Talvez. Mas as propriedades da água e do carbono são ímpares e propiciam uma flexibilidade de estruturas e de fenômenos extremamente rica de possibilidades. O carbono por sua tetravalência, que é, exatamente o meio termo, possibilitando que ele seja tanto oxidante como redutor. Por isso a química orgânica é a química do carbono. O silício se aproxima, mas é um átomo grande, dificultando a existência de estruturas muito complexas, como proteínas ou ácidos nucléicos, mesmo que se possam ter aminoácidos e bases nucléicas com silício. Sem moléculas dessa ordem de complexidade não se consegue obter toda a gama de eventos que a vida requer que ocorram. E a água, por sua polaridade, pequenês e facilidade de envolver íons, possibilita o meio líquido mais adequado para viabilizar as reações químicas celulares. Outros líquidos leves só o são a baixíssimas temperaturas e não são polares. Outros líquidos à temperatura ambiente são moléculas grandes e não são polares. Essa faixa de temperatura é a que possibilita a formação de um corpo com células de membrana sólida e interior líquido. Se for muito alta, tudo fica gasoso, ou sólido, se muito baixa. O meio líquido é o melhor para haver reações, pois dá mobilidade aos íons e permite uma boa concentração. Seres gasosos ou completamente sólidos não poderiam ser vivos. E água líquida requer uma faixa de pressão e temperatura muito restrita para ocorrer. Daí a raridade da vida no Universo. Além do carbono, oxigênio e nitrogênio, além dos metais, só existir em sistemas estelares de segunda e terceira geração, pois os elementos mais pesados se formam no interior das estrelas e nas explosões de supernova, espalhando-se pelo espaço e possibilitando a formação de planetas metálicos, como a Terra, nos quais pode haver água e esses elementos. Sugiro a leitura do livro "Sós no Universo".
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