Isso depende da personalidade de cada um. Emocionalmente, de modo geral, Deus faz sentido, como um grande consolo, uma explicação universal, uma aspiração moral (como juiz). Todavia, creio que os criminosos realmente cruéis não têm sentimento da existência de Deus. Uma pessoa de bem, de modo geral, chega à descrença em Deus pela razão, ou seja, pela constatação de que as explicações prescindem da suposição de sua existência, de que as imperfeições do Universo mostram que ele não foi planejado por inteligência nenhuma, que a existência do mal e da injustiça indicam a inexistência de um ser onipotente, onisciente e benevolente, que os casos clínicos neurológicos e o efeito das drogas psicotrópicas mostram que não existe alma espiritual no homem e, em decorrência, espírito nenhum, nem Deus e assim por diante. Uma vez assumida essa postura, a princípio a pessoa, que já tenha sido crente, pode sentir um certo desconforto, mas isso passa. Uma questão relevante é que a descrença em Deus nos priva das muletas, obrigando-nos a caminhar por nossas próprias pernas, a fazer prevalecer o bem e erradicar o mal por ação da sociedade. Isso é uma responsabilidade muito maior do que apenas orar. O ateísmo é mais oneroso psicologicamente e muitos não têm força suficiente para sustentá-lo.
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