quinta-feira, 17 de junho de 2010

Qualidade do Ensino

Penso que se o ENEM se firmar como aferidor da qualidade do ensino médio e único meio de acesso ao nível superior, vai ser possível estabelecer um padrão nacional de qualidade de ensino. Há problemas a contornar, como a garantia de segurança e lisura, mas não é impossível. Outra medida é tornar o magistério uma profissão não apenas condignamente, mas atrativamente remunerada, de forma que as melhores cabeças prefiram ser professores do que médicos, engenheiros, advogados ou empresários. Estou falando de dedicação exclusiva e uma carreira, para todo o magistério, compatível com a carreira militar, por exemplo. Penso, mesmo, que o Ministério da Educação deva ser como uma espécie de exército, os professores sendo vinculados diretamente ao Ministério ou às secretarias estaduais, fazendo rodízio entre os estabelecimentos e as cidades. O mesmo deveria acontecer com a saúde pública. E que se acabe com o ensino privado, pois a educação pública tem que ser de alta qualidade e disponível para todos, sem outra alternativa. Assim as classes mais abastadas terão que cuidar para que ela tenha mesmo essa qualidade. Pode ser que ela seja paga, de forma escalonada, em função da renda e do número de pessoas no grupo familiar do estudante. Mas que não haja turmas separadas de ricos e pobres.

Além disso, tanto na educação básica quanto na superior e mesmo em todo o funcionalismo, não pode haver estabilidade do emprego, mas sim uma manutenção nele em função de uma avaliação bi-anual, de uma forma ampla e multifacetada, de modo a implicar em demissão por justa causa de incompetência ou negligência, se o professor ou funcionário estiver abaixo de um escore mínimo em duas avaliações consecutivas ou três não consecutivas.

É preciso considerar, também, uma profunda revolução no modo de ver a atividade docente, deixando de lado o processo de passar informações em favorecimento de um processo aquisição do conhecimento de forma contextualizada, interdisciplinar, abrangente e consequente, isto é, com produção de resultados reais e não apenas simulados. Engajar o estudante na vida comunitária, com escolas de tempo integral, como pretendiam ser os CIEPS. Não apenas algumas, mas todas. Isto pode acontecer se a prioridade UM da nação for a educação, como se deu na Coréia. Tem-se que ter isto em mente ao longo de várias décadas, ou melhor, até a consumação dos séculos. Tudo o mais virá por acréscimo: saúde, distribuição de renda, habitação, saneamento, transportes. Em uma nação em que TODOS tenham um nível ELEVADO de educação, não se permite a bandalheira que há por aí. Eu falo TODOS. Todos precisam ter, pelo menos, o nível médio: lavradores, lixeiros, ajudantes de pedreiro, empregadas domésticas (que, aliás, nem deviam existir). Assim todos poderiam escolher o trabalho que quisessem e seria preciso remunerar muito bem aqueles que não fossem desejáveis.

Um comentário:

Jairo Grossi disse...

Puxa!. Que otimismo professor. Tomara um dia possamos ver realizados estes sonhos.

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