Não há como pensar sem sentir nem sentir sem pensar. Ambos fatos psíquicos ocorrem conjuntamente. Pensamentos e sentimentos (que são emoções conscientizadas) são processos mentais que usam mesmos recursos do cérebro, apenas diferindo na intensidade do sentir ou do pensar, um sobre o o outro. Não existe doutor Spock na humanidade e nem nos outros animais que pensam e sentem. A neurologia já provou isto sobejamente e o António Damásio tem um livro, "O Erro de Descartes" sobre o assunto. A questão que se pode por é sobre o processo de decisão, se deve ser tomado racional ou emocionalmente. Acontece que, mesmo que se queira ser racional, inconscientemente o cérebro provê argumentos racionais para as decisões que já tomou emocionalmente, também de forma inconsciente. O caráter emocional é muito mais forte que o racional. São os afetos que governam nossa vida. O que a razão pode é fazer com que nos afeiçoemos àquilo que racionalmente tomamos como o melhor. Mas não é fácil, se estiver envolvido, especialmente, afetos a pessoas. Mas não só a pessoas. Temos também afetos por idéias. A fé religiosa, por exemplo, é um afeto por uma crença irracional. E isto é muito difícil de ser removido. Ela, inclusive, busca racionalizar esta crença, como o fizeram São Tomás de Aquino e outros teólogos, e, mesmo hoje, o faz um Willian Craig, aliás com brilhantismo. Ou um Olavo de Carvalho, sem brilhantismo. Por mais que queiramos ser racionais, nosso cérebro é emocional em sua raiz. Considero uma pessoa racional aquela que, nos momentos serenos, pois no calor de uma discussão não há como, reflete sobre suas idéias, convicções e posições e busca convencer-se daquelas que tenham um embasamento lógico, para que possa sobre elas depositar seus afetos e, então, nos momentos acalorados defendê-las com conhecimento de causa.
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