De forma nenhuma. O fato de que algo mais complexo possa gerar algo mais simples não significa que o que foi gerado não se explique a partir de seus componentes mais simples, o que consiste no reducionismo. Ele não diz que o simples gera o complexo, mas sim que qualquer coisa pode ter o seu funcionamento explicado a partir de um nível mais básico da realidade. Assim, todo fenômeno químico se reduz a fenômenos físicos, os biológicos aos químicos, os psicológicos aos biológicos, os sociológicos aos psicológicos e os políticos e econômicas aos sociológicos. Reducinismo é uma concepção epistemológica e fenomenológica. Note-se que ela não significa, como se costuma dizer, que "o todo é a soma das partes". Nada disso. Significa que o todo é produzido pelas partes, mas não necessariamente pela "soma", o que seria uma simplificação não correspondente à realidade. Há características no todo que suplantam a soma das contribuições das partes, mas que requerem sempre as partes para ocorrer. Isto é o que se chama de "reducionismo não linear", que contempla o que costuma ser denominado de "holismo", ou seja, uma concepção de que um nível mais elevado da realidade possua características que não possam ser reduzidas àquelas de seus extratos mais baixos. Se se considerar as contribuições cruzadas, as retroalimentações e os termos de ordem superior, sempre se pode reduzir o todo às partes, desde que, sem elas, ele não existe. Não existe política nem economia sem uma sociedade, não existe sociedade sem pessoas, não existem pessoas sem corpo, não existem corpos sem células, não existem células vivas sem reações químicas, não existem reações químicas sem interações físicas entre os átomos e moléculas. Portanto a política, o amor, a poesia, a música, advém das interações eletromagnéticas entre elétrons de átomos partícipes das reações que produzem a vida. Sem estas, aquelas não existem. Logo o reducionismo não tem escapatória.
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