quinta-feira, 18 de março de 2010

Filosofia Científica



Cientifização da Filosofia

Ao longo da história a Filosofia foi gradativamente perdendo lugar para a Ciência. Considero que isto não apenas seja inevitável mas, realmente, bom. E veja que me considero um filósofo. O método filosófico se centra em conceituação, exame, reflexão e conclusão. Tudo isto feito de forma puramente racional, isto é, sem apelo a verificações empíricas. Contudo, à medida que a ciência forneceu meios de se obter tais verificações, as conclusões filosóficas sobre os temas considerados perderam sentido, pois, se concordassem com a ciência, seriam científicas e se discordassem, seriam descartadas. Pode ser que haja algo que resista a toda tentativa científica de abordagem e permaneça estritamente filosófico, mas o que percebo é que o escopo de abrangência da Filosofia tende a diminuir. A não ser que se passe a considerar a Filosofia como uma ciência, fazendo uso de métodos científicos e apenas mantendo o nome de Filosofia em razão dos objetos de estudo a que se dedicar, como ética, epistemologia, metafísica ou outro. Cosmologia já vimos que é ciência. Psicologia também não é mais filosófica, depois da introdução das neurociências. A lógica parece não ser científica, mas há correntes que consideram que ela decorre do comportamento da natureza. Esta proposta de uma Filosofia Científica eu já fiz em várias comunidades do orkut e está em discussão.

Filosofia Científica

Faço, pois, minha proposta de uma nova abordagem da filosofia, que denomino “Filosofia Científica”. Em que consiste? A Filosofia é uma disciplina que se dedica à busca do saber e à obtenção da sabedoria. A Ciência também é uma busca do conhecimento, mas os métodos e os objetos não são os mesmos. A Ciência (os as ciências) busca o conhecimento das entidades e fenômenos de modo sistematizado e fundamentado em evidências e comprovações, pela formulação e testes de hipóteses, com o uso de metodologias que aferem seus modelos explicativos com a realidade objetiva do mundo, tanto natural quanto das idéias. Mas se atém aos níveis imediato e mediato das relações entre seus objetos de estudo. A Filosofia, por sua vez, procura as razões fundamentais, as causas primeiras, as últimas consequências. Não só os “comos”, mas, principalmente, os “porquês”. Nessa busca, principalmente voltada para tirar lições de vida, a Filosofia se vale principalmente da especulação, que consiste na aplicação do raciocínio ao objeto de estudo, para tirar conclusões racionais. É um processo de reflexão sobre a realidade em suas múltiplas facetas, que conduz à formulação de esquemas interpretativos e explicativos. Nesse mister muito valiosos são os conhecimentos de lógica e linguística (no sentido mais amplo de uma ciência dos signos) pois que qualquer explicação é uma representação simbólica da realidade. A Filosofia dita analítica, corrente predominante no mundo anglo-saxão do século XX, envereda por uma abordagem diferente da especulativa, justamente por fazer uso maior dos métodos lógicos e linguísticos. O que eu proponho vai mais adiante. O que estou denominando “Filosofia Científica” é uma abordagem dos objetos pertinentes à Filosofia por uma perspectiva científica. Isto evita a existência de “escolas de pensamento”, colocando as explicações num patamar superior ao de “opiniões” ou “modos de ver”, permitindo que se chegue a um consenso da comunidade filosófica.

Desta maneira, qualquer tema filosófico, é analisado, não só pela reflexão e cotejo de tudo o que já foi dito a respeito com os dados da realidade, mas que as propostas de explicação sejam consideradas com o status de “hipóteses” a serem testadas em suas consequências com o uso de toda a metodologia científica existente. Este tipo de procedimento permite convergir as explicações para uma explicação única, evitando-se “interpretações” segundo as diferentes escolas. É o tipo de coisa que falta, por exemplo, na Psicologia. A Psicanálise é uma interpretação, de acordo com uma escola de pensamento. Não é o que ocorre na Medicina, por exemplo. Quando se descobre uma nova e melhor explicação para certa doença, por exemplo, as anteriores são abandonadas (o que ocorreu, recentemente, com a questão da úlcera gástrica). O mesmo se dá na Física. É esta forma de ser científica que estou propondo para a Filosofia. Quero que neste tópico sejam apresentadas ponderações e argumentos favoráveis e contrários, para que possamos ver a questão de uma modo mais iluminado. Por outro lado também seria interessante que se colocassem de que modo isto poderia (ou não poderia) ser feito no domínio da Metafísica, da Ética, da Estética, da Epistemologia, da Política, da Lógica, da Psicologia e dos outros temas abordados pela Filosofia.

