terça-feira, 14 de setembro de 2010

Ernesto, creio que o que comte quis dizer com estado teológico não se trata do Estado (nação), mas sim da nossa posição a respeito da crença.

A proposta de Comte é a "Lei dos três estágios": Religioso, metafísico e positivo. Considera ele que cada pessoa, bem como a humanidade como um todo, passa por esses estágios em sua evolução. Não vejo que isto seja verdade. Uma pessoa que tenha sido criada em ambiente completamente ateísta jamais passará por estágio religioso nenhum. Se passar, será posteriormente, caso venha a tomar conhecimento de alguma religião. O estágio metafísico também, normalmente, é posterior ao positivo, sendo alcançado só se a pessoa tiver pendores filosóficos. Entendendo-se o estágio positivo como científico, como considera Comte, este também só acontecerá em pessoas com um grau razoável de instrução formal. A maioria das pessoas mentalmente se coloca em um estágio positivo, mas não científico. E como, em nossa sociedade, quase todo mundo é educado em alguma religião, nunca abandona as crenças religiosas, mesmo agindo positivamente, exceto se se tornar um ateu. Com a humanidade, do mesmo modo, o fato de hoje termos explicações científicas para quase tudo, bem como aplicações tecnológicas da ciência em abundância, nada disso tirou a crença religiosa da maioria das pessoas que, por outro lado, não têm concepções metafísicas nenhuma sobre a realidade. Metafísica é coisa para filósofos e cientistas filosóficos. O povo não é metafísico, em absoluto. Em suma, Comte propõe um modelo inteiramente dissociado do que, de fato, acontece.

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