quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

http://elielvieira.org/2009/03/03/sobre-o-paradoxo-de-epicuro/ Que achas? Pra mim, não chegou a lugar nenhum e sequer entendeu o paradoxo.

Considero que este paradoxo somente o é na concepção de que a bondade e a justiça sejam atributos intrínsecos de Deus, isto é, que façam parte de sua essência. O conceito de Deus, contudo, não inclui esses atributos, mas apenas o de um ser todo poderoso e capaz de intervir no Universo por sua vontade, à revelia das leis naturais que descrevem seu comportamento, incluindo aí a capacidade de criá-lo sem que seu surgimento se dê a partir de algo previamente existente e de fazer milagres. Assim o paradoxo de Epicuro apenas mostra a impossibilidade de existir um Deus justo e bom, mas não um Deus eticamente indiferente, ou mesmo, malévolo, o que não impediria de considerá-lo Deus.
O argumento de que Deus permite o mal porque concede ao homem liberdade de ação não é procedente por duas razões. A primeira é que muito mal não é feito pelo homem, mas pela própria natureza, como as catástrofes, as doenças, as predações animais, além de outras ocorrências que não são produto de uma vontade consciente, a não ser que o sejam da vontade do próprio Deus, que, assim, se configuraria como malévolo mesmo. A segunda é que, sendo onisciente e atemporal (e isto é parte da essência de Deus) o fato de conceder liberdade de ação ao homem não lhe tira o conhecimento das decisões que cada pessoa irá tomar e se, de posse desse conhecimento, não fizer nada para impedir uma ação malévola, então, certamente, não quer fazê-lo, já que o fato de não poder fazê-lo o desconfigura como Deus. Isto faz com que ele não seja bom.
Em resumo, o paradoxo de Epicuro não prova que Deus não exista, mas prova que não pode existir um Deus bom.
Um raciocínio que pode levar à conclusão da inexistência de um Deus, bom ou mau, pode ser tirado do indeterminismo quântico, uma vez que dele decorre o livre arbítrio e é um fato assentado observacionalmente na natureza. O determinismo laplaceano tira do homem, como de resto de toda a natureza, toda e qualquer liberdade, sendo a expressão acabada da palavra "maktub", que é o destino. Como isto não existe, o desenrolar do conjunto de todos os eventos, experimentados por todos os componentes do Universo, segue uma sucessão completamente imprevisível, exemplificado pelo "Efeito Borboleta". Se houvesse um Deus que, em sua mente, pudesse conhecer tudo o que ocorre com cada componente do Universo em cada lugar e cada momento, então não haveria indeterminismo nem incerteza. Religiosamente esta é a concepção Calvinista de predestinação, algo inteiramente sem cabimento.

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