Não concordo com ela. Uma pessoa inteligente e culta (de espírito, então) certamente, pelo contrário, não se sentirá à vontade na companhia de idiotas e sim de outras pessoas de espírito, mesmo que seja suficientemente educada para ter consideração pelos idiotas e não constrangê-los. Uma das angústias de quem tenha uma cultura e inteligência mais elevadas é a solidão de que é acometida pela falta de interlocutores de mesmo nível, principalmente se for polimatista. A pessoa, homem ou mulher, realmente espirituosa, anseia pela companhia de outras de mesmo nível, que lhe estimulem a mente e o espírito (não no sentido sobrenatural) e lhe possibilite fruir esse grande prazer que é a conversa elevada, culta, refinada, instigante, desafiante, mentalmente estimulante. Isto nem se compara, pela sutileza do prazer que propicia, às conversas e discussões comezinhas e banais, sem falar, é claro, das chulas. Certamente que sente desprezo pela bajulação e pela basófia. Só será capaz de provar esta delícia quem se dedica a leituras e reflexões que propiciem ao cérebro o exercício da inteligência. Quem se desafia constantemente a tecer argumentos contra suas próprias convicções, para vencê-los ou ceder a eles e mudar de convicções. Quem tem uma curiosidade incansável por tudo o que existe e mergulha fundo na busca das explicações, seja do que for. Quem se deleita com as artes e lhes aprecia de modo inteligente e não apenas sensorial, buscando as motivações do artista e analisando os recursos de que faz uso para se expressar. Quem se compraz com a ciência e busca o entendimento e a compreensão dos fenômenos, naturais, psíquicos e sociais. Quem, principalmente, desenvolve habilidades para fazer uso do que conhece, entende e compreende, em aplicações para a solução de problemas reais que a vida apresenta e, realmente, a eles se aplica e resolve.
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