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sábado, 15 de junho de 2013
Professor, na sua opinião o casamento não possuiria uma natureza egoísta, já que nos casamos porque desejamos que o amor de alguma pessoa seja apenas nosso? E o que falar de uma mãe que salva o próprio filho de um incêndio e não o de outra mãe?
Depende de como se encara que seja o casamento. Como um contrato de exclusividade amorosa, sexual, econômica e vivencial (a famigerada "juntidade"), de fato, é egoísta. Mas como uma união livre para apoio mútuo, compartilhamento de encargos e responsabilidades, fruição da companhia e dos prazeres do amor e criação dos filhos, desde que vivenciado sem exigência de exclusividade amorosa, sexual, econômica e vivencial, não é egoísta. Pelo contrário, é altruísta, porque cada um dos partícipes do grupo conjugal renuncia a muito de seus desejos para atender às necessidades e desejos dos outros e de toda a família. Essa é uma noção estendida de família que atende aos princípios anarquistas e promove a maximização da felicidade, com a total ausência da noção de posse e do sentimento de ciúme. Inclusive considera que, nos casos de dissolução de alguma das uniões, os envolvidos continuem participando conjuntamente da educação dos filhos, sem ressentimentos e com fraternidade. Todavia, para que isso aconteça, não pode haver a menor dependência econômica entre os envolvidos. Isso não significa que todos não possam, como devam, compartilhar os encargos econômicos da manutenção do grupo familiar. Além do mais, tem que haver total nivelamento das relações, isto é, ninguém manda e ninguém obedece. Tudo tem que ser resolvido por consenso. Sendo assim as relações familiares: imbuídas de tolerância, fraternidade, compreensão, carinho, participação, harmonia, dedicação, empenho, sacrifício, alegria, prazer e felicidade; isso se estenderá pela sociedade em todos os níveis, desde o grupo de amigos pessoais até às relações internacionais. Então, como na música "Valsinha" de Chico Buarque, o mundo amanhecerá em paz.
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