Elas fazem um papel do regaço da mãe, depois que a pessoa se torna adulta. É um conforto nas aflições e nas incertezas. Uma âncora, uma segurança contra as intempéries da vida. Um porto onde estacionar a nau para aguardar esmorecer a borrasca. O espírito se aquieta na crença. Ela lhe tira do vazio, da falta de chão que o ceticismo ateísta deixa na pessoa. Mesmo que seja uma mentira, uma ilusão, a pessoa prefere crer e confiar na crença do que aceitar a verdade nua e crua. Para ser verdadeiramente ateu é preciso bastante estofo. Uma grande segurança psicológica, uma confiança em suas certezas, mesmo que incertas, um alto amor próprio, um grande desprendimento, uma autosuficiência intelectual e emocional. Não depender de nada além de si mesmo para ter segurança emocional, afetiva e racional. Isto não é muita gente que possui. Um dos problemas da educação atual é que ela não se dedica à formação da personalidade, ao cultivo desses valores pessoais. Eles não são passados às crianças que só os adquirem se já têm uma tendência para esta autoconfiança. É preciso treinar isto e tem que começar desde a educação infantil. Até que lá isto é trabalhado, mas, depois que as crianças entram no Ensino Fundamental, esse aspecto formativo da educação dá lugar a um investimento fortemente concentrado apenas em informações. Uma lástima. Este tipo de personalidade e caráter é essencial para que a pessoa possa ser apresentada, sem problemas existenciais, à consideração da inexistência de Deus e da mortalidade da alma.
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