incorreta. A Terra possui uma coleção de organismos interligados por influências, mas, ela mesma, não é um organismo. Para assim o ser ela teria que ser toda conectada biologicamente e isso não acontece. A conexão entre os diversos organismos se dá por comunicação externa a eles e não provoca uma resposta definida e necessária, mas apenas uma influência. Mesmo que isso afete fortemente o comportamento dos ecossistemas, a interação entre os seres não é determinística, como acontece com os sistemas internos de um único organismo. Esse tipo de argumento também se aplica á concepção do Universo como uma "Consciência Cósmica" única. Consciência não precede a organização biológica, mas decorre dela.

Se uma pessoa adulta, com QI de 130, quiser aumentar seu QI pra 160, é possível?

Isso tudo não é fácil, mas para uns 140 dá, por treinamento. O segredo é complicar tudo, criando bastante desafios, o tempo todo, não apenas cognitivos, mas na vida cotidiana também. Claro que vale fazer tudo quanto é tipo de enigmas, sodoku, palavras cruzadas, e outras coisas assim. Mas é bom, também, por exemplo, usar relógio invertido, comer com a mão não habitual, tomar banho e trocar de roupa de olhos fechados, andar de marcha a ré, ler com o livro invertido, escrever de trás para frente, aprender a fazer tricô e crochê (se não sabe), aprender sempre uma nova língua, aprender instrumentos musicais, aprender novos jogos e esportes. Quando já estiver sabendo, comece outro. O importante não é ficar exímio em cada coisa, mas sempre estar aprendendo outra nova. Isso é que acicata o cérebro. Ler, ler, ler e ler à beça. Escrever também é bom. Resolver problemas de matemática (quanto mais difícil melhor). Em suma, a inteligência se desenvolve por se vencer desafios. Nunca faça nada por hábito. Sempre pense no que fazer e faça tudo de modo diferente cada vez que fizer. Varie sempre de trajeto para ir para a escola ou o trabalho. Mude sempre as coisas de lugar. Não fixe o horário de nada. O objetivo é complicar e fazer pensar, de modo a quebrar os automatismo. É cansativo, mas é assim que um atleta do cérebro consegue aprimorá-lo, como um atleta esportivo faz com seus músculos. Tem que por para funcionar.

O senhor poderia me indicar alguns livros sobre ateísmo?‎

Vejamos:
Quebrando o Encanto - Daniel Dennett - Globo
Por que não sou Cristão - Bertrand Russell - L&PM
Deus, um Delírio - Richard Dawkins - Cia. das Letras
O Livro Negro do Cristianismo - Jacopo Fo, Sergio Tomat & Laura Malucelli - Ediouro
Deus não é Grande - Christopher Hitchens - Ediouro
Tratado de Ateologia - Michel Onfray - Martins Fontes
A Morte da Fé - Sam Harris - Cia. das Letras.
O Espírito do Ateísmo - Andrè Conte-Sponville - Martins Fontes.

Já sofreu alguma forma de preconceito por não possuir religião?‎

Não. Desde que deixei de ser católico, em torno de meus 20 anos, minha família e meus amigos entenderam minha posição. Um fator relevante é que eu, mesmo não crendo mais em Deus, mantive minha conduta inalterada, humanisticamente falando. Então, mesmo quem venha a me conhecer sem ser meu amigo ou amiga, respeita minha convicção e, inclusive, pode ver que ser um ateu não depõe, em absoluto, sobre o caráter da pessoa, nem sua personalidade e valores que considera. Como professor, sempre que inquirido, revelo meu ateísmo e isso não provoca nenhum questionamento na turma. Até, padres e pastores que conheço e sabem que sou ateu me têm consideração, pois eu também tenho por eles. Se algum não for digno de consideração, então nem seria amigo meu. Felizmente nunca tive o desprazer de estar com um desses.

Qual sua opinião sobre a existência da alma?‎

Simplesmente que não existe. A mente, a consciência e todo o psiquismo são uma ocorrência orgânica produzida pelo cérebro em funcionamento, seus anexos, o sistema nervoso todo, os órgãos dos sentidos, o sistema endócrino e, afinal, o organismo completo. Não há outra entidade incorpórea responsável por conter a mente, a auto-consciência, a consciência psíquica, a consciência moral, as memórias procedurais e declaratórias, as emoções, os sentimentos, os desejos, a vontade, as habilidades motoras e tudo o mais em que consiste a vida psíquica. Tal entidade é, pois, uma função biológica, como a digestão e outras e deixa de existir com a morte do organismo.

gosto muito de filosofia também e estou me interessando pela metafísica cada vez mais, tem algum livro para me recomendar?‎

Sobre Metafísica eu recomendaria:
Metafísica - Brian Garrett - Artmed
MetaFísica - Aristóteles - Editora Globo (disponível para download em http://livrosfilosofiadownload.blogspot.com.br/2012/06/metafisica-aristoteles-completa.html
O Ente e a Essência - Tomás de Aquino - Vozes
O assunto é abordado nos compêndios gerais de Filosofia, como os de:
Marilena Chauí
Arruda Aranha,
Antônio Tobias,
Antônio Rezende,
Nigel Warburton,
David Papineau,
Joaquim Severino,
Frost Jr.
Stephen Law,
Nicholas Fearn,
Huisman & Vergez,
Angélica Satiro,
Gilberto Cotrin.
Theobaldo Miranda Santos
Regis Jolivet.

Acredita em Deus?

Não. Não acho que se deva acreditar em nada sem, pelo menos, fortes indícios. O ideal seria "saber" se existe ou não algum deus. Mas não há evidências e nem comprovações nenhuma nem da existência nem da inexistência. Todavia, os indícios contra a existência são muito maiores. Então me posiciono pela consideração de que não exista. Mas de forma cética e não gnóstica nem agnóstica. A mesma consideração eu aplico à existência de uma alma espiritual imortal e a outras entidades sobrenaturais, como anjos e demônios. Mesmo que eu achasse que existisse algum deus ou uma alma espiritual, não me filiaria a nenhuma religião, pois todas elas abordam a pretensa realidade sobrenatural de modo sectário, o que, para mim, não as recomenda, em absoluto. A consideração da divindade de Jesus Cristo e da redenção que sua morte teria produzido, para mim, são totalmente improcedentes e absurdas, mesmo supondo que exista um deus.

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