O modelo da Física

O positivismo exclui a metafísica e considera inacessível a busca dos “porquês”, centrando-se na pesquisa científica dos “comos”. O positivismo é uma anti-filosofia. Não estou propondo que a metafísica e a filosofia sejam extintas e nem que se desista da investigação das causas primeiras nem dos fins últimos. O que proponho é que, nesta investigação, mesmo que se aplique a especulação, o critério de aferição da veracidade dos juízos que forem estabelecidos seja um critério científico. As escolas podem existir na escolha das definições, pois estas são arbitrárias. O ideal é a obtenção de um consenso. No caso das ciências, existem comitês que se reúnem periódicamente e dão a chancela às definições que devem ser adotadas pela comunidade. Isto poderia ocorrer com a filosofia. A existência de escolas na sociologia, na psicologia, na filosofia, na economia e em outras ciências, principalmente nas sociais, no meu modo de ser, enfraquece essas ciências, pois revela insegurança no conhecimento. Nas ciências naturais, especialmente nas exatas, a existências de mais de uma explicação alternativa é sempre uma condição provisória, até que uma delas se estabeleça como o padrão. Novas explicações sempre surgem para novos fenômenos, mas elas permanecem como hipóteses até que o consenso geral da comunidade científica as eleve ao estágio de teorias, no qual permanecem até que novos fatos venham requerer sua revisão. Este modelo de estrutura de ciência, mais nitidamente observado na Física, para mim, é um padrão ideal ao qual devem aspirar as demais ciências para que tenham um grau maior de confiabilidade.

A permanência das escolas na Filosofia

Na Física e na Química, quando uma teoria é contestada e substituída por outra, a anterior passa a ser considerada errada ou, no máximo, uma aproximação. Assim ocorreu quando a teoria cinética da matéria sepultou a teoria do calórico, quando a teoria atômica explicou a estrutura da matéria, quando a teoria da relatividade substituiu a mecânica newtoniana, quando a física quântica suplantou a física clássica, quando a teoria eletromagnética soterrou a teoria corpuscular da luz e em várias outras situações. Hoje em dia, a cromodinâmica quântica e a relatividade geral são as teorias estabelecidas para o micro e o macro-cosmo. Mas estão sendo contestadas pelas hipóteses (impropriamente denominadas teorias) das super-cordas e das p-branas. Estas, contudo, ainda não estão estabelecidas (e pode ser que nem o sejam). Mesmo reconhecendo o grande valor de Newton, nenhum físico é adepto de suas teorias. Não é o que ocorre na Filosofia. Novas correntes surgem, mas não substituem as antigas. Ainda existem platônicos, tomistas e kantianos, ao lado de existencialistas, estruturalistas, fenomenologistas e outros “istas”. Ora, se uma nova visão da realidade for proposta, penso que deva mostrar cabalmente que as anteriores estavam erradas, de modo que ninguém mais as adote, exceto como objeto de estudo histórico. Este também é o problema da psicologia, que admite a coexistência de escolas mutuamente exclusivas ao mesmo tempo. Não é possível que a explicação dos fatos psíquicos possa ser igualmente dada por teorias antagônicas. Ou uma ou outra ou nenhuma delas. Por isso é que acho que a psicologia tem que ser integrada à medicina, como parte da neurologia. É este tipo de problema que vejo existir na economia e na sociologia, que me fazem desacreditar de todas as explicações econômicas. Trata-se da falta de “cientificidade”.

O “Salto de Fé” científico

As explicações das ciências se dão por raciocínio indutivo (mesmo na Matemática, como exporei depois). Ao passar do particular para o geral, realmente se dá um “salto de fé”. Prefiro usar o termo “crença”, uma vez que reservo o termo “fé” para uma crença sem fundamento. Ao se estabelecer uma lei física com base em experimentos, a ciência acredita em sua validade enquanto as consequências advindas dela forem corroboradas experimentalmente. Tão logo um fenômeno a contrarie, ela é revisada. Não é o que ocorre com a fé religiosa. Esse mesmo tipo de coisa se dá com os modelos explicativos da origem do Universo. Com base nas teorias existente e nos dados observacionais, traça-se um quadro plausível que explique essa orígem. Desse quadro, com as mesmas teorias, são preditas consequências passíveis de verificação. Enquanto tudo permanecer OK a explicação é mantida. Se outras alternativas forem formuladas, busca-se um “diagnóstico diferencial” que permita optar por uma delas. Quando novos dados observacionais exigirem, correções ao modelo são introduzidas, ou mesmo, uma revisão completa é procedida. É assim que caminha a ciência, que nunca pretende possuir a verdade definitiva.

