segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Causa, propósito e origem do Universo





Consideremos uma primeira possibilidade:
Existe algo denominado “nada” que não possui conteúdo de espécie alguma, nem espaço vazio para poder conter alguma coisa, mesmo que não contenha e nele o tempo não passaria. Tal entidade se transformaria em alguma coisa substancial e que ocuparia algum espaço e desenvolver-se-ia no tempo. Isto é o que se denomina “surgir do nada”, ficando entendido em tal proposição que “nada” é algum tipo de entidade.
Agora outra possibilidade: Não existe nada que se possa denominar de “nada”. A ausência de conteúdo, de espaço e de tempo não é nenhuma entidade. “Nada” é apenas uma palavra para designar tal ausência, mas não é uma entidade. Como não há algo do que provir, o surgimento do espaço, do tempo e do conteúdo que neles se aloja e desenvolve ocorre sem ter do que provir. Não provém nem do “nada”, pois “nada” não é alguma coisa.
A primeira possibilidade é uma impossibilidade, pois toda transformação é uma transformação de alguma coisa. Logo não há como “provir do nada” se no “nada” não tem nada.
A segunda possibilidade pode ocorrer, pois não está havendo transformação de algo e sim um surgimento do que antes não existia. Isto não contraria nenhuma lei que descreva o comportamento da natureza, como as leis de conservação de massa e energia, pois tais leis não existem sem que haja algo que se comporte como elas descrevem.
Se nada existia, também não haviam eventos, logo não há relação de causalidade entre o surgimento do Universo e algum evento que lhe preceda, pois isto não existe. Portanto o surgimento do Universo não tem causa, uma vez que causa é uma relação entre eventos.
Tal surgimento, portanto, foi inteiramente fortuito e contingente, isto é, não houve necessidade alguma de que ocorresse. Portanto também se deu sem propósito algum. Assim o surgimento do Universo não tem causa nem propósito nem origem.

Um comentário:

Vasco Ribeiro disse...

Gostei muito. Penso até, e baseado na "Teoria do Tudo" de Stephen Hawking que o universo poderá não ter tido um começo mas sim, ter existido desde sempre, não tenho assim a necessidade da existência de um Deus Criador.
Obrigado pelos seus ilustres posts.
Um abraço,

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