Trinta anos são passados.
Não mais ouço tua voz
ditar-me sábios conselhos,
nem vejo teus olhos claros
tanta bondade irradiar.
Como sinto tua falta...
Saudades das noites frias
em que, em nossas poltronas,
o vinho da vida bebíamos
em longas conversas profundas.
Hoje já chego à idade
em que desta vida partiste.
E, mais do que nunca, preciso
ouvir tua palavra amorosa,
guiar-me na sina da vida.
É tanta minha solidão
que, mesmo sabendo-te ausente,
teu vulto, em brumas envolto,
parece acercar-se de mim
e, sem querer, digo: Pai!
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