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quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Tradições perversas
É um absurdo que se tolere a manutenção de costumes ultrajantes, como a ablação do clítoris, só por serem tradições. Tradições podem e até devem ser cultivadas por serem úteis, benéficas ou, simplesmente, bonitas. Mas jamais se forem perversas, discriminatórias, humilhantes ou promovam qualquer tipo de dor, prejuízo, sofrimento ou maldade. Nesses casos têm que ser extintas, porque, mesmo que a parcela dominante da comunidade em que são cultivadas as considere consoantes a moral, certamente são anti-éticas. É preciso que a humanidade se convença de que só se pode permitir qualquer procedimento ou ação se esta promover a maximização da felicidade do maior número de seres (mesmo não humanos), se puder ser erigida como preceito universal e ser for do tipo que cada um deseje ser dela objeto. Caso contrário é um malefício e, como tal, inadmissível. O problema é fazer isto ser aceito pela parcela dominante da sociedade, que leva alguma vantagem com a manutenção desses costumes e não está disposta a ceder em benefício da maioria ou mesmo, de alguma minoria que esteja sendo prejudicada. E nem sempre os prejudicados conseguem força suficiente para fazer valer o que querem. É o caso das mulheres nos países em que a ablação do clítoris é praticada. Todavia a comunidade internacional pode, deve, e eu diria, tem, que pressionar esses países para a abolição desses costumes, mesmo que isto contrarie sua cultura e tradições, neste caso, indefensáveis. Como? Promovendo embargos comerciais ou alguma forma de represália, que, contudo, não provoque sofrimento nas próprias pessoas que se pretende defender. Mas, para tal, precisam se despir de seu pragmatismo imoral e exercer sua diplomacia em bases éticas e não econômicas. E isto depende de cada um de nós, nas democracias, ao definir em quem damos o nosso voto.
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