quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Professor, o livre arbítrio realmente existe?

Claro que sim. Livre arbítrio é a capacidade de escolher a decisão que tomar para agir, de forma independente e soberana, mesmo que influenciada por muitos fatores. De fato, para agir, a pessoa primeiro deseja, depois tem vontade, aí escolhe, então decide e, a seguir, age. Cada etapa pode ser abortada e começar tudo de novo. O desejo é suscitado pelas percepções e apetites, sendo principalmente comandado pela emoção, e intuição inconscientes. A vontade e a escolha já envolvem o concurso da razão e da consciência. Mas a decisão e a ação são totalmente racionais e conscientes. Não haver livre arbítrio significa não haver escolha. Tudo estaria definido pelas injunções que interferem nesse ato, não havendo nada que se pudesse alterar. A experiência, contudo, mostra que não é assim. É possível contrariar todas as tendências e agir de modo oposto ao que se esperaria, face às circunstâncias. Por outro lado, se não houvesse liberdade de escolha, nenhuma culpa e nenhum mérito poderiam ser imputados a ninguém. A liberdade de escolha é uma consequência do indeterminismo fundamental da natureza, bem como da incausalidade de muitos eventos, no nível quântico. Como tudo, afinal, se reduz aos fenômenos subatômicos, mesmo com a extrema complexidade do funcionamento neural, ele não passa de ocorrências eletromagnéticas e quânticas entre os componentes da estrutura atômica das células nervosas. E se tudo isso é indeterminístico, não pode haver nada inescapável. A questão é de probabilidades. Mas probabilidade pequena não é impossibilidade e probabilidade grande não é certeza. Donde se conclui que Deus, se houver, não pode ser onisciente, senão não haveria liberdade de escolha.

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