Aproxima-se o dia das eleições municipais e sinto-me no dever de levantar algumas questões de suma importância à consideração da eleitora e do eleitor. Certamente que já possuo meus candidatos a prefeito e vereador, mas não os declararei aqui. Quero considerar os critérios e cuidados a tomar na escolha do nome em que votar.
Para começar, é preciso que se tenha claro na mente o objetivo que se pretende com o resultado das eleições. Considero que a política municipal, além de sua finalidade precípua, que é o governo da cidade, também constitui a célula básica de todo o organismo da administração nacional. Portanto, o que se espera que venha a ser a política nos níveis estadual e federal, para as décadas vindouras, tem que ser semeado hoje, nas eleições municipais. Que a política seja a mais nobre e valorosa atividade a que um cidadão possa se dedicar, para engrandecimento de seu país e mesmo da humanidade, para a prosperidade e felicidade do seu povo e para elevação moral e dignificação pessoal de sua vida, a ser tomada como espelho de virtude, probidade, grandeza e altivez. O político de hoje é o fidalgo de antanho. E “noblesse oblige”.
O político, pois, mais do que qualquer outro, precisa primar por suas qualidades de ser humano íntegro e valoroso; idealista e combativo; competente e operoso; eficiente e eficaz; criativo e perspicaz; articulado e articulador, mas intransigente em seus princípios; magnânimo, mas exigente; ousado, mas cuidadoso; destemido e, ao mesmo tempo, prudente; realizador, mas zeloso pela correta aplicação dos recursos públicos. Sem mencionar que tem que pautar sua conduta por uma honestidade e lisura a toda prova, revelando um real, genuíno e profundo interesse pela solução dos problemas que afligem o povo e pela consecução de seu bem estar, prosperidade e máxima felicidade. E que, certamente, não pretenda fazer uso de seu mandato para proveito próprio, no sentido de obter vantagens ilegítimas, aceitar propinas ou outras formas de enriquecimento que, mesmo não sendo ilegais, não se coadunem com uma conduta irrepreensivelmente ética. E mais: é preciso que esteja disposto a lutar pela erradicação deste tipo execrável de comportamento político, caracterizado pelo clientelismo e pela venalidade de modo geral, importando-se mais com a coisa pública do que com a própria carreira política, sendo um genuíno democrata, mas que aja consoante sua consciência, mesmo que contrarie as determinações partidárias. Certamente que estas colocações, exaradas no gênero masculino, aplicam-se igualmente ao feminino, de todo direito capaz e competente para o exercício de qualquer mandato eletivo, como de resto, para qualquer atividade, arcando com todos os deveres e responsabilidades, bem como gozando de todos os direitos e regalias do masculino.
Assim, há que se correr dos que prometem benesses irrealizáveis ou a solução dos anseios particulares dos eleitores, em detrimento das prioridades gerais da população, inclusive da parcela que tenha votado em algum adversário. Ou que angariem seus votos em troca da concessão de favores e privilégios ilegítimos. Se tal tipo de pessoa se dispõe a transigir com a lei e a ética para se eleger, que garantia se terá de que honrará a palavra dada? Examine-se a história da vida do candidato para ver ao interesse de quem ele serve, se do povo ou de alguma classe ou local em especial, seja qual for, como funcionários públicos, professores, bancários, médicos, empresários, ruralistas, bairros ou distritos. Por mais legítimos que sejam suas reivindicações classistas ou locais, elas não podem se sobrepor ao interesse geral do povo, segundo prioridades criteriosamente levantadas. É preciso entender que a atividade de um vereador, por exemplo, não é resolver os problemas específicos dos demandantes, mas sim, legislar no sentido de que esses problemas sejam resolvidos de uma maneira legal, institucional e impessoal, abrangendo toda a coletividade. Mais importante do que calçar uma rua é estruturar uma legislação que promova o progresso da polis e o bem estar de todo cidadão, e fiscalizar para que seja cumprida.
Medite, cara eleitora e caro eleitor, sobre estas reflexões e faça sua escolha consciente do nome em que votar nas próximas eleições.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário