sexta-feira, 1 de abril de 2011

Qual é a diferença entre amor e paixão?

Podem-se considerar vários tipos de amor.

“Philia” é o amor da mente, isto é, a amizade e o afeto que se tem por outra pessoa do mesmo sexo ou do oposto, de uma forma racional, ligada a uma reciprocidade.
“Eros” é o amor sensual, vinculado ao desejo carnal, mas não apenas ele, pois envolve um sentimento também. É o amor dos casais.
“Agape” é o amor do coração, ou da alma, sem conotação erótica, mas com maior envolvimento da que a simples amizade ou afeição. Trata-se do “amor platônico”, em que se quer o bem da pessoa amada de forma altruísta, mesmo sem retorno, mas com um desejo de reciprocidade.
“Pathos” é o amor apaixonado, emocional e obsessivo, expresso por um desejo irrefreável do contato com o ser amado. É a paixão.
Evidentemente que se pode ter qualquer combinação desses quatro no sentimento que se tem por alguém.
“Charitas” é o amor por compaixão que se pode ter por alguém também de forma altruísta, mas sem envolver um desejo de reciprocidade e ligado a uma ação de servir.
Sem dúvida o amor platônico existe e não é incomum. É o amor cantado pelos trovadores medievais de um cavaleiro por sua dama, como o de Dom Quixote por Dulcinéia. O amante platônico nutre o desejo de que seu amor se torne erótico, mas não deixa de amar se o aspecto erótico não for realizado.

Paixão é um misto de desejo sensual, de sentimento de posse, de necessidade total da companhia do ser amado, de fundir-se a ele em uma unidade mental, sensorial e carnal. É uma urgência de querer e ser querido, sem limites, sem interrupção. É a necessidade de gozar em plenitude todos os prazeres sensoriais e espirituais de uma ligação afetiva total. É uma obsessão, como se fosse até patológica. A pessoa apaixonada não pensa em nada nada além do objeto de sua paixão, não se importando com nada mais na vida. A paixão tem uma intensidade fortíssima, mas não permanece muito tempo. Normalmente transforma-se em amor.

Amor é um sentir, um pensar, um desejar, um querer e um agir, isto é, uma emoção, um sentimento, um apetite, uma volição e uma ação. Esse complexo de fatos psíquicos caracteriza o amor em todos os planos, piedade, compaixão, solidariedade, afeição, amizade, amor platônico, erotismo. Amor filial, maternal, paternal, fraternal, conjugal, idealista. A intensidade e a sequência em que eles aparecem pode variar. O amor sempre emociona, enternece, e envolve um desejo de zelo, cuidado e proteção da coisa amada, bem como um desejo de reciprocidade. Mas o amor só se realiza quando é expresso em vontade e essa vontade em ação. Não basta sentir e desejar para amar, é preciso querer e provar. O amor envolve dedicação e renúncia, paciência e perseverança, trabalho e recompensa, alegria e tristeza, euforia e depressão. É algo envolvente e inebriante. O amor não é possessivo, ciumento, exclusivista, castrador, sufocante. Pelo contrário, o amor é libertário e altruísta. Não me refiro apenas ao amor erótico mas a todas as modalidades, inclusive as formas idealistas de amor à verdade, à justiça, à sabedoria, à humanidade, à natureza. O amor não pode ser cerceado em sua intensidade e abrangência. Ele não possui limites. Quanto mais se ama a mais coisas e pessoas, mais capacidade se tem de amar. E quanto mais se ama, mais se realiza e maior é a felicidade, mesmo que nem sempre seja correspondido.

Não sou cristão mas muitas das mensagens de Cristo me calam profundamente e eu as adoto como bússolas norteadoras de minha vida. Dentre elas eu coloco a primazia na máxima: “amai-vos uns aos outros”. Aí está. O amor a chave para o significado da vida. E quando digo amor digo amor total e incondicional a todos os seres. Não é amar apenas a quem nos ama. É amar quem nos ama e quem nos despreza e nos odeia. Amar a todos os seres. Querer o bem de quem quer que seja. Agir no sentido de aumentar a felicidade do mundo, de disseminar o bem em tudo o que fizer. Nâo se omitir em lutar para acabar com a malqueirança, a iniquidade e toda e qualquer vilania. Não agir pensando no proveito que vá obter mas no bem que se vai fazer. Amar mesmo que leve prejuízo. Ser justo e verdadeiro não apenas se não tiver nenhuma inconveniência. E não exigir nada em troca do amor, sequer exclusividade. Não ter ciúmes. Nenhum mesmo. Desejar que todos amem o máximo possível ao maior número de seres. Combater e não tolerar o mal, mas amar o malvado e o criminoso para resgatá-lo para o bem. Mesmo que ele seja o estuprador de sua filha. Não ter nenhum rancor, não se vingar, não desejar nenhum prejuízo e nem pensar mal de nenhuma pessoa. Esta é a mensagem que enaltece o cristianismo, independente de se achar que Cristo seja Deus ou não. É a postura da solidariedade, da cooperação, da compaixão, do apoio, do despreendimento, da modéstia, em lugar da competição, da ganância, do egoísmo, da avareza, da belicosidade, da prepotència, da soberba, da presunção, da vaidade. Mas também da firmeza, da coragem, do destemor na defesa do bem, da justiça, da honestidade, sem fraqueza, sem preguiça, sem esmorecimento. Da gentileza, da cortezia, da educação, sem frivolidade, sem afetação, sem frescura. Da fidelidade, da honra, da nobreza, do caráter, sem severidade, sem casmurrice, sem frieza. Especialmente da bondade, que é mais valiosa do que a justiça e a sabedoria, pois o bom sempre justo e sábio. Eis o galardão da pessoa de bem, feliz e virtuosa.

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