Biologicamente nossa espécie é poligâmica mas a cultura restringiu a poligamia, especialmente por causa das questões de herança, de modo que, pelo menos oficialmente, somos monogâmicos. O fato disso não ser biológico é patente pela existência de casos extraconjugais tanto masculinos quanto femininos. Se a monogamia fosse biológica, eles não existiriam. Também não é verdade que só se ama (amor erótico-romântico) a uma pessoa de cada vez. Muitas pessoas já passaram pela tortura mental de ter que tomar uma decisão de abandonar um amor em favor de outro, por causa das expectativas sociais que não admitem a manutenção simultânea e aberta de mais de um relacionamento amoroso. Isto, contudo, é causa de muita infelicidade. Se o poliamorismo fosse admitido tranquilamente, o tipo de infelicidade provinda dos relacionamentos amorosos seria imensamente reduzida. Quando à instituição da família ela não seria dissolvida, pelo contrário, seria fortalecida pela ampliação para um grupo mais amplo de pessoas que amariam e cuidariam das crianças, isto é, os pais biológicos e os outros relacionamentos que esses pais poderiam ter. Essas pessoas dividiriam entre si os encargos e os trabalhos necessários para a criação das crianças, das quais seriam todos pais e a quem elas assim considerariam sem distinção. Isto criaria uma teia social extremamente fortalecedora dos laços de solidariedade e permitiria um compartilhamento muito mais amplo e frutuoso de bens e trabalhos que cada um faria por todos, gerando uma imensa economia para essas macro-famílias. Na verdade isto transformaria quase que a sociedade toda em uma única família. A propriedade também seria diluída, o que aceleraria a chegada do anarquismo, em que não existe propriedade nenhuma. Uma coisa, porém, é essencial: É necessário que toda pessoa adulta possa prover-se a si mesma e a todos os seus filhos (compartilhando a despesa, é claro, como o outro progenitor), de modo que ninguém dependa financeiramente de ninguém. As residências mono-familiares de hoje se transformariam em grandes lares para muitas pessoas, tendo, porém, uma cozinha só, um refeitório só, uma lavanderia só, uma biblioteca só e assim por diante. Todos os encargos e afazeres seriam distribuídos, por rodízio, entre todos os moradores, que sempre deveriam trabalhar fora em meio expediente, para ter o outro dedicado aos trabalhos domésticos. O que não poderia existir seriam as empregadas domésticas. Elas ganhariam dinheiro (até que o dinheiro deixe de existir) em outros trabalhos e fariam o trabalho doméstico apenas de seus próprios lares. Eu vislumbro um mundo ideal, com esse tipo de esquema social, como um sonho de harmonia e felicidade. Além do mais, com a redução das necessidades de consumo, a prosperidade se alastraria, abrangendo cada vez mais pessoas, até que não existisse mais pobre nenhum.
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Um comentário:
Sim, com certeza. Porém, é necessário admitir que este tipo de sociedade ainda demorará, eu digo isso, se levarmos em condieração que não estamos conversando sobre uma tentativa de "voltar às origens", abdicando da tecnologia e etc, por uma suposta pureza primitiva.
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