Sinto muito. Eu sempre amei muito e continuo amando e jamais vou querer parar de amar. Mesmo que o amor possa me trazer dor e tristeza, eu quero amar. E não acho que amor tenha que ter nenhuma limitação, nenhuma barreria. Posso amar a uma ou a várias pessoas com a mesma intensidade, a mesma dedicação, o mesmo carinho, o mesmo zelo, o mesmo desejo. Certamente que almejo a reciprocidade, mas não deixo de amar se não a tiver. E nem se quem eu amo também amar a outras pessoas. Não falo só de "phylia", "agape" ou "charitas". Falo de "eros" mesmo. Do amor romântico e erótico que um homem e uma mulher podem sentir um pelo outro (ou mesmo entre dois homens ou duas mulheres - só que não me apetece). Mesmo que não se realize no plano carnal, ficando apenas platônico, o amor é algo inebriante, enlevante, comovente. Algo que se estabelece na mente e no coração e toma conta de todo o ser, de todos os músculos, de toda a pele, de todas as vísceras. Amar, para mim, é o supremo prazer e a suprema felicidade. Mesmo que mesclado de doce amargura, se não for correspondido. Mas nem por isso deve ser rejeitado. Quão aprazível e harmônico seria o mundo se todos fizessem do amor o seu maná cotidiano. Amar não tira lascas nenhuma. Quanto mais se ama, a tanto mais pessoas e quanto mais completa e intensamente, mais amor se tem para dar e capacidade de receber. Essa é a estranha aritmética do amor, que aumenta quando dividido, que nunca pode ser subtraído, e se exponencia quando é multiplicado. Se você não tem mais amor em seu coração, você ficou mesmo velho. Não pela cor dos seus cabelos, nem pela rugosidade de sua pele, ou a flacidez de seus músculos. Nem sequer pela perda de tônus e duração de sua erecção. Mas pela perda do colorido, do frescor, da melodia e do perfume de seus sentimentos. Do brilho dos seus olhos, que se umedece de ternura ao contemplar o ser amado. Da ausência da taquicardia, da sudorese e do bambear das pernas que não te acometem mais ao aguardar a chegada do seu bem. Pobre de você, caro Hans. Pobre de você.
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