Pode ser, num caso extremíssimo. Para uma pessoa filosófica que viva uma síntese polialética estoico-epícuro-cínico-hedonista, é sempre possível libertar-se de tudo e começar do zero, mesmo que se esteja preso ou doente. Se se atinge um estágio de iluminação e paz, nada pode perturbar, nem a pobreza, nem o desprezo. Todavia há situações de extrema dor, sem possibilidade de reversão, que podem levar a concluir-se pelo suicídio como solução preferível, e, então, que se o faça. Mas, repito, só depois de uma profunda ponderação e estudo de outras possibilidades. Pois a morte é irreversível e um suicídio eficaz leva à morte. O que é abjeto é a "tentativa de suicídio" propositalmente levada a cabo para ser ineficaz, a fim de provocar piedade e compaixão. Se se pretende suicidar, que se o faça bem feito. Contudo não recomendo, mesmo em casos de gravíssimos estados de falência econômica, afetiva ou existencial. É preferível ser preso ou abandonado pelos entes queridos e amigos. Nestes casos ainda é possível reerguer-se das cinzas e começar nova vida do zero.
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