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segunda-feira, 29 de janeiro de 2018
Em Hamlet, Polônio fala ao Rei e a Rainha que "debater por que razão o dia é dia, a noite, noite, e o tempo é tempo, isso seria o mesmo que perder o dia, a noite e o tempo" (ATO II; CENA II). Ernesto, por que razão o saber/duvidar/perguntar continua sendo sinônimo de loucura nos dias de hoje?
Essa é uma questão de cosmovisão deturpada, segundo a qual não se deve se ocupar com questões que não tenham utilidade imediata. Isso é um grande equívoco. A consideração de questões filosóficas "inúteis" é imensamente válida e propicia a formação de um espírito inquiridor, reflexivo e contestador que faz com que as pessoas encarem o mundo e a vida de modo esclarecido e não sejam enganadas por quem não queira que elas sejam seres pensantes. Assim, é sumamente proveitoso que todos reflitam sobre essas questões e, principalmente, que levantem dúvidas a respeito de qualquer assunto, justamente para propiciar a investigação da verdade a respeito dele. Todo aquele que recrimina o modo filosófico de encarar a vida é uma pessoa que, de uma forma ou de outra, quer se aproveitar da ingenuidade mental de quem não pensa para qualquer propósito escuso.
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