sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Professor, este argumento é válido?: "Segundo a Termodinâmica Matéria e Energia não podem ser criadas nem destruídas, sendo assim a única concepção cabível para uma divindade seria a 'pandeísta' ".

Não, primeiro porque não se pode misturar matéria e energia. São categorias diferentes. Matéria é um dos constituintes substanciais do Universo, ao lado dos campos e da radiação (campos radiantes ou ongulantes). Energia é um atributo desses constituintes, como a massa, a carga, o spin, o momentum e outros. A primeira lei da Termodinãmica se refere à conservação do conteúdo de massa (e não matéria) e energia de um sistema, composto de matéria, campo e radiação. As duas grandezas são medidas dos atributos do mesmo nome e sua soma, para um sistema fechado e isolado, é constante. Mas pode variar se o sistema não for fechado nem isolado. Como o Universo é um sistema fechado e isolado, já que não há nada fora dele, seu conteúdo de massa e energia, ligados pela relação E=mc², permanece constante. Mas isto só acontece no Universo, uma vez existente, pois as leis físicas se reportam ao comportamento do que existe. Antes do surgimento do Universo não havia nada, logo também não havia lei física nenhuma para descrever o comportamento do que não existia. Isto significa que, sem leis de conservação, não há impedimento para o surgimento de qualquer conteúdo, juntamente com os atributos que possuem, medidos pelas grandezas correspondentes, sem que sejam provenientes de nada anterior. Aliás, nem momento anterior havia, pois não existindo nada, também não existe espaço nem tempo. Se havia algo do que o conteúdo fosse proveniente, então já havia Universo. Não há como se conceber que o Universo tenha surgido sem ser de nada. Mesmo a concepção criacionista considera que Deus criou o Universo de nada (mas não "do nada"). Não há necessidade de divindade nenhuma para isto, contudo. No entanto, se o Universo é o conjunto de tudo, então, havendo Deus, ele seria parte dele e, ou sempre existiu, então o Universo também, ou também surgiu do nada. Não é preciso considerar esta hipótese. O pandeísmo é apenas um modo de se pretender preservar a noção da existência de um Deus, sem as complicações cosmológicas e metafísicas que o teísmo, o deísmo, o panteísmo e o panenteísmo criam. Mas também não tem sucesso.
Teísmo - Deus é eterno, extrínseco ao Universo, criou-o do nada e o provê.
Deísmo - Deus é eterno, extrínseco ao Universo, criou-o do nada, mas não o provê.
Panteísmo - Deus é o próprio Universo, sendo eternos, não tendo havido criação. O providência é o cuidado de Deus consigo mesmo.
Panenteismo - O Universo é uma parte de Deus, ambos eternos. A providência é o cuidado de Deus para com esta parte de si.
Pandeísmo - Deus, eterno, em um dado momento, transformou-se no Universo, que provê como um cuidado de si mesmo.
Ateísmo - Não existe Deus nenhum. O Universo ou sempre existiu, ou surgiu por conta própria de nada em dado momento.

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