Matemática, uma ciência experimental

A Matemática é o exemplo de uma estrutura lógica. Contudo não difere essencialmente da Física. Tomemos a teoria dos números. Tudo tem por base os axiomas de Peano. Deles se constroem os números naturais, dos quais saem os inteiros, os racionais, os reais, os complexos, os quatérnios, as matrizes, os tensores, as funções, os funcionais, os operadores, os limites, as derivadas, as integrais, as formas diferenciais e toda a aritmética, a álgebra e a análise. Tudo segue um esquema dedutivo, sobre entidades convenientemente definidas (e as definições são arbitrárias). Poucos axiomas são adicionados. O mesmo se dá na geometria, inclusive as não euclideanas. Mas estes axiomas, de onde vêm? E as leis da lógica, que se usam para deduzir os teoremas? Não é interessante que a Matemática tenha o poder de conseguir prever o comportamento da natureza, quando as leis que descrevem os fenômenos são matematicamente expressas? Isto não é coincidência. Os axiomas só levam a teorias que espelhem a realidade quando são abstrações de ocorrências concretas do mundo real. A operação de soma dos números naturais, advinda da definição de “sucessor” é uma abstração da elementar prática de contagem nos dedos, por exemplo. A mente do matemático não construiu esses axiomas a partir do nada, mas deu uma fundamentação teórica a conhecimentos empíricos do homem desde a pré-história. Mesmo noções sofisticadas, como a dos números reais e de limites (a partir dos cortes de Dedekind ou dos intervalos de Cauchy), são teorizações de noções intuitivas. Todo matemático, ao demonstrar um teorema, em sua mente, constrói imagens concretas e intuitivas do que está pensando e, então, formaliza, na linguagem matemática, o que concluiu. Assim digo, com segurança, que os axiomas matemáticos não diferem das leis físicas, no que diz respeito ao fato de serem generalizações induzidas a partir de observações particulares e aceitos por um ato de “fé”.

Psicologia

A psicologia, para mim, é uma ciência natural, um ramo da neurologia, que faz parte da biologia. Até o momento não vi nenhuma comprovação cabal da existência de uma mente como entidade independente do cérebro. Como em toda ciência, a psicologia deve se libertar da existência de “escolas” e se fixar em fatos, de modo a se ter uma única psicologia, baseada em evidências. Interpretações podem e devem ser propostas, mas consideradas como provisórias até comprovação. Pelo conhecimento que tenho, o cérebro, realmente, não se programa. Sua programação é algo que se desenvolve desde o embrião e se completa ao longo da vida, em função dos estímulos sensoriais. Se uma pessoa completamente desprovida de sentidos pensa ou não, é algo difícil de se estabelecer. Seria preciso que um caso real ocorresse e, então, fossem desenvolvidos métodos experimentais para se investigar que tipo de evidências externas (como um eletroencefalograma ou que aspectos de uma imgem de ressonância magnética nuclear) seriam indicativos do ato de pensar. Não sei se isto já existe. Como um mero palpite, digo que não. Uma experiência interessante poderia ser feita com surdo-mudos de nascença, que não tenham adquirido nenhuma linguagem alternativa à fala. Seu pensamento se daria diretamente com imagens visuais, táteis, térmicas, olfativas e outras não auditivas. Seria um “pensar sem palavras”. Mas pensar sem imagem sensorial nenhuma, não sei se seria possível ou mesmo se este ser teria algum tipo de vida psíquica. Pelo menos, para poder fazer funcionar o próprio organismo, os sentidos internos de funcionamento dos órgãos teriam que existir.

