segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Surgimento incausado do Universo

É razoável supor que exista vida extra-terrestre sim, apesar de rara, mesmo que não possamos garantir. Tampouco se deve ater apenas ao que já é conhecido. Muita coisa pode ainda ser descoberta, alíás, muito mais do que o que já se sabe.
Quanto à causalidade, considerar que tudo tenha que ter uma causa é que é se fechar no que já está conhecido e não dar abertura para outras possibilidades. Tanto pode ser que eventos para os quais não se identificam causas as tenham ainda não detectadas como não as tenham. A diferença entre condição e causa é grande. Condição é uma situação que possibilita a ocorrência de algo, mas não a determina, enquanto causa a determina. Todo evento se dá sob certas condições mas pode ocorrer sem que nada o determine. Assim é o decaimento radioativo e o decaimento de átomos excitados. Como se sabe que não há algo que o determine? Porque o tempo de espera para algum decaimento individual é inteiramente aleatório, estando os sistemas exatamente nas mesmas condições e nada diferente tendo ocorrido. Se se descobrir algum evento até agora oculto que seja determinante do decaimento, muda-se a concepção, mas, por ora, o razoável é considerar que se trata de um evento incausado (mas condicionado).
A questão maior então passa a ser a seguinte: poderia se ter a ocorrência de um evento sem condição prévia alguma? Esta situação é a que se apresenta quando se pensa ter o Universo surgido a partir de nada e sem um agente interventor desencadeado seu surgimento (neste caso chamado de “criação”). Até o momento, nas condições de existência do Universo, tal coisa não se apresenta. Mesmo o surgimento de pares de partícula e anti-partícula, apesar de incausado, ocorre sob a condição de se estar no vácuo, que não é vazio, mas preenchido por um campo (mar de partículas virtuais) que tem energia, da qual essas partículas formam sua massa. Isto é, elas não surgem “do nada” e nem “do vazio”, mas “do vácuo” (é preciso distinguir bem esses conceitos que, muitas vezes, são usados inadequadamente).
A viabilização dessa possibilidade se apresenta quando se vê que “nada” significa a ausência total de tudo, isto é, de matéria, de radiação, de campos, de vácuo, de vazio, de espaço, de tempo e também, “eureka”, de qualquer tipo de lei a que alguma coisa tenha que se submeter. Portanto, o surgimento de algo a partir de coisa alguma, se realmente não se tem nada, não é impedido por prescrição nenhuma. Tudo pode acontecer a partir do nada, inclusive o surgimento de tudo o que existe. Note que este é um evento singular. Uma vez que esse surgimento tenha se dado, já se está em condições em que existe algo e esse algo que existe passa a seguir certas regras (que são as leis físicas), regras essas que podem inviabilizar algumas ocorrências que violem leis de conservação (da energia, por exemplo). Mas esta lei não existe se nada existe. Então o surgimento de tudo não a viola.
Tomar emprestado de lugar nenhum é simplesmente uma modo eufemístico de dizer que é possível haver o surgimento seguido do desaparecimento imediato de valores de energia que não possuam fonte, isto é, “surgem do nada”.
Aliás, penso eu agora, esta poderia ser uma possibilidade para o surgimento do “ovo primordial” que deu origem à expansão do Universo, como uma quantização, não do vácuo, que não existia (e não é vazio), mas do “nada” mesmo, desde que a subita expansão (inflação) que se seguiu tenha se dado em um tempo menor do que o requerido na expressão da relação de incerteza. Mas isto é só uma conjectura. Vou fazer as contas. Mas é preciso entender que esta “quantização” não é uma ocorrência que se dê com algo pré-existente, como ocorre atualmente com o vácuo, mas um surgimento que não provenha de coisa alguma.
O nada jocaxiano é simplesmente, “nada”. Mas se você pensar bem,a inexistência de qualquer coisa também implica a inexistência de qualquer proibição, isto é, de leis de conservação. Então você pode entender o nada como sendo a sede de todas as possibilidades. Mas elas não têm existência no nada (que não é algo). Quando se concebe um “tudo” potencial, em que qualquer coisa está presente “em potência” e, por uma flutuação aleatória, transforma-se em “algo”, isto é, na totalidade do que existe, está se dando um caráter entitativo a esse “tudo”. Não é preciso isto. Qualquer coisa pode surgir sem ter vindo de coisa alguma. Não há esse impedimento, se não se tem nada. Havendo algo, então há leis de conservação, mas, do nada, tudo pode surgir, sem razão, causa, motivo, finalidade, propósito. À toa mesmo. Mas só tudo de uma vez. E porque este tudo que está aí e não outro? Porque calhou de ser este, e não outro. Só isto.
Outra coisa. Enquanto não havia nada, não passava tempo. Não ficou um tempo infinito sendo nada. Não ficou tempo nenhum. Quando surgiu tudo, surgiu também o tempo e o espaço para caber tudo. Se não há nada, não há espaço vazio também não.
Condição não é o que possibilita o fato que determine um evento mas que possibilita sua ocorrência, mesmo que não determinada por nada. Átomos não excitados não têm condição de decair, por mais que algo o determine. Mas excitados podem decair, ou porque algo o determine ou sem nada que o determine. Eu não preciso provar que isto pode ocorrer. Isto é uma inversão de ônus de prova. Se se diz que todo evento precisa de ter uma causa é isto que tem que ser provado, caso contrário se supõe que não seja preciso. E porque seria preciso? Por que sempre se observa? Isto não garante nada. A causalidade se aplica a um grande número de casos, mas são sempre fenômenos complexos, isto é, que envolvem sistema de muitas entidades elementares. Os fenômenos que ocorrem com as próprias entidades elementares isoladas muitas vezes não são efeitos. São fortuitos. A introdução de variáveis ocultas é gratuita e semelhante à fábula do dragão da garagem.
A singularidade prevista nos modelos cosmológicos que contemplam o Big bang, nunca existiu na realidade, pois, nas condições de sua vizinhança, as hipóteses em que as teorias se fundamentam não são preenchidas. Portanto a extrapolação de uma região de altíssima densidade para um ponto de densidade infinita não é suportada pelas teorias do Big bang, que apenas descrevem a evolução da expansão do Universo a partir de um certo tempo de existência (extremamente pequeno, mas não nulo). A formação dessa concentração de campo, que continha tudo o que existe enormemente concentrado, não é explicada por nenhuma teoria física hoje existente. Isto não significa que não se tenha, mas também não significa que a explicação se deva à interveniência de alguma entidade extrínseca ao Universo. A possibilidade de que tenha surgido “do nada” não é descartada por nenhuma consideração teórica da Física e nem da Filosofia.
A singularidade prevista nos modelos cosmológicos que contemplam o Big bang, nunca existiu na realidade, pois, nas condições de sua vizinhança, as hipóteses em que as teorias se fundamentam não são preenchidas. Portanto a extrapolação de uma região de altíssima densidade para um ponto de densidade infinita não é suportada pelas teorias do Big bang, que apenas descrevem a evolução da expansão do Universo a partir de um certo tempo de existência (extremamente pequeno, mas não nulo). A formação dessa concentração de campo, que continha tudo o que existe enormemente concentrado, não é explicada por nenhuma teoria física hoje existente. Isto não significa que não se tenha, mas também não significa que a explicação se deva à interveniência de alguma entidade extrínseca ao Universo. A possibilidade de que tenha surgido “do nada” não é descartada por nenhuma consideração teórica da Física e nem da Filosofia.

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