quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A visão e a audição asseguram aos homens alguma verdade?

Nenhum sentido é capaz de garantir que o que se percebe seja o que aquilo é em si mesmo. Em verdade isto é algo sem definição precisa e, até, impossível de se saber. Tudo o que se tem de informação do mundo é o que os sentidos apreendem e o que a razão conclui. Por exemplo, posso dizer que estou vendo uma bola à minha frente, que ela é vermelha, que é esférica, que está a dois metros de mim, que tem 20 centímetros de diâmetro, que é de borracha, cheia de ar e assim por diante. Mas posso dizer que se trata de um conglomerado de quarks e léptons de certa forma dispostos que é capaz de absorver parte dos fótons que sobre ele incide e devolver outra parte que excita os cones de minha retina de uma forma que meu cérebro percebe como a cor vermelha e assim por diante. Qual dessas descrições é a realidade em si mesma? Ambas! Depende do nível epistemológico que se está considerando. Defina água! Dizer que é H2O é só uma parte do conceito. A textura, o frescor, o som do borbulho, os reflexos, as sensações que sua contemplação transmitem e muito mais fazem parte do entendimento do que seja água.

Além disso existem as ilusões de percepção, pois ela não se deve só ao que os sentidos captam, mas, principalmente, à interpretação que o cérebro faz, em razão de todas as vivências anteriores e dos conceitos que se tem. Quem acredita em fantasmas os vê em qualquer sombra e qualquer ruído. Objetividade, isto é, descrição independentes do sujeito, é algo difícil de se ter. O máximo que se pode chegar perto é quando se tem uma concordância entre impressões subjetivas.

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