Exatidão das ciências

É preciso entender o que se pretende dizer com o caráter “exato” de uma ciência. Em termos de exatidão do valor de uma grandeza, nenhuma ciência que trata da realidade concreta é exata como a Matemática, que tem por objeto abstrações (números, figuras). A questão, no meu entender, refere-se ao modelamento da realidade que a ciência pretende desenhar. Nas ciências ditas “exatas” (física, química), o modelamento é aceito como um padrão pela comunidade, até que seja derrubado por novas evidências. Nas demais ciências, mormente nas humanas (e economia, por exemplo, é uma ciência humana), não há um modelo padrão da realidade, mas sim múltiplas propostas, segundo diferentes “escolas de pensamento”. É o que ocorre na sociologia, na psicologia e na economia, por exemplo. Neste sentido é que se diz que elas não são exatas, pois não há modelo preditivo algum que permita, uma vez conhecidas as condições de entrada de algum fenômeno por elas descrito, estabelecer uma única saída prevista, mesmo que dentro de certa imprecisão. Na Física e na Química os fenômenos podem ser bem controlados. Mesmo assim há imprecisões, devidas à falta de controle sobre os dados de entrada, como na meteorologia (que, além disto, é extremamente complexa). E não se pode esquecer da incerteza intrínseca que a própria Mecânica Quântica demonstra existir na natureza. Deste modo a resposta pode ser sim ou não, dependendo do que se pretende dizer com esta exatidão.

Corte epistemológico

O fato das ciências terem para objeto aspectos particulares da realidade enquanto a filosofia cuida do todo, no meu entendimento, não impede a aplicação do método científico à filosofia. A questão de que, em filosofia, não se admite o corte epistemológico, segundo o qual as novas explicações superam as anteriores (no sentido de Bachelar). A aplicação do método científico sempre levaria a decidir por esta ou aquela concepção. É isto que desejo ver ocorrer na filosofia, sem renunciar à sua abrangência.
Além da Filosofia Analítica outra concepção que se aproxima desta vertente científica é a “Filosofia Concreta ” de Mário Ferreira dos Santos que, confesso, não conheço em detalhes.
Não gostaria de adjetivar a Filosofia de modo algum. Considero que filosofia é apenas “Filosofia”. Mas gostaria de ver esta rainha estabelecida de uma forma inequívoca e independente de concepções particulares.
Neste sentido é que faço esta proposta, não para encarcerar a Filosofia ou podar qualquer abertura, mas sim para que as discussões sejam levadas a cabo, no debate entre várias correntes, a fim de que se chegue à aceitação generalizada de tal ou qual concepção a respeito de cada tema. Esta também é a maneira como gostaria que fosse a psicologia, a sociologia e a economia, por exemplo.

O método científico

A colocação de que a ciência se constrói a partir do teste de hipóteses a serem verificadas e que elas precisam ser falseáveis para serem científicas é apenas a metade da história (ou, até mesmo, menos da metade). O mais importante da ciência não é o teste das hipóteses mas a formulação das hipóteses. E, para isto, não há método estabelecido. Existem procedimentos, os mais variados, tanto experimentais quanto mentais, para se elaborar uma hipótese. Isto os cientistas não publicam em seus trabalhos de pesquisa. Eles não contam o “pulo do gato”. Não relatam seus palpites frustados. Sim, palpites, opiniões. É assim que eles elaboram as hipóteses e as testam. Mas só publicam as que passam nos testes. As outras vão para o lixo, mas constituem uma importante etapa da construção do conhecimento. O treinamento de um cientista, nos cursos de doutorado, não aborda essas coisas. Na formulação da hipótese entra mais a intuição do que a razão. Entra até o inconsciente. Como se sabe, muitos cientistas obtiveram a solução de seus problemas em sonhos. Há que se aplicar a lógica e o método no trabalho científico, mas eles padecem de um grande defeito: não são criativos. O verdadeiro progresso da ciência se dá sem método. É sem método que as grandes revoluções de mudança de paradigmas ocorrem. São os “insignts” do inconsciente que levaram Planck a trocar uma integral por um somatório e criar a mecânica quântica no estudo da radiação de corpo negro ou Einstein a postular a constância da velocidade da luz ao tentar justificar o sucesso das transformações de Lorentz em explicar o resultado negativo da experiência de Michelson-Morley.

