domingo, 27 de março de 2011

A meritocracia tem pontos negativos? Julgar o mérito de alguém pode cair para a subjetividade?

Considero a meritocracia a melhor forma de promoção numa carreira profissional. No tempo do Collor, na UFV, participei de uma comissão de professores para sugerir um plano de carreira para o MEC, minha proposta, que foi voto vencido, foi a seguinte:
A promoção e a remuneração na carreira docente se daria em função de três eixos ortogonais (isto é, um não influenciaria o outro). O primeiro seria a titulação, com adicionais salariais pelos títulos obtidos: graduação, especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado. O segundo seria o tempo de serviço, com adicionais percentuais por ano de serviço (1%, por exemplo). O terceiro seria a avaliação de mérito, bianual, que ensejaria a promoção de nível dentro da classe. Essa avaliação teria que ser feita com base em cinco critérios: avaliação dos alunos (por meio de um questionário muito bem preparado e aplicado aos 60% do período letivo), pontos por aulas dadas (com diferenciação entre aulas inéditas e replicadas em outra turma), pontos por trabalhos publicados (com diferença em função de algum índice de significância), avaliação do colegiado dos pares e avaliação da sociedade, por meio dos alunos egressos. A promoção de classe (auxiliar, assistente, adjunto, associado e titular) se daria por prova, incluindo defesa de trabalho e avaliação de desempenho. A titulação seria condição para a promoção, mas não a garantiria automaticamente. Além disso, o professor que obtivesse uma avaliação bianual insuficiente por duas vezes consecutivas ou três intercaladas, seria demitido. Assim um professor recém-contratado com doutorado, não seria automaticamente adjunto, como o é. Isso é como se contratar uma pessoa para o exército e ela já entrar como coronel no primeiro dia de serviço. A promoção precisa ser escalonada ao longo de toda a carreira, com a permanência de um tempo mínimo em cada nível e classe, mesmo que receba adicional pela titulação. E os cargos administrativos seriam privativos de certa classe mínima. Por exemplo, chefias e coordenações, só para adjuntos, no mínimo. Diretorias e reitoria, só para titulares. O processo de múltiplas fontes de avaliação procura, justamente, tirar a subjetividade. Auto-avaliação não se pode levar em consideração. Indicações políticas muito menos. Quando eu exercia o cargo de presidente do Conselho de Graduação (hoje Pró-Reitor de Ensino) eu jogava no lixo todas as cartas de políticos pedindo para aceitar transferências de alunos, não interessava quem fosse o político e o aluno. Que se submetesse aos tramites legais e fosse aceito por seus méritos.

Ask me anything (pergunte-me o que quiser)

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