Ética Científica

Seria possível uma abordagem científica da ética? Distinguindo a ética da moral eu diria que enquanto a moral é uma disciplina normativa, isto é, trata das prescrições que devem ser seguidas nas ações humanas, para que sejam conformes aos costumes estabelecidos por certa sociedade, a fim de preservar a convivência, a ética é o estabelecimento dos princípios a que devem se ajustar as prescrições morais e em que devem eles ser baseados. Assim a moral não seria científica (nem mesmo filosófica), mesmo que se leve em conta que as razões para o comportamento moral não estão em nenhuma punição, recompensa ou manutenção da reputação, mas no próprio imperativo do dever, sem recompensa, policiado apenas pela própria consciência. A ética, por outro lado, é filosófica, e inquire a razão e o propósito da conduta moral, o estabelecimento das noções de bem (ou bom) e mal (ou mau), bem como o escalonamento dos valores das ações humanas. A ética, pois, cuida do fazer humano (ou de outro ser consciente) e não das coisas e dos seres. Assim caracterizada pode a ética ser abordada sob uma perspectiva científica e, eu diria até, quantitativa (matemática). Os conceitos de felicidade e prazer, por exemplo, podem ser perfeitamente quantificados e eles possuem relevante papel na definição do valor de uma ação. Não estou fechando questão sobre isto, mas considero possível tal tipo de abordagem. Acho que se pode, inclusive, atribuir o caráter matemático de um “funcional” (próprio do cálculo variacional) e, portanto, considerar como grandeza, o nível de felicidade, cientificamente estabelecido em alguma espécie de escala, como se faz na quantificação da percepção do som, da cor, do cheiro, do sabor, da temperatura, da pressão etc. Tudo medido em termos de níveis de serotonina ou outros neurotransmissores que se mostrem relevantes na questão. O mesmo pode ser desenvolvido com relação à quantificação da dor (tanto física como emocional ou moral). Um aparelho medidor de dor, tipo de pressão arterial ou de glicose poderia ser desenvolvido.

Quanto a uma equação matemática para a medida do nível de felicidade ou do caráter bom ou mal de uma ação, ela ainda não existe. O que eu disse é que poderia ser desenvolvida, como o há para a percepção de cor, por exemplo. Um primeira abordagem seria, por exemplo, atribuir uma escala de nível de satisfação (ou prazer) a partir da medição de algum indicador a ser determinado (por exemplo, nível de serotonina), ou da amplitude de alguma onda eletroencefalográfica. Pesquisas precisariam ser feitas para determinar a correlação entre vários indicativos de prazer e dor. Isto é trabalho para uma linha de pesquisa em alguma (ou várias) universidades, que podem gerar inúmeras teses de doutorado ao longo de muitos anos, até que se tenha um índice confiável e inconteste. Trata-se de um tema interdisciplinar da neurologia e da psicologia (que, alíás, tendem a se unir em uma disciplina só).
De posse desse índice, poder-se-ia calcular uma integral da função desse indíce ao longo do tempo para expressar um valor extensivo, já que o índice seria intensivo. Possivelmente poderia haver mais de um índice, levando à criação de uma espécie de tensor, e à definição do parâmetro indicativo da quantidade de felicidade como, por exemplo, a norma ou o traço desse tensor (haveria que se devinir um “espaço de felicidade”, como existe o “espaço de cores” , tendo que se achar quantas dimensões teria esse espaço (o de cores tem três, isto é, é póssível descrever qualquer cor como um combinação linear de três vetores de base, e não mais que três)). O caráter ético poderia ser expresso como um somatório da quantidade de felicidade a ser criada pela ação, tomado sobre todos os seres que por ela viessem a ser influenciados ao longo do tempo. O mais importante não é se definir precisamente qual é esse valor, mas se conceber que é algo passível de ser determinado, colocando, deste modo, a ética num patamar científico e quantitativo.

domingo, 14 de março de 2010

Nebulosa Borboleta


Concluí hoje a pintura de mais uma tela em acrílico, pintada com pincel chato macio.

NEBULOSA BORBOLETA
NGC 6302
Nebulosa Planetária remanescente de Supernova
Constelação de Escorpião
Descoberto em 1888
Estudada em 1907 por Edward Emerson Barnard
Ascenção reta: 17h 13m 44,211s
Declinação: - 37° 06' 15,94”
Distância: 3.400 anos-luz (1.040 parsecs)
Diâmetro: 1,5anos-luz
Dimensão aparente: 3,0'
Magnitude aparente: +7,1
Magnitude absoluta: -3,0
Velocidade de expansão: 200 km/s (parte central) até 600 km/h (periferia)
ESTRELA CENTRAL
Explosão presumida há 1.900 anos
Temperatura superficial: 200.000 K

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